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opinião

eSPAÇo JorNALISTA mArTINS de VASCoNCeLoS

organização: CLAuder ArCANJo

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deZeMBrO, O FIM QUe aNUNCIa O COMeçO

ÂNgeLA rodrIgueS gurgeL

Escritora e vice-presidente do ICoP angelargurgel@gmail.com

Li em algum lugar que o mês de dezembro chega sorrindo. Talvez seja verdade. Afinal ele traz, em sua bagagem, o anúncio de um novo ano e a esperança de um novo tempo. Também é verdade que dezembro é mês de muitas reflexões. Tempo de limpar gavetas. Acordar os sonhos. (Re)Organizar planos e metas. Sim, dezembro desperta nossas expectativas. Renova nosso ânimo.

De todos os meses, talvez seja ele o que mais nos faz acreditar “que agora vai dar certo”. Suas luzes enchem o ar de promessas e perspectivas. Dezembro transborda magia. Uma magia que transforma nossos medos em esperança. Ele chega irradiando alegria e, sem questionar, recarrega nossas energias e nos prepara para a travessia de mais um ano. Acho, e é puro achismo, que há um sentimento de exagero em dezembro, uma pressa que não se explica, um sentimento de renovação/ transformação que é, ao mesmo tempo, uma pausa em nosso relógio interior que o calendário não consegue registrar. Dezembro é o fim que chega anunciando o começo. Nele cabe todo o futuro.

E foi nesse mês, tão mágico e grandioso, que ele entrou em minha vida, trazendo ao mundo uma nova mãe. Deveria ter chegado em novembro, mas esperou um pouco mais e, no segundo dia do último mês do ano de mil novecentos e oitenta e oito, às quatorze horas e vinte minutos, ele chegou ao mundo. Nascia meu primeiro filho. O bebê mais lindo que meus olhos já viram. Aquele que me iniciaria no longo aprendizado de “ser mãe”. Que despertaria um amor, um sentimento de proteção que eu não sabia ser capaz de sentir. Que me apresentou a um mundo que só experimentando somos capazes de conhecer. Nenhum manual ou relato de experiências nos prepara para tal momento. É algo grandioso demais para ser dito. Precisa ser vivido. Um caminho sem volta. Noites em claro. Choro. Pânico diante das febres. Dor diante das quedas – e foram muitas. Medo de “não dar conta do recado”. Orgulho diante das descobertas e boletins. Uma criança carinhosa, meiga, estudiosa, educada e atenciosa. Depois veio o desespero, quando quase o perdi em um acidente. Foram os dias e noites mais longos de minha vida, madrugadas povoadas de agonia e incertezas. Alegria e emoção quando ele saiu do coma. Veio a adolescência. Os conflitos. O medo de perdê-lo, não para morte, mas para uma vida que não imaginei para ele. E, de repente, estamos lá fazendo “quase tudo como nossas mães”. Aquela história de “quando eu for mãe” parece que é jogada fora junto com a placenta. Cometemos os mesmos “erros”(?). Há muita verdade naquela frase “mãe é tudo igual, só mudam os nomes e endereços”. Claro que cabem muitas diferenças nesse igual...

Trinta e três anos depois ainda estou aprendendo a ser mãe. Sempre achei que meu manual veio incompleto. Cometi, cometo, muitos erros. Dizem que exagerei na disciplina. O pai deles dizia que eles não viam a hora de completar dezoito anos para tirar umas férias no exército. Reconheço que fui (ou sou) uma mãe “linha dura”. Não sei se faria diferente. Tenho muito orgulho deles. Confesso que até algum tempo atrás não era fácil lidar com suas escolhas, apesar de sempre tê-los deixado livres(?) para seguirem seus caminhos. É que, no fundo, tinha “meus planos”. Hoje já aceito com naturalidade o fato de meu garoto nota 10, não ter ingressado numa faculdade, algo impensável para esta mãe apaixonada pelo conhecimento. Precisei de muitas luas para entender que esse era “meu” sonho, não o dele. Se dezembro é o senhor dos meses, “o tempo é o senhor de todas as coisas”; e eu aprendi a respeitar sua decisão. Ele não me presenteou com um canudo, em compensação deu-me dois netos. Iniciou-me em outra “tarefa” que enche meus dias de ternura e alegria. Pensei ter conhecido o maior amor do mundo quando ele chegou em minha vida, mas descobri que amor de avó é mais leve. Não vem com “o peso” das responsabilidades. Basta amar. Ser avó é deliciosa aventura, e sou imensamente grata ao meu menino teimoso por esses presentes. Obrigada, meu filho, por me desafiar a ser uma pessoa melhor.

Feliz aniversário, Omar Jr.

Nem faz tanto tempo assim, mas trinta e três anos se passaram, desde que segurei você pela primeira vez... Parece que faz uma eternidade que abracei você ainda menino e meu peito quase explodiu de felicidade... Por que o tempo é assim, misto de pressa e relógio parado? Que em alguns momentos se apressa noutros parece ficar estacionado? Nesta mistura que o tempo faz dos momentos vividos e sonhados rogo a deus que lhe abençoe cobrindo-o de saúde, glória e paz... Meu filho, que nossas diferenças nunca sejam maiores que o amor e o respeito que nos unem, afinal nenhum de nós é perfeito...

FelIZIdade NOVa!

dI reçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereN te ad MINIS tra tIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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