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da cereja
from Gazeta Rural nº 362
by Gazeta Rural
Uma docente do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) identificou o tratamento que diminui rachamento da cereja. Sofia Correia, membro integrado do CITAB investigou estratégias inovadoras em pré e pós-colheita no incremento da qualidade da cereja Sweetheart, no Norte de Portugal. Os resultados mostraram uma “redução do rachamento do fruto em 50%”.
Investigadora da UTAD identifica tratamento que diminui rachamento da cereja
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Este tipo de rachamento afeta normalmente grande parte do volume da cereja, o que representa um aspeto importante na rejeição do fruto por parte do consumidor, pelo que, há necessidade de produzir frutos de grande qualidade, devido à elevada importância económica da cereja.
Ametodologia consistiu em repetidas pulverizações de cálcio, e cálcio conjugado com outras substâncias tendo os “tratamentos foliares reduzido o rachamento”, e sido “menor” nos frutos “tratados com cálcio conjugado com ácido abscísico e glicina-betaína, sobretudo o rachamento do tipo lateral”, explicou a investigadora.
Outra conclusão do estudo é o aumento do calibre em 20%
Assim, as aplicações com ácido abscísico e glicina-betaína em associação com cálcio, “aumentaram o teor de ceras solúveis e espessura da cutícula e das células da epiderme dos frutos”, tendo sido verificado que, durante a fase de amadurecimento, “frutos com células da epiderme, hipoderme e parênquima de maior dimensão apresentaram uma menor incidência ao rachamento, o que indica a importância da flexibilidade e elasticidade da epiderme”, salienta Sofia Correia.
A investigadora destaca ainda que os compostos aplicados não afetam as características organolépticas (textura/sabor) e melhoram o aspeto visual do fruto. E, uma vez que estes compostos têm preços acessíveis, são ferramentas que podem ser facilmente adotadas pelos produtores de cereja.
Outra conclusão deste estudo é o aumento do calibre, em 20%, na cereja tratada com glicina-betaína e cálcio, o que representa um impacto “muito positivo para os produtores”.
Os resultados desta investigação estão publicados no Journal of the Science of Food and Agriculture e integram uma tese de doutoramento financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do Programa Doutoral “Cadeias de Produção Agrícola – da mesa ao campo” e intitulada Pre and postharvest innovative strategies to enhance cherry quality com orientação das docentes da UTAD, Berta Gonçalves e Ana Paula Silva, e de RobSchouten, da Universidade de Wageningen, Países Baixos.

Com “Selo Made IN Famalicão – Produto que é Nosso”
Câmara de Famalicão atribui selo de qualidade a produtores locais
A Câmara de Vila Nova de Famalicão vai avançar com um programa de incentivo ao consumo de produtos locais e endógenos que vai reconhecer e evidenciar através da atribuição do “Selo Made IN Famalicão – Produto Que é Nosso”, contribuindo para a sua promoção e alargamento das redes de distribuição e comercialização.
Pretende-se colar desta forma um selo de qualidade e de diferenciação à produção dos pequenos produtores e transformadores do concelho, abrindo-lhes a possibilidade para um maior escoamento das suas produções e, simultaneamente, levar ao conhecimento dos consumidores os produtos locais produzidos a partir de uma base não industrializada e intensiva.
“Significa isto que dentro de pouco tempo o consumidor local vai poder optar com facilidade por produtos com identidade e que ajudam a nossa economia. É um programa que valoriza o que é feito na nossa terra e pelas mãos e saber dos nossos”, refere o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha.
Na implementação deste programa, o município conta com a colaboração das cooperativas agrícolas Fagricoop e Frutivinhos, ao nível do desenvolvimento, acompanhamento e promoção da iniciativa junto dos seus associados.
Integram-se neste programa os produtos do setor agroalimentar, agrícolas e transformados, que se enquadrem na tipologia de produtos e nos critérios de avaliação e reconhecimento estabelecidos. Os objetivos passam pela dinamização da economia local através do incentivo ao consumo de produtos de Famalicão, contribuir para a mitigação das consequências económicas da atual crise de saúde pública, reconhecer e valorizar a produção local e estimular a emergência de novas ideias e conceitos para a região.


No XI Concurso Nacional de Mel, que decorreu em Santarém
Mel de Barroso conquistou o prémio de Mel do Ano pela terceira vez
O Mel de Barroso DOP, do Agrupamento de Produtores da Cooperativa Agrícola de Boticas, foi distinguido com a Medalha de Ouro na categoria de Méis de Urze e foi Mel do Ano no XI Concurso Nacional de Mel. Está é uma iniciativa conjunta da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) e da Feira Nacional da Agricultura. A edição 2020 ficou marcada pelo situação de isolamento social em que se encontra o Portugal e o Mundo e as provas tiveram lugar nos dias 5 e 6 de Março de 2020, em Santarém.
OMel de Barroso DOP obteve a maior pontuação entre todos os méis nacionais a concurso, do continente e das ilhas. Este mel, produzido em território classificado pela FAO como Património Agrícola Mundial, conquistou, pela terceira vez, em sete anos, o título de Mel do Ano e a Medalha de Ouro na categoria de Mel de Urze. “É um feito ímpar, que traduz a excelência e a qualidade deste produto e reflete o dedicado trabalho desenvolvido em parceria entre os apicultores da região”, salientam os responsáveis do Agrupamento de Produtores de Mel do Barroso, sedeado na Cooperativa Agrícola de Boticas. Recorde-se, a propósito, que ao Mel de Barroso foram ainda atribuídas, no concurso internacional Great Taste, três estrelas, em 2017, 2018 e 2019, distinção máxima concedida neste concurso.
Para o presidente da Câmara de Boticas este é “um percurso verdadeiramente notável, que espelha bem a aposta que foi feita, neste e noutros produtos, com identidade e marca, de que é também exemplo a Carne Barrosã – DOP, assente numa estratégia coletiva, partilhada e apoiada pela Câmara Municipal de Boticas”, refere Fernando Queiroga.
Edição de 2020 foi a mais concorrida de sempre
A edição de 2020 do concurso foi a mais concorrida de sempre, tendo contado com a participação de 42 concorrentes e 73 méis a concurso. “Estes números evidenciam a importância crescente que o certame adquiriu ao longo das suas onze edições, no qual se valoriza e demonstra o reconhecimento pelas boas práticas na produção de méis de elevada notoriedade sensorial”, refere a FNAP.
O Concurso Nacional de Mel aposta em dar notoriedade aos méis de excelência que se produzem em território nacional, independentemente da sua dimensão comercial. A representatividade dos méis monoflorais tipificados em Portugal, embora ainda esteja aquém do desejado com baixa participação de méis tão únicos como o Mel de Incenso dos Açores, Mel de Medronheiro e Mel de Laranjeira do Algarve ou o Mel de Soagem do Alentejo, cresce em origem geográfica dos méis mais comuns.


Diz o presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, que comemora 60 anos e que se reinventa
A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA) está a comemorar 60 anos, numa altura de grandes mudanças, por via da pandemia que nos afeta a todos. Com 290 associados ativos e com uma produção média anual de oito milhões de quilos de uvas, a ACVCA aproveitou a situação gerada para se reinventar. “Abraçámos áreas de negócio que nunca nos passariam pela cabeça”, afirmou o presidente José Miguel Almeida em entrevista à Gazeta Rural, numa alusão à produção de gel que, para além das ofertas a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo da região e à Cruz Vermelha Portuguesa, já estão a comercializar.
Vaz é superior a 60% do volume dos brancos, para além de ser uma casta bem adaptada à região. Isto é dito por muitos enólogos, desde logo pelo Eng. Luís Morgado Leão, que é o responsável enológico dos nossos vinhos. É também comummente aceite que a região da Vidigueira é o ‘berço’ da Antão Vaz.
De facto, os vinhos que se obtêm das uvas de Antão Vaz, originárias da nossa região, marcam pela diferença, comparativamente com os vinhos produzidos com esta casta noutros locais.
Gazeta Rural (GR): A Adega comemora 60 anos, que foram sempre em crescendo?
José Miguel Almeida (JMA): Sim. Chegamos aos 60 anos a crescer, olhando para a quantidade de vinhos produzido e ao volume de negócios gerado, mas também para a diversificação das nossas atividades, em especial na última década.
GR: A Adega apostou sempre na inovação. Que importância isso teve para o seu posicionamento no mercado?
JMA: Ao longo dos 60 anos temos vindo a acompanhar a evolução dos mercados. Lembro-me que ao observarmos o nosso arquivo histórico na década inicial de vida da Adega vemos que as garrafas eram bastante simbólicas e que muitas pessoas ainda hoje as guardam como recordação. Eram rótulos muito elaborados e adequados à época.
O que fizemos mais recentemente, no mandato do atual Conselho de Administração, foi analisar o mercado, as tendências e reformular a imagem, que é constante, adaptando-a para permanentemente irmos ao encontro das preferências dos consumidores.
GR: A Antão Vaz é a casta rainha da Vidigueira. Que peso tem na Adega?
JMA: Tem um peso significativo. O encepamento de Antão
“Esta região fez um progresso gigantesco na produção de vinhos tintos” GR: E nos tintos?
JMA: Esta região fez um progresso gigantesco na produção de vinhos tintos, desde os finais da década de 80 do seculo XX até agora. Era uma região que apostava muito nos brancos. Para lhe dar um exemplo, há 40 anos os vinhos tintos eram residuais. Hoje, na Adega, temos um encepamento equilibrado em 50% branco e 50% tinto, o que é pouco comum num produtor de vinhos do Alentejo, onde predominam os tintos.
Porém, o facto é que esta região fez uma progressão enorme em termos das castas instaladas, aproveitando os programas de reestruturação ao abrigo do VITIS e tem aproveitado isso para modernizar as vinhas, para plantar castas tintas de excelência e, dessa forma, comprovar que a Vidigueira é também uma região excelente para produzir vinhos tintos.
GR: Onde entra o vinho de talha?
JMA: Na nossa Adega entra, sobretudo, por uma questão histórica e cultural. Iniciámos a produção de vinho de talha em 2017, com o Vila Alva Vinhas Centenárias. Só produzimos
este vinho a partir de uvas brancas de vinhas centenárias, que ainda temos por iniciativa dos nossos associados. As vinhas centenárias são escassas em uvas tintas, pelo que não produzimos vinho de talha tinto. Temos produzido este vinho como mote para o nosso enoturismo, como um produto do ponto de vista histórico e cultural, mas também de diversificação da oferta aos nossos visitantes, pois funciona muito bem. A nossa produção anual não supera as quatro mil garrafas.
GR: Nesse sentido nasceu a Casa das Talhas, com um investimento significativo em 2019?
JMA: Como disse, o mote para o nosso projeto de enoturismo foi o vinho de talha, que candidatámos, foi aprovado e já está implementado. Abriu portas a 25 de Outubro de 2019 e durante quase meio ano teve um sucesso enorme, mas que, fruto da atual situação, tem estado fechado. Reabrirá em Junho com todas as normas e cuidados de segurança. Vamos voltar a receber as pessoas que nos visitam e vamos ver como vai correr.
Todo o conceito que desenvolvemos em torno desde projecto enoturístico teve por base o vinho e as talhas, mas também a técnica ancestral da sua produção. de segurança para com os nossos colaboradores, mas também com as pessoas que nos fornecem serviços e para com os nossos clientes.
Penso que temos conseguido fazer as coisas bem e readaptámo-nos. Tivemos um crescimento significativo das vendas no ‘online’, com uma boa recetividade por parte dos consumidores e abraçámos áreas de negócio que nunca nos passariam pela cabeça.
Começámos a 1 de Abril a abastecer a Unidade de Saúde do Baixo Alentejo, de forma gratuita, com gel anticéptico, para a desinfeção de mãos, produzido a partir da nossa aguardente. As coisas correram bem, de tal ordem que já oferecemos mais de dois mil litros de gel a mais de 60 unidades do Alto e Baixo Alentejo. Mas a ‘coisa’ progrediu. Temos neste momento um protocolo de oferta de gel à Cruz Vermelha Portuguesa até final de Maio e, para além disso, já iniciámos também a comercialização de gel anticéptico, com a marca VIDIGEL.
Foi uma adaptação e uma medida que encontrámos para nos ajudar a ultrapassar esta fase crítica de vendas, com muitos distribuidores fechados e, dessa maneira, temos mantido a atividade regular da cooperativa em pleno, dentro das circunstâncias, e não mandámos nenhum dos nossos colaboradores para layoff.

GR: Vivemos um tempo diferente. Como está esta crise a afetar a Adega?
JMA: Começámos a perceber, logo no início de Março, que algo iria mudar de forma muito intensa. Desde cedo que estabelecemos um plano de contingência. Conseguimos ultrapassar os vários períodos com medidas de precaução cada vez mais intensas até ao pico da pandemia, e agora, com o desconfinamento, com regras apertadas
GR: Como antevê os próximos tempos?
JMA: Acreditamos numa recuperação gradual da atividade e - fruto daquilo que é a segurança que estamos a implementar nas operações que estamos a desenvolver - esperamos manter a confiança dos nossos clientes e consumidores. Estaremos permanentemente na primeira linha de evolução desta situação, mas que continua a ser uma incógnita para todos.
Com o projecto Rede Tramontana III

Binaural vence prémio europeu do Património Cultural na categoria Investigação
O projeto Tramontana III, apoiado pelo programa Europa Criativa Cultura em 2017 e liderado pela Binaural, Associação Cultural de Nodar, foi um dos vencedores da edição de 2020 dos Prémios Europeus do Património Cultural - Prémios Europa Nostra. O anúncio foi feito pela Comissão Europeia e a Europa Nostra na véspera da celebração do Dia da Europa deste ano.
Amaior distinção no domínio do património vai para 21 realizações exemplares de 15 países, entre os quais a Rede Tramontana III, na categoria Investigação. O projeto da Binaural, de Portugal, envolve outros parceiros europeus, como a Audiolab (Espanha), Nosauts de Bigòrra, Numériculture Gascogne e Eth Ostau Comengés (os três de França), Bambun e Associazione LEM-Italia (Itália) e Akademia Profil (Polónia).
“Este projeto promove a ideia de identidade europeia e, especificamente, do património imaterial de comunidades rurais e de montanha, que é comum a toda a Europa. É um excelente exemplo de cooperação internacional entre investigadores com experiência em diversas áreas de estudo. A metodologia usada no projeto é replicável noutros contextos europeus e tem potencial para ser aplicada em todo o continente”, afirmou o júri, justificando assim o prémio atribuído.
Rede Tramontana III contou com oito parceiros
A Rede Tramontana III é um projeto integrado de investigação e valorização criativa do património imaterial de comunidades rurais e de montanha europeias, visando salvaguardar e revitalizar esse património através da sua documentação e ampla divulgação. O projeto é resultado de um trabalho entre oito parceiros principais, oriundos de cinco países diferentes (França, Itália, Polónia, Portugal e Espanha), com mais de 50 entidades associadas. O projeto beneficiou do apoio do programa Europa Criativa da União Europeia, que o financiou 60%, sendo a parte restante coberta pelos parceiros.
Projeto cultural da Binaural Nodar
Binaural Nodar é um projeto cultural contemporâneo atuando desde 2004 na região portuguesa de Viseu Dão Lafões nas áreas do acolhimento e produção de criações em artes sonoras e media, da documentação etnográfica audiovisual, da educação sonora, da criação para rádio e da produção editorial.
O modelo de intervenção da Binaural Nodar assenta numa atuação simultânea num plano intensamente local, promovendo um conceito de laboratório permanente de mediação social, junto com comunidades rurais e, num contexto global, com atividades desenvolvidas com artistas
contemporâneos, museus, universidades e organizações culturais nacionais e internacionais.
As suas ações, no âmbito deste projeto europeu, centraram-se em quatro concelhos da região de Viseu Dão Lafões (Viseu, Vouzela, Castro Daire e São Pedro do Sul), nos quais foram desenvolvidas largas dezenas de iniciativas. Foram feitas mais de 700 recolhas etnográficas e etnomusicológicas (com especial incidência nos ciclos do milho, centeio e linho, cancioneiro tradicional polifónico, apicultura, criação de gado bovino, ovino e caprino, etc.) e mais de 300 recolhas de paisagens sonoras; foi criado o Arquivo Digital Binaural Nodar (www.archive.binauralmedia.org), que conta já com cerca de 800 documentos sonoros e audiovisuais e de dois sub- -arquivos deste arquivo principal para, respetivamente, o Museu do Linho de Várzea de Calde (Viseu): o Arquivo da Memória de Várzea de Calde (www.memoriavarzeadecalde.org) e para o Município de Castro Daire: o Arquivo Digital Memória sobre Rodas (www.memoria-sobre-rodas.org). Além disso, tem duas residências artísticas de relação entre a cultura rural e a criação artística contemporânea (comunidades rurais de São Félix e de Candal, ambas no município de São Pedro do Sul) em parceria com o Mestrado de Criação Artística Contemporânea da Universidade de Aveiro.
Fez dezenas de ateliês dirigidos às comunidades educativas da região, abordando questões de descoberta patrimonial local



DÃO, UM SEGREDO A DESCOBRIR A sua viagem começa aqui.

através do som e da palavra: “Descobrir o museu etnográfico”, “Ouço, Lembro e Sinto”, levados a cabo em vários contextos dos municípios de Castro Daire, Vouzela e Viseu, bem como cinco exposições multimédia relativas a aspetos patrimoniais rurais: “Habi-Lin: A longa aventura do linho na Europa rural” no Museu Municipal de Vouzela, “Pedras faladas: Memórias geológicas de Bodiosa” na Junta de Freguesia de Bodiosa (Viseu), “Plantas Faladas: Arquivo de memória vegetal” e “O espírito da colmeia”, ambas no Museu do Linho de Várzea de Calde (Viseu).
Publicações etnográficas e etnomusicológicas gravadas
No âmbito deste projeto, a Binaural Nodar fez seis publicações etnográficas e etnomusicológicas gravadas e por si concebidas, decorrentes das recolhas realizadas no livro e documentário bilingue, em português e inglês “Várzea de Calde: uma aldeia tecida a linho” (Viseu); o livro e documentário “Linho: Histórias ao longo dum fio” (São Pedro do Sul); o CD “Cancioneiro do linho e da vida rural de Várzea de Calde” (Viseu); o CD “As Vozes de Manhouce: Geografias do canto rural” (São Pedro do Sul); o livro e CD “Grupo de Cantares de Levides: Vozes erguidas” (Vouzela) e o livro e CD “Grupo de Cantares de Carvalhal de Vermilhas: Entre o campo e o céu” (Vouzela).
Fez ainda dezenas de criações artísticas sonoras, difundidas através de programas de rádio em Portugal e na Europa e através da página Soundcloud da Binaural Nodar (www.soundcloud. com/binauralmedia) e de outras plataformas especializadas na criação sonora.
Apoio das câmaras de Viseu, Vouzela e Castro Daire
A Binaural Nodar aproveita a oportunidade “para agradecer o apoio de um conjunto de entidades e de pessoas que permitiram quer as atividades desenvolvidas, quer a atribuição deste prémio”, nomeadamente “a todos os colaboradores atuais e passados, permanentes ou temporários da Binaural Nodar, mas também às três Câmaras Municipais que mais apoiaram as atividades associadas a este prémio, como Vouzela, onde a associação tem as suas instalações do Lafões Cult Lab; Viseu, com a qual colabora com projetos etnográficos e multimédia no arco rural; e Castro Daire, com a qual em 2018 se estabeleceu uma parceria para um projeto de etnografia itinerante usando o bibliomóvel da Biblioteca Municipal como estúdio de recolhas audiovisuais, projeto Memória sobre Rodas que ganhou no ano passado o segundo prémio de Boas Práticas em Bibliotecas Públicas atribuído pela Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).
Para saber mais sobre a Associação aceda em: www.binauralmedia.org

Diz o presidente da Associação do Turismo de Habitação

Turismo rural quer ser solução para férias e já sente aumento da procura
As associações de turismo rural e de habitação consideraram que este tipo de alojamento pode ser uma solução para os portugueses se “confinarem em férias” e já notam um aumento da procura para o Verão.

“C onfinados em férias” no campo poderá ser “uma solução” para as férias dos portugueses este ano face à pandemia de covid-19, disse à agência Lusa o presidente da Associação do Turismo de Habitação (TURIHAB), Francisco de Calheiros. “Achamos que o turismo de habitação e rural vai ser um produto de exceção e de excelência, digamos assim. Há já o interesse, já há quem esteja a fazer estas marcações e provavelmente vão ser os alojamentos mais procurados”, considerou o presidente da TURIHAB.
Para Francisco de Calheiros, as razões são “óbvias”: as casas no meio rural estão mais isoladas, o que pode também atrair quem mora na cidade, não é turismo de massas, a capacidade para receber turistas é relativamente mais reduzida e os espaços são de maiores dimensões, tornando-os apropriados para férias em família. “Os nossos operadores já começam a sentir que há um interesse grande”, adiantou Francisco de Calheiros.
Apesar de reconhecer que a condição de ruralidade pode ser favorável, o presidente da Federação Portuguesa de Turismo Rural (FPTR), Cândido Mendes, teme que o mercado interno não seja suficiente para garantir as receitas necessárias.
Neste momento, adiantou, existe um aumento “tímido” da procura por casas rurais para pequenas famílias. “A sazonalidade no turismo rural é muitíssimo grande. De um modo geral as empresas amealham no Verão, para depois fazerem face às despesas no Inverno. As regiões turísticas do país estão todas a apostar no mercado interno, porque não há outro, mas o mercado interno não é elástico e vai diminuir, porque muitas famílias tiveram perda de rendimentos e, portanto, o mercado interno não é suficiente”, alertou aquele responsável.
Se as casas rurais estão a ser alvo de interesse, já em relação aos hotéis rurais, o panorama é mais desanimador, admite Cândido Mendes. “As pessoas têm receio de viajar para locais mais massificados, portanto, de facto, sermos rurais é uma situação que, neste momento, joga a nosso favor, mas o que se nota, e é transversal a todo o país, é que não há procura por hotéis rurais”, lamentou.
Segundo a FPTR, praticamente todas as empresas de hotéis rurais aderiram ao selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, estão neste momento a fazer investimentos avultados para aumentar a segurança de clientes e colaboradores e reabrirem em Junho, porém “o mercado não está a reagir”.
A Associação de Hotéis Rurais de Portugal (AHRP), da qual Cândido Mendes também faz parte, já enviou uma carta ao Turismo de Portugal e à tutela a dar conta das suas preocupações e a pedir a aplicação de medidas específicas para o setor, como o alargamento do ‘lay-off’ aos meses de Inverno, uma medida a que quase todos os empresários do ramo aderiram, e a melhoria das condições de apoio para manutenção dos postos de trabalho. “Se nada for feito por este setor, vamos sofrer um retrocesso enormíssimo, que vai provocar muitos danos nas economias locais. Vai ser uma catástrofe completa”, avisou Cândido Mendes.
Também Francisco de Calheiros, da TURIHAB, considerou que não tem sido dada a devida atenção a este segmento de turismo, por parte das entidades oficiais e tutela. “Houve uma concentração em alojamentos locais, que é uma moda e um tipo de alojamento que agora também está em dificuldades. Desprezou-se em grande parte esta modalidade de turismo, que tem a ver com o património, com a cultura, com a tradição e com a gastronomia”, considerou.

No webinar As florestas e a crise que vivemos: um olhar para além da pandemia”
Setor florestal mantém atividade e diz ser “estratégico” para a retoma
O setor florestal português registou “algum abrandamento” nas atividades de gestão e industriais devido à pandemia, mas as cadeias logísticas e de abastecimento mantiveram-se asseguradas e a fileira garante ser “estratégica” para a recuperação económica do país. “Os trabalhos de prestação de serviços e atividades de gestão florestal, na sua generalidade, correram numa situação de quase normalidade. Houve necessidade de nos adaptarmos à nova legislação e as indústrias da fileira foram afetadas de diferentes formas e intensidades, mas não houve notícias tão bombásticas como noutros setores”, afirmou o presidente da direção do Centro Pinus, João Gonçalves, num `webinar` (seminário `online`) organizado pela consultora Agroges sob o tema “As florestas e a crise que vivemos: um olhar para além da pandemia”.
Também Luís Veiga Martins, diretor-geral da Celpa - Associação da Indústria Papeleira, disse terem sido mantidas durante este período “as atividades mais ou menos normais de gestão florestal”: “Naturalmente com alguns ajustamentos dos planos de exploração, mas tentou-se que as atividades continuassem com o mínimo de distorção”, sustentou.
Já o presidente da direção da Filcork - Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça, João Rui Ferreira, admitiu “algum abrandamento das atividades de gestão” florestal, em linha com o registado no resto da Europa, mas assegurou que “nestes dois meses houve a grande preocupação de manter todas as cadeias logísticas e de abastecimento em funcionamento”.
No que se refere à área industrial, o impacto das restrições impostas para evitar a disseminação do surto de covid-19 foram mais sentidas em alguns setores, como o da serração e dos aglomerados de pinho, enquanto noutros a situação foi até geradora de negócio acrescido. “Na serração houve uma redução com algum significado devido à paragem da construção. Na área da trituração para mobiliário, em que o Ikea é grande consumidor na Europa e fechou as lojas todas, os aglomerados e painéis viram as encomendas reduzidas e alguns dos nossos associados tiveram que entrar em `lay-off`, com pelo menos 40% da atividade afetada, o que é um impacto grande”, afirmou o diretor do Centro Pinus.
Pelo contrário, acrescentou, em áreas industriais como a resina e a embalagem, a crise sanitária abriu até algumas oportunidades: “Os nossos associados de resina não imaginaram que aguarrás disparasse tanto de preço, porque é muito usada em produtos de limpeza, e na indústria de embalagem e de paletes houve um aumento de procura, sobretudo no início da crise, porque as famílias quiseram repor `stocks` e as embalagens de madeira e cartão foram muito requisitadas”, notou.
Na fileira do sobro, onde o mercado vitivinícola assume particular importância para as vendas de rolhas de cortiça, o diretor da Filcork destacou a importância, do ponto de vista industrial, de “manter todas as cadeias de abastecimento aberto”. “Como a indústria vinícola foi considerada prioritária em todos os países que são os nossos principais destinos de exportação, a indústria vinícola manteve a atividade, nomeadamente nas adegas, e nós tivemos a responsabilidade de manter o abastecimento dos nossos clientes”, disse João Rui Ferreira.
Recordando a “muita preocupação sentida nas primeiras duas semanas [da crise sanitária] com a introdução de planos de contingência, para que não houvesse propagação do vírus dentro das empresas”, o responsável considera que “o impacto económico [da pandemia] ainda não foi sentido” na fileira, que registou “até Março um nível de exportações muito estável” e manteve uma atividade industrial “muito

regular, apenas com casos muito pontuais de curtos encerramentos”.
“Evidentemente que o impacto no turismo e restauração vai refletir-se no consumo de vinho, mas temos que tornar este desafio uma oportunidade”, sustentou o diretor da Filcork, salientando a ainda “muita incerteza” existente, nomeadamente em torno de “quanto é que o retalho vai conseguir substituir o consumo que se fazia no [canal] Horeca [hotelaria, restauração e cafetaria], tanto em volume como em valor”.
De acordo com João Rui Ferreira, a atual “grande preocupação” da fileira é “garantir que a campanha de extração da cortiça -- que arranca em meados de Maio e prossegue até Agosto - decorre com normalidade”, de forma a assegurar um ano 2021 de bons resultados para o setor, em que Portugal é líder mundial. “Qualquer disrupção que haja na fileira poderia impactar a atividade económica do próximo ano e pôr-nos em competição com produtos alternativos, portanto é muito importante que tudo corra o mais próximo possível da normalidade”, sustentou.
Já para o diretor-geral da Celpa, representativa da fileira do eucalipto, as preocupações passam pela “sustentabilidade dos fornecedores ao longo da cadeia de valor” e por uma eventual “segunda vaga da doença durante a época dos fogos rurais”: “A base [do setor] é frágil, é um tecido económico de PME [pequenas e médias empresas] que, caso encerrem, será difícil antecipar a sua renovação”, admitiu.
Para Luís Veiga Martins, “o que esta crise veio demonstrar é que é necessário que os países tenham capacidade de autoabastecimento e de, através dos agentes económicos locais, terem indústrias fortes que possam puxar pela economia do país”, sendo sua convicção que “o setor florestal vai ter um peso enorme no relançamento económico do país”.
Uma opinião partilhada pela Filcork, cujo presidente da direção acredita que “muito do que é fundamental fazer nas fileiras [da floresta] já o era no pré-covid” e que as redobradas preocupações ambientais e com a sustentabilidade decorrentes da crise abrem ao setor “uma oportunidade única para ocupar o território de outros produtos” menos amigos do ambiente.


Mação, Sertã, Vila de Rei, Oleiros e Proença-a-Nova
Governo alarga a cinco municípios projetos-piloto de transformação da paisagem
O Governo alargou a implementação do Plano Integrado de Transformação Territorial (PITT) a cinco municípios, com o objetivo de recuperar a área ardida e ativar a gestão agroflorestal. “O Programa de Transformação da Paisagem vai estender-se a cinco municípios, sendo eles Mação (Santarém), Sertã, Vila de Rei, Oleiros e Proença-a-Nova (Castelo Branco)”, adiantou o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território.
Segundo João Paulo Catarino, os municípios “vão contar com apoios para 20 anos para implementar e desenvolver estes projetos em áreas indicativas iniciais de mil hectares, e que visam criar uma nova paisagem no mundo rural, criando mosaicos e reintroduzindo a agricultura nalguns locais, privilegiando a biológica, de modo a compartimentar a floresta e melhor defendê-la e proteger dos incêndios”.
A apresentação decorreu na Sertã, no âmbito da reunião do grupo de trabalho criado em 2019 com a missão de elaborar um plano integrado de transformação territorial para a recuperação da área ardida e a ativação da gestão agroflorestal, grupo coordenado pelo secretário de Estado. Inicialmente, o plano contemplava apenas os concelhos de Mação, Sertã e Vila de Rei.
“A integração de Oleiros e Proença-a-Nova surgiu por sugestão dos municípios inicialmente envolvidos e por estarem todos ligados territorialmente e terem características comuns em termos de área florestal, paisagem e população”, notou o governante.
Mil hectares é o “número indicativo de intervenção por município, numa área ou mais”, sendo que as áreas piloto e este projeto vão ser coordenados através de entidades gestoras constituídas ou a constituir para o efeito, como as unidades de gestão florestal ou as entidades gestoras de zonas de intervenção florestal, podendo englobar proprietários, municípios, associação de produtores e agricultores, entre outros. “No imediato, e com um horizonte temporal estimado em três meses, que pode atrasar mediante condicionalismos que possam surgir pelo estado de pandemia que vivemos, as autarquias, com acompanhamento da Direção-Geral do Território (DGT) e do ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e Florestas], vão começar o processo de delimitação das áreas de intervenção, identificar os respetivos proprietários e iniciar um processo de cadastro simplificado, a par do início de processo de candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, aos fundos de apoio para a floresta”, disse João Paulo Catarino. Segundo o secretário de Estado, “o processo de identificação dos proprietários é uma questão nuclear, que vai começar pelas áreas de intervenção destas zonas piloto, uma vez que, dos cinco municípios, apenas o concelho de Mação tem cadastro geométrico da propriedade rústica neste momento”.
Os municípios que integram o PITT “poderão desde já avançar com os projetos piloto recorrendo a fundos que serão alocados através de candidaturas a diversas linhas de financiamento, no âmbito do Fundo Ambiental, Fundo Florestal Permanente e PDR 2020, com apoios que variam entre os 85% e os 100%, dependendo das ações e do fundo que a financia”.
As candidaturas a apresentar, numa primeira fase, segundo o projeto hoje apresentado, serão para instalação de folhosas, regeneração de pinheiro bravo, instalação de novos povoamentos, beneficiação de sistemas agroflorestais,
controlo de agentes bióticos, criação de novas empresas e contratação de recursos humanos qualificados, entre outras.
De acordo com o secretário de Estado, numa segunda fase, “dentro de nove meses, será dado a conhecer pelo ICNF um estudo aberto hoje para os cinco municípios, que visa fazer um diagnóstico da região e aferir de capacidades e potencialidades do território”.
O governante adiantou que o Programa de Transformação da Paisagem “dá continuidade à reforma florestal iniciada na anterior legislatura e constitui-se como um programa de intervenção integrada em territórios vulneráveis, através da alteração nos modelos de ocupação e gestão dos solos e da sua valorização, tornando- -os mais resilientes ao risco de incêndio”.
Segundo João Paulo Catarino, este plano “faz parte das 20 unidades homogéneas que correspondem aos territórios potenciais para delimitação das áreas a sujeitar a Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem que o Governo irá aprovar ainda este mês”, destinados a “promover o desenho da paisagem como referencial de uma nova economia dos territórios rurais, que promova uma floresta multifuncional, biodiversa e resiliente, mais rentável, com mais capacidade de sequestro de carbono e capaz de produzir e consumir melhores serviços a partir dos ecossistemas”.


Para ajudar a gerir a escassez e as secas


Parlamento Europeu aprova novas regras para reutilização da água na irrigação agrícola
Garante o Ministro do Ambiente
Leis sobre limpeza de terrenos são para cumprir
São para cumprir as leis sobre a limpeza de terrenos, no âmbito das medidas de prevenção de incêndios rurais, garantiu o ministro do Ambiente e da Ação Climática. Ouvido na Comissão de Agricultura e Mar, e perante perguntas sobre se, devido à atual pandemia de covid-19, podiam ser suspensas as multas para quem não limpa os terrenos, João Pedro Matos Fernandes afirmou que “o Governo não pondera suspender as coimas”, porque “há responsabilidades que não podem ser aligeiradas”.
“N ão queremos ler ´ardeu porque o Governo suspendeu as multas´”, disse João Pedro Matos Fernandes, salientando a importância, como disse várias vezes nas suas intervenções perante os deputados, que é “fundamental transformar a paisagem”.
No início do mês o Governo anunciou que era prorrogado até 31 de Maio, devido à covid-19, o prazo para os proprietários limparem os terrenos, e que até 30 de Junho os municípios garantem a realização de todos os trabalhos de gestão de combustível, devendo substituir-se aos proprietários e outros produtores florestais em incumprimento.
Os eurodeputados aprovaram novas medidas, já acordadas com os governos nacionais, para facilitar a reutilização da água na irrigação agrícola e ajudar a gerir a escassez de água e as secas.
Oregulamento aprovado pelo Parlamento Europeu (PE) estabelece requisitos mínimos para a reutilização das águas residuais urbanas tratadas, visando garantir um abastecimento alternativo de água fiável. Estes requisitos dizem sobretudo respeito à qualidade da água e à respetiva monitorização.
A reutilização de águas residuais devidamente tratadas, provenientes por exemplo de estações de tratamento de águas residuais urbanas, é considerada como tendo um menor impacto ambiental do que outros métodos alternativos de abastecimento de água, tais como os transvases ou a dessalinização. Contudo, esta reutilização, que poderá reduzir os desperdícios e permitir a poupança de água, é ainda praticada de forma limitada na UE.
Embora a escassez de água seja mais crítica no Sul da Europa, o problema não está circunscrito apenas a esta região. Desde 1976, quase todos os Estados-Membros registaram períodos de seca e muitos enfrentam atualmente problemas frequentes de escassez de água, bem como uma exploração excessiva dos aquíferos.
Assegurar quantidades de água suficientes para a irrigação dos campos, em especial durante vagas de calor e secas extremas, pode também ajudar a prevenir a quebra de produção das colheitas e a escassez de alimentos.
A escassez de água afeta pelo menos 11% da população europeia e 17% do território da UE. Atualmente, apenas alguns Estados-Membros, como Portugal, preveem requisitos aplicáveis à reutilização da água na legislação ou em normas nacionais não regulamentares.

Uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Investigadores utilizam resíduos do fruto da nogueira para o combate a nemátodes parasitas de plantas
www.gazetarural.com 31
Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) e do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) descobriu uma forma de valorizar os resíduos resultantes do processamento do fruto da nogueira, que atualmente não têm qualquer aproveitamento, através da extração de compostos com efeito “nematodicida”, isto é, para o controlo de nemátodes parasitas de plantas que afetam uma ampla gama de espécies economicamente importantes, causando elevadas perdas ao nível da produção (qualidade e quantidade).
Estes novos nematodicidas de origem natural resultam de uma colaboração iniciada há cerca de uma década pelos investigadores Hermínio de Sousa (Departamento de Engenharia Química) e Isabel Abrantes (Departamento de Ciências da Vida), com o objetivo de reutilizar e valorizar resíduos provenientes da indústria agroalimentar através da extração de compostos para posterior utilização em diferentes fins e aplicações.
Nesta procura, os investigadores identificaram dois compostos pertencentes ao grupo das naftoquinonas, que viriam a revelar- -se “bionematodicidas” eficazes no combate a nemátodes parasitas de plantas. Os nemátodes parasitas de plantas, com ênfase nos nemátodes das galhas radiculares (Meloidogyne spp.), assim designados por induzirem a formação de galhas no sistema radicular de diversas plantas, são uma das maiores ameaças à produção agrícola em todo o mundo. Estima-se que todos os anos estes nemátodes causem perdas de culturas, a nível mundial, de cerca de 5%, o que constitui um obstáculo à produção agrícola.
As naftoquinonas “são peculiares porque são responsáveis pelo aroma intenso do fruto da nogueira ou da própria árvore. Ao analisar as moléculas das naftoquinonas, verificou-se que estas poderiam funcionar como pesticidas de origem natural por terem semelhanças químicas com moléculas comerciais. Após otimização dos processos de extração, obtivemos um extrato enriquecido em dois compostos: 1,4-naftoquinona e juglona”, relatam Carla Maleita e Mara Braga, investigadoras no projeto.
Analisado o extrato obtido, seguiram-se vários testes para verificar a sua eficácia como nematodicida. Os resultados foram muito positivos, revelam as investigadoras da FCTUC, considerando que “os compostos ativos identificados no extrato foram testados diretamente em dois tipos de nemátodes fitoparasitas que afetam as culturas do tomateiro e da batateira, nemátodes das galhas radiculares e das lesões radiculares. Ao fim de 72 horas, um dos compostos tinha eliminado mais de 40% dos nemátodes, sem afetar os organismos não alvo do solo e as plantas”.
Além de permitir a valorização dos resíduos do fruto da nogueira, como fontes renováveis de produtos à base de naftoquinonas, este estudo contribui igualmente para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável e amiga do ambiente, constituindo uma alternativa à aplicação de nematodicidas sintéticos, que apresentam elevados impactos na saúde humana e no ambiente.
As investigadoras notam que “os resíduos do fruto da nogueira, que apresentam alguma toxicidade, são normalmente colocados em aterros o que pode originar uma grande concentração de naftoquinonas no solo e, eventualmente, a contaminação dos cursos de água ou dos lençóis freáticos”.
Embora ainda seja necessário realizar mais alguns ensaios laboratoriais e no campo, a equipa acredita que, a médio prazo, estes extratos possam vir a integrar produtos nematodicidas comerciais “desde que a indústria mostre interesse. Temos vários indicadores de que é possível ter um produto desta natureza e com esta capacidade nematodicida no mercado, uma vez que os extratos desenvolvidos revelaram ser uma alternativa eficaz aos nematodicidas sintéticos”, concluem Carla Maleita e Mara Braga.
Um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Investigadores estudam papel de Garranos na prevenção de incêndios florestais
o Inverno de 2019 e onde estão os garranos em pastoreio, outra, que foi também submetida a um fogo de Inverno e, uma última, sem qualquer intervenção, constituindo a parcela de controlo.
Esta área encontrava-se “bastante vulnerável a incêndios e sem qualquer valor para o pastoreio”. Com a utilização do fogo controlado, verificou-se uma “rápida recuperação da vegetação, surgindo novas espécies herbáceas e um rejuvenescimento dos matos pré-existentes”, acrescenta a responsável do projeto na UTAD.
São também parceiros deste projeto, o Instituto Politécnico de Bragança, a Universidade de Santiago de Compostela, a Universitat Autònoma de Barcelo a, a Fundació d’Ecologia del Foc i Gestió d’Incendis Pau Costa Alcubierre, a Agencia Estatal Consejo Superior de Investigaciones Cientifica, o Instituto Navarro de Tecnologías e Infraestructuras Agroalimentarias, a Chambre d’agriculture des Pyrénées Atlantiques, a Société d’élevage des Pyrénées Orientales, o Centre National de la Recherche Scientifique, a Junta de Andalucía, e a Fundación Centro Tecnolóxico da Carne.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a participar no projeto europeu Open2preserve, que visa desenvolver um modelo de gestão sustentável a fim de permitir a redução de risco de incêndio, garantir a preservação dos serviços dos ecossistemas e a qualidade ecológica dos espaços abertos de montanha de elevado valor ambiental.
Este projeto apoiado pelo Interreg-Sudoe, é liderado pela Universidade Pública de Navarra e conta com um financiamento de cerca de 1.700.000€. No caso concreto do estudo que está a ser desenvolvido pela UTAD, pretende-se conjugar a utilização do fogo controlado com o pastoreio de cavalos de raça Garrana, respetivamente na limpeza e manutenção das áreas de matos. A raça Garrana é uma raça autóctone de equídeos portugueses, característicos do Minho.
“Trata-se de um projeto inovador que utiliza Garranos na gestão do espaço florestal e, consequentemente na prevenção de incêndios, visando igualmente implementar uma estratégia sustentável do ponto de vista socioeconómico. Pretende-se também desenvolver a valorização da raça Garrana através de estratégias que passam pela implementação de produtos turísticos que consistem na observação de cavalos em estado semi-selvagem”, afirma Filipa Torres- -Manso, responsável pelo projeto na UTAD.
Este ensaio está decorrer numa área de baldio no Vale da Campeã, concelho de Vila Real, sítio Rede Natura 2000 ”Alvão-Marão” e colaboram os investigadores do CETRAD e do CITAB, Filipa Torres-Manso, Luís Ferreira, Ana Marta-Costa, Paulo Fernandes e Rui Pinto. Dentro da área total de 11 hectares, implementaram-se três parcelas, numa das quais foi realizado fogo controlado durante
