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EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS

Jucey Santana cita diversas escritoras maranhenses, ante polemica acontecida sobre a biografia de Leonete Oliveira:

Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura” , pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL.

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Buscamos dados sobre a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos:

Ana de Oliveira Santos: Pseudônimo(s): Papillon Bleu Descrição: Poeta Fonte(s) dos dados: COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238 in https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=13430

Na Pacotilha de 05 de outubro de 1888, é informado que uma “Anicota Santos” estava chegando à São Luís, procedente de Axixá, acompanhada de uma criada:

Nesse mesmo jornal, em 17 de janeiro de 1894, consta:

Seria a mesma pessoa? No Diário do Maranhão de 13 de julho de 1898 encontramos um pequeno poema:

Em A Pacotilha de 12 de agosto de 1889 anunciando o lançamento de livro de versos

Diário do Maranhão, 18 de novembro de 1889 sai o seguinte conto, de Laura Rosa, dedicada à distinta poetisa Papillon Bleu

No ano de 1901, no Relatório dos Governadores, aparece doação por Papillon Bleu, 1 volume, à Biblioteca Pública. O Correio da Tarde traz uma crítica de Valério Santiago que menciona o lançamento de seu livro:

Não encontramos a referida nota da edição anterior, que fala da fundação da sociedade...

Em O Imparcial, de 06 de agosto de 1917 temos104 que estava entre as pessoas que fariam um esplendido passeio marítimo, pela Cia. Fluvial.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Para traz

Quando um dia eu parti de alegre Ermida

Das minha puras ilusões da Infancia,

Esta alma toda a transpirar fragancia,

Nem presentio os transes da partida... Andei... Um dia, a estremecer com ancia,

Pondo os olhos na estrada percorrida,

Vi meus Sonhos cahindo de vencida,

Apagados nas brumas da distancia...

E eu quiz ir para traz, num doudo assomo...

Ah! mas toda a extensão da estrada encalma

Via-a entulhada por montões de escombros... —Queres voltar, meu coração, mas como?

Se tens tantos Vesuvios dentro d’alma

Em um milhão de Termópilas nos hombros? (“Missas negras”) –X. de Carvalho

Ao resgatar a memória de I. Xavier de Carvalho105 nos deparamos com inúmeros ataques à sua pessoa, chamando-o ‘poeta pascacio’ e acusando-o de fraude: teria plagiado seus pareceres jurídicos, que vinha publicando nos jornais. pascácio106: 1 cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã, toleirão, tolo, tonto. Indivíduo que é muito bobo; quem tende a ser extremamente simplório; parvo ou pateta. Pascácio é sinônimo de: cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã,toleirão, tolo, tonto

Eliana (Shir) Ellinger (2015) 107 traz-nos uma sua biografia, em que destaca não haver maiores informações sobre sua juventude –“Não há registros confiáveis sobre sua juventude. Com certeza, sabe-se apenas que estudou Direito em Recife, de onde retornou para o Maranhão” : Poeta, Inácio Xavier de Carvalho nasceu em São Luís no dia 26 de agosto de 1871. Integrou, juntamente com Antônio Lobo e Fran Paxeco, entre outros, a Oficina dos Novos, movimento de renovação literária empreendido por um grupo de escritores maranhenses no início do século XX.

Muito embora essa pesquisadora afirme ter sido colaborador assíduo dos jornais de sua época, - “deixou escritos dispersos no Pará, Amazonas e Maranhão, tendo publicado pouca coisa em livro” –não encontramos

105 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Aílton Santos. IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMÓRIA. IN Revista do

Léo, no. 24.1, setembro de 2019, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24.1_-_setembro__2019__edi__o_esp 106 https://www.dicio.com.br/pascacio/ 107 ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br

nos jornais pesquisados, esses escritos, a não ser dois poemas. O que existe, são sentenças proferidas quando dos casos que julgou como Juiz – Municipal, Federal – e editais, que assina, quando no exercício da função. Procuramos como “Ignácio Xavier de Carvalho” apareceram algumas centenas de ocorrências; buscamos também por outros parentes, como seu pai, Francisco Xavier de Carvalho, e. ao buscar pela forma como assinava – I. Xavier de Carvalho – então encontramos informações sobre todos os que levavam o nome “Xavier de Carvalho”, constituindo-se em milhares, então, as ocorrências. Sabe-se que em 1893 – quando retorna do Recife, após concluir a Faculdade de Direito, aos 23 anos de idade, lança sua primeira obra intitulada ‘Frutos Selvagens’. O meio literário de São Luís vivia momento marcado pela mudança e pela ruptura, com uma renovação artística representada principalmente por Antônio Lobo, insurgindo-se contra a herança da poesia fácil dos cultores do romantismo, movimento que ainda permanecia em voga entre os poetas locais ( ELLINGER, 2015) 108: A estreia de Inácio Xavier de Carvalho em livro contribuiu para inaugurar uma nova fase na literatura maranhense, embora tenha ele próprio causado certa reação entre os renovadores da Oficina dos Novos por conta de sua inclinação para o simbolismo, visto por alguns destes como uma escola decadente e estéril. Cultor do soneto e detentor de grande domínio técnico, Xavier de Carvalho foi um poeta suave, impregnado pelo verso simbolista, contido, mas também parnasiano em muitas passagens, o que certamente contribuiu para dar corpo ao equívoco crítico de considerá-lo um romântico tardio. Na verdade, ele foi, antes de tudo, um artista perfeitamente integrado à corrente poética de seu tempo, marcada pela difícil convivência entre o parnasianismo e o simbolismo.

No Diário de São Luiz, edição de 09 de abril de 1921, sai a seguinte nota: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO. - O poeta das “Missas Negras” e o príncipe da poesia maranhense, consagrado, por Guerra Junqueira, em uma carta que lhe fizera, em agradecimento a sua produção ou obra literária e que modesto, como é, bem poucos o apreciam e conhecem. Sofrendo a ingratidão dos seus conterrâneos acha-se hoje em posição de destaque em Belém, Neste laconismo, se encerra todo o seu valor, como professor de literatura.

Em 1943 (Diário de São Luis, 02 de setembro), Antônio de Oliveira ao falar da poesia maranhense, comentando livro recém-lançado de João do Rio, afirma: [...] Com a poesia, entretanto, não se deu aqui o mesmo fenômeno. Não houve propriamente colapso. A poesia não desapareceu com o maior de todos, o excelso Cantor dos Timbiras. Gerações de poetas se sucederam uma às outras, mantendo viva na terra maranhense a tradição de berço de poetas. Houve mesmo uma época em que brilhou formosa plêiade de vates, mais ou menos parnasianos, mais ou menos simbolistas, conforme a classificação ao gosto dos nossos historiadores literários. Ignácio Xavier de Carvlho, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Correa deAraujo, Assis garrido e outros menores, cujos nomes aos poucos se vão apagando, foram componentes dessas gerações, alguns dos quais ainda vivem.

De sua biografia publicada pela Academia Maranhense de Letras – AML 109 - diz-se que:

[...] foi quem marcou, com o livro de estreia publicado em 1894, o início do ciclo “decadentista” nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mais fortes. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria, foi, sem favor, dos melhores sonetistas que temos tido, de um alto poder de idealização e de expressão estética (Antônio Lôbo),

Quanto à bibliografia registra-se: “Frutos Selvagens” – São Luís, 1893; “Missas Negras” – Manaus, 1902, 48, p.; “Parábolas e Parábolas”, versos humorísticos – Pará, 1919, 32 p. Consta que sua ultima publicação, em livro, data de 1919, quando lançou ‘Parábolas e Parábolas”. Em 1924, sabe-se que tinha uma filha adotiva, Olga Lauande, professora primária, filha de Salim Lauande e sua mulher

108 ELLIGER, Eliana. XAVIER DE CARVALHO. IN Blog Clube do Poeta, 30 de junho0 de 2015, disponível em http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2015/06/xavier-de-carvalho.html, utilizando como fonte de pesquisa www.patrimonioslz.com.br/; www.antoniomiranda.com.br 109 http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/

O Diário do Maranhão de 18 de outubro de 1893 o traz como membro da diretoria do Clube Iracema. Também nesse ano começa a advogar, instalando seu escritório. Em nota de agradecimento, o Diário do Maranhão – edição de 18 de outubro de 1894 – noticia o lançamento de seu livro de poesias Frutas Selvagens: Foi-nos ofertado um exemplar do livro de poesias Frutas selvagens, de que é autor o sr. Dr. Ignácio Xavier de Carvalho, o talentoso e mimoso poeta maranhense, de que temos por vezes apresentado as mais recomendáveis produções. O trabalho tipográfico é do nosso colega da Pacotilha. Agradecemos o mimo.

Para as comemorações do 03 de novembro, o Gremio Literário João Lisboa indica, dentre os organizadores, Ignácio Xavier de Carvalho, como membro da comissão. Na sessão solene do dia 25/11, é proposto como sócio honorário dessa agremiação estudantil. Em 26 de novembro foi lida correspondência que aceitava a honraria. Possivelmente sua carreira de jornalista tenha se iniciado como correspondente de jornal de Manaus, como deixa ver esta nota, publicada em 04 de abril de 1897, em A Pacotilha:

O Diário do Maranhão de 27 de dezembro de 1900 registra sua chegada à São Luis, em gozo de férias, e dá outras informações, sobre sua atuação no Amazonas, colaborando com alguns jornais, e, também, falando de suas qualidades como poeta:

Do relatório do Diretor do Liceu Maranhense, referente ao ano de 1902, já constava como Professor de Literatura:

Tira licença de três meses:

Retornando de Manaus, e nomeado para o Liceu, em maio de 1902, solicita a permuta de cadeira, passando a responder pela de Frances:

Em 1903, vamos encontra-lo como professor da cadeira de Francês do Liceu Maranhense

Informa-nos o Diário do Maranhão de 17 de março de 1903 que assumira a presidência de “A Renascença Literária”

Em 1904, é lançada uma coletânea de poesias: Sonetos Brasileiros, por Laudelino Freire; seu nome aparece entre os grandes poetas do Maranhão – dentre os 19 selecionados -, conforme nota do Diário do Maranhão de 26 de setembro:

No ano de 1905, aparece como examinador do Colégio São Sebastião e do Colégio do Sagrado Coração de Maria. No ano de 1907 aparece dentre os professores do Instituto Nascimento de Moraes. Em 1911, segundo chamada em A Pacotilha, edição de 21 de dezembro, constava como examinador do Instituto São José O Diário do Maranhão, edição de 9 de outubro de 1906, publica uma resposta de Antonio Lobo à artigos publicados no A Imprensa, sobre uma aula daquele, em que o critica:

Em 25 e outubro, O Diário informa que o sr. Ignacio Xavier de Carvalho, juntamente com o tenente-coronel José Ribeiro Oliveira, deixava a redação de A Imprensa.

Logo a 24 de outubro de 1906, deixa a redação desse jornal, conforme informa nota em A Pacotilha:

Em 31 de maio de 1907, em A Pacotilha, sai a seguinte nota, envolvendo-o em um imbróglio:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/xavier_de_carvalho.html

Georges Renard foi um jurista e professor de Direito francês, nascido em 1876, e falecido em 1943, autor das seguintes obras110: Notre œuvre sociale, Nancy, Au Sillon lorrain, 1902, 2e éd., 1905 Pour connaître le Sillon, Paris, Au Sillon, 1906 Contribution à l’histoire de l’autorité législative du Sénat romain : le senatus consulte sur le quasi-usufruit, Nancy, Berger-Levrault, 1898 Etude historique sur la législation des concordats jusqu’au concordat de Bologne, Nancy, Imp. A. CrépinLeblond, 1899 Sept conférences sur la démocratie, Paris, Au Sillon, 2e éd., 1910 Le Parlement et la législation du travail, Paris, Librairie de « La Démocratie », 1913 Gallica Notions très sommaires de droit public français, Paris, Sirey, 1920 Cours élémentaires de droit public. Droit constitutionnel, droit administratif, droit financier, Sirey, 1922 Le droit de la profession pharmaceutique, Sirey, 1924 Le Droit, la Justice et la Volonté, Paris, Sirey, 1924 Le Droit, la Logique et le Bon sens, Paris, Sirey, 1925 Le Droit, l’Ordre et la Raison, Paris, Sirey, 1927 La valeur de la loi. Critique philosophique de la notion de loi. Pourquoi et comment il faut obéir à la loi, Paris, Sirey, 1928 La Théorie de l’Institution. Essai d’ontologie juridique, Paris, Sirey, 1930 Gallica L’institution : fondement d’une rénovation de l’ordre social, Flammarion, 1933 Gallica La Philosophie de l’Institution, Paris, Sirey, 1939

A Pacotilha de 1º de dezembro de 1911 traz uma longa nota assinada por Augusto Correa Guterres dirigida ao Governador do Estado, sobre o comportamento do “Juiz Impagável”, semelhante ao ocorrido no ano anterior, também envolvendo uma menor e a sua tutela.

Segundo esse mesmo jornal, em 02 de maio de 2014 é reconduzido ao cargo. A 25, assume o juizado de direito, no impedimento de seu titular. Em novembro (Pacotilha, 11/11/2014), Antônio Lobo publica, sob numero IV, réplica de uma nota saída truncada no dia anterior: Em 1916, durante apresentação de uma peça musical, é homenageado, dentre outros jornalistas e autores maranhenses, pela troupe que aqui se apresentava (Pacotilha, 18?07/1916):

A Pacotilha (08/11/1917) publica uma oração proferida por Ignácio Xavier de Carvalho em homenagem à Gonçalves Dias:

No ano de 1918, durante a realização do Festival Helena Nobre, seria cantada a modinha “A lua se desata”, musicada pelo maestro Adelman Correa:

Na edição de O Jornal de 03 de julho de 1918 aparece este Ofertório:

No ano de 1928, escreve crítica sobre a obra do padre Astolpho Serra, lançado em Belém, fazendo grandes elogios ao jovem poeta.111

Segundo o Paiz (18 de julho de 1935) do Rio de Janeiro, estava inscrito para prestar concurso para o cargo de Juiz no Acre. Saindo o resultado, dos nove candidatos à vaga, apenas cinco aprovados, e o nosso Xavier de \carvalho passou em quinto lugar.

Em 1936, é reconduzido à função de Juiz Federal Substituto, em Belém do Para112 .

No ano de 1938 foi nomeado inspetor federal da faculdade de Direito do Pará para, logo a seguir, ser destituído da função.

Nesse mesmo ano, 1938, mudanças na composição da administração pública federal, e dentro dessa, do Ministério da Justiça, extinta a função de juiz federal substituto, passou para os quadros da previdência, na qualidade de inspetor, tendo reclamado de sua classificação, por vários requerimentos, todos negados.

EU!

(Aos que me não compreendem)

Vamos, pobre infeliz! Muda em asas teus braços! Desfere o vôo teu, no anseio profundo, Para o local que houver mais alto nos espaços, Para o trecho do céu mais distante do mundo!

E uma vez lá chegando, errante e vagabundo, Desta vida cruel liberta-te dos laços E atira-te, a cantar, do precipício ao fundo... Quero ver-te cair dividido em pedaços!

Morre como um herói! Deixa que o Meio brama! Fecha o ouvido ao Elogio e os olhos fecha à Fama E despreza da Inveja as pérfidas alfombras...

E morre, coração! Pois, ao morrer, enquanto Tens Injustiças de uns, tens bênçãos de outro tanto... – Morrerás como o Sol – entre Luzes e Sombras!

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