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Conciliar a vida pessoal e política como estratégia de sucesso
Vítor M. Silva Opinião
Longe de mim fazer juízos de valor sobre a vida pessoal do demissionário presidente da Câmara Municipal de Toronto, John Tory. Contudo, este acontecimento público leva-me a debruçar sobre a importância que a vida pessoal tem na política e a política na vida pessoal. Qual é a mais importante? E qual é a que deve sempre prevalecer?
Émuito comum nos dias de hoje ouvirmos os cidadãos dizerem que não gostam de política, que preferem não se envolver, que são todos iguais, uns mentirosos e ladrões que só se interessam pelo seu umbigo. E até chegam mais longe, dizendo que a palavra corrupção é um sinónimo de política. Geralmente, quando ouvimos falar de política é pelos piores motivos, associamo-la sempre a algo mau e que se passa lá longe, a muitos quilómetros. Muitos até dão o conselho que nunca se deve falar de política entre amigos, pois é um assunto de fácil confronto e pode gerar discussões insanáveis. Nunca me esqueço de uma frase de Platão que dizia que “não há nada errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. A política não é corrupta, os seus intérpretes podem-no ser, mas a política não.
Muitas das vezes pensa-se que não precisamos de preparação para ocupar cargos públicos. Grande erro. É preciso uma grande preparação e um grande suporte familiar e de amigos. Para além da política ser o grande regulador de conflitos, esta também é algo nobre.
Não podemos deixar de pensar que para exercer a atividade política temos de prescindir de muitas horas em família e que, muitas vezes, essa ausência tem resultados nefastos e devastadores para a harmonia familiar. Se é possível ser político e dar atenção à família? Eu digo que sim.
Se a nossa atuação política for assente em alicerces fortes, eu direi que se a família estiver posteriormente também construída com betão, não deveremos ter problemas. É de suma importância para o político ter consigo, em todos os momentos, a sua família e os seus amigos. O seu desempenho será mais forte e a liderança fluirá com muito mais energia. Ninguém pode governar sozinho, e não falo das maiores ou menores equipas de gabinetes políticos, falo daqueles familiares, ou simplesmente, amigos com quem falamos fora do ambiente político que nos dão a estabilidade emocional para podermos tomar as melhores decisões.
O Homem nasceu para ser social, quem vive isolado não pode ter bons resultados a trabalhar para a sociedade, sim, porque o principal princípio da política é trabalhar para as pessoas, para os outros. Um político é um servidor, nada mais do que isso, alguém que está à disposição de todos e pronto para ouvir todos sem exceção.
“A diferença entre a moral e a política está no facto de que, para a moral, o homem é um fim, enquanto para a política é um meio. A moral, portanto, nunca pode ser política, e a política que for moral deixa de ser política.”