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A “tolerância zero” de Lula fracassa no primeiro teste

“Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será, simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo”, prometeu Lula em sua primeira reunião ministerial, ainda nos primeiros dias de janeiro. Apenas dois meses depois, e para a surpresa de ninguém, a “tolerância zero” do presidente da República foi reprovada em seu primeiro teste.

Apesar de todas as suas estripulias com o dinheiro do “orçamento secreto”, o uso da jatinhos da Força Aérea para compromissos pessoais e o misterioso sumiço de seus cavalos na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Juscelino Filho continuará sendo o ministro das Comunicações. Aparentemente, Lula se contentou com as explicações dadas em uma reunião na segunda-feira, dia 6 – publicamente, o ministro falou em “erro no sistema” de contagem de diárias. Nunca se há de descartar que o grau de patrimonialismo demonstrado pelo ministro – que, segundo apuração do jornal O Estado de S.Paulo, recebeu diárias pagas com verba pública e usou jatos da FAB para ir de Brasília a São Paulo, onde passou apenas duas horas em compromissos oficiais antes de gastar o fim de semana se dedicando a sua paixão, os cavalos Quarto de Milha – tenha sido considerado por Lula coisa pouca, uma irrelevância. Afinal, estamos falando do PT, que tomou para si não algumas diárias, nem duas viagens em avião da Força Aérea, mas estatais inteiras, como o Brasil descobriu graças à Operação Lava Jato. Perto do mensalão e do petrolão, Juscelino Filho seria um mero aprendiz; sacrificá-lo seria uma injustiça, ainda que ele não faça parte do panteão dos “guerreiros do povo brasileiro”. Mas, ao que tudo indica, Lula tem razões mais pragmáticas para mandar às favas sua promessa de rigor com “quem fizer errado”.

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