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OPINIÃO

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GERAIS/OPINIÃO

GERAIS/OPINIÃO

eSPAÇo joRnALISTA MARTInS de VASConCeLoS

Organização: CLAudeR ARCAnjo

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VALE QUANTO PESA

VAndA MARIA jACInTo

escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com

“Vale quanto pesa”, esse era o nome fantasia de um sabonete amarelinho, com o qual lavava as minhas impurezas corporais – resquícios das brincadeiras de infância!

À época, o nome era referência de frescor e de limpeza – antes de ir para a escola ou de descanso – no final do dia, no recôndito lar.

Emoções puras me vêm à lembrança, internalizadas que foram numa época, como forma de conhecimentos que carreguei ao longo da minha vida.

Falando em conhecimentos, é interessante observar o seu processo de aquisição. Somos eternos aprendizes; aliás, desde que o mundo é mundo, que o processo de ensino/ aprendizagem existe. Mesmo em sua forma mais rudimentar.

Vale salientar que o verdadeiro aprendizado só acontece com a internalização de um novo saber. Quando a base já existente reconhece aquilo como algo valoroso. É o processo que Piaget descreve conhecer-acomodar-assimilar. Se tenho conhecimentos, bases, quando chega algo novo, acomodo aos antigos saberes e assimilo sua importância, unindo este aos antigos conceitos.

Por isso nos parece que, nem sempre, assimilamos o que nos chega ao conhecimento e que, simplesmente, “passamos batido”. Na verdade aquilo que nos alimenta a alma fica gravado.

Há tempo que a frase “vale quanto pesa” ganhou novas conotações nos colóquios – em detrimento daquela citada lá no início da minha fala. No entanto, hoje em dia, já nem é usada nos bate-papos dos jovens. Mas, sempre que aparece entre os mais vividos, é no sentido de aquilatar o valor de algo ou de alguém.

Verdade seja dita, não é nada interessante ser pesado na balança alheia e, ainda por cima, ser avaliado mediante tais pesos.

Infelizmente, por mais fortes que sejamos em relação à opinião alheia, vivemos em uma sociedade que enfatiza os seus “padrões comportamentais” e, quando menos se espera, estamos julgando ou nos submetendo a julgamentos medonhos.

Já me deixei iludir e tentei dar o máximo de mim para agradar a outrem. Contudo, em tempo, percebi meu erro. Já, há muito, coloquei-me em destaque no pedestal da vida!

Quanto aos outros, me policio constantemente. Têm acontecido em mim, muitas mudanças...

Ultimamente, venho observando o quanto tenho desacelerado o meu caminhar, como que a medir os passos, refletindo com zelo, toda a minha vida e o meu entorno. Aproveitando ao máximo, o que ela ainda pode me oferecer!

Já fui mais apressadinha, não resta dúvida. Queria chegar logo, sem me importar com o quesito “tempo” – que tem as suas medidas para tudo. Muitas vezes cheguei antes da hora e atrapalhei-me toda. Podia, muito bem, ter parado na estrada e aproveitado mais os momentos com os meus pais, irmãos e filhos… Observar melhor o resultado das minhas semeaduras... Viver.

Hoje, sem grandes pressas, tenho seguido meus dias com mais calma. Quiçá porque já trilhei além da metade do caminho a ser percorrido.

O que sei é que tem me sobrado tempo para fazer coisas prazerosas como: passear mais com o meu parceiro, brincar com minha netinha, passar mais tempo com os amigos, observar mais a beleza do nascer e o pôr do sol; o brilho do luar, o canto dos pássaros. Enfim, a natureza de um modo geral.

E, quando me chegam aos ouvidos as últimas notícias – locais ou não –, pondero com firmeza sua veracidade, procurando sempre os dois lados da moeda. Assimilar um novo pensar, ou optar por novos caminhos, requer questionamentos sérios. Não sou perfeita, mas conversas fiadas ou heréticas não merecem meus créditos.

Os meus caminhos são construídos assim. Os acertos e a retidão deles são mostrados ao longo da caminhada.

A cada dia, reforço em mim a ideia de que escolhi com sabedoria o meu chão. Aqui, praticamente, construí a minha casa-corpo e fui aprimorando, com a sabedoria do tempo, as paredes que revestem o meu lado mais sublime.

Sem pressa, mas com equilíbrio e humildade, vou aos poucos mostrando o peso do meu valor no vai e vem dos meus relacionamentos.

Nos entremeios dos dias, sinto saudade da espuma daquele sabonete da infância. Com certeza eu lavaria, com leveza e perfume, esses dias que tanto nos sufocam.

dI rE çÃO gE rAL: César santos dIrEtOr dE rEdAçÃO: César santos gE rEN tE Ad MINIS trA tIVA: Ângela Karina dEP. dE ASSINAtUrAS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

FILIADO À

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