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NOTA DE ENCENAÇÃO
Somos todos marionetas. Há sempre um fio invisível que nos alicia, direciona, aconselha. Tornámo-nos pessoas de verdade quando passamos a obedecer ao único fio intrínseco: o nosso cérebro, o nosso pensamento. A manipulação e a mentira são gémeas, iguais, mas cada uma com a sua personalidade.
A ingenuidade, ignorância, o desespero, a preguiça, a gula, a fome, engrossam os fios que não se vêem mas também não indicam - obrigam e manipulam. Tornam-se mais bonitos, brilhantes, fortes, porque ocultam, fazem “tirinhas” do macabro e das verdadeiras intenções, e o burro ignorante acredita, porque não vê outra saída. Os fios engrossam até formar uma parede e não se olha para o que há do outro lado. E quando a parede pintada a azul céu cai, como de um precipício, sem aviso prévio, leva também o chão.
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Sem conhecimento, sem estudos, sem cultura, sem comida, estamos condenados à queda eterna da parede azul, vendida como paraquedas e que sem maquilhagem é chão sem fundo.
Patrícia Pinheiro (encenadora)
“Pinóquio e o Lençol Mágico” de Rui Xerez de Sousa, inaugura uma nova linha de trabalho do Teatro Meridional há muito almejada.

Este novo eixo de trabalho, que terá periodicamente uma criação nova, obedece a vários pressupostos e objetivos, nomeadamente:
Alargar o público do Teatro Meridional através da criação de espetáculos para famílias, ao mesmo tempo que que se procuram novos conceitos e abordagens de criação cénica e/ou novos textos de teatro;
Convidar novos e emergentes criadores que arrisquem o exercício da encenação/direção destes espetáculos, disponibilizando o Teatro Meridional os meios, técnicos e artísticos de que dispõe, para a sua concretização;
Alargar o espaço de trabalho e de pesquisa a criadores de outras áreas que não são habitualmente colaboradores do Teatro Meridional, para que outras possibilidades e contaminações artísticas dinamizem o aparecimento de novos olhares e entendimentos criativos;
Por último, dar palco preferencialmente aos textos que se têm concretizado no Laboratório de Adaptação de Textos de Teatro, que neste ano de 2023 acontece pelo 3º ano consecutivo
Natália Luiza e Miguel Seabra
Com uma atividade ininterrupta desde 1992, o Teatro Meridional continua a privilegiar como principais objetivos da sua atividade a construção de espetáculos que surjam da urgência de comunicar, que tenham no trabalho do ator o seu principal protagonista e façam da edificação de cada projeto artístico um desafio de pesquisa e experimentação nas suas diferentes áreas expressivas.
Prosseguindo um percurso de exigência e rigor, continuaremos a acolher na melhor sala de espetáculos do Poço do Bispo, outras estruturas e projetos pontuais de várias áreas artísticas, continuaremos a desenvolver diferentes atividades na área da formação profissional e de públicos, assim como a associarmo-nos a projetos parceiros nas áreas de intervenção social e artística.
As principais linhas de atuação artística do Teatro Meridional prendem-se com a encenação de textos originais (desafiando autores a escreverem para a cena), a criação de novas dramaturgias baseadas em adaptações de textos não teatrais (com relevo para a literatura da Lusofonia), encenação e adaptação de grandes textos da dramaturgia mundial e criação de espetáculos onde a palavra não é a principal forma de comunicação cénica.

Tendo realizado até à data 68 produções num continuado trabalho de itinerância, já apresentou internacionalmente os seus trabalhos em Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, EUA, França, Itália, Jordânia, Marrocos, México, Paraguai, Roménia, Rússia, Timor, Uruguai e S. Tomé e Prínicipe, para além de concretizar uma itinerância anual por Portugal Continental e Ilhas.
Desde a sua formação, os espetáculos do Teatro Meridional foram distinguidos 37 vezes a nível nacional e 10 a nível internacional, dos quais se relevam o Prémio Acarte/Madalena Perdigão (Fund. Calouste Gulbenkian, Portugal), 1992; Prémio do Público (FIT Almada, Portugal) 1994, 1999, 2012 e 2014; Prémio Nacional da Crítica (Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, Portugal), 1994, 2004 e 2014; Prémio Europa - Novas Realidades Teatrais, 2010.