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OPINIÃO

eSPAÇo joRNAlISTA MARTINS de VASCoNCeloS

Organização: ClAudeR ARCANjo

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retOMaNdO cOStUMeS

VANdA MARIA jACINTo

escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com

Acordei assustada com o toque do despertador e, embora ainda escuro, percebi que os sons matinais já invadiam o quarto. Rapidamente, dei uma passada mental na agenda do dia, mas nada vi de excepcional. Decidi ficar mais um pouquinho na cama e lá me veio mais um ruído. O do chuveiro. Venho me dando o direito de sentir preguiça... ou será o desgaste dos anos vividos me levando a ela? Não sei. Acho que já estão enferrujando as minhas dobradiças...

Pensando assim, resolvi sair para uma caminhada. Nunca gostei de caminhar e, desde que comecei a praticar outras atividades, deixei-a de lado. Decidida, levantei-me e comecei os preparativos para o desjejum.

Logo após forrar o estômago, saímos – ele, para a academia; e eu, para a rua.

Já havia esquecido como é bom respirar o ar puro da manhã! Desde que meu companheiro adoecera, permaneci em casa, cuidando e me cuidando. Todavia, era chegada a hora de retomar costumes e a caminhada era um deles.

No percurso, fui detectando algumas reformas em andamento nas casas do entorno do condomínio. Acredito que, devido ao maior tempo que as pessoas passaram dentro de casa, de repente perceberam a necessidade de mudar a estrutura do lar, doce lar. Isso é muito bom!

Olhando mais para o chão que para os lados, continuei a minha caminhada, pois o piso é de calçamento e o risco de uma torção no pé é mais pra lá do que provável.

Assim que cheguei ao asfalto, pisei com firmeza. Agora sim podia prestar mais atenção aos transeuntes. Sim, porque, àquela hora, já estava fervilhando de caminhantes – diferente dos horários anteriores, os meus preferidos. Devido ao período de inverno, o sol – não sei se por preguiça – demora mais a dar as caras e, seguramente, resolve sair mais tarde. Contudo, me senti bem, de volta às passadas rápidas e sempre com o terço em punho. Gosto de fazer as minhas orações enquanto eu me exercito.

Encontrei vários amigos e, com cada um, tive que me explicar em relação à minha ausência.

Lembro-me de que, há tempos, quando comecei a caminhar, era sempre abordada por eles, convidando para me juntar ao grupo e, sempre agradecida, justificava que preferia rezar durante a atividade. Com o passar do tempo, entenderam. Porém, sempre fazemos festa quando nossos caminhos se cruzam, contamos as últimas novidades e, rapidamente, cada um segue o seu percurso.

O mato está cobrindo boa parte do asfalto, sem contar com o verde exuberante e a frondosidade das árvores. Lindas!

A passarada barulhenta se assusta com os meus passos. Com certeza, estas não são as mesmas aves dos tempos idos. Elas vão se renovando e ainda não me conhecem, por isso fogem, mas não sem antes me alegrarem com os seus cantos mil!

Os tetéus, como sempre, além de zuadentos não permitem a aproximação de humanos. Basta avistar gente, eles já alçam voos gorjeando.

Na última volta em torno da igreja, observo que as mangueiras já estão florindo, o que significa que, em breve, teremos mangas com fartura. Penso que, ao invés de se plantar nas praças árvores ornamentais, deviam trocá-las por frutíferas, como as mangueiras. Não aprecio o cheiro da sua floração, mas os frutos são suculentos e saborosos!

Pensativa, reconheci que a retomada do exercício foi uma boa pedida, no entanto preciso voltar. As demandas do dia me esperam. Mentalmente começo a enumerá-las.

Uma algazarra de casacas-decouro muda totalmente o meu foco. Meio que paralisada fiquei ali, embaixo da árvore, quietinha, observando o entra e sai do ninho. Será que estariam discutindo para ver quem levará os filhotes à caça?

Inesperadamente, saem todos numa revoada só. Ainda sem saber o motivo da confusão, retomo o caminho de volta.

Numa passada mais lenta, já vou elencando as tarefas da manhã. Pensando bem, a caminhada matinal ajuda a desopilar o fígado e nos prepara para o novo dia.

Que cheirinho bom de café coado… Tapioca combina com café! Será que tenho goma fresca em casa?

dI reçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereN te ad MINIS tra tIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

FILIADO À

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