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Histórias restauradas de um tempo perdido (Versão digital) rev. 2022
Copyright © 2015, Norberto Gilber Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/2/1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência do autor. Este livro foi revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Preparação de texto, revisão e diagramação: N. Gilber Capa: Ana Luiza, Ticcolor
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
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G463h
Gilber, Norberto.
Histórias restauradas de um tempo perdido [recurso eletrônico] / Norberto Gilber; ilustrações Raquel Gilber. – 3. ed. – Curitiba: Ed. do Autor, 2017. 84 p. : il. ; 4.467 kbytes
Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia
1. Gilber, Norberto - Biografia. I. Gilber, Raquel. II. Título. CDD-920.71
Índice para catálogo sistemático: História
‘Bel’: apelido de infância e pseudônimo do autor NGilber.
Cursou engenharia mecânica (SP), além de desenho pela Escola de Belas Artes. Bacharelado em Marketing pela ESPM. Pós-graduado pela FAE (PR) e ESPM. Mestrados (M.Sc) em Comunicação Empresarial: Universidade Metodista de São Paulo, e em Comunicação e Linguagens Universidade Tuiuti (PR). Cursou a Université Concordia e Plato College - Montreal, Quebec, Canadá. Atuou por 25 anos em automobilísticas, em diversas empresas de bens de consumo, industrial e de serviço. Professor universitário da UFPR e de IES-PR. Vive atualmente em Curitiba com a esposa Soraia e as filhas Raquel e Débora.








Histórias restauradasde um tempo perdido(Versão digital)
História. Revisitar a própria história de vida alçando um tempo pretérito é o jeito surpreendente de conexão com a nossa existência. Congregadas neste pequeno caderno brasilidades: breves histórias verídicas vivenciadas em um tempo perdido. Se as palavras¹ são vida, aqui foram reunidas em histórias rememoradas pelo distanciamento histórico para fazer jus a personagens precocemente esquecidos.
Numa alpina vila, nas décadas de 1950 e 1960, a convivência diária de famílias de imigrantes das mais longínquas terras e até de conterrâneos dos pontos cardeais distantes desse imenso Brasil, atraídas pela cidade grande: São Paulo – SP. Neste processo de aculturação e de miscigenação, a criança exerce influência e intensa participação. Famílias aquelas que ainda preservavam determinados valores muito importantes, tais como hospitalidade, generosidade, solidariedade; o respeito mútuo e o civismo.
Tempo. Nesse espaço cabível, o texto histórico sintetiza o conteúdo abordado no qual o tempo é suspenso na reconstrução do passado. Mas, nem todo tempo é perdido, pois “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer, e tempo de morrer… tempo de chorar, e tempo de rir… tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. ” Ec 3, 1-8
Cantar é se manifestar, escrever é reviverSe ler transforma, escrever vivifica
N. GILBER
2015
DEDICATÓRIA
Gilber dedica a edição destes humildes textos à sua amada esposa Soraia, constanteincentivo, permanente apreço. E às suas queridas filhas Raquel e Débora Gilber (Curitiba-Pr). Igualmente, aos seus queridos filhos da primeira geração Marcel Alani e Daniel Gilber (SãoCaetano do Sul - SP). E à sua irmã no sangue e na fé Neuza Maria Gilber Marin, herdeira da
compaixão (São Paulo, SP).
DEDICATÓRIA (in memoriam)
Embora alguns acreditem no contrário, nós não somos apenas o que pensamos ser e nem somos melhores que os nossos pais; e menos ainda que os pais de nossos pais², ou seja, todos aqueles que nos precederam. Devemos, isto sim, aceitar a compreensão de que 'quem somos depende de quem fomos' (Amistad).
Bel consagra suas memórias, com elevada veneração, às gerações que foram e as que ainda serão, especialmente àqueles com quem teve o privilégio de vivenciar suas histórias aqui rememoradas; afinal, contar histórias, é assim que fazemos as pessoas nos pertencerem para sempre:
❖ Exemplo de caridade e compaixão: Conceição Alanis Gilber (23.12.1915 - 4.5.2004)❖ Exemplo de honradez varonil e integridade: Antônio Gilber (24.8.1913 - 13.4.1983)❖ Coragem e determinação (o primogênito): José Alani Gilber (17.11.1936 - 24.7.2013)❖ Criatividade (meu tutor e querido professor): Euclydes Gilber (17.5.1939 - 2.4.2003)❖ Bondade e humildade (meu incentivador): João Antônio Gilber (3.6.1942 - 29.7.1994)❖ Amizade (meu irmão-amigo arcanjo protetor): Miguel Gilber (11.1.1946 - 14.9.2013)❖ Exemplo de fé, bondade e esperança: Virtudes Nieto Tortosa (2.9.1895 – 10.8.1988).❖ Exemplo de serenidade e paciente amor: Juan Alanis Lupiañes (8.12.1891 - 8.12.1959)❖ E a todos àqueles dos quais somos descendentes, que conhecemos em vida ou não, nossa
homenagem e profunda reverência.
¹El hombre es un ser de palabras. Sin ellas, es inasible. Ellas son nuestra única realidade o, al menos, el único testimonio de nuestra realidade. El Lenguaje, p.30 Octavio Paz (31.3.1914 a 19.4.1998) poeta, ensaísta, tradutor e diplomata mexicano, Nobel de Literatura em 1990 ²Todos los seres vivos están hechos de alguna combinación de cuatro químicos: adenina, guanina, citosina y timina (o AGCT). Solo por una simple reorganización de esta combinación de letras tenemos una diversidad espectacular de especies en nuestro planeta. Nuestro ADN se aferra al pasado, aprende de él y avanza de una generación a la siguiente. Si rastreamos el ADN humano hasta hace miles de años, podemos identificar ancestros comunes. https://www.nytimes.com/es/2018/08/22/opinion-adn-humanos
Capa do livro: Fotografia da turma escolar da Profª Terezinha Bergamini - G.E. Senador Flaquer (1960), escola sul-são-caetanense mais antiga em atividade no Grande ABC (SP): decreto de 30 de abril de 1920. Patrono – José Luiz Flaquer (1.5.1854 – 5.12.1924) foi médico, professor e político.
Histórias restauradas de um tempo perdido
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Motivos de ‘Histórias restauradas de um tempo perdido’
"Mesmo sem querer fala em verso quem fala a partir da emoção" João Cabral de Melo Neto
Em época remota foi dito que “a memória é o escriba da alma” (Aristóteles). Alguém, engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra, concluiu: “Um homem sem memória é um homem sem passado. Um homem que não sabe fantasiar é um homem sem futuro” (Albert Camus)¹. Segundo Freud: Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais: somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos 'sem querer'. Semelhantemente, é como se os grãos de areia da nossa existência pregressa que deixamos escapar pelos dedos desatentos de nossas mãos laboriosas e apressadas ainda sutilmente retivessem o pó residual na realidade presente para nos mostrar do que somos feitos, de onde viemos e para onde iremos.
O passado² é um espelho no qual podemos mirar: ali as imagens refletidas não corrigem o objeto presente ou porvir, mas podem nos referenciar. Na caixa postal da nossa memória de tempos remotos há mensagens que ainda não foram acessadas, ou foram esquecidas, ou mesmo desprezadas na ocasião em que algo importante tentava nos comunicar; no presente, deveriam ser consideradas e ponderadas à luz da verdade e do que para outras pessoas ainda possam significar. São coisas passadas na mente preservadas, que não encontram eco nas manifestações da vida atual. Certamente, somos herdeiros do tempo passado que embora perdido clama por se reencontrar, e oferecer ao presente uma perspectiva tão-somente para ser lembrado e considerado.
Aqui não se intenta ir “em busca do tempo perdido” (Proust), mas em resgate de um vínculo perdido no tempo. Em tempos de relativismo se faz necessária a rememoração digna de fatos que marcaram a nossa existência cumprindo o ritual de devolver incólume a (nossa) verdade que clama por ser revelada; e de todos aqueles que dela participaram cada um ao seu tempo dado. Dar a cada um deles a dignidade da nossa memória corrigindo distorções não reveladas, fraquezas e preconceitos que impediam a clareza de ser contados em tempos passados. Na angústia³ de viver, se isso ainda não se justificasse, resta-nos ao menos contar pelo prazer e alegria de recordar, o que ficou gravado de fatos inusitados e que a outros ainda possa interessar.
O que nos une ao passado é uma tênue linha que pode nos remendar na esperança de reconciliação na memória com aqueles que já não estão entre nós. Assim, os textos a seguir não são uma lamentação, digna de Jeremias. Tratam apenas de rememoração! Não se lamenta o passado, nem se intenta mudá-lo; nem ao menos justiçar pelo que poderia ter sido. O passado aqui não é justificado, apenas citado. O presente, este sim, é o verdadeiro motivo de resgatar o seu fiel e pretérito companheiro.
N. Gilber
¹Albert Camus (7.11.1913 a 4.1.1960) escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês laureado com o prêmio Nobel de literatura no ano de 1959. Camus um pensador cuja preocupação central foi o sentido da existência humana. L'Étranger (O estrangeiro) (1942) é o mais famoso romance do escritor. ²A imprudência humana faz com que as pessoas olhem muito mais para o presente e esqueçam o passado. As suas esperanças, sempre necessárias, fazem com que toda a poesia dos tempos seja buscada no futuro. Aldo Fornazieri, in http://rogeriocerqueiraleite.com.br/as-sobras-de-2016-sobre-a-palidez-de-2017/ ³Em Kierkegaard (1813-1855), angústia é um sentimento de ameaça impreciso e indeterminado inerente à condição humana, pelo fato de que o homem, ao projetar incessantemente o futuro, se defronta com possibilidade de fracasso, sofrimento e, no limite, a morte
1 Brasil de um povo sofrido e aguerrido, porém gentil - Retrato de uma época
"Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História" A frase, uma das mais célebres passagens da história política brasileira, encerra a carta-testamento deixada por Getúlio Vargas.
Outrora, naqueles tempos de exaltado nacionalismo marcados por forte emoção de um povo sofrido e aguerrido, porém gentil que doara “Ouro para o bem do Brasil”. O dinheiro na ocasião para o povo valia pataca ou tostão embora para os coronéis valesse mil réis 1 . Antes da Nova República e bem depois do famigerado Lampião 2 (Virgulino), o bandoleiro mais famoso do Brasil. Período inicialmente marcado pela presença derradeira de Getúlio Vargas 3 no comando da nação, quando em São Paulo Ademar de Barros e Jânio Quadros 4 disputavam eleição - o político populista com vassoura na mão prometia ao povo varrer para longe a corrupção, de paletó preto casposo amassado, no seu bolso pão com mortadela embrulhado, arrastava a carecente multidão. Momento histórico de euforia desenvolvimentista, época de Juscelino ("Cinquenta anos em cinco").
Bem depois de Santos Dumont 5 com o 14-bis 6 e de Carmen Miranda com Tico- Tico no fubá. Já na era dos filmes da Vera Cruz do cinema nacional, tempo do Chaplinbrasileiro da cultura popular: o caipira Mazzaropi como Jeca Tatu em comédia cantada de pura fantasia. Além da risadaria de Oscarito e Grande Otelo em contentamento e pura alegria; quando o mocinho na cena surgia, a criançada exaltada com os pés batia no assoalho do chão de pura emoção. Em O Pagador de Promessas* (1962) do cinema com arte: o Zé do Burro [o povo] carregando nas costas uma imensa cruz, de Anselmo Duarte.
Nos tempos de Fuzarca e Torresmo também de Pimentinha e Arrelia: caras pintadas, sapatos espichados em trejeitos exagerados, apoquentavam a plateia entretida carente de alegria. Quando a radionovela em capítulos diários fora substituída pelos reclames da televisão, onde bem apresentada a garota-propaganda anunciava o novo sabão. A TV Tupi exibia o Vigilante Rodoviário com o Inspetor Carlos e Lobo, seu pastor alemão. E na TV Excelsior SP (9.7.1960 a 30.9.1970) os programas de auditório repletos de gente; até o agitado Festival da Música Popular Brasileira (1966), de “Disparada” (G. Vandré) com Jair Rodrigues e “A Banda” com Chico Buarque de Holanda e Nara Leão. Tempos de Bossa-Nova de Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes; dos violões de Baden Powell (Birimbau) e de Dilermando Reis (Romance de Amor), e outros mais.
Deslumbradas, admirando a ginga de Pelé e Mané (Garrincha) craques da seleção, nas vilas da periferia sem preocupação, de barrigas vazias e cabeças cheias de imaginação, as crianças olhavam empolgadas na mesa o café com leite, a manteiga e o pão. E no almoço, o que apetecia: a farta salada, o arroz com feijão, ovo frito, mandioca cozida, pão e banana e suco de limão - a mesa do pobre onde nada sobrava alimentava um montão. As brincadeiras de rua: pega ou pique, esconde-esconde, mãe-da-rua... No campinho, a pelada. No chão, o pião girava e no gude a bolinha de vidro estalava... A pipa na força do vento se levantava, e o inocente pardal caia pela força da estilingada.
O caminhão de leite na alpina vila bem cedinho na fila era tão esperado! A leiteira vazia levada à padaria onde o leite era vendido no caneco fracionado recebia o litro de leite no vidro tampado. Mas, depois de muito chacoalhar no engradado, logo ficava coalhado. Seu Armando, o lusitano, no balcão retirava a Bic da orelha e marcava a Caderneta onde era tudo anotado, incluindo o filão 7 . E no décimo dia do mês o débito seria acertado com dinheiro na mão. Na mercearia que vendia a granel, as mercadorias o freguês escolhia no balcão ou no chão em sacos de sisal, sem marcas de identificação; depois embaladas em saquinhos de papel. Na rústica mesa da doçaria os pedaços eram cortados a facão: doce de leite, cocada, rapadura, marmelada ou goiabada cascão. No ar o cheiro forte de café torrado e do inebriante fumo-de-corda pregado. A carne-seca aos pedaços estendida no ensebado varal fazia contraste com a pilha salgada do cobiçado e caríssimo bacalhau… Além da sacola, o próprio vasilhame o freguês trazia. Em casa, a embalagem de lata ou vidro, de madeira, e o saco de farinha tudo era aproveitado por um povo sofrido, porém alegre e gentil, que no dia-a-dia pela vida fora educado.
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Após o primeiro passo na cartilha Caminho Suave - horizonte primário de prática da letra vocal, visto que ‘quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê’, o prazer e o hábito de ler Monteiro Lobato, Cecília Meireles e Raquel de Queirós 8 . Para conquistar um lugar ao sol havia quem alcançasse ir do primário ao ginasial. Vencendo na vida era um privilégio atingir o nível clássico ou o científico. A vida escolhia e o destino dizia quem iria ser doutor, ou trabalhador.
A simplicidade da vida na Pauliceia de outrora.
Em busca da verdade ou simplicidade das coisas: "Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido". H. D. Thoreau (Walden) - Satyagraha: "a busca da verdade" na qual Gandhi* inspirou gerações de ativistas democráticos e antirracistas incluindo Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela.
Vivíamos uma vida tranquila, numa vila bucólica, nascidos em casa simples, de uma simples família de trabalhadores. Nossa mamãe era doméstica, aplicada, amorosa e dedicada à criação dos filhos. E o nosso papai íntegro, honrado e honesto, era apenas operário de uma fundição de aço e mantinha a família de seis filhos com o parco salário. Na alpina vila onde fomos criados a maioria do povo (a comunidade) da mesma forma se assemelhava no trato, no traje, e na vida simples de outrora. Bel, por consequência, não fora criado com privilégio ou prerrogativa que distinguem aqueles indivíduos de uma determinada classe ou espécie, ou status… E era assim que deveria ser, com a graça de Deus, na condição humana razoável e através da índole que a natureza a todos provia. Seus avós maternos deixaram um legado espiritual, pessoas simples de bem com a vida, eram imigrantes espanhóis, e viviam em humilde morada - uma pequena chácara onde cultivavam hortaliças para seu sustento, além de uma videira silvestre nativa do Mediterrâneo. Preservavam uma vida digna de ser vivida com toda simplicidade. E, acima de tudo, crendo na previdência de Deus. “O Senhor guarda aos símplices” Sl 116:6
*A Índia proclamou sua independência em 15 de agosto de 1947. Os ingleses, que haviam chegado à região em 1600, assinaram o acordo que determinava sua saída, entregando o país a seu povo. A independência da Índia foi liderada pelo “Mahatma” (“Grande Alma”) Gandhi, que por 30 anos esteve à frente do movimento de não violência, pregando a desobediência às leis inglesas e o boicote aos produtos britânicos.
Exemplos de dinheiro:
Retrato de uma época




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PRESIDENTES DO BRASIL (na infância de Bel):




1 2 3 4
1.
Getúlio Vargas: Período de governo 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954.
2.
Juscelino Kubitschek: Período de governo - 31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 1961.
3.
Jânio Quadros: Período de governo - 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961.
4.
João Goulart: Período de governo- 8 de setembro de 1961 a 1º de abril de 1964.
Imagens de uma época:
¹ ²













¹Lançado em nov’1937 “O Poço do Visconde”, aventura do Sítio do Picapau Amarelo: Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde descobrem petróleo no próprio sítio, no Caraminguá nº 1, o primeiro poço a jorrar ouro negro no país. ²O presidente Getúlio Vargas sanciona a lei que cria a Petrobrás, em 3 de outubro de 1953
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1O cruzeiro substituiu os réis como moeda em 1942; e foi a primeira moeda a utilizar os centavos no Brasil. Trazia nas notas impressas imagens de figuras históricas, como d. Pedro 1º e Getúlio Vargas. Mil réis passam a valer um cruzeiro. 30.12.1962: Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, trabalho coordenado
pelo ministro extraordinário do Planejamento, Celso Furtado, sob determinação do presidente João Goulart. 2Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião (1898-1938) foi um cangaceiro brasileiro. Em 1930, conheceu
Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita) que ingressou no bando, tornando-se mulher de Lampião. 3Getúlio Dornelles Vargas (19.4.1882 a 24.8.1954) foi presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro de
15 anos ininterruptos, de 1930 até 1945. No segundo período, em que foi eleito por voto direto, de 31.1.1951 até 24.8.1954, quando suicidou. O escritor Lira Neto (Getúlio 1945 – 1954 – Da volta pela consagração popular ao suicídio. Cia. Das Letras, 2014 Vol.3º) afirma que Getúlio é um "fenômeno singular da História brasileira" e que a comparação com qualquer político contemporâneo seria "desleal". "Getúlio é maior do que Lula, Dilma e FHC, para o bem e para o mal". Na área trabalhista, criou a Justiça do Trabalho (1930), o Ministério da Justiça e o salário mínimo (1940), a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) (1943), a carteira profissional, a semana de 48 horas de trabalho e as férias remuneradas. Na área estatal, criou a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945) e entidades como o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística -1938). Foi derrubado pelos militares em 1945. 4Jânio da Silva Quadros (25.1.1917 a 16.2.1992) foi prefeito de São Paulo (8.4.1953 a 31.1.1955) e governador
de São Paulo (31.1.1955 a 31.1.1959); e o vigésimo terceiro presidente do Brasil, entre 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961 - data em que renunciou. Vice-presidente: João Goulart. Antecessor: Juscelino
Kubitschek. Em 1985, Jânio elegeu-se prefeito de São Paulo. 5Alberto Santos Dumont (20.7.1873 a 23.7.1932) foi um aeronauta, esportista e inventor brasileiro. Santos
Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906 voou cerca de 60 metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie ("ave
de rapina” em francês), no Campo de Bagatelle, em Paris. 614-bis foi um avião híbrido construído pelo inventor brasileiro Alberto Santos Dumont em 1906 e testado
(19 e 23 de julho) em Paris, França; sendo o primeiro objeto mais pesado que o ar, a projetar-se do solo por
impulsos próprios, superando a gravidade terrestre, o atrito do ar e as leis básicas da física. 7Pão volumoso e comprido. No dia 26 Brumário do ano 2 da Revolução Francesa (15 de novembro de 1793)
a Convenção aprovou um decreto que tornava obrigatório o acesso de todo cidadão francês a um mesmo
tipo de pão, denominado “pão da igualdade”. Era instituída, então, a famosa baguette. 8Rachel de Queiroz (17.11.1910 a 4.11.2003) foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista
prolífica e importante dramaturga brasileira (O Quinze). Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. *Pelé, o rei do futebol, o Atleta do Século, ‘dono do Maracanã’... autor de 1282 gols. Depois de Pelé, a camisa 10 passou a ser vestida pelo melhor jogador do time, tanto no Brasil quanto no exterior.
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2 Ama de leite e condensado amado
“Amar a outra pessoa é como ver a face de Deus.” Victor Hugo (Os Miseráveis)
No princípio era o leite primordial, que em Tempos Modernos se tornou marca registrada. As Santas Escrituras, elas registram em algumas passagens a presença do leite como fonte e manancial de energia prometido a Moisés e ao povo hebreu numa “...terra que mana leite e mel” Êxodo 13:5. Alimento primordial, os primeiros registros de uso do leite como sustento aparecem entre os Sumérios, por volta de 3500 a.C. Os egípcios também se beneficiavam dessa importante fonte nutritiva, assim como faziam os povos da região da Mesopotâmia¹.
-“Mamãe, eu quero mamar!” O primeiro alimento que recebemos depois do nosso nascimento é o leite. Ele é essencial e indispensável em nossa alimentação na condição de animais mamíferos. E seu uso como alimento se prolonga por toda a vida².
Na Capital e principal cidade desses Tristes Trópicos³, acabara de nascer e sua mãe não poderia com ele ficar e o amamentar. Não que houvera algum problema com o rebento, segundo a doutora o parto fora normal e havia nascido saudável e tranquilo envolto em véu (placenta) em parto empelicado. Lamentavelmente, entretanto, quem o trouxera à luz tinha sua saúde comprometida e ficaria no leito da maternidade (Leonor Mendes de Barros - Tatuapé). Embora Conceição não pudesse acompanhar seu bebê em sua primeira estada no lar, ali retida no hospital, desejava que seu filho no registro de nascimento (Belenzinho) 4 fosse chamado Moisés. Mas, não lhe deram atenção!
Da sua chegada em casa ele não se lembra de nada, pois na sua tenra idade a memória ainda estava por registrar. A única imagem até hoje guardada é a da hora de incitação da mamada: na ausência do seio materno e para que outro o bebê o aceite a família na alpina vila procurou e arranjou uma abundante ama de leite: uma mulher nordestina atarracada de aspecto rústico e trigueiro, que na sua modéstia alimentou o rebento estrangeiro. Na hora previamente acertada a avó (Virtudes) ou a tia (Carmen) o levava para a prodigiosa mamada. No mais recôndito de um ser, o busto robusto apertando o bebê a cada abraçada no meio do farto seio retinha o ar e o fazia afogar. Como o bebê fazia regurgitar, acharam que ele estranhava o sugar, mal sabiam que o leite quentinho apetecia e o fazia regozijar. Havia que do excesso cuidar, para que o afobado não fosse afogado no lácteo mar. - Ah, se Bel-bebê pudesse falar!?
Graças a Deus o leite materno logo lhe foi outorgado quando sua querida mãe ressurgiu e substituiu o leite arranjado. Agora a toda hora ou quando a fome exigia o carinho materno oferecia o leite e o acolhia. Seu nome não foi registrado como a dedicada mãe desejava, mas ela o consagrava como alguém nascido das águas vivas (Jo 7:38). Menino abençoado por aquelas mulheres que com ele têm vivenciado.
Olhando o mundo pelo umbigo, o primordial leite deixou a mente do menino marcada por um profundo apego ou sentimento latente se tornando explícito que Freud ou Jung poderiam explicar: de todos os seus derivados Bel tornou-se por um leite aficionado: “o leite da moça” da latinha, o condensado. ‘A culpa é da Nestlé’ 5 , (Cap. 48).

¹Gazeta Mercantil, 5/11/2004 Artigo: Leite em São Paulo. Autor: Arnaldo Lorençato ²Assim nos conta Dalva Valdetaro em Leite nosso primeiro alimento. São Paulo: Ática, 1994 (p. 7) ³Ensaio do etnólogo, antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss. É uma narrativa etnográfica com
excertos curiosos sobre sociedades indígenas brasileiras. 4Belenzinho é um bairro da cidade de São Paulo localizado na região adjacente à Paróquia São José do Belém,
no distrito do Belém.
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“O mundo começou sem o homem e acabará sem ele.” Claude Lévi-Strauss
Curiosidades de tempos ainda mais pretéritos:
a) No livro editado pela USP “O leite na Paulicéia” Claude Lévi-Strauss 6 fotografou em 1937 vacas leiteiras e os vaqueiros que as conduziam livremente pelas ruas da cidade para servirem leite nas casas paulistanas na época; em meio a bondes elétricos na central Rua da Liberdade: a venda de leite ordenhado na hora – os vaqueiros percorriam as ruas com suas vacas (e cabras) tocando corneta ou buzina para anunciar o seu produto e serviço (ainda sem nome de marca). A freguesia vinha até ele, o vaqueiro pegava o recipiente medidor com o volume desejado, ordenhava a vaca e lá ia a freguesia satisfeita da vida porque tinha certeza de que o leite que havia adquirido não era ”batizado” com água. Em outra forma de distribuição mais evoluída, o leite era vendido a granel em tanques adaptados em carroças puxadas por muares.
b) Café-com-leite & Pão-com-manteiga. “Depois da indispensável água, o café é o líquido mais consumido em todo o planeta: 400 bilhões de xícaras por ano. Originário da Abissínia, o cafeeiro foi cultivado em mosteiros islâmicos (atual Iêmen) disseminouse pelo mundo árabe e seu fruto chegou à Europa no começo do século XVI. Trazido por mercadores (cultura introduzida no Brasil em 1727) começou a se expandir e está na raiz de importantes transformações na vida política, social e econômica do Brasil até o início do século XX.” História Viva Temas Brasileiros nº 1 (set de 2005, p.4).

Notas: Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico neurologista e criador da Psicanálise. Freud nasceu numa família judaica, em Freiberg in Mähren, na época pertencente ao Império Austríaco.
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica. Jung propôs e desenvolveu os conceitos da personalidade extrovertida e introvertida, arquétipos, e o inconsciente coletivo (conteúdo imagístico e simbólico compartilhado por toda a humanidade).
5A descoberta de Gail Borden, em 1856, do método de produzir leite condensado, cria finalmente uma alternativa de um leite estéril e passível de conservação. Em um mundo sem refrigerador, se constituiu um avanço inegável da ciência. A partir disso, Henri Nestlé em 1866 descobre a possibilidade de usar “latas” para o leite. Assim, em 1878 a Nestlé inicia a produção de leite condensado e açucarado (Milkmaid). Os americanos Charles e George Page fundaram a Anglo-Swiss Condensed Milk Company, fabricante de leite
condensado e que passou a chamar-se La Laitière. 6Claude Lévi-Strauss (28.11.1908 – 30.10.2009) etnólogo francês, nascido na Bélgica, veio ao Brasil (1935 a
1939) para ser professor de Sociologia da Universidade de São Paulo – USP. Realizou expedições no Brasil e publicou o seu registro no livro Tristes Trópicos (1955).
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3 Poupança prematura: cavalo trocado por presente inesperado
O século XIX espanhol ainda na monarquia foi um período conflituoso, e as condições sociais, ou Mal do século, oprimiam o povo ibérico, que desesperançado pela letargia prolongada almejava um novo mundo alcançar. Em sua terra natal o Reino de Espanha banhada pelo Mar Mediterrâneo, antes de imigrar para o Brasil Juan (Alanis Lupiañes), otimista como Dom Quixote (Miguel de Cervantes 1547-1616), de origem humilde nascido em Belicena, se casara com Virtudes (Nieto Tortosa), de Múrcia.
A exemplo de As Vinhas da Ira (Steinbeck, 1939) que conta a exploração a que são submetidos os trabalhadores itinerantes e sazonais, famílias de imigrantes iludidas pelas promessas de ‘terra fértil onde o dinheiro era recolhido com rodo’¹ aportavam em Santos (SP) e de lá eram transferidas para fazendas de café no interior de São Paulo², onde passavam a viver em reclusão e privação. Entretanto, Juan e Virtudes movidos pela fé³, criam que na capital as oportunidades surgiriam afinal. Decididos, saíram de Catanduva (SP) e foram morar numa chácara alugada e afastada do Centro de São Paulo, em V. Prudente. Juan empregou-se no Pátio do Colégio 4 onde outrora São Paulo de Piratininga fora fundada, a serviço da Igreja Católica numa função de responsabilidade que exigia confiança pessoal, comprovada por seus predicados: caráter e integridade.
Na acolhedora sala de estar da chácara à noitinha iluminada por lampião a gás, onde nos fins de semana Bel costumava ficar, havia um único quadro emoldurado com uma frase das Escrituras Sagradas: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Sl 23:1”. Memorizadas pelo menino, essas palavras sempre seriam oportunamente lembradas. Ajoelhado aos pés do avô João no tapete cuidadosamente bordado pela avó Virtudes, olhar meigo no ancião fixado, Bel ouvia histórias fantásticas que seu paciente avô lhe contava. Entre elas, a que mais gostava: mouros que vindos do Saara conquistaram a península Ibérica. Lá aonde Juan nascera e há tempos por necessidade sua querida terra deixara; não por causa dos guerreiros mouros, mas pela desilusão e sofrimento de seu povo. O chá aromático de erva-cidreira feito com carinho e bem quentinho servido na mesa da cozinha em xicaras de porcelana decoradas, dividia espaço com lápis e papel com os quais o avô de Bel lhe ensinava pacientemente matemática e gramática.
Mas, o que mais impressionava e fazia os olhos do menino brilhar era ver os cavalos no pasto, garbosos a galopar. - Pode tirar o cavalo da chuva! Alertou seu avô, apontando para o lazão. - Aquele alazão é mesmo seu, vovô João? Desejando ter um potro igual para cuidar recebeu a promessa do avô que no Natal um cavalo iria comprar. Para tanto muito dinheiro haveria que poupar. O ano passaria e nenhum tostão gastaria. E tudo o que ganhasse pouparia na caixa de chá (Mate Leão) para aquele propósito alcançar.
Aos domingos, engraxava sapatos. Arrastando um carrinho de mão emprestado de um ferro-velho, saia nas horas de folga pela vila em busca do dinheiro para o potro almejado. Toda lata que via, catava; e ajuntava cobre alumínio ou latão e nada de valor lhe passava. Gritando ‘coveiro’, arrastando a carriola da chácara Bel vendia as verduras por seu avô cultivadas. Sobe Morrinho, desce Morrinho, ia pelas ruas disposto sozinho. E na caixa de chá (Matte) de madeira aromatizada, o avô João com desvelo tudinho guardava; e a bem da verdade, em segredo, outras notas de superior valor adicionava.
Já era véspera de Natal e Bel incontido foi visitar o avô lá na chácara no final do Morrinho, de onde a cavalhada se podia avistar. O alazão pastava fogoso lá no campo, primoroso. O menino ansioso e surpreendido, logo falou: - Eh-eh! Vovô, cadê o meu potro que o senhor ficou de comprar!? - Paciência! Para quem o ano todo aguardou com tanta esperança e cada tostão poupou. Amanhã entregarei bem cedinho, na porta de sua casa, o seu belo cavalinho!
- Afinal, é o seu presente de Natal! Tudo o que seu avô dizia, Bel considerava e jamais duvidaria. Obediente ao conselho dado, sempre com sabedoria e prudência.
Histórias restauradas de um tempo perdido
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Carinhosamente, beijou a avó e saudou o avô. Saltitando, alegre, voltou esperançoso para casa, qual menino passarinho com vontade de voar (Jessé).
Subiu o íngreme Morrinho e desceu pelo Campinho 5 . Destravou a maçaneta do portão. Feliz, cruzou o jardim no canteiro de flores - o canário na gaiola a cantar, correu atrás do Folia. Infeliz, seu dedo doía bicado pelo papagaio-verdadeiro 6 : ‘Tá-tá-tá, tá nahora! E assim taramelava e assoviava, o louro ao menino caçoava. E acariciou a Porcina. Quando o pimpolho esbaforido chegou à cozinha, saudou sua mãe Conceição e a Tita:
- A paz de Deus! Atarefadas no trabalho de preparo da ceia, mal notaram o pirralho que entrou em seu quarto.
O dia já amanhecera e o galo de casa novamente cantou. O menino despertado do sonho em que voava, coçou o olho com remela. Aí se lembrou do dia que era: Natal! Sentindo tremor nas pernas, e o coração a pulsar, pulou excitado da cama. Da janelinha na porta da sala, na rua não avistou nenhum cavalo. Frustrado por ter sido enganado, no sofá agachado tristemente chorou. Mas seus soluços logo foram contidos. Todos da família que estavam escondidos na cozinha, inclusive seu avô tutor, na sala entraram e lhe entregaram novinha em folha o que o seu suado e poupado dinheiro comprou:
- Um cavalo-de-ferro substituto do alazão!! Com duas rodas de aros reluzentes, um selim almofadado, com buzina e freio instalados... Era um presentão!
No Natal daquele ano os Brinquedos Estrela 7 eram mui desejados, mas nem toda criança ganhava um presente bom. Bel fora abençoado com um substituto do alazão: uma robusta bicicleta Monark, na qual aprendeu a andar com ajuda de Miguel seu irmão. Dali por diante, ele pôde trotar e galopar pelas ruas da vila montado sobre duas rodas. Presente que ele mesmo havia conquistado com seu trabalho diário.
Exemplos de fé no sonho realizado, seus avós continuariam a incentivá-lo. E aquele rapazinho mais vezes ia visitá-los pedalando aos estalos, descendo o Morrinho.
¹Expressão utilizada como eufemismo, era citada em cartas por colonos espanhóis radicados no Brasil aos seus parentes sedentos por notícias acerca das condições dos imigrantes, que, arrependidos pela pouca renda diarista, referiam-se ao trabalho árduo no rodo (ancinho) utilizado na lavoura do café em São Paulo. John Ernst Steinbeck, Jr. escritor estadunidense recebeu o Prêmio Pulitzer; e o Nobel de Literatura de 1962. ²O Lavrador de Café é uma obra de Cândido Portinari. Atualmente, pertence ao acervo do MASP. É uma pintura a óleo sobre tela, datada de 1939; a obra faz uma leve crítica a burguesia da época.
³“Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” Hb 11:1 4O Pátio do Colégio é o marco inicial no nascimento da cidade de São Paulo. O local, no alto de uma colina
entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, foi o escolhido quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, e outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus,
estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto. 5O saldoso Campinho, antes terreno ampliado pelas ruas e calçadas nas peladas da molecada, encontro das
ruas Ilha Seca, Porto Sabaúna e Barão de Itapuã, agora é denominado Praça Oswaldo José Divino.
6 papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), espécie emblemática da fauna brasileira criada como bicho de estimação. 7A Manufatura de Brinquedos Estrela é uma tradicional fábrica de brinquedos do Brasil. Foi fundada em 1937 em São Paulo, no distrito de Belém (Mooca). *Fotografias: O Lavrador de Café – Virtudes / Gilber – Bel, em sua Monark com o mimi.
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Copyright © 2015, Norberto Gilber Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/2/1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência do autor. Este livro foi revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Preparação de texto, revisão e diagramação: N. Gilber Capa: Ana Luiza, Ticcolor
Histórias restauradas de um tempo perdido [recurso eletrônico] / Norberto Gilber; ilustrações Raquel Gilber. – 3. ed. – Curitiba: Ed. do Autor, 2017. 84 p. : il. ; 4.467 kbytes
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Índice para catálogo sistemático: História
1. Gilber, Norberto - Biografia. I. Gilber, Raquel. II. Título. CDD-920.71

Cursou engenharia mecânica (SP), além de desenho pela Escola de Belas Artes. Bacharelado em Marketing pela ESPM. Pós-graduado pela FAE (PR) e ESPM. Mestrados (M.Sc) em Comunicação Empresarial: Universidade Metodista de São Paulo, e em Comunicação e Linguagens Universidade Tuiuti (PR). Cursou a Université Concordia e Plato College - Montreal, Quebec, Canadá. Atuou por 25 anos em automobilísticas, em diversas empresas de bens de consumo, industrial e de serviço. Professor universitário da UFPR e de IES-PR. Vive atualmente em Curitiba com a esposa Soraia e as filhas Raquel e Débora.






Histórias restauradasde um tempo perdido(Versão digital)
História. Revisitar a própria história de vida alçando um tempo pretérito é o jeito surpreendente de conexão com a nossa existência. Congregadas neste pequeno caderno brasilidades: breves histórias verídicas vivenciadas em um tempo perdido. Se as palavras¹ são vida, aqui foram reunidas em histórias rememoradas pelo distanciamento histórico para fazer jus a personagens precocemente esquecidos.
Tempo. Nesse espaço cabível, o texto histórico sintetiza o conteúdo abordado no qual o tempo é suspenso na reconstrução do passado. Mas, nem todo tempo é perdido, pois “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer, e tempo de morrer… tempo de chorar, e tempo de rir… tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. ” Ec 3, 1-8
Numa alpina vila, nas décadas de 1950 e 1960, a convivência diária de famílias de imigrantes das mais longínquas terras e até de conterrâneos dos pontos cardeais distantes desse imenso Brasil, atraídas pela cidade grande: São Paulo – SP. Neste processo de aculturação e de miscigenação, a criança exerce influência e intensa participação. Famílias aquelas que ainda preservavam determinados valores muito importantes, tais como hospitalidade, generosidade, solidariedade; o respeito mútuo e o civismo.
Cantar é se manifestar, escrever é reviverSe ler transforma, escrever vivifica
N. GILBER
2015