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OPINIÃO
from Jornal De Fato
eSPaÇo jornaLiSTa MarTinS de VaSConCeLoS
Organização: CLauder arCanjo
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FLáVia arruda
Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência flaviarruda71@gmail.com
– O que você faz da vida?
A mensagem estava na minha caixa de mensagens não lidas, no bate-papo do Instagram. A frase me soou meio irônica, talvez. Ou seria apenas o impacto sobre aquilo que nem nos apercebemos fazer, ou não, no cotidiano? Quem, nos dias de hoje, ainda faz esse tipo de pergunta e dessa forma?
Não sei explicar, ao certo, o susto que tomei ao me deparar com tal interrogação, só sei que aquilo remoeu meu juízo de tal forma que desencadeou vários desatinos. Seria, então, uma entrevista de emprego? Não.
Apenas respondi: – Eu a vivo! – Engasgada, escrevi secamente.
Não me esforçaria para dizer além do que foi escrito, já bastava a pergunta um tanto quanto inconveniente para surtar e mergulhar na esperança de que o diálogo se encerrasse ali mesmo (tendo em conta que foi o primeiro diálogo proferido pelo sujeito do outro lado).
Por essa eu não esperava: o que eu faço da vida? Pois bem, indaguei diante de um pouco de indignação; aí, pensei com meus botões: o que tenho feito da minha vida nesses últimos cinquenta anos? Ora bolas! Da minha vida cuido eu. Não sou obrigada a nada, nem a responder uma pergunta tão profunda para meu raso entendimento.
E daí se a gente vive de “inventar desculpas para enganar a morte” (frase do querido escritor Mário Gerson) e descamba nessa coisa meio escondida, forjando atos, negando os conflitos, jogando-se em precipícios.
E daí se formos transgressores, infiéis e livres? Afinal, a vida é “uma tragédia de pequenas proporções” (frase genial, roubada de um poema do querido escritor Theo Alves), cheia de cansaços e sombras, ingerida pelo caos das coisas vãs e efêmeras.
E daí se deixo a vida tomar conta de mim, enquanto estou debruçada na janela dos meus devaneios, buscando, no odor das horas, trajetos que me roubem risos e euforias coloridas? Sim, eu faço da vida o meu esporte favorito, a minha mais preciosa arte, o meu mais despretensioso poder, a minha mais nobre razão de existir. Enfim, sem a vida, seria impossível viver o amor, pois só por/para ele eu vivo.
O que eu faço da vida? Eu a uso todos os dias para entender qual o propósito de estar aqui, pois a vida é essa coisa de batalha em que lutamos cotidianamente nessas guerras internas e externas. Lutas que travamos dia após dia... vivendo-as! Não me esforçaria para dizer além do que foi escrito, já bastava a pergunta um tanto quanto inconveniente para surtar e mergulhar na esperança de que o diálogo se encerrasse ali mesmo


dI reçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereN te ad MINIS tra tIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.
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