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Símbolo Comemorativo
O Símbolo Comemorativo dos 50 anos de criação do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) foi idealizado pelo 2º Sargento BMA Bruno Ricardo Valentim Gervásio, do efetivo da Divisão de Confi abilidade Metrológica Aeroespacial (CMA) do IFI, vencedor do concurso da arte da moeda alusiva ao quinquagésimo aniversário do Instituto.
O Símbolo Comemorativo, em formato circular, é constituído por dois círculos concêntricos limitando a bordadura, feito em tonalidade jalne (amarelo). No campo superior interno, consta a numeração “1971-2021”, que faz referência aos 50 anos de existência do “IFI”, contendo logo abaixo a inscrição do número 50 em arte estilizada com as peças do escudo do Instituto inseridas dentro do numeral zero (“0”). Ainda abaixo do numeral “0”, a inscrição da palavra “Anos”. A arte traz em sua parte superior da bordadura, e centralizada, a descrição da sigla do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial – IFI, e na parte inferior desta, a inscrição das siglas das Divisões do IFI que ao longo dos 50 anos de história ajudam a enaltecer a missão do Instituto.
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MISSÃO
Prestar serviços e realizar Pesquisa de Tecnologia Industrial Básica nas áreas de normalização, metrologia, certifi cação e coordenação industrial, para produtos e sistemas aeronáuticos militares e espaciais, a fi m de fomentar o desenvolvimento de soluções científi co-tecnológicas no campo do Poder Aeroespacial.
VISÃO
Ampliar o reconhecimento como autoridade técnica de aeronavegabilidade militar brasileira, bem como uma organização de vanguarda e de referência internacional para o fomento do complexo científi co-tecnológico aeroespacial brasileiro.
VALORES
Integridade; Excelência; Comprometimento; Profi ssionalismo; Disciplina; Criatividade; Rigor Científi co; Patriotismo.
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Criação do CTA
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Ozires Silva no batismo do Bandeirante
Foto: Acervo do DCTA
A história da indústria aeronáutica brasileira não seria suficiente se faltasse essa importante e necessária contribuição, neste jubileu de ouro de 20 de agosto de 2021, com a publicação do livro perpetuando algo que realmente faltava”.
Ex-Ministro da Infraestrutura, Ozires Silva

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Ahistória do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) vai além dos seus 50 anos de existência, comemorados em 20 de agosto de 2021. A indústria aeronáutica brasileira não existiria sem a contribuição de pessoas dedicadas à ciência e ao desenvolvimento do país ao longo da história nacional. Nesse ínterim, há personalidades do Brasil Império e do início da República que devem ser citados, no objetivo de buscar os fundamentos da existência de uma indústria aeronáutica no Brasil.
Um desses brasileiros foi Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685-1724), sacerdote nascido em Santos/SP, que ficou conhecido por inventar um balão e apresentá-lo ao Rei de Portugal, Dom João V, em abril de 1709. Anunciado no Palácio Real como “Instrumento para andar no ar”, o pequeno balão de papel, montado com arame e com fogo em seu interior, subiu 4,6 metros na presença da Corte lusitana.
O segundo personagem é o “Pai da Aviação”, o célebre Alberto Santos Dumont (1873-1932). Aos 15 anos, o jovem sonhador admirou-se com um balão livre, que voava sem qualquer dirigibilidade nos céus de São Paulo. Em sua maioridade, empregaria engenhosos lemes e leves motores de combustão interna aos balões de números 1 a 6, permitindo seu direcionamento pelos céus franceses. Tal feito traria a Dumont diversos prêmios no Aeroclube da França e publicidade nas imprensas europeia, estadunidense e brasileira.
Até aquele momento, todos os modelos desenvolvidos no mundo haviam sido mais leves que o ar (considerando que o princípio de funcionamento dos balões consiste na relação entre as densidades do ar atmosférico e dos gases utilizados para inflálos) ou não decolavam por seus próprios meios, como no caso dos projetos catapultados. Acontece que Dumont assistira a uma corrida de lanchas em Cote D’Azur em 1905, e uma delas utilizava o motor Antoinette de 24 HP. Foi quando começou a planejar a utilização de motores potentes em um projeto de aeronave mais pesada que o ar.

Bartolomeu de Gusmão Quadro de Bernardino Souza Pereira. Óleo sobre tela

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Paralelamente, Lawrence Hargrave (1850-1915) desenvolvera diversos modelos de planadores, como o “cubo”, o qual foi utilizado por Alberto na construção do 14 BIS. O novo modelo aliava a aerodinâmica de Hargrave ao empuxo fornecido por um motor Antoinette. O sucesso do projeto foi demonstrado no dia 23 de outubro de 1906, quando a aeronave decolou no Campo de Bagatelle (França), mantendo-se a três metros de altura ao longo de 60 metros.
Aquele foi o primeiro voo homologado de um aeroplano mais pesado que o ar. Evento público e com ampla cobertura da imprensa francesa, representou o sucesso do brasileiro, que doou o prêmio recebido pelo invento a seus operários e aos pobres da cidade de Paris. Dumont recebera diversas homenagens por toda a Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, onde foi recebido calorosamente.
14 BIS
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
“Aquele feito inédito redirecionou a maneira do transporte populacional, impulsionou a integração dos diferentes continentes, encurtou distâncias, incrementou avanços tecnológicos e aproximou as pessoas”.
Comandante de Preparo (COMPREP), Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
Os projetos de Santos Dumont eram de conhecimento ostensivo e replicação livre, uma vez que ele não patenteava seus inventos nem desejava adquirir bens materiais com seus feitos. Portanto, era comum encontrar réplicas dos modelos, que podiam ser aperfeiçoados por outros aviadores e projetistas. O mais popular deles seria o Demoiselle, primeiro ultraleve da história da aviação, fabricado em bambu e coberto com seda envernizada, equipado com um motor de 25-30 HP.
Além da contribuição pessoal de Bartolomeu de Gusmão e de Santos Dumont, o IFI não existiria sem a instalação da aviação militar no Brasil, iniciada em 1912, quando o Aeroclube Brasileiro foi autorizado a construir um aeródromo no Campo dos Afonsos, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Ali, seria construída a primeira escola de aviação do Exército, denominada Escola Brasileira de Aviação (EBA). Inaugurada em 1914, recebera 60 militares da Marinha e do Exército, mas teve seu funcionamento interrompido por ocasião da Primeira Guerra Mundial.
Terminado o conflito, a EBA deu lugar à Escola de Aviação Militar (EAM), inaugurada em 29 de janeiro de 1919. Inicialmente, a instituição funcionou com o apoio da Missão Militar Francesa de Aviação, preparando aviadores e mecânicos para o Exército até 1941, quando foi criado o Ministério da Aeronáutica. Na ocasião, foi determinada a junção das aviações militares da Marinha e do Exército, e toda a estrutura do Departamento de Aeronáutica Civil, ora vinculada ao Serviço de Aviação do Exército, fora transferida para a nova Força.
O local merece destaque por ter sido o berço do
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Curtiss Fledgling

Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
Correio Aéreo Nacional (CAN), que contribuiria sobremaneira para o processo de integração do território nacional. Assim, o dia 12 de junho de 1931 marcou o início dessa importante missão, pois os Tenentes Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley transportaram uma mala postal, do Rio de Janeiro a São Paulo, a bordo do monomotor biplano Curtiss Fledgling de matrícula K-263.
Pode-se dizer, ainda, que o Campo dos Afonsos deu origem à indústria aeronáutica brasileira, uma vez que saíra dali o primeiro avião a ser construído em série no Brasil, o Muniz M-7. Biplano para dois tripulantes e destinado ao treinamento primário de pilotos, o modelo foi desenvolvido pelo engenheiro e Capitão Antônio Guedes Muniz, e teve seu primeiro voo em 17 de outubro de 1935.
A construção de aeronaves, como o Muniz M-7, demandava a instalação de atividades de certificação que garantissem os requisitos de segurança dos projetos desenvolvidos no país. Para tanto, foi criado o Núcleo do Serviço Técnico de Aviação do Ministério da Guerra, posteriormente denominado Serviço Técnico da Aeronáutica (1941). A primeira aeronave civil certificada pelo sistema foi o Paulistinha CAP-4.
“O Marechal Montenegro percebeu que a integração nacional precisava de uma aviação à altura das dimensões do país e que isso demandaria uma indústria aeronáutica”.
Presidente da Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF), Brigadeiro Engenheiro Luiz Sérgio Heinzelmann
Um dos militares designados para fazer parte da recém-nascida Força Aérea Brasileira (FAB) foi o “Bandeirante do Ar” Casimiro Montenegro Filho, que, além de ter sido precursor do CAN, foi um dos primeiros engenheiros formados pela Escola Técnica do Exército. Ocorreu que Montenegro visitou um centro de pesquisas aeronáuticas nos Estados Unidos da América (EUA) em 1943, e a partir dali passou a defender a criação de um núcleo semelhante em solo brasileiro.
O militar regressou ao solo norte-americano em 1945, quando convidou o então professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Richard Smith, para auxiliá-lo na instalação de um centro de pesquisas aeronáuticas no Brasil. Situada em ponto estratégico do território nacional, a cidade de São José dos Campos foi escolhida por interligar duas grandes metrópoles com capacidade
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industrial instalada: São Paulo e Rio de Janeiro.
“Para ele, o Brasil só teria uma indústria aeronáutica própria se dispusesse de engenheiros aeronáuticos de qualidade. Então, passou a trabalhar para que fosse criada uma escola de excelência a nível mundial, lançando a semente para o nascimento do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e da Embraer”.
Presidente da Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF), Brigadeiro Engenheiro Luiz Sérgio Heinzelmann
O primeiro ato para a consecução dos objetivos de Casimiro foi a instalação da Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) em 29 de janeiro de 1946. Quatro anos mais tarde, foram inauguradas as duas primeiras organizações do CTA: o ITA e o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD). Responsável pela certificação de aeronaves a partir de então, o IPD homologou inicialmente o Casmuniz 5-2, o Neiva P-56, o Omareal W-141 e algumas aeronaves do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo (USP).
O nascente Campus deu origem a três das quatro primeiras aeronaves fabricadas pela Embraer: o Bandeirante, o monomotor agrícola Ipanema e o planador Urupema. Nesse ínterim, vale destacar que a própria ideia da criação de uma empresa brasileira de aeronáutica teve seu cerne na estrutura do CTA, com destaque para a figura de Ozires Silva, Coronel Aviador e engenheiro formado pelo ITA.
O primeiro protótipo do Bandeirante realizou seu voo inaugural em 22 de outubro de 1968, sob o comando do Major Aviador José Mariotto Ferreira e do engenheiro de voo Michel Cury. Saindo do Hangar X-10, localizado no atual Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), a aeronave alçou voo às 7h07 e retornou para pouso 50 minutos depois. Quatro dias depois, a equipe decolou novamente para o voo oficial, que contou com a presença de diversas autoridades e da imprensa.
O projeto do Bandeirante e o futuro promissor que se desenhava com a criação do CTA e da Embraer trazia uma série de oportunidades e desafios, especialmente em questões de infraestrutura e de recursos humanos. Embora o IPD realizasse atividades de certificação, o Brasil ainda
Bandeirante

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não contava com reconhecimento internacional de tais atividades, algo imprescindível para o desenvolvimento da Embraer em negociações no exterior. Um dos motivos para a ausência de reconhecimento internacional era o fato de que o IPD desenvolvia e certificava seus próprios produtos. Era necessária, portanto, a criação de um órgão certificador independente.

“O Tenente-Brigadeiro do Ar Paulo Victor da Silva cuidou de incentivar a consolidação do nascente parque produtivo. Com tal visão de futuro, efetivou a criação do IFI, dando-lhe a missão de formalizar transferências e posterior certificação dos mesmos, segundo requisitos de confiabilidade e qualidade aeronáutica”.
Ministro Aposentado do Superior Tribunal Militar (STM), Tenente-Brigadeiro do Ar Sérgio Xavier Ferolla
Portanto, o Decreto nº 64.200, de 14 de março de 1969, criou o Núcleo do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (NUIFI), diretamente subordinado ao Centro Técnico de Aeronáutica (CTA). O Ministério da Aeronáutica, visando concretizar a norma de criação emanada do Governo Federal, ativou o IFI em 20 de agosto de 1971 por meio da Portaria n° 065/GM2. No mesmo ano, o Centro Técnico da Aeronáutica passaria a ser denominado Centro Técnico Aeroespacial (CTA).
A função do novo Instituto seria a de assegurar o cumprimento dos objetivos da Política Aeroespacial Nacional no Setor Industrial, competindo-lhe fomentar, coordenar e apoiar as atividades e empreendimentos voltados à consolidação e ao desenvolvimento das indústrias aeronáutica e espacial no país, bem como exercer atividades de homologação nos referidos setores. Os resultados da criação do IFI não tardaram a aparecer, pois o trabalho diuturno realizado pelo efetivo possibilitou a homologação dos primeiros modelos do Bandeirante – o EMB-110 (FAB C-95) e o EMB-110C – em 20 de dezembro de 1972.
“A homologação do Bandeirante é um dos momentos mais importantes da história do DCTA e da Embraer, pois representa a aurora de uma vasta e profícua relação, que garantiria o sucesso da indústria aeronáutica nacional”.
Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara
No intuito de possibilitar a comercialização do Bandeirante nos Estados Unidos da América (EUA), o IFI assinou um acordo de assistência técnica com a Federal Aviation Administration (FAA), órgão certificador daquele país. A parceria previa um exame minucioso das atividades desempenhadas pela FAA, englobando sua organização, legislação, estrutura e metodologia de trabalho, assim como a troca de experiências sobre as atividades já desempenhadas no Brasil.
O objetivo era a emissão de um relatório por parte da FAA contendo as recomendações
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Foto: Acervo da FAB

necessárias para que se celebrasse um acordo bilateral de certificação entre o Brasil e os EUA. Os resultados do empenho brasileiro foram vistos em 1° de abril de 1975, quando a FAA reconheceu oficialmente a qualidade do trabalho realizado pelo IFI, possibilitando a assinatura do acordo bilateral Brasil-EUA de aceitação recíproca de produtos aeronáuticos em 11 de junho de 1976.
O contínuo aperfeiçoamento do projeto do Bandeirante levou ao desenvolvimento de dois outros modelos da aeronave, o EMB-110P1 (para 19 passageiros) e o EMB-110P2 (para 21 passageiros). Ambos os modelos foram homologados pelo IFI em 1977, sendo reconhecidos pela FAA entre 1978 e 1979. Outro modelo Embraer homologado no período foi a aeronave Xingu – o EMB-121A – avião bimotor turboélice, pressurizado, que poderia transportar até 9 pessoas.
Paralelamente às atividades de certificação, a segunda metade da década de 1970 é marcada por importantes iniciativas de fomento à indústria aeronáutica nacional, como no caso da emissão da primeira lista de empresas brasileiras do setor aeronáutico que seriam beneficiadas pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM), hoje Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O catálogo englobou inicialmente 41 empresas e foi publicado no Diário Oficial da União n° 253, de 29 de dezembro de 1976.
No final da década de 1970, a Aeronáutica Militar Italiana (AMI) iniciou o projeto de um novo caça-bombardeiro, que deveria substituir seus Aeritalia G.91 e alguns de seus F-104 StarFighter. O desenvolvimento da nova aeronave teve início em um consórcio entre as empresas Aeritalia e Aermacchi, que iniciaram seus trabalhos em abril de 1978. Enquanto isso, a FAB havia criado o programa A-X, no qual a Embraer desenvolveria uma aeronave para superar o EMB-326GB Xavante em questões de guerra eletrônica, sistemas de autoproteção e armamentos guiados ar-solo.
Assim, em 27 de março de 1981, firmou-se um acordo entre Brasil e Itália unificando os projetos, e a Embraer foi convidada a atuar em conjunto com a Aeritalia e a Aermacchi. No intuito de fomentar e coordenar a produção da aeronave, o IFI assinou um acordo com a autoridade de aeronavegabilidade italiana para a posterior homologação da aeronave. O protótipo do AMX (A-1 na FAB) decolou pela primeira vez em 15 de maio de 1984. Sua produção em série foi iniciada em meados de 1986, e seus primeiros exemplares foram entregues à Força Aérea Brasileira e à Aeronáutica Militar Italiana em 1989.
“O Projeto AMX foi um marco na colaboração entre Brasil e Itália, pois proporcionou o desenvolvimento de suas Forças Aéreas, bem como das indústrias brasileira e italiana, sendo uma das razões para a Embraer ter se tornado a terceira maior fabricante de aviões do mundo”.
Ministro do Superior Tribunal Militar (STM), Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira
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Considerando o desenvolvimento e o amadurecimento das atividades de certificação desempenhadas pelo IFI, foi assinado em 16 de abril de 1984 um acordo bilateral Brasil-França para a fiscalização e aceitação de Materiais Aeronáuticos. Mais tarde, em 26 de junho de 1985, foi a vez da autoridade aeronáutica alemã Luftfahrt-Bundesamt (LBA) assinar com o CTA um Memorando de Entendimento sobre procedimentos para a certificação de produtos aeronáuticos.
O crescimento da indústria aeronáutica e sua necessária disseminação pelo território nacional, assim como a necessidade de dotar os meios e instrumentos disponíveis de confiabilidade e rastreabilidade, levou o Ministério da Aeronáutica a buscar a elaboração de um Plano de Ação Básico do Sistema de Metrologia Aeroespacial. Visando implantar o novo sistema, o IFI recebeu uma visita técnica do Aerospace Guidance Metrology Center (AGMS), em 22 de julho de 1984, que teve por objetivo possibilitar ao Brasil a participação no programa Foreign Military Sales (FMS) da Força Aérea Americana (USAF).
No ano seguinte, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) credenciou o Laboratório de Metrologia do IFI como o primeiro Laboratório Nacional de Metrologia a integrar a Rede Nacional de Calibração (Certificado n° 001). Outro importante avanço no setor foi a implantação do Grupo de Trabalho em Metrologia Aeroespacial (GTMA) em 1986, o qual elaborou o “Manual de Confiabilidade Metrológica”, divulgado em 15 de abril de 1988 para adoção nos laboratórios do Centro Técnico Aeroespacial (CTA).
Assim, em 7 de dezembro de 1988, ciente da necessidade de confiabilidade e rastreabilidade metrológica em seus diversos laboratórios pelo Brasil, o Ministério da Aeronáutica publicou a Portaria n° 858/GM3, criando o Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA) e designando o IFI como responsável pela padronização dos pesos e medidas utilizados em toda a FAB.
“O sistema completou, em 2018, trinta anos de atuação efetiva na melhoria da segurança de voo, por meio da garantia de confiabilidade das medições em suporte às aviações, não apenas da Força Aérea, mas também do Exército e da Marinha”.

Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador José Renato de Araujo Costa
A década de 1980 trouxe, ainda, o trabalho de homologação do EMB-120 Brasília, finalizado em 10 de maio de 1985. Seu primeiro voo havia ocorrido em 29 de julho de 1983 e sua efetiva entrada em serviço deu-se na empresa norteamericana Atlantic Southeast Airlines (ASA). No mesmo período, o IFI trabalhou na certificação de dois outros modelos Embraer, o EMB-145 e o EMB-145-ER, bimotores turbofan para até 50 passageiros, que se tornaram as primeiras aeronaves civis a jato desse porte com tecnologia projetada, construída e certificada no Brasil. Tal homologação foi efetivada em 29 de novembro de 1986.
Enquanto trabalhava em diversas frentes de certificação, como no caso da aprovação da instalação do Armamento Axial do Helicóptero HB350B Esquilo da Marinha do Brasil (28 de fevereiro de 1986) ou da homologação do AMT100 Ximango, primeiro motoplanador brasileiro certificado, foi negociado o acordo bilateral Brasil-Alemanha relativo ao procedimento para certificação de produtos aeronáuticos, que foi firmado em 26 de setembro de 1987 e ratificava o Memorando de Entendimento assinado em 1985.
O IFI passou a década de 1990 em um processo de consolidação de sua estrutura e de seu status como organização de vanguarda, evidenciado na assinatura de protocolos de entendimento com as autoridades aeronáuticas chilena (Dirección General de Aeronáutica Civil – DGAC), belga (Civil Aviation Administration – CAA) e espanhola (Dirección General de Aeronáutica Civil – DGAC),
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Foto: 1T QOEA MUS Paulo Rezende
EMB-120 Brasília (C-97)

Foto: Acervo da FAB todas ocorridas entre fevereiro e março de 1995.
A década seria marcante para a aviação brasileira devido ao sucesso de vendas do modelo Embraer ERJ-145. O primeiro contrato de venda da aeronave foi com a norte-americana Continental Express, prevendo a entrega inicial de 75 unidades, mais tarde estendidas para nada menos que 270 exemplares. No intuito de abrir o mercado europeu para a aeronave, o IFI realizou um acordo técnico com a autoridade aeronáutica conjunta europeia (Joint Aviation Authorities – JAA) para a validação do trabalho de homologação da aeronave. No final da década, o IFI homologou ainda os modelos EMB-135ER e EMB-135LR, que eram derivados da série Embraer 145.

“A aviação mundial teve um avanço significativo, com os projetistas de aeronaves esforçando-se para melhorar continuamente as capacidades e características aeronáuticas, buscando majorar o alcance, a velocidade, a autonomia e a capacidade de transporte de carga e passageiros, com redução dos custos operacionais”.
Comandante de Preparo (COMPREP), Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
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A experiência e o reconhecimento adquiridos pelo IFI ao longo de seus quase 30 anos de existência demandaram o desenvolvimento de um trabalho de garantia da qualidade de produtos e serviços requeridos ou oferecidos pela FAB em toda a sua estrutura. Assim, passou-se a buscar credenciais junto ao INMETRO para que o IFI se tornasse um Organismo de Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade (OCS) com base na NBR ISO 9001:1994. Tal reconhecimento ocorreu em 14 de julho de 1997. Seis anos mais tarde (2003), o INMETRO credenciaria o IFI como OCS do setor Aeroespacial, possibilitando a execução de atividades específicas de certificação aeroespacial e de defesa, tendo por base a norma NBR ISO 15100.
A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o fim da Guerra Fria possibilitaram a abertura de mercados no extremo Oriente. Criada em 8 de dezembro de 1991, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) tinha o objetivo de estabelecer um sistema econômico e de defesa entre as nações recém-independentes.
“De uma forma ousada, e com o propósito de fomentar a indústria aeronáutica brasileira no mundo, o IFI partiu para conhecer outros sistemas de homologação situados na Rússia e no Oriente. O primeiro a aceitar homologar uma aeronave brasileira foi a CEI”.
Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Brigadeiro do Ar Gilberto Rigobello

Assim, após uma série de tratativas e avaliações, assinou-se o Acordo Bilateral BrasilRússia em 1997, englobando um Memorando de Entendimento entre o Departamento de Aviação Civil (DAC) e a autoridade aeronáutica da CEI (Interstate Aviation Comittee – IAC), além de um acordo técnico de aeronavegabilidade entre o CTA e o Aviation Register, órgão de certificação do IAC. Em 1999, foi criado o Núcleo da Divisão de Desenvolvimento Industrial e do Grupo de Compensação Tecnológica. Internacionalmente conhecidos como Offsets, os Acordos de Compensação são firmados quando um Estado promove grandes aquisições de bens ou serviços de fornecedores estrangeiros. No intuito de reduzir os impactos econômicos negativos em sua balança comercial, o Estado negocia com a empresa fornecedora uma série de compensações de natureza comercial, industrial ou tecnológica. Tal iniciativa é de grande importância em um mercado que movimenta grande soma de capitais, como no caso dos produtos relacionados à aviação e à defesa.
Em 2000, termina o trabalho de homologação do modelo Brasília EMB-120FC (versão cargueira “full cargo”), assinado em 1º de junho. O trabalho continuou a todo vapor, e novos modelos da série Embraer – 145 (EMB-135KE e EMB-135KL) – foram certificados em 19 de junho. No final do ano, o EMB-135BJ (Legacy) e o AMT-600 Guri também receberiam sua homologação.
O IFI adentrou o terceiro milênio em um
EMB-135BJ (Legacy)
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Foto: Acervo da FAB

processo de constante aprimoramento, que ampliou seus horizontes em relação ao reconhecimento internacional de suas atividades. Tal afirmação é corroborada pela assinatura do Memorando de Entendimento entre o DAC e a autoridade aeronáutica chinesa (General Administration of Civil Aviation of China – CAAC) em 8 de março de 2001, no qual houve um trabalho junto ao Departamento de Aeronavegabilidade de Aeronaves da CAAC para a aceitação recíproca de produtos aeronáuticos entre o Brasil e a China.
Paralelamente, o IFI dispunha de uma série de projetos e produtos de defesa sob sua análise. É o caso da Qualificação da Bomba Lança Granadas BLG-120 para a aeronave T-27 (Tucano), ocorrida em 20 de abril de 2001. No dia 10 de julho, ocorreria a convalidação da Bomba de Exercício BEX-11 para a Empresa Eletromecânica Atlantide Ltda, cuja embalagem metálica fora homologada pelo IFI três dias depois. Por fim, é homologado o Míssil Ar-Ar de Treinamento MAA-1/T em 7 de setembro, mesma data em que ocorre sua convalidação para a empresa Mectron.
“O COMPREP, outrora denominado ComandoGeral de Operações Aéreas (COMGAR), é um dos principais avalistas da qualidade e do profissionalismo dos integrantes, de ontem e de hoje, desse renomado Instituto, uma vez que somos operadores da maior parte dos produtos certificados e homologados pelo IFI”.
Comandante de Preparo (COMPREP), TenenteBrigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
Em janeiro de 2002, o IFI iniciou o processo de transferência de tecnologia do Projeto Marimba. Criado no intuito de desenvolver materiais de alta resistência a impactos balísticos, seu objetivo era proteger aeronaves, helicópteros e viaturas militares contra projéteis de calibres 7,62 e 0.50. No mês de maio, foi a vez do Projeto Ciclotetrametileno-Tetranitramina (HM-X) ter seu processo de transferência de tecnologia iniciado. O High Melting Point Explosive (HM-X) – ou explosivo com alto ponto de fusão – também conhecido como octogeno, é considerado um dos mais poderosos explosivos não nucleares.
Momento importante para a FAB e sua capacidade de salvaguardar o território nacional foi a homologação dos modelos Embraer EMB145AS e EMB-145RS, ocorrida em 24 de junho de 2002. O primeiro foi desenvolvido para realizar missões de vigilância e controle do espaço aéreo, provendo dados de inteligência sobre aeronaves em voo irregular. O segundo foi concebido para missões de sensoriamento remoto, realizando levantamentos cartográficos de altíssima resolução a uma grande altitude, mesmo sob condições climáticas adversas.
O ano de 2003 traz como um de seus marcos o estreitamento das relações entre o IFI e o INMETRO. Em 25 de setembro, as instituições assinaram um convênio com o objetivo de
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intensificar o intercâmbio de informações técnicas e científicas, o treinamento de pessoal, a realização de cursos e conferências para o desenvolvimento conjunto de programas específicos de pesquisas, credenciamento, calibração, ensaios e outros serviços de interesse mútuo.
“Vivemos momentos promissores, com importantes aquisições de meios aéreos e logísticos. Nenhum deles lograria êxito sem a fundamental participação do IFI, responsável pela certificação, homologação de equipamentos diversos, pelo acompanhamento de offsets, dentre outras importantes atividades”.

Comandante de Preparo (COMPREP), TenenteBrigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
Um dos maiores avanços no reconhecimento internacional do IFI como autoridade de aeronavegabilidade brasileira também ocorreu no biênio 2003-2004. Naquele período, o IFI celebrou Acordos Administrativos para Certificação com cada um dos seguintes países: Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Islândia, Lituânia, Macedônia, Malta, Noruega, Polônia, República Tcheca, Romênia e Turquia. Além disso, participou de negociações com a autoridade aeronáutica da União Europeia (European Aviation Safety Agency – EASA) para a assinatura de um Acordo Administrativo para Certificação de Produto, o que ocorreu em 13 de fevereiro de 2004.
O primeiro impacto do acordo foi notado quando da homologação das aeronaves Embraer ERJ-170-100LR e ERJ-170-100STD, em 19 de fevereiro daquele ano. No dia seguinte, os dois modelos foram validados tanto pela FAA quanto pela EASA. No final de 2004, o IFI homologou, ainda, os modelos Embraer ERJ-170-200LR e ERJ-170-200STD.
O quarto ano do terceiro milênio foi marcado por ineditismos. Em 19 de outubro, foi homologada a primeira aeronave brasileira movida a álcool, o Neiva EMB-202A. Além disso, ocorreu o primeiro

VSB-30
VC-1A

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envolvimento do IFI como órgão certificador em um projeto de veículo espacial, por meio do foguete VSB30. Veículo suborbital desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) em cooperação com o Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für Luft - und Raumfahrt – DLR).
“A parceria com a DLR permitiu ao Brasil participar do Programa Suborbital Europeu, além de manter a capacitação técnica na área de desenvolvimento de veículos suborbitais, bem como o transbordamento de conhecimento para realização e suporte das missões espaciais brasileiras”.
Ex-Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Brigadeiro Engenheiro César Demétrio Santos
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
O VSB-30 é um lançador de pequeno porte voltado à realização de experimentos em ambientes microgravitacionais. Lançado por um sistema de trilhos e estabilizado por empenas, possui indutores de rolamento que são acionados ao deixar os trilhos e que contribuem para a estabilidade durante o voo. O veículo possui 2 estágios a propulsão sólida, permitindo o transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas de até 400 quilogramas (400 Kg) em altitude de 270 quilômetros (270 Km). Seu primeiro protótipo foi lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) em outubro de 2004.
Na área de fomento, o IFI coordenou a primeira reunião com a empresa Airbus referente ao acordo de Offset decorrente da compra do avião presidencial. Montado em Hamburgo, na Alemanha, o modelo Airbus A319CJ foi encomendado em abril de 2004 e entregue à Força Aérea Brasileira (FAB) em 15 de janeiro de 2005, recebendo a denominação de VC1A ou Santos-Dumont.
No quesito gestão da qualidade, merece destaque o fato da Embraer Liebherr Equipamentos do Brasil S.A. tornar-se a primeira organização civil a obter a certificação do IFI por haver cumprido os requisitos da NBR ISO 15100 de Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) – Aeroespacial. No biênio 2004-2005, o IFI conquistou ainda o credenciamento do INMETRO como Organismo de Certificação de Pessoal, o que expandiu ainda mais seu escopo de atuação como autoridade de gestão da qualidade no setor aeroespacial.
Em 17 de junho de 2005, os governos do Brasil e da França firmaram Entendimento Técnico relativo à cooperação na área de Garantia Governamental da Qualidade de Produtos Aeronáuticos de Defesa. Outra conquista no setor foi a certificação do Sexto Serviço Regional de Aviação Civil (SERAC 6) com base na NBR ISO 15100, o qual se tornou a primeira organização militar a obter o certificado do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) – Aeroespacial.
Em 30 de agosto de 2005, ocorreu a homologação das aeronaves Embraer ERJ-190-100STD, ERJ-190-
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100LR e ERJ-190-100IGW, bimotores turbofan para transporte de até 108 passageiros. Na mesma época, a autoridade de aeronavegabilidade canadense Transport Canada Civil Aviation (TCCA) validou a homologação brasileira dos modelos Embraer ERJ170-100LR, ERJ-170-100STD, ERJ-170-200LR e ERJ-170-200STD.
Em 27 de setembro de 2005, foi criada a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que passou a exercer algumas das atividades ora executadas pelo IFI, especialmente relacionadas ao meio civil. Na ocasião, foram redistribuídos 45 servidores da carreira de ciência e tecnologia, além de colaboradores e militares em exercício no IFI, que atuaram em apoio ao novo órgão por um tempo específico. Entre as atribuições da ANAC, estariam a emissão de certificados de aeronavegabilidade, produtos, processos aeronáuticos e oficinas de manutenção. A partir de então, o IFI atuaria de forma cada vez mais profunda em projetos aeroespaciais e de defesa.
O ano de 2006 traz uma alteração no status do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) perante o Comando da Aeronáutica (COMAER). No período, a estrutura do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (DEPED) fundiu-se ao CTA, passando a constituir o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Dali em diante, a organização passou a fazer parte do Alto Comando da Aeronáutica, função até então exercida pelo DEPED.

“No âmbito do Comando da Aeronáutica (COMAER), o IFI tem atuado com maestria em todos os setores sob sua responsabilidade, oferecendo serviços imprescindíveis para a aviação militar brasileira nos setores de metrologia, certificação, fomento e coordenação industrial”.
Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara
Um dos principais projetos estratégicos da Força Aérea Brasileira (FAB) é o míssil ar-ar de 5ª geração A-Darter. Assinado em 16 de outubro de 2006 com a África do Sul, o contrato previa o desenvolvimento de um armamento capaz de: identificar um alvo de forma autônoma, mesmo após ter sido lançado; adotar contramedidas eletrônicas, como a negação de flares lançadas pelo alvo; e atingir um alvo localizado a uma posição relativa de até 90°. Assim, em 14 de dezembro de 2006 o IFI inicia seu processo de transferência de tecnologia através de um Acordo Suplementar que dispunha, ainda, sobre a investigação conjunta, o desenvolvimento e a certificação do míssil nos dois países.
“Esta parceria com a África do Sul no Projeto A-Darter alcançou todos os objetivos. O míssil será um item importante incorporado ao Gripen brasileiro e permitirá a absorção de tecnologia desse artefato pelo Brasil”.
Comandante de Preparo (COMPREP), Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
A-Darter
Foto: Acervo da FAB
O trabalho realizado pelo IFI envolvia, cada vez mais, assuntos relacionados à propriedade intelectual de cunho industrial, seja na condução de processos de obtenção de cartas patentes ou de transferência de tecnologia. Assim, o estreitamento de laços entre o IFI e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) era tão necessário quanto desejável. Por conseguinte, foi assinado em 31 de janeiro de 2007 um convênio de cooperação técnica, científica, educacional e cultural entre as
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partes, visando ao desenvolvimento industrial, científico e tecnológico do setor aeroespacial.
Em 2008, tornava-se cada vez mais nítido o desenvolvimento das atividades de gestão da qualidade no IFI. No dia 17 de julho daquele ano, o Ministério da Defesa do Brasil, representado pelo CTA, e o Ministério da Defesa do Reino da Espanha, representado pela Dirección de Armamento y Material (DGAM), assinaram um Memorando de Entendimento sobre a aceitação recíproca de Garantia Governamental da Qualidade para materiais e serviços de defesa.
Ainda em 2008, teve início outro projeto estratégico para a Força Aérea Brasileira, o H-XBR. No dia 23 de dezembro daquele ano, foi assinado um Acordo de Cooperação Industrial entre o Ministério da Defesa, o grupo Eurocopter e a empresa brasileira Helibras para a realização conjunta de 24 projetos. O objetivo do Governo Federal seria a aquisição de capacidade tecnológica para conceber, desenvolver e produzir aeronaves de asas rotativas no Brasil. No âmbito do acordo, foram adquiridos 50 helicópteros HC725AP (H-36 Caracal) para atender às demandas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Em 2009, o Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA III), localizado em Recife/PE, deu início a um processo de incorporação das normas do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) em toda a sua estrutura. O primeiro de seus órgãos a receber tal certificação do IFI foi o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Recife (DTCEA-RF), em 13 de novembro.
No ano seguinte, foi a vez dos Destacamentos de Aracaju/SE, Fortaleza/CE, Maceió/AL, Natal/RN e Salvador/BA, que receberam tal reconhecimento em 3 de agosto de 2010. Entretanto, a totalidade dos Destacamentos subordinados ao CINDACTA III foram certificados apenas em 22 de novembro de 2011, quando as organizações de Bom Jesus da Lapa/BA, Fernando de Noronha/PE, Petrolina/PE e Porto Seguro/BA receberam tal reconhecimento por parte do IFI.

H-36 Caracal
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
“O CINDACTA III foi a primeira organização das Forças Armadas e de todo o Sistema de Controle de Tráfego Aéreo (SISCEA) a ser Certificada na Norma NBR ISO 9001. Agradecemos o imensurável apoio e dedicação dos membros da equipe do IFI, no assessoramento para implementação do sistema e na realização das Auditorias Externas de Certificação”.
Ex-Comandante do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA III), Coronel Aviador Alexandre Avellar Leal
Durante os anos de 2010 e 2011, as atividades de certificação do IFI em suas diversas modalidades foram intensas. Em meados de 2010, foi realizada a Certificação de Componente: Lançador de Bomba e Foguete Tipo SUU-20 EQ-BRD-20. No final daquele ano, foi a vez da Certificação de Componente: Alvo Aéreo AV-2TAE-BR/VM. Em 2011, o IFI validou a Certificação de Tipo da aeronave Embraer ERJ-190 ECJ (Lineage), em 28 de abril, emitiu o Certificado de Modificação: PYTHON 4/LAU 100-101 na aeronave F-5, em 15 de junho, e a Certificação de Modificação do Lançador EQ LM-70/7 AP da aeronave A-29, em 11 de outubro de 2011.
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Em 2012, o IFI apresentou inúmeros resultados na área de defesa. Em 13 de junho, foi emitida a Certificação de Modificação do Míssil Derby na aeronave F-5M. O artefato, desenvolvido pela empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems, é da categoria Beyond Vision Range (BVR), ou seja, possui alcance além do visual, sendo capaz de atingir um alvo localizado a uma distância muito superior à dos mísseis de curto alcance. Outro processo importante foi a Certificação de Integração do Sistema Dispensador de Contramedidas AN/ALE (Countermeasure Dispenser System – CMDS) e do Sistema de Alerta de Míssil (Missile Warning System – MWS) AN/ AAR 47 da aeronave C-130.
Além dos referidos trabalhos, o IFI realizou, em 9 de novembro de 2012, a Certificação de Componente do Radar Multimodo SCP-01. Desenvolvido pela empresa Mectron, foi projetado para ser instalado a bordo das aeronaves A-1M e operar como sensor principal de seu subsistema de armamento. Sua função principal é a detecção e o rastreamento de alvos marítimos (ar-mar), terrestres (ar-terra) e aéreos (ar-ar). No setor de defesa, foi realizada, ainda, a Certificação de Componente das Bombas de Fragmentação FB81/IBQ, FB-82/IBQ e FB-83/IBQ.
“O IFI tornou-se um dos principais guardiões da segurança de voo da Força Aérea Brasileira, zelando pela qualidade dos produtos e sistemas desenvolvidos para aplicação nos setores aeronáutico, espacial e de defesa”.
Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara

No setor aeronáutico, o IFI promoveu a Certificação Suplementar de Tipo da aeronave Embraer ERJ-190-IGW-PR2 (Versão Executiva Presidencial). Batizada de VC-2 pela FAB, a aeronave é conhecida também como Bartolomeu de Gusmão. Detentor de duas unidades da aeronave, o Primeiro Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE) cumpre missões de voos domésticos da Presidência da República, de Ministérios ou de outras autoridades legalmente previstas. Tal aeronave também é utilizada em operações especiais, como ocorreu no resgate de brasileiros em Wuhan, na China, no início da pandemia de COVID-19, em 2020, a qual assolou o mundo inteiro. Por fim, foi emitida a Certificação Suplementar de Tipo do Helicóptero EC725 AP BRA-VIP, operado no Terceiro Esquadrão do GTE para transporte local da Presidência da República. Em 2013, o IFI atuou na Certificação de Integração do Sistema de Inspeção em Voo UNIFIS 3000 NSM à aeronave Hawker 800XP do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Um ano depois, foi emitida a Validação da Certificação de Tipo da aeronave EMB-550 (Legacy). A aquisição de tal aeronave pela FAB faz parte do projeto estratégico I-X, que pretende dotar a Força Aérea Brasileira dos melhores e mais avançados equipamentos do segmento de inspeção em voo. Para tanto, foram adquiridos seis modelos da aeronave para a frota do GEIV. Atualmente, é o único avião do mundo com tecnologia “fly by
F-5M
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
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wire” a ser utilizado para esse tipo de serviço.
Em 12 de maio de 2014, foi emitida a Certificação de Tipo do Sistema Aéreo do Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) HERMES 450 WE. Produzido pela empresa israelense Elbit Systems, a aeronave possui uma autonomia de mais de 20 horas. Operada pelo Primeiro Esquadrão do Décimo Segundo Grupo de Aviação (1°/12° GAV) – Esquadrão Hórus, localizado em Santa Maria/RS, pode ser utilizada para controle aéreo avançado e como posto de comunicações no ar, permitindo maior consciência situacional em situações de emprego real, como no caso da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo de 2014.
Considerando as Certificações Complementares de Tipo emitidas pelo IFI, devemos destacar as dos Helicópteros EC725 AP BR BE (versão do Exército Brasileiro), EC725 AP BR BF (versão da Força Aérea Brasileira) e EC 725 AP BR BM (versão da
VC-2
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros Marinha do Brasil), ocorridas entre abril e maio de 2014. Além disso, o IFI emite as Certificações Suplementares de Tipo do Helicóptero AS365 K2 e do MOTOR TURBOEIXO ARRIEL 2C2-CG.

“Estreitamos as relações com a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro, que mantêm militares designados para integrar o efetivo do IFI como Autoridade Técnica de Aeronavegabilidade Militar, mostrando a necessária sinergia entre as Forças Armadas de modo a contribuir para a garantia da segurança, do desempenho e da disponibilidade da frota de aeronaves militares brasileiras”.
Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador José Renato de Araujo Costa
As certificações de Modificação em 2014 também foram inúmeras. Em 27 de maio, foram emitidas para o Lançador Múltiplo de Foguetes LAU 131/A, o Alvo Aéreo Equipaer NP-AV2TAEBR, a Bomba de Arrasto e Fins Gerais BAFG 120 e o Casulo Transportador de Alvo Aéreo NPAV-CAA, todos para operação na aeronave F-5M. Além disso, foram emitidas Certificações de Modificação para 12 aeronaves C-130 da FAB e para as aeronaves AS350L1 e AS550A2 do Exército Brasileiro. Por fim, foi emitida a Certificação de Componente do Motor Foguete 70 MM de Alto Desempenho FOG-70 HP/IBQ.
Considerado um dos principais projetos estratégicos da Força Aérea Brasileira, o KC390 Millennium foi desenvolvido pela Embraer Defesa e Segurança para atuar como aeronave multimissão da FAB, realizando missões como de reabastecimento em voo (REVO), lançamento de cargas e paraquedistas e transporte aéreo logístico. A aeronave é equipada com dois motores turbofan Pratt & Whitney, modelo IAE V2500-E5, utiliza tecnologia fly-by-wire e pode transportar até 32 toneladas de carga, incluindo veículos.
Um dos primeiros passos desse vasto projeto foi a realização pelo IFI de uma Auditoria de Credenciamento de Pessoa Jurídica (CPJ) nas
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KC-390
Foto: 2S QSS SDE Bianca

instalações da Embraer, em São José dos Campos. Em seguida, foi a vez da empresa tcheca Aero Vodochody Aerospace e da Fábrica Argentina de Aviões (FAdeA), que são fornecedoras e parceiras da Embraer no projeto da aeronave, receberem engenheiros e técnicos do IFI no intuito de se avaliar o sistema de gestão da qualidade das companhias e averiguar suas capacidades de atenderem aos requisitos de certificação exigidos no Brasil. A norma base para a realização de tal auditoria foi a Allied Quality Assurance Publication – AQAP 2110, utilizada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para sistemas de garantia da qualidade de produtos de defesa.
“Este projeto tem elevado potencial de aceitação mundial, seguindo a trilha de outros projetos de sucesso da EMBRAER. Sendo assim, buscamos seguir as melhores práticas das Autoridades de Aeronavegabilidade Militar ao certificar suas aeronaves, contribuindo para a garantia da segurança e do cumprimento da missão, conforme requisitos estabelecidos em contrato”.
Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador Luciano Barbosa Magalhães
No setor metrológico, o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial assinou, em outubro de 2014, o Acordo de Parceria com o Observatório Nacional (ON) referente à implantação de um Sistema de Visada Comum para Rastreabilidade Remota em Tempo e Frequência de Padrões Atômicos via GPS. Responsável legalmente pela geração, conservação e disseminação da Hora Legal Brasileira (HLB) e pela pesquisa e desenvolvimento no campo da metrologia de Tempo e Frequência, o ON pretende adotar tal sistema no intuito de acompanhar remotamente o funcionamento de seus padrões.
No ano seguinte, foi publicado no Diário Oficial da União um convênio entre o IFI e a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais (FUNCATE) para a Revitalização dos Laboratórios Integrantes do Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA). Considerando a abrangência das atividades realizadas pelo IFI no setor, uma vez que exerce atividades do gênero para o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, a parceria trouxe benefícios que contribuem para a manutenção da confiabilidade e rastreabilidade de todo o sistema metrológico aeroespacial militar.
“A Fundação forneceu apoio administrativo e financeiro à revitalização dos laboratórios metrológicos do IFI. Tal parceria foi de extrema importância, pois possibilitou a reestruturação dos laboratórios do Instituto, melhorando o desempenho das atividades do Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA)”.
Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador José Renato de Araujo Costa
Nos últimos dias de 2015, o IFI realizou uma visita técnica à empresa pública sul-africana Denel Dynamics. O objetivo foi avaliar seu sistema de gestão da qualidade e obter informações sobre os processos de desenvolvimento e produção estabelecidos para o projeto do míssil A-Darter. Os parâmetros averiguados pelo IFI abrangeram a capacidade de atendimento dos requisitos do projeto, o gerenciamento de riscos, testes funcionais,
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satisfação do cliente e confiabilidade, entre outros.
Em janeiro de 2016, foi a vez da empresa AEL Sistemas S. A., que faz parte dos grupos Elbit Systems Ltd. e Embraer Defesa e Segurança, receber uma Auditoria Governamental da Qualidade do IFI. A companhia atua no projeto, desenvolvimento, fabricação, manutenção e suporte logístico de sistemas eletrônicos militares e espaciais, além de sistemas com tecnologia avançada para aplicações nos segmentos aeronáutico, espacial, de defesa, de segurança e de aplicações civis.
Na Força Aérea Brasileira, a AEL Sistemas S. A. está envolvida na modernização do P/C-95M e nos projetos do KC-390 Millennium e do F-39 Gripen. O objetivo da visita foi avaliar o sistema de gestão da qualidade da empresa e sua capacidade de atender aos requisitos de projeto, desenvolvimento e produção segundo a norma AQAP 2110. Além das análises na referida companhia, o IFI realizou ainda uma Auditoria do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) na empresa GST Brasil, terceirizada contratada pela AEL para a realização do processo de modernização das aeronaves P/C-95M.
Ao lado do projeto estratégico KC-X, que gerou o desenvolvimento e a produção da aeronave multimissão KC-390 Millennium, a Força Aérea Brasileira criou o Projeto F-X2 no intuito de promover o reequipamento e a modernização da frota supersônica de primeira linha da aviação de caça. Em 2006, o Governo Federal anunciou a abertura de concorrência para a compra de 36 aeronaves, que deveriam ser vendidas ao Brasil com alta taxa de transferência de tecnologia, direito de produção sob licença em solo brasileiro e de exportação para o mercado sul-americano.
Após anos de estudos e negociações, a FAB e o Governo Federal optaram, em 2013, por adquirir a aeronave da empresa sueca SAAB, o JAS 39 Gripen. Assim, o IFI realizou em setembro de 2016 a primeira reunião com a autoridade de aeronavegabilidade sueca FLIGY. O objetivo da reunião foi discutir o processo de Certificação Militar de Tipo a ser conduzido pela equipe de certificação conjunta (Joint Certification Team)

prevista no acordo bilateral Brasil-Suécia. Além disso, o IFI executou um processo minucioso de Auditoria de Certificação de Organização de Projeto Credenciada (OPC) nas instalações da Embraer em São José dos Campos.

Laboratório de Metrologia Elétrica do IFI
F-39 Gripen
Foto: SO QSS BMA Johnson Barros
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AS365 K2 Super Pantera

Foto: Acervo do Exército Brasileiro
“Esse processo foi concebido em 2012 com base na necessidade de certificação do KC-390 e está sendo muito importante na certificação militar dos produtos da EMBRAER, pois permite que os processos sejam mais ágeis ao delegar para aquela empresa parte das atividades de certificação, mantendo elevado o nível de confiabilidade e segurança dos produtos certificados”.
Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador José Renato de Araujo Costa
O ano de 2018 iniciou com uma grande conquista para o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, que recebeu em 21 de fevereiro o Certificado de Reconhecimento MAA-NAC-023 do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. O documento reconhece o IFI como autoridade de aeronavegabilidade militar perante o governo americano. Emitido pela autoridade de aeronavegabilidade militar daquele país, o National Airworthiness Council (NAC), o certificado reconhece a capacidade do Instituto nas áreas de inspeção, certificação, produção e aeronavegabilidade continuada das aeronaves militares sob sua competência.
O ano de 2018 trouxe resultados que evidenciaram a sinergia entre as Forças Armadas nos setores aeroespacial e de defesa. Em 16 de abril, o IFI entregou ao Comando de Aviação do Exército (CAvEx) o Certificado Suplementar de Tipo referente à capacidade de navegação baseada em performance (PBN) do helicóptero AS365 K2 Super Pantera. Operações realizadas com base em PBN trazem benefícios à segurança e à capacidade de voo, aumentando a eficiência e reduzindo os impactos ambientais decorrentes. Portanto, além dos benefícios econômicos aos operadores e clientes, diminuem a emissão de gases na atmosfera.
Por fim, o IFI assinou um convênio com a Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF) em 23 de maio de 2018, o qual prevê a captação e gestão de receitas do IFI pela referida Fundação de Apoio, a qual deverá aplicá-las em projetos institucionais relativos ao Instituto. O processo é baseado na Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004), e prevê que as receitas geradas pelo IFI por meio da prestação de serviços, como no caso do oferecimento de cursos ao público em geral, poderão ser revertidas diretamente a programas de fortalecimento dos serviços oferecidos pelo Instituto.
“Esse convênio foi muito importante por tratar-se do primeiro celebrado pela FCMF para captação, gerenciamento e aplicação de recursos oriundos de receitas próprias. Criamos uma metodologia de gerenciamento de despesas que trouxe mais transparência à prestação de contas, sendo aplicada atualmente em todos os projetos apoiados pela Fundação”.
Presidente da Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF), Brigadeiro Engenheiro Luiz Sérgio Heinzelmann
O ano de 2019 foi extremamente importante para a Força Aérea Brasileira, devido à conquista de importantes resultados relacionados aos seus projetos estratégicos. Entre julho e agosto, foram realizadas duas fases da chamada Operação Caxiri, que é destinada ao desenvolvimento e certificação
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do sistema de reabastecimento em voo do KC-390 Millennium. Realizada na Ala 3 (Canoas/RS) e na Ala 4 (Santa Maria/RS), foi a primeira vez em que a aeronave transferiu combustível em pleno voo. Na ocasião, o KC-390 transferiu combustível para as aeronaves F-5M e A-1M.
Desde a concepção do projeto até a entrega da primeira aeronave, realizada em 4 de setembro de 2019 na Ala 2 (Anápolis/GO), o IFI tem acompanhado e auxiliado a Embraer na execução de uma ampla gama de ensaios, que visam à certificação das capacidades militares do KC390. Considerando todo o processo de certificação militar, 1.092 requisitos deverão ser confirmados até o reconhecimento total das capacidades operacionais do KC-390 por parte do Instituto.
No mês de outubro, outro importante ensaio em voo do KC-390 Millennium foi executado. O objetivo foi avaliar o lançamento de chaff e flare da aeronave, contramedidas extremamente importantes em situações de conflito. Realizado na Ala 3 (Canoas/RS), envolveu uma equipe multidisciplinar com a finalidade de verificar o atendimento dos requisitos de segurança e aeronavegabilidade ao utilizar o dispositivo.
Ainda em 2019, a segunda aeronave KC-390 Millennium foi entregue à Força Aérea Brasileira. O avião pousou na Ala 2 (Anápolis/GO) às 12h20 do dia 13 de dezembro, vinda da sede da Embraer em Gavião Peixoto/SP. Assim como ocorrera na entrega da primeira aeronave, representantes do IFI entregaram à Ala 2 a Certificação de Aeronavegabilidade Inicial, o qual atesta perante o Comando da Aeronáutica a segurança na operação da aeronave para o cumprimento das missões previstas.

REVO KC-390 com F-5M
Foto: 3S QSS BFT Frutuoso
Flare do KC-390

Foto: 2S QSS SDE Bianca
“O IFI será a Autoridade Primária de Aeronavegabilidade Militar para toda a frota mundial de aeronaves KC-390. A emissão da Certificação de Aeronavegabilidade Inicial é o último passo do Instituto para a entrada em serviço de cada matrícula do KC-390, o que contribui para a segurança de voo, o desempenho conforme os requisitos estabelecidos e a disponibilidade da frota”.
Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador Luciano Barbosa Magalhães
Considerando o interesse do governo de Portugal em adquirir o modelo KC-390 Millennium da Embraer, o IFI realizou em outubro a primeira reunião com a Autoridade Aeronáutica Nacional Portuguesa (AAN), visando ao reconhecimento das atividades de certificação militar desenvolvidas
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pelo Brasil. Tal reconhecimento trará inúmeros benefícios no que se refere às relações bilaterais entre Brasil e Portugal nos setores aeroespacial e de defesa, pois possibilitará o intercâmbio de informações e o reconhecimento mútuo, tornando mais céleres eventuais aquisições de aeronaves e produtos entre os dois países.
Em 16 de dezembro de 2019, o IFI emitiu o Certificado de Organização de Projeto Credenciada (OPC) à Embraer. Tal documento foi entregue após sete anos de avaliações nas instalações da empresa, que se tornou a primeira a obter tal reconhecimento. Na prática, o certificado autoriza que algumas atividades de verificação de cumprimento de requisitos da Base de Certificação de determinado produto possam ser realizadas por atores do Sistema de Garantia de Projeto (SGP) da Embraer. Assim, o IFI pode delegar, a seu critério, atividades antes desempenhadas com exclusividade pelo Instituto.
No segundo semestre de 2019, o míssil ar-ar de 5ª geração A-Darter, desenvolvido em parceria com a África do Sul, recebeu seu Certificado de Tipo e Data Package. O primeiro atesta que o produto atende aos requisitos técnicos, operacionais, logísticos, industriais e de segurança requeridos tanto pela Força Aérea Brasileira quanto pela Força Aérea Sul-Africana. O Data Package, por sua vez, é a junção de todos os documentos técnicos e gerenciais elaborados quando do desenvolvimento do produto, envolvendo desde programas computacionais a dados de ensaios em voo.

“A oportunidade da certificação de um míssil em conjunto com uma Autoridade Certificadora estrangeira trouxe benefícios para ambos os países, resultando em um produto de alto valor estratégico para as nossas Defesas Aéreas”.
Ex-Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Coronel Aviador José Renato de Araujo Costa
Outros processos importantes ocorridos em 2019 foram a emissão da Certificação Militar do helicóptero AS550A2 Fennec, de propriedade do Exército Brasileiro, e do Certificado Suplementar de Tipo referente à modificação do helicóptero EC725AP da Marinha do Brasil. O primeiro foi emitido após a realização de uma campanha de ensaios em voo com o emprego do foguete Skyfire, que visava atestar a utilização do armamento após a modernização da aeronave. O segundo ocorreu após a instalação de novos sistemas e adaptações, como no caso do Sistema de Gerenciamento de Dados de Tática Naval (Naval Tactical Data Management System – NTDMS) e do Radar de Busca Tático APS143.
Ainda em 2019, é necessário destacar a atuação do IFI no aeródromo de Surucucu, em Roraima. A pista em questão possui 1067 metros de extensão, mas a diferença de altura entre as cabeceiras é de nada menos que 43 metros. Considerando os fortes ventos de cauda e a existência de montanhas ao redor, a decolagem e o pouso no local demandavam um estudo aprofundado dos procedimentos necessários para que se voasse em segurança. Assim, o IFI atuou junto ao IPEV na certificação de um procedimento específico de decolagem e pouso, que resultou na emissão de um Suplemento Operacional e na realização de treinamentos, especialmente aos operadores da aeronave C-105 (Amazonas) do Esquadrão Arara.
Primeiro voo do F-39 Gripen no Brasil
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Foto: SO QSS BMA Johnson Barros

Em 27 de junho de 2020, a terceira aeronave multimissão KC-390 Millennium foi entregue à FAB. O recebimento da aeronave na Ala 2 (Anápolis/GO) teve como base a emissão da PEVi para a segunda fase da Entrada em Serviço (EIS) das aeronaves da frota, que passou a permitir a utilização de novas posições do sistema Flap/Slat e do método computacional para o Cálculo de Performance em solo.
Ciente da proximidade da chegada do primeiro F-39 Gripen em território brasileiro, o IFI mobilizou uma grande equipe de engenheiros e técnicos para atuação nos trabalhos de certificação do projeto, o que resultou na emissão da Permissão Especial de Voo (PEV) para a aeronave desde o dia 10 de setembro de 2020. Dez dias depois, a aeronave chegou ao Porto de Navegantes/SC, após ter sido embarcada em um navio na cidade de Linköping, na Suécia.
No dia 22 de setembro, o F-39 Gripen foi conduzido até o Aeroporto de Navegantes, onde foi preparado para sua primeira decolagem em território brasileiro, que ocorreu em 24 de setembro. Na ocasião, a aeronave decolou acompanhada por duas aeronaves F-5M pertencentes ao Esquadrão Pampa, pousando na sede da Embraer em Gavião Peixoto/SP às 15h07 daquele dia. A aeronave ficou alocada no Gripen Flight Test Center (GFTC) – ou Centro de Ensaios em Voo do Gripen, que foi construído para atuar na transferência de tecnologia com a empresa SAAB, além de dar suporte e promover atualizações na aeronave durante seu ciclo de vida na FAB.
Em dezembro de 2020, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia da COVID-19 ao longo do ano, fruto de um enorme esforço e coordenação entre o IFI e a Embraer, conseguiu-se entregar a PEVi-3 do KC-390, liberando diversas funcionalidades, dentre elas o Transporte Aéreo Logístico (TAL), Evacuação Aeromédica (EVAM), Busca e Salvamento (SAR), Reabastecimento em Voo (REVO) Diurno High Speed e Assalto Aeroterrestre, com lançamento de cargas e paraquedistas.
Em 16 de janeiro de 2021, ano do cinquentenário, o IFI foi acionado no final de semana para liberar o transporte de oxigênio nas aeronaves KC-390, em apoio às vítimas da COVID-19 em Manaus/AM, de forma que foi emitida uma PEV em 48 horas após o acionamento, salvando inúmeras vidas.
Em fevereiro de 2021 o IFI acompanhou os ensaios de Cold Soak da aeronave KC-390 Millennium, conduzidos pela Embraer, que ocorreram na cidade de Fairbanks (Alasca/EUA). Na ocasião a aeronave foi exposta, por um longo período de tempo, a temperaturas extremamente baixas, que chegaram a -38ºC com sensação térmica de -48ºC.
Assim, o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) completa seu Jubileu de Ouro tendo atuado com maestria e profissionalismo em diversos assuntos relacionados à Força Aérea Brasileira (FAB) e à indústria aeroespacial nacional. Sua história confunde-se, por vezes, à da própria Aeronáutica, uma vez que o Instituto atua em todos os projetos aeroespaciais e de defesa da Força. Milhares de páginas não seriam o bastante para descrever todo o trabalho e esforço realizado pelos homens e mulheres, do passado e do presente, que possibilitaram tão notável sucesso. Parabéns, IFI! l
Escrito por: 2º Sgt BET Anderson Krauss de Vilhena Souza