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Expressa juventude: identidades e narrativas plurais

Coordenadora: Vanessa Gomes de Castro Discentes bolsistas: Amanda Saúde Pereira e Lucineide Pereira dos Santos Colaboradora: Lillian Gonçalves de Melo

Autora do relato de extensão:

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Vanessa Gomes de Castro Campus: Araçuaí Público-alvo: Juventude interna e externa ao IFNMG/Araçuaí Período: 01/08/2021 a 12/12/2021

Projeto Expressa juventude: identidades e narrativas plurais

O “Expressa juventude: identidades e narrativas plurais” permitiu o diálogo entre jovens internos e externos ao IFNMG/Araçuaí, por meio da realização de rodas de conversa e oficinas de comunicação audiovisual e escrita, abordando temas como pertencimento étnico-racial, direitos humanos, equidade e respeito à diversidade.

Oficina de Grafismos Indígenas.

Entre os meses de agosto a dezembro de 2021, foi desenvolvido o projeto de extensão “Expressa juventude: identidades e narrativas plurais”. O projeto teve, como objetivo geral, a realização de rodas de conversa e oficinas de comunicação audiovisual e escrita, por meio de vídeo, fotografia, rádio, fanzine e grafismos, abordando temas como pertencimento étnico-racial, direitos humanos, equidade e respeito à diversidade. Esse projeto foi realizado no âmbito no Núcleo de Estudos,

Pesquisas e Extensão Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI/IFNMG/

Araçuaí) e teve anuência expressa da comunidade e o apoio da Coquivale – Comissão das Comunidades

Quilombolas do Vale do Jequitinhonha. O projeto foi desenvolvido no

IFNMG/Campus Araçuaí e contou com a participação de duas professoras e duas alunas bolsistas.

Assim, foram realizadas cinco atividades no âmbito do projeto. A primeira foi uma oficina de “Grafismos Indígenas’’, conduzida por Tita

Maxakali, que é cacique dos Canoeiros Maxakali. Essa oficina abordou pontos como: 1) O que é grafismo indígena; 2) O que o grafismo representa para os povos indígenas; 3) Exemplos de grafismos de alguns dos mais de 300 povos indígenas do Brasil; 4) Tintas e utensílios utilizados para fazer os grafismos. Essa oficina aconteceu no dia 11 de setembro de 2021 e contou com a participação de 29 pessoas, entre alunos do IFNMG e comunidade externa. Destaca-se que essa atividade foi muito importante, uma vez que a região conta com várias aldeias e diversas etnias, e o IFNMG recebe muitos alunos indígenas. Logo, torna-se importante fortalecer os povos indígenas, suas culturas e suas lutas, sendo necessários mais espaços de visibilidade dentro da instituição, acolhimento aos estudantes e diálogo com a comunidade interna e externa.

A segunda oficina e roda de conversa desse projeto de extensão aconteceram no dia 2 de outubro de 2021. O tema foi “Podcast’’ e contou com a participação de 20 pessoas, entre alunos do IFNMG e comunidade. A proposta da oficina foi proporcionar um contato inicial com o mundo dos podcasts, um produto de comunicação que tem feito bastante sucesso nos últimos anos, especialmente entre as gerações mais jovens. O podcast é um conteúdo em áudio, disponibilizado por um arquivo ou streaming. Conta com a vantagem de ser produzido e executado sob demanda, ou seja, quando a pessoa quiser e sobre o tema que preferir. Os temas de um podcast são muito amplos: cinema, literatura, política, games, religião, humor, música, esporte, etc. Ressalta-se que esse tipo de oficina pode ser interessante para a juventude, uma vez que o IFNMG conta com diversas iniciativas de produção de podcast, várias envolvendo os próprios alunos. Essa oficina foi ministrada por Bruno Vieira, que é jornalista, com formação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Psicologia, também pela UFMG.

No dia 23 de outubro de 2021, aconteceram a terceira oficina e roda de conversa deste projeto de extensão. O tema foi “A arte da Fotografia” e contou com a participação de 40 pessoas, entre alunos do IFNMG e comunidade. Os alunos e professores da Escola Estadual Industrial São José, do município de Araçuaí, foram os convidados especiais para essa oficina, que foi ministrada pelo pro-

Banners de divulgação das atividades do projeto.

fessor Ernani Calazans – artista plástico, mestre em Artes pela UFMG, pesquisador da cultura e costumes do Vale do Jequitinhonha, fotógrafo e professor titular de Arte no IFNMG/ Campus Araçuaí. Pontua-se que essa atividade proporcionou maior diálogo com a comunidade externa, sobretudo, com outra instituição pública de ensino, mostrando a importância dos projetos de extensão.

No dia 4 de dezembro de 2021, houve a quarta oficina e roda de conversa . A oficina contou com a participação de 20 pessoas, entre alunos do IFNMG e comunidade. O tema foi “Fazedores de arte: literatura e produção artesanal no Vale do Jequitinhonha”. Foi ministrada por Herena Barcelos, que é nutricionista, mestranda em Estudos Rurais, agente cultural, sertaneja de Itinga, no semiárido mineiro e escritora. Durante a oficina, Herena apresentou um conteúdo riquíssimo sobre a produção de livros artesanais no Vale do Jequitinhonha, deu várias dicas sobre materiais reutilizáveis e ensinou a fazer dobraduras, mostrando as várias possibilidades de confecção artesanal de livros.

No dia 15 de dezembro de 2021, deu-se a última atividade desse projeto de extensão, que consistiu em uma roda de conversa organizada e conduzida, brilhantemente, por duas discentes e bolsistas do projeto: Amanda Saúde Pereira e Lucineide Pereira dos Santos, que está cursando o 2° período do Curso Superior de Administração no IFNMG/Campus Araçuaí. Amanda é moradora da Comunidade Quilombola Santo Isidoro; já Lucineide é moradora da Comunidade Quilombola de Lagoinha. O tema desta roda de conversa foi: “Os efeitos do racismo na autoestima da mulher negra”. Ressalta-se que essa atividade foi importante e necessária, contando com a participação de várias mulheres negras, alunas e não alunas do instituto, que se sentiram tocadas por essa pauta, reforçando a importância das ações antirracistas, da representatividade e de espaços para o diálogo e acolhimento.

Assim, foram realizadas oficinas e rodas de conversa em âmbito remoto, voltadas às juventudes, visando abordar temas atuais e pertinentes. Observa-se que mobilizar as juventudes não é tarefa fácil, porém é importante e necessário. De acordo com a discente Amanda Saúde Pereira, participar deste projeto foi uma experiência muito satisfatória, pois foram debatidos vários temas de extrema relevância acerca da

Oficina A Arte da Fotografia.

Oficina de Podcast.

Conversa: “Os efeitos do racismo na autoestima da mulher negra”.

história dos grafismos, podcast, literatura artesanal, entre outros. Nas palavras de Amanda: “participar das oficinas me proporcionou conhecimentos que levarei por toda a vida, além de me ajudar a quebrar um enorme paradigma ligado à comunicação social por meio das plataformas digitais”.

Já a discente Lucineide Pereira dos Santos ressalta que participar do projeto foi uma experiência incrível. De acordo com Lucineide: “A cada oficina realizada, pude conhecer e aprender conteúdos de grande importância, em um viés relacionado a causas sociais e contemporâneas. O projeto possui inúmeros pontos positivos, principalmente na perspectiva voltada para a mobilização dos jovens em busca da valorização da diversidade e aprimoramento da noção de identidade. Ficar responsável pela organização da última oficina se mostrou como um desafio em primeira instância. No entanto, no decorrer do desenvolvimento da atividade, foram superados obstáculos e finalizamos com chave de ouro. Que venham mais oportunidades como essa, para juntos fazermos a diferença e lutarmos por uma sociedade justa”.

Para a professora Lillian Gonçalves de Melo: “O projeto de extensão Expressa Juventude: identidades e narrativas plurais foi uma experiência muito exitosa por meio de oficinas/ roda de conversa, que possibilitaram interagir com saberes e identidades plurais. Na oficina de grafismo, aprendi sobre a cultura indígena; na de podcast, o foco foi a comunicação virtual, tão importante neste período de isolamento social; a oficina de fotografia mostrou o quanto há detalhes da vida e dos objetos que podemos registrar e partilhar; na de literatura, o foco foi o fazer literário como representação da própria existência humana; e, por fim, a roda de conversa sobre os efeitos do racismo na autoestima da mulher negra mostrou a violência, ainda existente no contexto hodierno e a força da mulher negra em não aceitar mais essa condição. Durante todas as oficinas, foram vários os diálogos e, principalmente, reflexões impulsionadas pela juventude, enfatizando, ainda mais, a necessidade da promoção desses saberes. Espero que este projeto continue, pois é de suma importância, principalmente, pelo seu caráter formativo e reflexivo”.

Considerando todas as atividades do projeto, contabilizou-se a participação de, aproximadamente, 125 pessoas, entre alunos e comunidade, desde pessoas da região, pessoas de cidades mais distantes e, até mesmo, de outros estados – um ponto positivo de as atividades serem remotas. As oficinas e rodas de conversa foram conduzidas por convidados qualificados e conhecidos na região. Acredita-se que o projeto cumpriu suas metas e seus objetivos, de valorizar a juventude, a diversidade, a construção de narrativas pessoais e coletivas, o reconhecimento e a autoafirmação étnico-racial, utilizando recursos audiovisuais e plataformas digitais, estimulando a participação dos discentes e favorecendo o engajamento extensionista no desenvolvimento de ações.

Foto das oficinas.

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