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eN t R evista
from Jornal de Fato
nho, é um conceito muito relativo porque não tem a ver com agradabilidade. Eu considero que o vinho tem duas qualidades: a qualidade técnica, que é a qualidade objetiva do vinho que é a preceituada pelos técnicos, pelos críticos de vinhos, pelo consultor de vinhos, pelas pessoas que trabalham com essa coisa do vinho, que conhecem profundamente o vinho; e a qualidade edônica, que é a qualidade subjetiva, vista do ponto de vista do consumidor, que tem a ver com suas preferências, seu gosto pessoal, que é único e intransferível. Mas, grosso modo, dá para dizer que qualidade é para aqueles vinhos que têm certa personalidade, um caráter marcante, equilíbrio, persistência, sabor e aromas convidativos.
O Rio Grande do Norte, no seu ponto de vista, tem um perfil de consumidor? Quem é ele? O que mais o encanta?
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O consumidor norte-rio-grandense, praticamente, não existe nas estatísticas do vinho. E como é que a gente define o consumo per capita de um local? Divide-se a quantidade de vinho consumida pela população adulta que consome vinho na região. A questão é que não existe uma estatística recente sobre o consumo de vinho no Brasil por estados. Há cerca de vinte anos, o consumo de vinho no Rio Grande do Norte era de 140 ml por pessoa por ano, era uma coisa pífia. Com certeza, isso aumentou em virtude da cultura do vinho que se manifestou fortemente nos últimos anos. Pelo número de lojas, de importadoras, de distribuidoras, os ecommerces, os clubes de vinhos que apareceram, ou seja, existe um trabalho global que logicamente chega até o Rio Grande do Norte com muita expressão, que fez com que nesses últimos vinte anos o crescimento do vinho fosse uma coisa notável, mas a gente não tem estatísticas. Agora, eu acredito que o Brasil como um todo ainda é um dos países que con- some muito pouco vinho e que tem um potencial incrível.
Quais as principais tendências que devem movimentar o mercado de vinhos ainda em 2023?
As tendências, segundo as análises feitas para 2023 e para o próximo ano, são de que está se fazendo um trabalho muito grande em torno da sustentabilidade do vinho também no Brasil para poder envolver essa camada mais jovem da população no universo do vinho. E, para isso, os vinhos estão se tornando cada vez mais descomplicados, embalagens modernas, ultramodernas como os vinhos em lata que já são uma realidade crescente no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, toma-se muito vinho em lata; aqui no Brasil é que ainda tem algum preconceito, mas vai observar que a maior parte das garrafas hoje é vedada com tampas de vidro, tampinhas de rosca e também com a rolha sintética, rolha plástica. Isso tudo para tornar mais fácil, mais prático, mais descompromissado, mais consumo de vinho, porque essa turma jovem gosta de coisa prática. As embalagens tetra pak que surgirão vão aumentar cada vez mais, ou seja, o vinho vai se tornar uma bebida para jovem também. Ele tem ganhado essa cara porque a indústria do vinho tem como foco conquistar o jovem, tirá-lo do consumo da cerveja e dos coquetéis, que é muito comum hoje, e trazê-lo para o universo do vinho. Inclusive, essa pegada de vinho com gelo, vinho docinho com gelo na piscina, isso é um modismo justamente para atrair esse consumidor jovem para esse universo do vinho.