COHAB e a Origem de Cidade Tiradentes

from Cidade Tiradentes - Redes e o Espaço Comum

Considerações Finais

A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo – COHAB-SP foi criada em 1965 como uma empresa mista, financiada por recursos federais do SHF/BNH, cujo principal acionista era Prefeitura do Município de São Paulo, para aplicar as políticas do Plano Nacional de Habitação em nível regional. A partir de seu surgimento, se iniciam a construção dos grandes conjuntos habitacionais na periferia paulistana (OTERO, 2009).

A constituição do estoque de terras da COHAB-SP se deu, principalmente, com a aquisição de áreas rurais nas franjas da Zona Leste da cidade de São Paulo devido ao baixo custo dessas terras, o que permitiu que os recursos fossem direcionados propriamente a construção dos edifícios (OTERO, 2009). Além disso, segundo SILVA7 (2000 apud OTERO, 2009), a implantação desses grandes conjuntos em áreas “desurbanizadas” propiciava grandes obras de infraestrutura e terraplanagem, e portanto, atenderiam os interesses das empreiteiras e do próprio BNH, que era mais bem remunerado pelos empréstimos relacionados a obras de desenvolvimento urbano.

Os empréstimos para infraestrutura – saneamento básico, abertura de acessos viários, pavimentação – eram feitos às prefeituras com maiores taxas de juros, propiciando melhor retorno que a habitação popular e mesmo o equilíbrio da remuneração devida ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Nos terrenos com condições geomorfológicas desfavoráveis ou com partidos de projeto inadequados, a execução de obras de terraplenagem – também não incidentes no financiamento ao mutuário – atende também à lógica de beneficiar as empresas construtoras (SILVA, 2000, p. 53 apud OTERO, 2009, p. 138).

No fim dos anos 1970 ocorreu o último grande financiamento do BNH: Cidade Tiradentes, na cidade de São Paulo, maior complexo habitacional da América Latina, implantado no extremo leste da capital por meio da aquisição de uma gleba de terras conhecida como Fazenda Santa Etelvina, constituída por trechos das Mata Atlântica. Um caso único, tanto pela sua dimensão, quanto pela sua desintegração urbana (NAKANO, 2002 apud NOBRE, 2010), formado por 14 conjuntos habitacionais, totalizando 42.379 unidades, que representam 32,4% da produção da COHAB nos anos de 1965-1999 (SLOMIANKY, 2003).

7 SILVA, Helena Menna Barreto. Políticas de Habitação e Preço da Terra in Revista Oculum Ensaios – dezembro de 2000. Campinas: FAU PUCCAMP, 2000.

Antiga Fazenda Etelvina - SP. Fonte: CDTEC COHAB.