OPINIÃO

eSPAÇo JornALISTA mArTInS de vASConCeLoS

Organização: CLAuder ArCAnJo

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vAndA mArIA JACInTo

escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com

Revendo os arquivos de fotos mais antigas, se depara com imagens de pessoas queridas que não mais habitam os espaços de outrora. Quantas lembranças de momentos felizes povoam sua mente e, ao mesmo tempo, deixam um ranço de tristeza quando percebe que não mais os verá...

Dias atípicos permearam, ultimamente, sua rotina. A pandemia fora o principal motivo de tantos afastamentos – não apenas dos compromissos sociais, mas, acima de tudo, dos próprios familiares, que devido às grandes distâncias e diante de tantos perigos, ficaram inviáveis as viagens aéreas. Quanta espera silenciosa!

Mentalmente, dá Graças a Deus por tudo ir voltando ao normal, pelo menos é assim que ela observa – embora ainda use a máscara. A insegurança e os medos apreendidos ficarão a enodoar por um bom tempo os seus hábitos.

Muitas perdas aconteceram: algumas causadas pelo famigerado vírus e outras tantas pela angústia da impotência, pelas tristezas, pelas comorbidades – palavra tão utilizada nesses tempos.

Perdida nas recordações se assusta com o som de novas mensagens que chegam pelo WhatsApp de uma de suas irmãs, perguntando se já está de malas prontas. “Quase” – é esta a sua resposta.

Passagens já compradas àquela altura do mês de setembro, e as malas ainda por arrumar... A admiração vinha de todos os lados; afinal, preparar coisas nos últimos momentos, não era de seu feitio. Porém o seu coração sabia os motivos.

Sempre fora afoita diante da perspectiva de uma possível viagem à casa dos seus pais. Começava a arrumar as malas com quase um mês de antecedência – para não correr o risco de esquecer algo importante. No entanto, naquele momento, não se sentia animada.

Rever os irmãos, cunhados, sobrinhos... enfim, isso, por si, já justificaria a alegria sempre sentida, contudo não se sentia assim.

Não teria o pai nem o seu irmão mais velho, para recebê-la. Em tão pouco tempo, ambos haviam partido, e ela nem pôde ir para o último adeus. Isso ainda doía muito! Como seria estar novamente nos espaços felizes de antes sem os dois?

Outra mensagem chegando. “Estamos ansiosos por sua chegada!”

Impossível não se desmanchar em lágrimas. Deixa-se ficar assim por um tempo – o suficiente para acalmar o coração. Resolve, então, começar a arrumação da bagagem. Quando se dá conta, já estava com as gavetas abertas, roupas espalhadas pela cama e rodeada de cabides. Quanto ao humor, este já estava bem melhor e sentia-se motivada para a viagem.

Enquanto relacionava as roupas e objetos pessoais que levaria, seguia idealizando sua reação com os irmãos. Agora, ela era a mais velha deles. Quanta responsabilidade!

Com certeza aproveitaria com sabedoria a temporada com os parentes e amigos. As emoções? Permearão os dias; afinal, elas são partes da nossa vida. Portanto, senti-las é um processo natural.

Quando percebeu, já estava fechando o zíper da mala. Caso encerrado? Não! Essa é a primeira das muitas arrumações até o dia da viagem.

Embora sabendo que passará a maior parte dos dias num ambiente bucólico, interiorano, tem o cuidado de levar roupas para todas as ocasiões e temperaturas. Sempre prevenida para qualquer situação.

Sem sombra de dúvidas, a temperatura de lá seria conferida todos os dias, até o famigerado dia do embarque!

Na presença do esposo faz um rápido checklist e, satisfeita, olha para a bagagem. Lembrou-se de colocar o tênis para possíveis caminhadas. Tarefa que decide deixar para o dia seguinte.

Dezoito horas. O tempo passou ligeiro! Afinal, o que iriam lanchar naquela noite? Mais enfrentamentos; porém, essa era tarefa mais amena que arrumar bagagem sem colocar nela tanta saudade!

dI reçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereN te ad MINIS tra tIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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