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macrovisão estratégica
monoculturas, diversificação e a ocupação do espaço pela plantação florestal
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), as plantações fl orestais comerciais ocupam uma área de 10 milhões de hectares, e, segundo o Ibá – Industria Brasileira de Árvores, o Brasil lidera a produtividade fl orestal, com uma média de 35,7 m³/ha/ano para os plantios de eucalipto e 30,5 m³/ha/ano para os plantios de pínus. O Setor de Plantações Florestais Comerciais (SPFC), apesar de ocupar cerca de 1% da área do País, responde por 91% de toda a madeira produzida para fi ns industriais. Considerando pisos e painéis de madeira, papel, celulose, madeira serrada e carvão vegetal, cresceu, em 2018, 13,1% em relação a 2017, gerando uma receita de R$ 86,6 bilhões. Esse crescimento superou o da indústria e o da agropecuária. A cada ano, aumenta sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) e, em especial, no PIB industrial.
O plantio de árvores com objetivo comercial iniciou seu crescimento no fi nal da década de 1960, com os incentivos fi scais governamentais do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF. A partir daí, com o reforço de algumas políticas governamentais e capital próprio, as empresas fl orestais foram adquirindo grandes áreas em diferentes biomas, com maior expressividade na mata atlântica, no cerrado e no pampa.
O SPFC destina cerca de 6 milhões de hectares para a conservação, somando-se às áreas de restauração, Área de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal (RL) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Da área plantada, cerca de 5,8 milhões de hectares são certifi cados. Apesar disso, persiste, entre os cidadãos, um confl ito equivocado de interesses entre produção e conservação que tem levado, muitas vezes, a uma percepção negativa do setor, mesmo em comparação com setores verdadeiramente insustentáveis. Presume-se que isso seja devido a ele ter, como principal base, espécies introduzidas de outros países, em especial, as dos gêneros Pinus e Eucalyptus; além disso, por se utilizar de plantios predominantemente monoculturais.
Espera-se que, futuramente, as plantações fl orestais sejam gerenciadas dentro de princípios que propiciem benefícios econômicos, sociais, ambientais e culturais para as gerações presentes e futuras "
Moacir José Sales Medrado Pesquisador Aposentado da Embrapa Floresta e Diretor da Medrado e Consultores Agrofl orestais Associados
Não sendo a certifi cação, por si só, capaz de superar tais pressões ambientalistas, tem-se experimentado, com êxito, a integração dos sistemas monoculturas com áreas de fl orestas nativas, em um modelo denominado mosaico fl orestal e, também, em pequenas e médias propriedades, o uso de sistemas agrofl orestais, sendo os mais importantes aqueles que
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fazem parte da Estratégia de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (e-iLPF) e até mesmo sistemas agroflorestais sucessionais.
Os sistemas agroflorestais sucessionais caracterizam-se pelo fato de produzir matérias-primas a partir de um tipo de manejo que os deixa, de certa forma, semelhantes a uma floresta natural em estrutura e função. Esses sistemas, também, por utilizarem os recursos locais, trazem autonomia aos agricultores, reconhecem o saber local, apresentam custo reduzido e aliam a produção à conservação dos recursos naturais.
Como diz Ernest Gotsch, seu criador aqui no Brasil, o fator crítico de bom resultado de tal tipo de sistema não é a qualidade inicial do solo, mas sim a composição e a densidade das espécies. Nesse tipo de sistema, não existem regras fixas e sim princípios, sendo imprescindíveis para sua implantação e manejo a experiência, o conhecimento e a criatividade de técnicos e produtores.
Apesar de os sistemas agroflorestais serem muito antigos, no Brasil, produziu-se um avanço com a idealização da estratégia de integração lavoura- -pecuária-floresta (e-iLPF), no final da década de 2000, quando pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, e de várias outras instituições se reuniram para propor a elaboração do seu marco referencial, de cujo grupo responsável pela base conceitual, pelos sistemas e benefícios fiz parte.
Nas últimas décadas, a e-iLPF tem se mostrado a principal ferramenta para a introdução do componente florestal nas pequenas e médias propriedades rurais agrícolas e até em grandes propriedades pecuárias. Na década de 2005/2015, a área ocupada com sistemas da e-iLPF cresceu de 1,87 milhão de hectares para 11,47 milhões, superando não em quantidade de árvores, mas em área de abrangência, as plantações florestais comerciais.
Para agricultores, pecuaristas e silvicultores pequenos e médios, as principais razões para o grande crescimento da e-iLPF têm sido a rentabilidade por hectare, a diminuição do risco financeiro, a rotação de culturas por necessidade técnica, a recuperação de pastagens, a redução do impacto ambiental e o apoio técnico de instituições de pesquisa e de assistência técnica públicas e privadas. A Rede da e-iLPF, que é cofinanciada pelas empresas privadas e pela Embrapa, apoia 97 Unidades de Referência Tecnológica (URTs), distribuídas em todos os biomas brasileiros, com participação de 19 Centros de Pesquisa da Embrapa.
Hoje, a e-iLPF está presente em todos os biomas, e, embora a espécie florestal mais utilizada seja, ainda, o eucalipto, tem sido um espaço importantíssimo para a disseminação de outras espécies florestais para diferentes usos, como mogno‑africano (Khaya ivorensis), cedro-australiano (Toona ciliata), teca (Tectona grandis L.), grevílea (Grevillea robusta), pínus (Pinus spp.), acácia mangium (Acacia mangium); acácia-negra (Acacia mearnsii), gliricídia (Gliricidia sepium), paricá (Schizolobium amazonicum), jequitibá-rosa (Cariniana legalis), canafístula (Pelthophorum dubium), vinhático (Plathymenia foliosa), angico-vermelho (Anadenanthera peregrina), aroeira (Myracrodruon urundeuva), cumbaru (Dipteryx alata), bracatinga (Mimosa scabrella), dentre outras. Certamente, será através da e-iLPF que será ampliado o uso de espécies para produção de madeira nobre plantada em espaçamentos amplos.
O crescimento da área plantada com espécies florestais no País é uma das principais ferramentas que o Brasil poderá usar para a redução de suas emissões dos gases de efeito estufa em relação a 2005. Para tal, além do compromisso em zerar o desmatamento ilegal e atingir 45% de energias renováveis, sendo 18% de bioenergia, há uma previsão de adição de 12 milhões de hectares, entre atividades de restauração e reflorestamento comercial, e de 5 milhões de hectares a serem implantados com sistemas componentes da e-iLPF.
Dentro desse projeto, até 2030, de acordo com o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (Plantar Florestas), deverá ser incentivado o plantio de 2 milhões de hectares, especificamente, de plantações florestais comerciais. É importante ressaltar, também, que o futuro da plantação florestal comercial deverá estar baseado na ocupação de espaço na bioeconomia, que, através da intensificação, busca diminuir a tensão entre conservação e produção, no ecossistema, com a prevalência da competitividade, da eficiência e da produção de produtos com maior valor adicionado. Um modelo em que as empresas, além do lucro, pensarão em otimizar seus processos por meio da sustentabilidade empresarial.
Assim sendo, o setor de plantação florestal comercial deverá ser um dos maiores contribuintes para a mitigação das mudanças climáticas e basear seu desenvolvimento tecnológico com o olhar nas possibilidades de desenvolvimento em conjunto com outros setores, como a construção civil, a indústria química, de têxteis e de energia, dentre outros.
Espera-se, por fim, que, futuramente, as plantações florestais sejam gerenciadas dentro de princípios que propiciem benefícios econômicos, sociais, ambientais e culturais para as gerações presentes e futuras, e que, por consequência, o País as integre em seu Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável e não as trate apenas como um simples contribuinte para o Produto Interno Bruto. n