
5 minute read
Fórum Mundial sobre Energias Renováveis
from CMER - Congresso
Worldwide Forum on Renewable Energy Conference
Fórum: Exposição de motivos:
O Fórum Mundial sobre Energias Renováveis tem por objetivo desenvolver a discussão políticocientífica dos fundamentos econômicos, sociais e ambientais de temas de grande importância estratégica mundial, no campo da energia. A definição da pauta deste congresso objetiva expor o real cenário social e ambiental, no qual este assunto está atualmente inserido; colher os benefícios econômicos que a disseminação da verdade poderá gerar à nossa nação; conquistar a concordância e proteção de nações que poderão ser beneficiadas com a expansão de tais tecnologias agrícolas e industriais em seus países; viabilizar e liderar a expansão mundial da agroenergia; viabilizar e fomentar parcerias agro-industriais a serem implantadas em países em desenvolvimento no hemisfério Sul; e levantar forçosamente vozes favoráveis de ONGs e as Opiniões Públicas nos países do hemisfério Norte, hoje convenientemente contrários ao desenvolvimento da bioenergia.
O Fórum envolverá como palestrantes e público, cientistas dos principais centros mundiais para o desenvolvimento do conhecimento; reconhecidos especialistas de empresas de geração, comercialização e distribuição de energia; governantes e autoridades econômicas, ambientais e sociais; bem como o meio empresarial mundial, interessado na venda e na compra de tecnologia de máquinas, equipamentos e processos para a produção de energia elétrica e de biocombustíveis.
Tema 1: O futuro da produção de alimentos e a expansão da produção de agrocombustíveis:
Na década passada foram veiculadas na Alemanha reportagens mostrando as péssimas condições nas quais era produzido o açúcar no Brasil. O desmatamento da Amazônia e a transformação de áreas destinadas à produção de alimentos para o plantio de canaviais e o trabalho subumano das usinas foram o foco dos textos, fotos e filmes veiculados por todo o país. Tais reportagens foram encomendadas e pagas pela cooperativa de produtores de beterraba, com o objetivo de dar continuidade aos subsídios do governo à indústria açucareira local. Os argumentos foram repetidos tantas vezes, que se consolidaram como verdade inquestionável na Alemanha e, depois, na Europa. Mais cedo ou mais tarde iria faltar alimento no mundo, em razão das irresponsáveis ações do Brasil.

Essa suposição fez o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, classificar a produção de biocombustíveis como crime contra a humanidade, ataque reforçado por Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial.
É de fundamental importância revertermos tais falácias. Ela ainda é tomada por verdade. Ao invés de inimigos ativos, podemos tornar a visão da sociedade das nações do mundo favoráveis à produção e ao consumo dos biocombustíveis. Para tanto, precisamos mostrar a verdade, expor e avaliar o real cenário, modificar o que precisa ser alterado e torná-los parceiros sociais, ambientais e, principalmente, econômicos.
Tema 2: A internacionalização da produção e do consumo dos biocombustíveis:
Por razões edafoclimáticas fundamentais, por termos feito a opção correta e ter saído na frente das demais nações, mesmo tendo sido ultrapassado pelos EUA, o Brasil reune as melhores condições para tornar o etanol uma commodity mundial. Entretanto, nenhum produto tem chances de se tornar commodity, sem que haja uma segura multiplicidade de produtores de grande escala, espalhados pelo mundo. Se usar sabedoria, repartir vantagens, promover parcerias e disseminar tecnologias, o Brasil poderá dar as cartas, para que tal condição se consolide.
A internacionalização da produção do etanol, tornará automático o consumo mundial, como aditivo ou combustível puro. Devemos fomentar a instalação de destilarias em vários pontos do planeta, em parceria com os EUA e com os países locais, fornecendo equipamentos, disseminando a tecnologia agrícola e industrial, como sócios dos projetos. Além da cana, milho e sisal, o etanol pode ser produzido em larga escala, com outras fontes, como beterraba ou celulose, mudando o potencial de produção e a multiplicidade de locais do planeta.
Com relação ao biodiesel, EUA e Alemanha são as nações com o maior desenvolvimento tecnológico. Unir seus potenciais tecnológicos industriais ao potencial agrícola brasileiro e mundial poderá resultar em benefícios realmente significativos. Ajudar as nações a implantar fábricas de “petróleo verde” poderá ajudá-las a mudar seus destinos.
Tema 3: A contribuição das fontes renováveis de energia, com as novas tecnologias de geração, para a mitigação das mudanças climáticas globais:
Embora haja divergências acerca da veracidade e do tamanho do impacto das mudanças climáticas sobre a vida humana, a opinião pública mundial, fabricada ou não, trabalha com a tese de que a temperatura da Terra está subindo e a maior parte do problema é provocado por ações humanas, onde se destaca a queima de combustíveis fósseis, responsável por cerca de 80% das emissões globais dos Gases de Efeito Estufa – GEE.
O esforço internacional, concentrado na Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, continuam insistindo nas reduções para as emissões dos GEE das próximas décadas para níveis de décadas atrás. Essa meta seria o único caminho para realizar o objetivo último da convenção: estabilizar as concentrações de GEE, em níveis seguros para a vida humana. A realização dessa meta exigirá um esforço em diferentes aspectos da vida humana. Hábitos desperdiçadores de recursos e de energia deverão ser modificados. Em contrapartida, atividades econômicas que promovam a redução definitiva dessas emissões, com o fornecimento dos mesmos serviços e produtos finais, serão estimuladas de diferentes formas.
Nesse processo, as fontes renováveis têm seu lugar assegurado. Os agrocombustíveis, por exemplo, ao passarem pelo crivo da sustentabilidade ambiental, da geração de benefícios sociais e da viabilidade agrícola e econômica, representam a melhor alternativa aos combustíveis líquidos derivados do petróleo. Esses mesmos agrocombustíveis, embora tenham aplicação nas tecnologias atuais como os motores ciclo Otto, ciclo Diesel, bem como nos novos híbridos – podem ter seu potencial melhor explorado com as novas tecnologias. Se os interesses nas questões ambientais e sociais não conseguirem direcionar as atitudes humanas, por mais questionáveis que possam ser os modelos de cenários previstos, certamente os interesses econômicos imporão mudanças radicais.

O carro elétrico emite, segundo o método do “poço à roda”, 111 gCO2e/km. Bem menos que o carro movido a etanol de milho (230), gás natural (277) e gasolina (324 gCO2e/km). Entretanto com o etanol brasileiro emite-se, da “fazenda à roda”, apenas 65 gCO2e/km, considerando um rendimento de 9 km/L. Já, o veículo elétrico brasileiro, em fase final de desenvolvimento, com o uso da célula de combustível a etanol, ressaltase sem necessidade de recarga da bateria, com milhares de postos de abastecimento, pode superar os 1.000 km com apenas 40 litros de combustível!
Tema 4: O papel dos subsídios na produção de alimentos e de agrocombustiveis:
A produção agrícola conta, freqüentemente, com a presença de instrumentos de estímulo e de inibição a culturas específicas, que fazem parte do rol de controle do Estado sobre a oferta de alimentos. Esses instrumentos, mais comumente atuam por vias do crédito financeiro e da taxação – impostos, taxas, recolhimentos compulsórios, etc.
No debate atual, em que se atribui um efeito negativo do aumento da produção de agrocombustiveis sobre a oferta e sobre os preços dos alimentos, um ponto cego que permanece intocado é o papel que os subsídios governamentais – principalmente nos países europeus – tem provocado sobre a oferta global de alimentos.
Entre as distorções identificadas e que deveriam ser eliminadas rapidamente, está o desestímulo à produção de alimentos em países pobres – notadamente na África subsahariana –como resultado da sistemática distribuição dos alimentos produzidos com subsídios em solo europeu aos consumidores africanos, através dos programas de ajuda coordenados pelas Nações Unidas.
Outra distorção está identificada na produção de etanol a partir de produtos agrícolas, cuja produção é fortemente subsidiada. É o conhecido caso do milho nos Estados Unidos, mas é também o caso da beterraba na União Européia. A partir da derrota para o Brasil e Índia no contencioso do açúcar, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, a União Européia aumentou o subsídio ao açúcar da beterraba, ao incentivar a produção de etanol a partir desse mesmo açúcar.
Essa distorção estimula, em solo europeu, tanto as propostas mais ingênuas de “preferência ao consumo local”, em que o comércio internacional é apontado como fonte de desperdícios e deseconomias, como as propostas mais duras de instalação de barreiras não tarifárias ao etanol brasileiro, sob o pretexto de que ele é socialmente injusto, por conter trabalho escravo, e ambientalmente insustentável, por promover o desmatamento da Amazônia.
Apesar desse uso distorcido, os subsídios poderiam ser usados corretamente para promover a produção agrícola em solo africano, por exemplo, e para disseminar a produção de agrocombustíveis em diferentes regiões do planeta, sempre combinando ambas as produções e sem provocar distorções de efeitos perversos, como os hoje observados
