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CUIDADOS PALIATIVOS, PARA VIVER ATÉ MORRER
No tempo dos nossos avós e bisavós, quando alguém estava próximo da morte, o médico comunicava à família, que se reunia junto ao leito “de morte”, para se despedirem, ouvirem conselhos, escutar os desejos, receber itens que eram repassados junto com recomendações, enfim, morria-se cercado pela família, pelos amigos.
“Hoje os tempos são outros. ”
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As pessoas morrem em um quarto de hospital, geralmente sem nenhum rosto familiar por perto, onde as visitas ficam dada vez mais restritas, sem afeto, quase em abandono.
“Mas, hoje os tempos são outros. ”
Aos poucos isso está mudando. Hoje se pode optar por morrer em casa, com dignidade, com menos aflição possível, junto às pessoas que fazem parte das nossas vidas. Morre-se cercado de amor. Morre-se recebendo cuidados paliativos, morre-se bem.

MAS O QUE SÃO ESTES CUIDADOS?

Quem vai nos responder esta e a outras perguntas é Mara Tatiana Branco, enfermeira especialista em gerontologia e cuidados paliativos.

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ZÊN BAZIÊNS!
Cumôia!
Du chá notô gue as bezôa ton gáda vêiz máiz iridáta? Reglamãnto te dúto e te gualquer gôissa?
Bracêr, êsde gára zô eu!
Chênde gue chóga lix no chon.
Zôn áldo nas lócha, nas gássa, no zubmergáto, nos áudo, nas bráça, nos gaminhôn te vertúra, cás e acóra aínta nos te regolhezôn te tesgarte eledrônigo, que ven a gáda túas zemãna...
As pussína tos modopói, gue as bezôa non esbéran no bortôn; as tescarga aperta dos áudo e modociclo. E as pestêra no vatsáp?
E nas gonsdruçôn, a petonera, a furatera, a séra, o rátio gon as zerdanôcho!
Os foquêt, gue tevian zê golocádo no óch te guen zólda!
As bergunda pôba: tu dá zendáto na pêra to rio, zecurãndo un canís e bergundan: “du dá besgãndo?”

Na fila tos incréss, brá vê um film: “du vai no zinêm?”
Na lócha: “ach, ésda gamissa é a dua gára. Ô endôn, dôto múnto dá gombrando...”
E os gue guéren zapê duto tá tua víta: “o gue agondezêu? Borguê non adentêu? Guen dava lá na dua gássa onden e gue figô o tia indêro? Du bacô à visda?
E as popáche no vatsáp, endon? Máin Cott, guãnta chênde chat. Barés gue ton protãndo tos clumba cháis das vaca, oiê!
Jêca uma hora gue a chênde ze tá gonda te dãnda gôissa ruin ao retor gue tá vondáte te fuchi bros hêca.
Máiz aí vai dê as modoséra, Tulivacôtt!
Closs Rio
Adentêu - atendeu
Áldo - alto
Aperta - aberta
Áudo - auto
Bacô - pagou
Barés - parece
Baziêns - paciência
Bortôn - portão
Bráça - praça
Bracêr - prazer
Cháis - bosta
Chat - chato
Chênde - gente
Clumba - monte
Cumôia - bom dia
Foquêt - foguete
Fuchi - fugir
Gáda - cada
Gaminhôn - caminhão
Gamissa - camisa
CUIDADOS PALIATIVOS, UM ATO DE AMOR
Jornal Maior de 60: Qual o fundamento do cuidado paliativo?
Enfermeira Mara Tatiana Branco: Proteger o paciente de sofrimento evitável, promover a assistência integral, por equipe multiprofissional, com a finalidade de melhorar e preservar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares, aliviando o sofrimento de sintomas causados, tanto pela doença de base, quanto pelo tratamento proposto.

Maior60: Qual o momento correto para um paciente receber cuidados paliativos?
Enf.ª Mara: A partir do diagnóstico de uma doença incurável ou ameaçadora à vida.
Maior60: Quando um paciente é encaminhado à equipe de cuidados paliativos, quer dizer que o doente esta desenganado?
Enf.ª Mara: É comum observarmos este tipo de pensamento, mas, na verdade, neste momento passamos a fazer muito mais pelo paciente do que quando estamos focados somente na doença. Estudos mostram, inclusive, que pelo contrário, pessoas com doenças graves e avançadas, quando submetidas a cuidados paliativos tendem a ter maior sobrevida, e com mais qualidade.
Maior60: O tratamento paliativo substitui o curativo?
Enf.ª Mara: Não, os tratamentos curativos e paliativos são complementares entre si. Quando proporcionamos um melhor controle de sintomas, o paciente e sua família podem passar pelo período de tratamento curativo de maneira mais leve e efetiva. Mesmo que estes tratamentos sejam mais agressivos.
Entendemos que cada indivíduo é único e que o sofrimento é vivenciado também de forma única.
Atuamos no alívio de sintomas desconfortáveis e na comunicação eficaz entre paciente, profissionais de saúde, familiares e cuidadores, facilitando o processo de tomada de decisões.
Nós paliativistas, aceitamos a morte como o estágio final da vida, não aceleramos e nem adiamos a morte, focamos na pessoa e não na doença, tratando e controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam dignos e com qualidade, reafirmando a vida do paciente e proporcionando que ele permaneça cercado de seus entes queridos.
Oferecemos uma vida de qualidade, possibilitando que o paciente viva melhor a cada dia até os últimos estágios de uma doença avançada.
Um dos entraves dos cuidados paliativos é quando ele é iniciado de forma tardia.
Por vezes, médico ou familiares rejeitam essa alternativa porque pensam que estão desistindo da pessoa, ou que não existe mais o que fazer por seu ente querido.
Mas isso não é verdade, todos temos altos e baixos durante o processo de doença, e se o paciente melhorar ou se a doença entrar em remissão, ele terá alta também dos cuidados paliativos, e continuará realizando acompanhamento e controle da doença normalmente.
Podendo voltar ao cuidado sempre que necessário ou solicitado.
Gára - cara
Gássa - casa
Guãnta - quanta
Guéren - querem
Hêca - macegas
Incréss - ingresso
Iridáta - irritada
Jêca - chega
Lócha - loja
Modociclomotociclo
Modopói - motoboy
Modoséramotoserra
Múnto - mundo
Óch - bunda
Onden - ontem
Pêra - beira
Petonerabetoneira
Protãndo - brotando
Reglamãntoreclamando
Regolhezônrecolheção
Séra - serra
Tescargadescarga
Tesgarte - descarte
Tulivacôtt - Meu
Bom Deus
Vertúra - verdura
Zapê - saber
Zecurãndosegurando
Zendáto - sentado
Zerdanôcho - sertanojo
Zinêm - cinema
Zólda - solta
Zubmergátosupermercado
O que ocorre em geral, é que à medida que a doença incurável apresenta progressão, percebe-se uma maior ação e necessidade dos cuidados paliativos, podendo até, com a evolução desta doença, passarmos a priorizar o conforto e qualidade de vida exclusivamente. Sempre respeitando a dignidade e autonomia dos pacientes, honrando sempre o direito do paciente de escolher entre os tratamentos, incluindo aqueles que podem ou não prolongar a continuidade da vida.
Maior60: Como funciona o tratamento paliativo?
Enf.ª Mara: O tratamento abrange uma abordagem multidisciplinar, tanto na parte física, com o cuidado da doença em si, como na parte psicológica, espiritual e social.
O tratamento paliativo pode e deve ser oferecido por toda rede de saúde, convênios, particular e inclusive na rede do SUS. É dever médico oferecer e direito da família solicitar tal cuidado.
“Você é importante por quem você é. Você é importante até o último momento da sua vida, e faremos tudo o que pudermos, não só para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para viver até morrer.”
COREN : 278688
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Lidiane Andreza Klein

Psicóloga - CRP07/22872
Especilização em Neuropsicologia -