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Sérgio Frug 13 e
Foto: Іван Святковськи talvez com a serpente que um dia seduziu um certo casal no Paraíso. E podemos dizer que seu efeito mais significativo é este tal de Auto-Sabotador que estamos procurando compreender. Neste momento, se recorremos à sabedoria oriental e ao discurso dos grandes mestres do desenvolvimento humano, vamos observar que exatamente aquilo que nos aflige é o que contém a solução que estamos necessitando. Uma vez então conscientes de que existe algo a lidar em nosso Inconsciente precisamos analisar as armas que temos.
O Poder da Vontade
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À primeira vista parece fácil, ora, se temos aí um auto-sabotador, apliquemos a ele a nossa força de vontade. Mas onde está a nossa força de vontade? Vivemos numa cultura do imediatismo, do consumismo exacerbado, onde o que importa é sempre muito mais o Ter do que o Ser. Tais condições não são boas nem más, o que vai mesmo valer é como lidamos com elas. Como encontramos as medidas adequadas e como nos harmonizamos com tais circunstâncias. Assim nos propomos a emagrecer, parar de fumar, equilibrar as finanças, voltar à academia, recuperar um amor perdido, ou seja lá o que mais. Aí falamos muito em disciplina e tal, mas na maioria das vezes a nossa força de vontade não é treinada o suficiente para enfrentar as investidas do sabotador sorrateiro, que como uma serpente vai nos convencendo de que só um pouquinho tudo bem, agora pode, só isso é quase nada... E lá vamos nós para o desequilíbrio outra vez...
O que fazer?
Como já foi dito esta é uma questão ainda muito longe de ser plenamente resolvida, mas podemos listar algumas atitudes que a longo ou médio prazo ajudam bastante a lidar com tudo isso: - Reconhecer as nossas questões mais complicadas e procurar uma maneira de lidar com elas. - Ouvir o chamado interior para desenvolver habilidades latentes. - Alimentar a alma praticando; e não apenas assistindo atividades artísticas e espirituais. - Dar passos pequenos na direção das nossas resoluções, mas procurar mantê-los com atenção e firmeza de propósito. - Não nos exigir além da conta. - Compreender que por trás de tudo há sempre um sentido precioso e nos envolver com essa busca.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.” Caetano Velloso
Sergio Frug Astrólogo, Tarólogo e Personal Coach sfrug@uol.com.br
Contos II A tal da Felicidade
João F Aranha
Cidadão e Repórter Fotos enviadas pelo colunista
O termo felicidade está bombando nos dias de hoje. A palavra de tanto ser usada e abusada está caminhando para a banalização. Mesmo assim fala-se dela cada vez mais. Livros são publicados, teses são desenvolvidas, artigos são publicados e, atingindo seu clímax, já virou até tema de curso na prestigiada Universidade Harvard. O Butão, um pequeno país da região do Himalaia, surpreendeu o mundo ao adotar oficialmente um novo índice que testará com mais fidelidade a real situação de seus habitantes. Deixou de lado os indicadores econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto) e passou a utilizar o FIB - Felicidade Interna Bruta. A iniciativa chegou à ONU - Organização das Nações Unidas - que publica anualmente o World Happiness Report, um índice que busca traduzir a real situação de cada país no quesito bem-estar, o mais próximo ao conceito de felicidade. A Organização considerou nove aspectos que, no seu entendimento refletem a verdadeira situação dos habitantes de cada país. 1. Bem-estar psicológico: Mede o otimismo que cada cidadão tem em relação a sua vida. É feita uma análise da autoestima, nível de stress e espiritualidade. 2. Saúde: Analisa as medidas de saúde implantadas pelo governo, exercícios físicos, nutrição e autoavaliação da saúde. 3. Uso do tempo: Inclui questões como o tempo que o cidadão perde no trânsito, divisão das horas entre o trabalho, atividades de lazer e educacionais. 4. Vitalidade comunitária: Entra na questão do relacionamento e das interações entre as comunidades. Analisa a segurança dentro da comunidade, assim como a sensação de pertencimento e ações de voluntariado.
5. Educação: Sonda itens como participação na educação informal e formal, valores educacionais, educação no que se refere ao meio ambiente e competências. 6. Cultura: Faz uma análise de tradições culturais locais, festejos tradicionais, ações culturais, desenvolvimento de capacidades artísticas e discriminação de raça, cor, ou gênero. 7. Meio ambiente: Relação entre os cidadãos e os meios naturais como solo, ar e água. Estuda a acessibilidade para áreas verdes, sistemas para coletar o lixo e biodiversidades da comunidade. 8. Governança: Estuda a maneira da relação entre a população e a mídia, poder judiciário, sistemas de eleições e segurança. 9. Padrão de vida: Análise da renda familiar e individual, seguridade
Felicidade, pintura por De marchi " - artmajeur.com

Felicidade, pintura por De marchi " - artmajeur.com nas finanças, dívidas e qualidade habitacional. É preciso atestar, no entanto, que nas pesquisas as pessoas costumam se envergonhar ao dizer que são infelizes, pois não ser feliz já está virando doença. De qualquer forma, o conceito de felicidade está sempre ligado ao contexto cultural de cada época e de cada sociedade. Entretanto, desde os tempos mais remotos até os dias de hoje, não se consegue chegar a um consenso do que é felicidade. Na antiguidade era algo exclusivo de uma elite de sábios e virtuosos, próprios de quem tinham uma rígida disciplina de vida. Na Idade Média, época de agruras, a busca da felicidade estava ficando cada vez mais fora do alcance da grande maioria. No Renascimento, numa lufada de otimismo, acreditava-se que o caminho era aproveitar a vida e ser minimamente feliz. No Iluminismo -no século das luzes - as ideologias é que tentam trazer a felicidade. Na época moderna, o termo felicidade muitas vezes se confunde com Bem-Estar. Mas, nenhum livro, tese, curso ou índice consegue defini-la. Cada um tem sua abordagem, face suas experiências de vida; mas uma coisa é inequívoca, todos a querem. E, talvez o correto seja falar de “felicidades” ou “felicidade de cada um”. Onde estaria então a felicidade? Na ação ou na inação? Na liberdade ou na igualdade? Na virtude ou nos prazeres? Na organização social ou no individualismo? No passado, no futuro ou só poderia ser alcançada após a morte? No mundo judaico-cristão, caberia aos homens viverem bastante e terem bastante filhos e às mulheres serem férteis, deixando a felicidade nas mãos de Deus. No livro bíblico de Jó, estranhamente, tudo leva a crer que os maus é que seriam felizes e os bons morrem amargurados sem ter vislumbrado a felicidade. Na felicidade bíblica, Adão e Eva não têm consciência de si mesmos e vivem em harmonia com a natureza, não conhecendo nem a felicidade nem a infelicidade. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” talvez devesse ser entendida como “conhecimento da felicidade e da infelicidade”. Ao provar do fruto proibido conhecem a ambiguidade da felicidade, pois no mundo dual que se descortina, para ser feliz é preciso ter consciência do seu contrário.
A alternativa é o Jardim do Éden, o Paraíso, o campo feliz onde a felicidade aparece como uma recompensa aos justos e aos que obedecem a lei divina. O que se depreende dessa história é a crença que a felicidade perfeita só existe no passado glorioso. O mito do paraíso perdido estará presente em diferentes povos e civilizações, inclusive nos povos primitivos, como atestam as tabuletas sumérias de 4 mil anos atrás.
Há um mito sempre recorrente que fala-nos de uma idade de ouro, que segundo Hesíodo, poeta grego, em relato do final do século VIII antes de nossa era, dizia que existia uma “raça de ouro”, e os homens e os deuses eram aparentados, não havendo doenças e longa era a juventude. A esse mundo sem sofrimento sucedeu a raça de prata criada pelos habitantes do Olimpo, que dura pouco e é substituída pela raça de bronze, criada por Zeus, com homens caracterizados pela violência. A essa raça, destruída por suas guerras,dá lugar a dos heróis que também se auto aniquilam. Vivemos hoje, a quinta raça, a raça de ferro, a mais infeliz de todas. Na mitologia grega, portanto, a felicidade absoluta desapareceu com a Idade do ouro e os humanos foram decaindo ao longo do tempo. Continuando nosso passeio pela Grécia Clássica, veremos que os filósofos considerados pré-socráticos estavam mais preocupados em explicar o mundo natural e a questão da felicidade passa a ser secundária. Péricles, o grande estadista e legislador grego dos anos 400 antes de nossa era, preocupado com o bem-estar dos habitantes de sua cidade-estado, dizia que a felicidade era um assunto de ordem pública. Chegamos, finalmente, aos três maiores, Sócrates, Platão e Aristóteles. O primeiro faz a pergunta chave: “como podemos ter felicidade?” E, a moda socrática com longos diálogos com seus discípulos, desviando-se muitas vezes do tema principal, chega-se à conclusão que é mais fácil falar sobre o que não leva à felicidade, do que tentar defini-la. Para Platão não se pode confundir prazer com felicidade. E, se a felicidade precisa do desejo, a própria existência do desejo exclui a felicidade. Mas, o sábio grego é o primeiro a ver a felicidade como um problema cuja solução é tanto pessoal como coletiva. Muitos a procuram na individualidade e outros na vida igualitária, mas são poucos os que tentam compatibilizá-las, diz ele. Para Aristóteles, que por sua vez segue o viés individual, a felicidade pode ser obtida com a prosperidade combinada com a virtude. Para Epicuro, outro grego do século IV a. C., chega-se à felicidade praticando preceitos básicos como

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