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LIMINAR

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CARTAZES

CARTAZES

Esse fenômeno pode ocorrer em uma variedade de contextos, como rituais de passagem, como casamentos ou funerais, ou em situações de crise, como guerras ou desastres naturais. Em todos esses casos, a liminaridade é uma fase de transição que marca a passagem de um estado para outro.

Corredor vazio com iluminação em tons de rosa e roxo

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Durante a liminaridade, as pessoas são geralmente afastadas de suas rotinas normais e colocadas em situações que são incomuns ou desconfortáveis. Elas podem ser submetidas a rituais ou cerimônias que têm como objetivo marcar a transição para um novo estado, ou podem ser colocadas em ambientes novos e desconhecidos.

Essa transição pode ser um momento de grande ansiedade ou desconforto, mas também pode ser um momento de grande potencial criativo e transformação pessoal. A liminaridade é vista como uma oportunidade para as pessoas reavaliarem suas vidas e identidades, e para adquirirem novas habilidades ou perspectivas.

Uma vez que a liminaridade é uma fase transitória, ela é temporária e não pode durar para sempre. Eventualmente, a pessoa ou grupo em questão irá emergir da liminaridade e entrar em um novo estado, que pode ser caracterizado por novas regras, normas e expectativas.

Também revela-se como uma abordagem pertinente e desafiadora para o campo do design gráfico. Decorrente de estudos antropológicos, a liminaridade pressupõe uma ruptura com as normas sociais estabelecidas, adentrando um limbo entre fases ou estados, proporcionando uma atmosfera propícia à exploração de novas abordagens estéticas, narrativas e conceituais.

No âmbito do design, a aplicação da liminaridade permite a fusão sinérgica de estilos, técnicas e elementos visuais, resultando em linguagens visuais híbridas e singulares que transcendem as categorias estabelecidas. Ao romper com as convenções, o designer esboça combinações surpreendentes e expressivas que provocam um impacto visual marcante.

Ademais, a liminaridade viabiliza uma exploração equilibrada entre o familiar e o novo no design gráfico. A introdução de elementos familiares em contextos visuais inesperados propicia uma tensão e curiosidade, desafiando as expectativas do observador e incitando uma revisão da percepção individual.

Além disso, esse estado se revela como um instrumento poderoso para a desconstrução e recontextualização dos significados estabelecidos. O designer gráfico, ao questionar interpretações tradicionais e subverter símbolos convencionais, estabelece uma atmosfera ambígua que estimula a reflexão crítica e propicia interpretações multifacetadas.

Esse conceito, intimamente entrelaçado com as emoções ambíguas e complexas, no design gráfico, é utilizado para evocar sentimentos de suspense, mistério e inquietação.

Através da criação de ambientes visuais liminares, o designer desperta respostas emocionais profundas, estimulando a introspecção e a contemplação de questões subjetivas.

Portanto, a mesma desafia as normas e convenções estabelecidas no design gráfico, fomentando uma atitude questionadora e a busca por abordagens alternativas. Ao transpor as fronteiras do design convencional, é possível explorar novas possibilidades estéticas, narrativas e conceituais, impulsionando a inovação e a evolução do campo.

Logo, a compreensão e a aplicação da liminaridade na prática do design gráfico são fundamentais para a progressão criativa e para a busca de soluções visualmente impactantes e conceitualmente significativas. Ao explorar o conceito de liminaridade, o designer gráfico é instigado a transcender as normas e fronteiras estabelecidas, adentrando territórios visuais, conceituais e emocionais inexplorados. Essa abordagem oferece um terreno fértil para a experimentação, a inovação e a reflexão crítica, permitindo que o design gráfico transcenda suas limitações convencionais e alcance novas possibilidades expressivas e reveladoras.

Espaços Liminares

O primeiro insight para o levantamento da discussão de espaços liminares se deu no ano de 2016, num post de uma rede social denominada “Tumblr” o qual tinha como título “Lugares onde a realidade é levemente alterada”. Nessa postagem, diversos usuários enumeraram lugares com características similares, buscando estabelecer uma conexão entre eles e, adicionalmente, tentando explicar a sensação de estranhamento que esses espaços causam. Um dos usuários cunhou a expressão “Espaço Liminar” para descrever esse tipo de ambiente, caracterizado por ser um espaço de passagem entre dois lugares e subordinado aos ambientes anterior e posterior. O usuário argumenta que o estranhamento ocorre devido ao fato de que um indivíduo não ocuparia comumente esses espaços por um longo período de tempo ou não os consideraria como suas próprias entidades.

Dentre os exemplos listados pelos usuários, incluem-se lojas de departamento, igrejas em cidades do interior, lojas de conveniência, hospitais, armazéns, estacionamentos, playgrounds, pistas de boliche, escadarias, corredores de serviço, entre outros. À primeira vista, esses locais podem parecer não ter nenhuma conexão entre si e, aparentemente, são apenas espaços reconhecíveis. No entanto, a alteração do contexto pode afetar diretamente a dimensão emocional da percepção. Os ambientes mencionados podem evocar memórias visuais no leitor, isto é, são signos que remetem a objetos conhecidos, mas a alteração do contexto pode induzir a uma sensação de estranhamento.

Durante o presente período de análise e debate, uma série de elementos foi levada em consideração para determinar os atributos que caracterizam um espaço como liminar. Iniciaremos esta discussão pela catalogação dos diferentes tipos de espaços liminares, bem como das diversas sensações evocadas no observador ao adentrá-los.

A primeira situação a ser considerada reside no próprio conceito de liminaridade, que descreve um espaço transitório no qual, teoricamente, não se deve permanecer por longos períodos de tempo. Trata-se, por exemplo, de corredores e estradas, ambientes passageiros que conectam o ponto A ao ponto B. Essa concepção é compreensível, uma vez que a maioria das representações visuais de espaços liminares retratam tais ambientes “transitórios”.

No entanto, ao observar uma imagem de uma casa desprovida de mobília, por exemplo, porém ainda em condições habitáveis, experimenta-se uma sensação de estranheza. Contudo, não seria apropriado categorizar uma casa como um ambiente liminar, pois o lar é um local onde grande parte de nosso tempo é gasto, perdendo-se, assim, a transitoriedade inerente à liminaridade. Algumas teorias explicam que, nesse segundo caso, ocorre um desconcerto funcional, uma vez que o design de uma casa tem como propósito a acomodação de móveis e pessoas, não sendo concebida para ficar vazia. Quando tais espaços não cumprem essa função, pode-se experimentar um desconforto e, até mesmo, medo. Outro sentimento possível é o de “Kenopsia”, conceito proposto pelo artista John Koenig e publicado no “Dicionário das Tristezas Obscuras”, que descreve a atmosfera misteriosa e desamparada de um local que normalmente está repleto de pessoas, mas que agora encontra-se abandonado e silencioso. Esse tipo de espaço pode ser observado também em shoppings, restaurantes, rodovias, entre outros.

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