Catalogo Fátima Nogueira

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COLAGENS construtivas

a profundidade que se expande para os lados

fátima NOGUEIRA

COLAGENS construtivas

a profundidade que se expande para os lados

fátima NOGUEIRA

06 de Novembro a 10 de Dezembro, 2024

Segunda à Sexta das 9:00 às 18:00 h Sábado de 09:00 às 14:00h Sculpt Galeria

Rua Paula Ney, 650 - Aldeota, Fortaleza - CE

eduardo FROTA curadoria

ASCOLAGENSCONSTRUTIVASDEFÁTIMANOGUEIRA: aprofundidadequeseexpandeparaoslados

porEduardoFrota

Lygia Clark

Composição, 1953

Começar um processo de conhecimento plástico/visual tendo como parâmetro uma experiência moderna, icônica, e de larga amplitude codificada, digo, Piet Mondrian e o neoplasticismo, por exemplo, faz desse enfrentamento uma atitude nada modesta, mas sim corajosa e singular, mesmo que nesse movimento ainda em processo de transformação, seja até possível avaliar qualitativamente o empenho progressivo da produção da artista e arquiteta Fátima Nogueira, que abreaexposiçãoCOLAGENS/construtivasnaSCULPTGaleriaemFortaleza.Digoaudaciosaporque, de todos os modos, nos obriga a rever os procedimentos de Mondrian e sua síntese plástica formal, que inflexionou definitivamente algo da modernidade ocidental através da sua pintura contagiando outras categorias de produção e conhecimento como a arquitetura, o design, a moda, o mobiliário e vários produtos da sociedade de consumo que são característicos da era moderna industrial do séculoXX,seestendendofortementeaténossosdias.

Para a artista, o mestre Holandês é farol e bússola em seu início de percurso artístico, ao mesmo tempo que desarticula sutilmente seu legado espacial/pictórico, com habilidade e percepção plástico-conceituais. Para essa exposição, Fátima nos apresenta três conjuntos: 1) Listras e Faixas; 2) Arquitetura com cadeiras e 3) Espaços Virtuais Interditos, compostos por 21 colagens pictóricas, formando um diagrama “disjuntivo” com intensa correspondência complementar, fortemente conectados à uma ideia de origem e desdobramentos interligados a partir de gestos mínimos e repetidos. O intuito é o de ampliar até o limite as possibilidades formais de sua prática processual. Dessa maneira, analisadas em grupo não dilui suas potencialidades, mas, ao contrário, pode atribuir maisadensamentocríticoaoresultadoapresentado.

Repare-se que em 1959, Lygia Clark, em carta aberta, conversa com Mondrian sobre sua angústia e solidão de artista e apresenta uma escolha eletiva, tendo no artista holandês uma cumplicidade irreversível que influenciou toda sua trajetória. Assim como Lygia, é impossível olhar para a obra magistral Magic Square n.5 (autonomia de cor e espacialidade arquitetural não objetiva), de Hélio Oiticica, sem expandi-la amplamente aos princípios plásticos de Mondrian, mesmo que essa obra dê umpassoafrentequandopercebemosquesetratadanão-objetividadedoobjetoesuaautonomiade cornoquetratadaamplitudearquitetônica.

Depois, em Outubro de 1972, em Milão, na Itália, o artista Raimundo Colares escreve na parte inferior de uma colagem que, na parte superior, tem dois desenhos flutuando como uma projeção da clave de pensamento de Mondrian: “Eu ainda vou entender esse cara como ninguém nunca entendeu.” Essa anotação é uma matriz inviolável para pensarmos toda a obra desse grande artista brasileiro, desde a pintura “Ultrapassagem” até a sofisticada produção do seu Gibi, “decomposição de um trabalho de Mondrian”, citando apenas dois exemplos de sua produção mínima e muito sofisticada. Não menos interessanteéaproposição“Troca-troca”doArtistaJarbasLopesnosjardinsdoINHOTIN,quandose apropriadetrêsfuscasidênticosepintaassuperfíciesdaslatariasemtrêsversõesdiferentesusando apenascoresprimárias: azul,amareloevermelho,deslocandoaradicalidadeconceitual/plásticapara osprocedimentosdopop.

Cito apenas quatro passagens de fecunda envergadura artística da Arte Brasileira moderna e contemporâneainfluenciadasporMondrianeoseuneo-plasticismo.Osexemplosnãoparamporaíe junto a isso seria omissão não citarmos a forte tradição construtiva e neo-construtiva na vastidão da cultura brasileira, popular e erudita, desenhada definitivamente desde a primeira Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, e atravessando fortemente o movimento tropicalista, a partir dos anos 1960 doséculopassadoeperdurandoaténossosdias.

INVESTIGAÇÃOSOBREOPROCESSO

Fátima desnorteia a precisão clássica de Mondrian na desmedida de espaços assimétricos e com o uso nada ortodoxo de matizes de cores primárias, secundárias, e terciárias através do amplo recurso dejustaposiçãoesobreposiçãoqueacolagempropicia.Comométodoracionalizadoapartirdopapel de cor milimetricamente cortado e logo depois colado, como um anti-método, subjetivo e sensorial, há um adensamento de camadas de papel que não estabelecem quantidade especifica ou tempo de colagem determinado. O que orienta a operacionalidade são campos de cor que se abrem com a investigaçãodofazer.Planosdecorseestruturamsensorialmente,oraluminosos,àsvezessombrios, abrindobrechasimprevisíveisnaarquiteturadosespaçosplanejados.Importadizerquesuatécnica,e nesse caso somente sua, não vem da tradição fragmentária de Kurt Schwiters e muito menos do cubismo de Picasso ou Braque. É uma prática que vem direto da tradição da pintura moderna e que se emancipa dos usos de utensílios tradicionais, pincel e tinta, para compor e decompor novas percepçõesdeplanosvisuais.

Hélio Oiticica

Invenção da Cor, Penetrável Magic Square #5, De Luxe, 1977

Jarbas Lopes

Troca-troca, 2002

COEXISTÊNCIADOSCONJUNTOS

1)LISTRASeFAIXAS

Em início de processo, a artista ainda está ligada à grade espacial de Mondrian, mesmo que a desarrume aos poucos. A primeira desestrutura, podemos dizer é cobrir de cor as linhas pretas verticais e horizontais deixadas por Mondrian e dar aos espaços recortados interações cromáticas que desarticulam a planalidade da tela. É a sobreposição colada de vários matizes de papeis de cores diferentes que dá adensamento e profundidade aos planos assimétricos alterando sua bidimensionalidadeinicial.

2)ARQUITETURACOMCADEIRAS

Esse conjunto de três trabalhos é um passo decisivo de emancipação da assinatura dentro das tradições construtivas. Assim como Volpi em determinada fase usa o mesmo desenho para erguer suas catedrais, Fátima usa o desenho estrutural da arquitetura de um mobiliário usual, uma cadeira qualquer, por exemplo, para articular um espaço arquitetônico que vai adquirir grandeza de “Catedrais” com uso justaposto e sobreposto de cromagens distintas com a cor recodificando a espacialidadepictóricaautônomadesestruturantedamatriz/objetooriginária,namesmamedidaem queorganizaumespaçoplásticoinauguraleinovador.

3)ESPAÇOSVIRTUAISINTERDITOS

Esse conjunto conta com dez trabalhos de inventividade espacial e amplitude metafísica que nos lembra, de passagem, os vazios de De Chirico mas, paradoxalmente, ganha “carnedura” por seu adensamentosobrepostodetonalidadedopapeldesedapelousodatécnicadecolagem,adquirindo monumentalidadeexpressiva.Sãoespaçosamplosqueseabremaoolharcomoumasurpresaíntima que não levam a lugar nenhum, são interditos, só deixando a imaginação habitá-los o tanto que os sentidos queiram. São desconexos e não estabelecem hierarquias com os princípios da pespectiva renascentista que leva o olhar ao centro da tela. Em contraposição a isso, a inversão da sua lógica é dilatar-se pala os lados e para o fundo da tela perdendo o centro de gravidade ao mesmo tempo que recuperasuainteirezaplásticanasbordasdoquadroemfluxopermanentecomoespaçoamploereal da Arqitetura. Podemos afirmar que é uma arquitetura que se abre a outra com clara intenção de cohabitá-las,masquepororaestabelecemprincipiosdejustaproporção.

COMOPINTARSEMTINTAEPINCEL

Problematizar a bidimensionalidade da tradição construtiva não se dá apenas através de um desenho em perspectiva matemática ou figurativa. Esse processo pictórico em que a artista utiliza a colagem de papeis coloridos em várias tonalidades, e não propriamente a tinta e o pincel, mas o faz com recortesbemdefinidosdepapeldesedaecolasobrepostosejustapostos.Essesinstrumentospapel e cola, ora contidos ora expansivos, em ritmo paciente e mínimo que se adensam a partir de camadas emespaço/cor.Énessapassagemdeumesboçopréviodeprojetoracionalàfaturaconsolidadaecom a sensorialidade espacial da cor que se arma o signo plástico que o coloca em suspensão, entre um extremoeoutro,earticulaespaçosimaginativosnãoortodoxosdevidoàssuasimpurezascromáticas saturadas até o arbítrio da ruptura do gesto coordenado pela máquina retiniana: o olhar! Por isso não podemos conferir a todos os sub planos da tela a mesma topologia, e nem para todo o conjunto de trabalhos apresentados, desconfigurando uma afirmativa de que todos têm uma mesma prédefiniçãoplanejada.

AQUEBRADAUTOPIAMODERNISTAPARACONTINUARINVENTANDO

TemosquelembrarqueaprimeirapráticadotratocomacorqueFátimaNogueiraacessoufoiatravés doestilismoquandotrabalhavaemumafábricadeconfecçãofamiliaremanuseavatecidoscoloridos, ao mesmo tempo em que gerenciava a produção. Ela afirma: “Sim, estudei Estilismo com Madame Rucki, do Studio Berçot de Paris, na Casa Rhodia, em São Paulo. Desenvolvia coleções de fábrica e ficava à frente da produção atendendo pedidos. Adorava encaixar os moldes para corte, parecia um quebra-cabeças. Aprendi muito sobre cores, tramas e composições.” Junte-se a essa prática a formação acadêmica e intelectual no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará, UFC. Esse aparente contraste formativo ativou uma vontade irrefreável para produzir, ao lado de uma formação humanista e da capacidade de discernimento crítico que elabora durante o processo.Nãoàtoadesenhoucomclarezaumvooartístico.Poroutrolado,sabendodanãorealização plena do projeto modernista útopico, procura lançar nuances desconstrutivas à sua rigidez ortodoxa sem descontextualizar seus princípios relevantes, recodificando com liberdade um processo de “impurezas”periféricas.

O que Fátima Nogueira nos propõe com sua produção artística é o desafio de ativar o legado da modernidade,transformandoemrealidadeofenômenoartístico,social,culturalepolítico,quepossa nos recolocar urgentes e inventivos diante dos desafios do que se imagina como pós modernidade emsuadimensãoavassaladora.

Raymundo Colares 1972

Queridos amigos, abriremos a galeria para a exposição da artista visual Fátima Nogueira. Com curadoria de Eduardo Frota, ela nos apresenta uma série de 21 trabalhos abstratos geométricos “Colagens construtivas”, em papel de seda sobretela.

Dear friends, We will open the gallery for the exhibition by visual artist Fátima Nogueira. Curated by Eduardo Frota, she presents us with a series of 21 abstract geometric works “Constructive Collages”, ontissuepaperoncanvas.

Rodrigo Parente SCULPT galeria.
G I / 2023
100 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
G I / 2023
100 x 70 cm
Collage On Canvas

60

G II / 2023
x 60 cm
Colagem Sobre Tela
GI / 2023
60 x 60 cm
Collage On Canvas
G III / 2023
60 x 60 cm
Colagem Sobre Tela
G III / 2023
60 x 60 cm
Collage On Canvas
G IV / 2023
60 x 60 cm
Colagem Sobre Tela
G IV / 2023
60 x 60 cm
Collage On Canvas
GV/2023
70x100cm
ColagemSobreTela
GV/2023
70 x 100 cm
Collage On Canvas
G VI / 2023
50 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
G VI / 2023
50 x 70 cm
Collage On Canvas
GVII/2023
70x100cm
ColagemSobreTela
GVII/2023
70 x 100 cm
Collage On Canvas
G VIII / 2023
70 x 100 cm
Colagem Sobre Tela
G VIII / 2023
70 x 100 cm
Collage On Canvas
M I / 2024
50 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
M I / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
M II / 2024
50 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
M II / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
M III / 2024
50 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
M III / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
EI/2024
50x70cm
ColagemSobreTela
E I / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
E II / 2024
50 x 70 cm
Colagem Sobre Tela
E II / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
EIII/2024
100x100cm
ColagemSobreTela
E III / 2024
100 x 100 cm
Collage On Canvas
E IV / 2024
100 x 100 cm
Colagem Sobre Papel
E IV / 2024
100 x 100 cm
Collage On Canvas
EV/2024
50x70cm
ColagemSobreTela
E V / 2024
50 x 70 cm
Collage On Canvas
EVI/2024
70x100cm
ColagemSobreTela
EVI/2024
70 x 100 cm
Collage On Canvas
EVII/2024
24x30cm
ColagemSobreTela
E VII / 2024
24 x 30 cm
Collage On Canvas
EVIII/2024
24x30cm
ColagemSobreTela
EVIII/2024
24 x 30 cm
Collage On Canvas

E IX / 2024

E X / 2024

E X / 2024

24 x 30 cm
Colagem Sobre Tela
E IX / 2024
24 x 30 cm
Collage On Canvas
24 x 30 cm
Colagem Sobre Tela
24 x 30 cm
Collage On Canvas
‘’Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicasementaispossíveisdeminhaexistência.’’
"I

want to live and feel all the shades, tones and variations of mental and physical experience possiblein

mylife."

FátimaNogueiranasceuem1961,emFortaleza,ondeviveetrabalha.Participourecentemente da exposição “Coleta de Maresia” com um coletivo de artistas e agora realiza sua primeira exposiçãoindividual,“COLAGENSconstrutivas”,nagaleriaSculpt,sobacuradoriadeEduardo Frota.

É impossível falar da trajetória de Fátima sem citar as múltiplas camadas que tecem não só sua história como também seu desenvolvimento artístico. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará, trabalhou primeiro, durante vários anos, como estilista, adquirindo vivências e conhecimentos que levou consigo não só para o exercício da arquitetura,quantoagora,maisrecentemente,parasuaproduçãoartística.

Foi em meio à pandemia de Covid-19, em 2020, quando o próprio momento do mundo a obrigou a parar, ficar em casa e olhar para dentro que ela voltou a se dedicar ao estudo e à produção artística. Após participar por quatro anos dos grupos de estudo da galeria Multiarte comaprofessoraLucianaEloy,frequentouaulasdepinturaacrílicaegravuranoateliêdoartista plástico Túlio Paracampos, deu continuidade à sua formação com cursos de colagens com a professoraRenataCruz,noInstitutoTomieOhtake,ecomaprofessoraLiadoRio,naEscolade Artes Visuais do Parque Lage. Atualmente, participa do grupo de estudo de arte contemporâneaquetemcomomentoroartistaeprofessorEduardoFrota.

Desenvolvendoumatécnicaprópriadecolagem,Fátimatransitaentreogeométrico,oespaço e o mobiliário. Referências do seu trabalho transmutadas em imagens onde as cores e o impacto visual são obtidos através de muitas camadas de papel, onde tudo está sedimentado: cadaerroeacerto,oquefoiapagado,asombradoguardado,onãorevelado,ocontido.

THECONSTRUCTIVECOLLAGESOFFÁTIMANOGUEIRA: thedepththatexpandssideways

Starting a process of plastic/visual knowledge based on a modern, iconic, and wide-ranging coded experience, I say, Piet Mondrian and neoplasticism, for example, makes this confrontation a courageous and unique one even if it's still in process of transformation, it is even possible to qualitatively evaluate the progressive effort of the artist and architect Fátima Nogueira's production, which opens the COLLAGE/constructive exhibition at SCULPT Galeria in Fortaleza. I say audacious because, in any case, it forces us to review Mondrian's procedures and his formal plastic synthesis, which definitively inflected something of Western modernity through his painting, merging to other categories of production and knowledge such as architecture, design, fashion, furniture and etc, extendingstronglytoourdays

For the artist, the Dutch master is a beacon and compass in his early artistic career, while subtly disarticulating his spatial/pictorial legacy, with plastic-conceptual skill and perception. For this exhibition, Fátima presents us with three sets: 1) Stripes and streaks; 2) Architecture with chairs and 3) Interdicted Virtual Spaces, composed of 21 pictorial collages, forming a “disjunctive” diagram with intense complementary correspondence, strongly connected to an idea of minimal and repeated gestures unfolding its origin. The purpose is to expand to the limit the formal possibilities of its procedural practice. Thus, analyzed as a group, it does not dilute its potential, but, on the contrary, it canattributemorecriticaldensificationtotheresultpresented.

It should be noted that in 1959, Lygia Clark, in an open letter, talks to Mondrian about her anguish and loneliness as an artist and presents an elective choice, having in the Dutch artist an irreversible complicity that influenced her entire trajectory Like Lygia, it is impossible to look at Hélio Oiticica's magisterial work Magic Square n.5 (autonomy of color and non-objective architectural spatiality) without broadly expanding it to Mondrian's plastic principles, even if this work takes a step forward when we realize that it is about the object's non-objectivity and its autonomy of color when it comes toarchitecturalamplitude.Then,inOctober1972,inMilan,Italy,theartistRaimundoColareswritesat the bottom of a collage that, at the top, has two drawings floating like a projection of Mondrian's thought clef: “I'm still going to understand this guy like no one ever did.” This annotation is an inviolable matrix to think about all the work of this great Brazilian artist, from the painting “Ultrapassagem”tothesophisticatedproductionofhisGibi,“decompositionofaworkbyMondrian”, citing only two examples of his minimal and very sophisticated production. No less interesting is the “Troca-Troca” proposition of the Artist Jarbas Lopes in the gardens of INHOTIN, when he appropriates three identical beetles and paints the surfaces of the bodywork in three different versions using only primary colors: blue, yellow and red, shifting the conceptual/plastic radicality to popprocedures.

I mention only four passages of fruitful artistic scope of modern and contemporary Brazilian Art influenced by Mondrian and his neo-plasticism. The examples do not stop there and, together with this,itwouldbeanomissionnottomentionthestrongconstructiveandneo-constructivetraditionin the vastness of Brazilian culture, popular and erudite, definitely designed since the first International BienalofSãoPaulo,in1951,andstronglycrossingthetropicalistmovement,fromthe1960sonwards andlastingtothepresentday

ABOUTTHEPROCESS

Fátima bewilderes Mondrian's classic precision in the unmeasuredness of asymmetric spaces and with the unorthodox use of primary, secondary, and tertiary color shades through the wide juxtaposition and overlapping feature that collage provides. As a method rationalized from millimetrically cut and then glued colored paper, as an anti-method, subjective and sensory, there is a densificationofpaperlayersthatdonotestablishaspecificamount.Whatguidesoperabilityarefields of color that open up with the investigation of making. Plans of color are sensorially structured, sometimes bright, sometimes dark, opening unpredictable gaps in the architecture of the planned spaces. It is important to say that her technique, and in this case only hers, does not come from the fragmentary tradition of Kurt Schwiters, much less from the cubism of Picasso or Braque. It is a practice that comes directly from the tradition of modern painting and that emancipates itself from the uses of traditional utensils, brush and paint, to compose and decompose new perceptions of visualplanes.

COEXISTENCEOFSETS

1)STRIPESANDSTRIPES

In the beginning of the process, the artist is still connected to Mondrian's spatial grid, even if she messes it up little by little. The first disstructure, we can say, is to cover by color the vertical and horizontal black lines left by Mondrian and to give the cut-out spaces chromatic interactions that disarticulate the flatness of the canvas It is the glued overlap of several shades of different color papers that gives density and depth to the asymmetric planes by changing their initial twodimensionality

2)ARCHITECTUREWITHCHAIRS

This set of three works is a decisive step in the emancipation of the signature within the constructive traditions. Just as Volpi in a certain phase uses the same design to erect his cathedrals, Fátima uses the structural design of the architecture of a usual furniture, any chair, for example, to articulate an architecturalspacethatwillacquirethegrandeurof"Cathedrals"withjuxtaposedandoverlappinguse of distinct chromes with color recoding the autonomous pictorial spatiality that destroys the original matrix/object,tothesameextentthatitorganizesaninauguralandinnovativeplasticspace.

3)PROHIBITEDVIRTUALSPACES

This set has ten works of spatial inventiveness and metaphysical amplitude that reminds us, in passing, of De Chirico's voids but, paradoxically, gains “carnedura”for its overlapping densification of silk paper through the use of the collage technique, acquiring expressive monumentality They are wide spaces that open to the eye as an intimate surprise that lead nowhere, they are forbidden, only allowing the imagination to inhabit them as much as the senses want. They are disconnected and do notestablishhierarchieswiththeprinciplesoftheRenaissanceperspectivethattakesthelooktothe center of the screen. In contrast to this, the inversion of its logic is to expand to the sides and to the bottom of the screen, losing the center of gravity while recovering its plastic completeness at the edges of the frame in permanent flow with the ample and real space of the Architecture. We can say thatitisanarchitecturethatopenstoanotherwiththeclearintentionofcohabitingthem,butthatfor nowtheyestablishprinciplesoffairproportion.

HOWTOPAINTWITHOUTPAINTANDBRUSH

Problematizing the two-dimensionality of the constructive tradition does not occur only through a drawing in mathematical or figurative perspective. This pictorial process in which the artist uses the collage of colored papers in various shades, and not exactly paint and brush, but does so with welldefinedcutsofoverlappingandjuxtaposedtissuepaperandglue.Thesepaperandglueinstruments, sometimes contained, sometimes expansive, in a patient and minimal rhythm that densifies from layers in space/color It is in this passage from a previous sketch of a rational project to the consolidatedinvoiceandwiththespatialsensorialityofcolorthattheplasticsignisarmedthatputsit in suspension, between one extreme and the other, and articulates unorthodox imaginative spaces due to their saturated chromatic impurities up to the discretion of the rupture of the gesture coordinated by the retinal machine: the gaze! Therefore, we cannot give all the subplanes of the screen the same topology, nor for the entire set of works presented, disconfiguring an assertion that allhavethesameplannedpre-definition.

THEBREAKINGOFTHEMODERNISTUTOPIATOKEEPINVENTING

We have to remember that the first practice of dealing with color that Fátima Nogueira accessed was through styling when she worked in a family clothing factory and handled colored fabrics, while managing production. She states: “Yes, I studied Styling with Madame Rucki, from Studio Berçot in Paris, at Casa Rhodia, in São Paulo We developed factory collections and I was in charge of production, fulfilling orders I loved to fit the molds for cutting, it looked like a puzzle. I learned a lot about colors, fitting and compositions.” Add to this practice the academic and intellectual training in the Architecture and Urbanism course at the Federal University of Ceará, UFC. This apparent formative contrast activated an unstoppable will to produce, alongside a humanistic formation and the capacity for critical discernment it elaborates during the process. No wonder she clearly drew an artistic path. On the other hand, knowing the non-fulfillment of the utopian modernist project, it seekstolaunchdeconstructivenuancestoitsorthodoxrigiditywithoutdecontextualizingitsrelevant principles,freelyrecodingaprocessofperipheral“impurities”.

What Fátima Nogueira proposes to us with her artistic production is the challenge of activating the legacy of modernity, transforming into reality the artistic, social, cultural and political phenomenon, which can replace us with urgency and inventiveness in the face of the challenges of what is imagined aspostmodernityinitsoverwhelmingdimension.

BIOGRAPHY

Fátima Nogueira was born in 1961, in Fortaleza, where she lives and works She recently participated in the exhibition “Coleta de Maresia” with a collective of artists and now holds her first solo exhibition “collagens/construtivas”attheSculptgalleryunderthecuratorshipofEduardoFrota.

It is impossible to talk about Fátima's trajectory without mentioning the multiple layers that weave not only her history, but also her artistic development. Graduated in Architecture and Urbanism at the Federal University of Ceará-UFC, she worked first, for several years, as a stylist, acquiring experiences and knowledge that she took with her, not only for the practice of architecture, but now, more recently, toherartisticproduction.

It was in the midst of the covid-19 pandemic in 2020, when the very moment of the world forced her to stop, stay at home and look inside, that she turned to dedicate herself to study art and subsequently producingit.AfterparticipatingforfouryearsinthestudygroupsoftheMultiartegallerywithProfessor Luciana Eloy, she attended classes in acrylic painting and engraving in the studio of the plastic artist TúlioParacampos,continuedhertrainingwithcollagecourseswithProfessorRenataCruz,attheTomie OhtakeInstituteandwithProfessorLiadoRioattheSchoolofVisualArtsatParqueLage.Shecurrently participates in the contemporary art study group whose mentor is the artist and professor Eduardo Frota.

Developing her own collage technique, Fátima moves between the geometric, the space and the furniture. References of her work transmuted into images where colors and visual impact are obtained through many layers of paper where everything is sedimented: every mistake and sucess, what was erased,theshadowoftheconcealed,theundisclosed,thecontained.

Coordenação

Fátima Nogeira

Curadoria de Arte

Eduardo Frota

Expografia , design, comunicação e montagem

EduardoFrota, José Sinval Neto, Tulio Paracampos

Colaboradores

Valtinho

Louro

Francisco

Textos

Eduardo Frota

Natasha Nogueira

Rodrigo Parente

Fotografia

Leo Soares

NOVEMBRO, DEZEMBRO /2024

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