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02 Opinião

BAGÉ, 18, 19, 20, 21 E 22 DE FEVEREIRO DE 2023

Ronald Rolim de Moura

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Terremotos

As catástrofes naturais, como os terremotos, ocorrem em todo planeta Terra com bastante frequência e sempre questionamos se com o avanço tecnológicos atuais não é possível prever-se situações assim. Os cientistas afirmam que, infelizmente, a ocorrência dos terremotos não pode ser prevista. Por dificuldades diversas, todos os avanços tecnológicos estão concentrados no monitoramento de terremotos, e não nas previsões de quando vão ocorrer. O que se pode fazer é construir edificações adequadas para absorver os tremores sem ruírem, e assim, evitar a perda de vidas e bens.

Terremotos são gerados pela liberação de grande quantidade de energia acumulada pela colisão entre as placas tectônicas (massas gigantescas que envolvem os continentes) que formam a crosta terrestre. Estas estão flutuando sobre uma espécie de oceano de magma viscoso, onde os movimentos são muito lentos e frequentemente essas placas colidem fazendo pressão uma contra a outra e este fenômeno cria os terremotos.

Em geral, em alguns países, a destruição e morte é maior do que em outros, quando os prédios entram em colapso por conta de abalos sísmicos, pelo simples fato de não terem sido bem construídos. O uso de materiais de baixa qualidade, de mão-de-obra pouco qualificada, ausência de engenharia antissísmica e fundações inadequadas deixam as edificações suscetíveis a caírem durante e após um terremoto.

Para que uma edificação atenda sua durabilidade planejada, uma série de detalhes devem ser pensados e calculados. Os arquitetos e engenheiros precisam desenvolver e aperfeiçoar os diferentes modos de construir, que levem a prevenir e minimizar os impactos quando ocorrer fenômenos da natureza como os terremotos, principalmente

José Carlos Teixeira Giorgis

www.jornalminuano.com.br em áreas urbanas.

Para evitar prejuízos materiais e mortes, algumas medidas preventivas devem ser implementadas, como por exemplo: buscar entender a geografia local; usar toda tecnologia antissísmica disponível; evitar construir em locais suscetíveis a deslizamentos; adequar antigas construções, como escolas e hospitais; projetar, construir e realizar manutenção em edifícios com toda tecnologia antissísmica atual.

Algumas construções antissísmicas envolvem o uso de molas ou amortecedores eletrônicos. Os amortecedores nas fundações dão estabilidade à estrutura da edificação e podem ser controlados à distância. As molas são usadas debaixo das casas e prédios menores, pois possuem a mesma tecnologia e funcionalidade dos amortecedores. Outra tecnologia é o uso de paredes super-resistentes denominadas de Shear Walls, que resulta na construção de paredes bem elaboradas e grossas, sendo projetadas para ficarem em lugares estratégicos da edificação.

Tem-se também a construção modular que é um processo construtivo onde se utiliza painéis modulares como estrutura principal, pois são flexíveis e ajudam tanto na hora do impacto, quanto depois dele, pois, se necessário, sua remontagem e reintegração a edificação abalada é mais econômica e rápida.

Alguns países possuem boas técnicas para minimizar terremotos. No Chile, a mais utilizada é a de reforçar a estrutura dos prédios com paredes superresistentes, as chamadas shear walls. No Japão, que é considerado o país mais bem preparado para terremotos, os prédios são concebidos como um elemento dinâmico, nos quais são instalados amortecedores eletrônicos na fundação.

O levante dos bichos

O problema do leitor acostumado a demolir bibliotecas acontece, passados anos, quando sente vontade de reler uma obra que envelhece na estante. Dúvida atroz, obedecer aos recomendados ou reabrir o clássico de que não se recorda? Isso aconteceu, mas em aeroporto, onde sou abalroado pela capa de “A Fazenda dos Animais” – também “Revolução dos Bichos”- de George Orwell, que me encantara há quase 50 anos.

Pensei comigo: o voo leva duas horas, porque não comprá-lo? Sim, comprei-o, outro tradutor, gostara do enredo. Depois da reza e quando o avião passou os dez mil pés, enquanto a maioria abria celulares e tabletes, alguns recostavam bocejando, o “Senhor Jones, da Fazenda Herdade, tinha trancado os galinheiros à noite, mas estava bêbado demais para lembrar-se de também fechar as portinholas”. E passei a sentir a mesma reação que os leitores de 1945. Espanto. Estranheza. Admiração. Tantos anos e a publicação continua desconcertante, intertextual e polimorfa, dizem os cultos, pois cuida sobre a existência e limitações humanas. “O homem, diz Orwell, é a única criatura que consome sem produzir. Ele não dá leite, não deposita ovos, é fraco para puxar o arado e lento para pegar os coelhos. Ele os coloca para trabalhar, ele dá a eles apenas o mínimo, de modo a evitar que passem fome, o restante ele mantém para si”.

Espanto. Estranheza. Admiração. Tantos anos e a publicação continua desconcertante, intertextual e polimorfa, dizem os cultos, pois cuida sobre a existência e limitações humanas.

Na fazenda, as personagens são os porcos, ovelhas, cavalos, vacas, galinhas. Ou seja, metáforas daqueles animais, de personalidades, de governantes. Domina o entendimento que ali há uma censura ao totalitarismo e ao movimento comunista que eclodira em 1917. Identificam-se alguns pela conduta, os porcos (Marx/Lenin), Napoleão (Stalin), Bola de Neve (Trotsky); as ovelhas, a massa ignara; os cavalos que só laboram com anteolhos (trabalhador explorado); as galinhas (o povo sem rumo); o burro empacado (o mundo); os cães (os seguidores fiéis e cegos), etc.

Desta “fábula satírica” resultou um mandamento fundamental: “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”. Ou o dito de Bola de Neve: “Quatro patas, bom; duas patas, ruim”. Assim como em “1984”, Orwell continua atual.

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