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Usinas e fornecedores de cana se unem no combate ao fogo

Áreas atingidas por incêndios apresentam uma perda de massa de cana (toneladas) da ordem de 15%

As diversas ocorrências de incêndios registradas durante o inverno exigiram investimentos expressivos de usinas e fornecedores de cana para proteger o canavial. Considerado o seu maior ativo, as lavouras de cana representam 60% dos custos de pro dução de açúcar e etanol.

De acordo com a Raízen, de for ma geral, as áreas atingidas por incêndios apresentam uma perda de massa de cana (toneladas) da ordem de 15%. Isso gera uma necessidade de 1,3 a 2,3 R$/tc de custo pra repor a biomassa perdida.

Levando esses fatores em conta, a estimativa da companhia é de um prejuízo na ordem de R$ 25/tone ladas de cana queimada. Na última safra, o valor do impacto na Raízen em função da perda de cana gerada pelos incêndios agrícolas superou os R$ 40mm.

“É importante contextualizar que esse cálculo é complexo e é impacta do por diversos fatores externos que são difíceis de serem isolados do cus to total de produção. Fatores como o tipo produto que a indústria está fa bricando, variedade e mês de colheita da cana, idade do canavial, localiza ção da fazenda atingida pelo incêndio e variações nos custos de insumos”, explicou Rodrigo Morales, gerente corporativo de Logística da Raízen.

A companhia faz um investimen to anual em prevenção e combate a incêndios de R$ 28 milhões. Possui uma grande estrutura de brigada, com 80 caminhões pipas e 23 frotas leves para fiscalização, sendo que o plano para 2021, é ter 171 caminhões, 28 veículos e investimentos em auto mação.

Além disso, a empresa conta com um protocolo interno de combate a incêndios em coberturas vegetais e tem 315 colaboradores dedicados à área de proteção e combate e 1.100 brigadistas nas operações agrícolas.

Recentemente, a companhia pro moveu um webinar para debater o

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tema com representantes da Polícia Ambiental e Secretaria de Infraestru tura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

O evento teve como objetivo dis cutir as melhores práticas do setor, apresentar dados do Governo do Es tado no enfrentamento às queimadas e à evolução do setor em ações pre ventivas, como impactos ambientais e toda a cadeia sustentável do pro cesso, além das principais técnicas de combate ao fogo, entre outros.

Na ocasião, Sérgio Marçon, coor denador de Fiscalização e Biodiversidade da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mostrou os eixos de atuação do governo estadual e ressaltou a parceria de longa data com o setor sucroenergético.

O coordenador destacou as dire trizes do Protocolo Agroambiental Etanol Mais Verde, cujo objetivo é a produção com sustentabilidade e o comprometimento em realizar a colheita mecanizada, além de efetuar restauração de suas áreas de preser vação permanente. Assim, atualmente, aproximadamente 99,6% de toda cana-de-açúcar cultivada em São Pau lo é colhida sem queima.

Nesta temporada, a iniciativa conta com 1806 brigadistas, 208 caminhões-pipa, 20 PAM (Plano de Auxílio Mútuo); 2 RINEM (Rede In tegrada) e Manutenção de Aceiros e comentou que desde o início do pro tocolo, a redução das autorizações para queima evitou a emissão de mais de 10,6 milhões de toneladas de CO2 eq e de 64 milhões de toneladas de poluentes atmosféricos.

A parceria com o setor sucroe nergético na Operação Corta Fogo também foi ressaltada pelo TTenente Coronel PM Fabiano Ferreira do Nascimento, do Policiamento Am biental no Estado de São Paulo. Ele mencionou que o trabalho conjunto com usinas na prevenção, fiscaliza ção, conscientização e controle de incêndios florestais tem contribuído para amenizar a situação, que propor ciona prejuízos imensuráveis.

Na ocasião, o Tenente Coronel falou sobre as técnicas de controle, entre elas, o “Fogo Contra Fogo”, que consiste em aceirar um trecho do canavial ou floresta e atear fogo de forma controlada na direção do in cêndio para que os dois se encontrem e as chamas cessem.

Neste esforço conjunto, as usi nas investem em equipes treinadas, tecnologia e equipamentos para pre venir incêndios. Como o caso da BP Bunge Bioenergia, que suas 11 uni dades possuem monitoramento por imagens de satélite em tempo real. A empresa possui um Programa de Prevenção e Combate a Incêndios, com centenas de brigadistas treina dos; dispõe de 108 caminhões pipas e em três unidades já foram implemen tados em 100% da frota caminhões equipados com jato de água automa tizados, controlados pelo operador por joystick de dentro da cabine do caminhão, o que evita a exposição do brigadista

“Temos um sistema de monito ramento de incêndios por imagens de satélite, com acompanhamento em tempo real. Dispomos ainda de um projeto piloto na unidade Pedro Afonso, no Estado do Tocantins, onde instalamos torres de observa ção equipadas com câmeras de alta definição para monitoramento do ca - navial”, explica Nadia Gama, diretora de HSSE da BP Bunge Bioenergia.

Em Minas Gerais, a Usina Santo Ângelo, localizada em Pirajuba, man tém um programa permanente de Prevenção e Combate a Incêndios no canavial. Recentemente, a usina ini ciou o treinamento do Senar e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, com o objetivo de ampliar as técnicas de enfrentamento e fazer uma preven ção e combate mais rápido e eficaz.

Para o combate das ocorrências, a usina conta com equipes de brigadas com treinamentos anuais, simulados periódicos, possui caminhões pipas e equipamentos de prevenção e com bate ao fogo.

“Agir de forma objetiva em situ ações preventivas e emergenciais, com métodos e materiais que tragam segurança aos envolvidos são fun damentais”, destaca. o coordenador de Segurança do Trabalho Agríco la da Santo Ângelo, Antônio Carlos Campos. Em Goiás, as usinas tam bém desenvolvem uma ação com os profissionais do campo e da indústria para conscientizar todos sobre a im portância de prevenir e evitar focos de incêndio para garantir a saúde do trabalhador. É o caso da CRV Indus trial e Cooper-Rubi, usinas do Vale do São Patrício.

“Desenvolver um trabalho educa tivo com as comunidades locais próximas às áreas florestais para evitar atitudes que levem ao risco de incên dios, além disso, incentivar as denúncias às autoridades sobre atividades suspeitas é importante”, explica o engenheiro de segurança do trabalho, Valdeir Sena.

Já a Tereos, desde 2018, conta com um sistema de monitoramento feito por meio de 13 satélites mete orológicos operados por agências governamentais (entre elas a Nasa), que enviam alertas automáticos das ocorrências de incêndio diretamente à Central de Controle da empresa, o que permite respostas ágeis e contro le imediato nas áreas atingidas.

Para o controle rápido de focos de incêndio, a empresa adquiriu caminhonetes leves, equipadas com todos os aparatos necessários para combater focos iniciais, e com tração nas quatro rodas, conferindo agilidade no deslocamento e em todo o processo. O Grupo implantou o aplicativo Checklist de Aceiros para monitorar e avaliar a limpeza e metragem desta barreira contra a propagação do fogo.

Gestores sugerem soluções para impulsionar resultados na crise Gestores sugerem soluções para impulsionar resultados na crise

Webinar do JornalCana Webinar do JornalCana debateu temas ligados à debateu temas ligados à alta gestão das usinas alta gestão das usinas

ALESSANDRO REIS E ANDRÉIA VITAL ALESSANDRO REIS E ANDRÉIA VITAL

Os desafios da safra de cana-de-açúcar Os desafi os da safra de cana-de-açúcar foram potencializados com a pandemia foram potencializados com a pandemia da Covia-19, mas o setor sucroenergéti da Covia-19, mas o setor sucroenergético mostrou mais uma vez sua resiliência co mostrou mais uma vez sua resiliência e vem construindo uma temporada com e vem construindo uma temporada com bons resultados. O novo cenário impôs bons resultados. O novo cenário impôs a implementação de medidas de preven a implementação de medidas de prevenção, rotinas excepcionais e habilidades de ção, rotinas excepcionais e habilidades de colaboradores e gestores para manter a colaboradores e gestores para manter a continuidade do negócio. continuidade do negócio.

Neste contexto, o webinar “1º En Neste contexto, o webinar “1º Encontro Alta Gestão de Usinas” realizado contro Alta Gestão de Usinas” realizado no dia 5 de agosto, trouxe profissionais no dia 5 de agosto, trouxe profi ssionais da alta gestão de grupos bem conceitu da alta gestão de grupos bem conceituados para debater e apresentar soluções ados para debater e apresentar soluções para enfrentar os obstáculos que surgi para enfrentar os obstáculos que surgiram devido ao coronavírus. ram devido ao coronavírus.

O evento online, moderado pelo jorna O evento online, moderado pelo jornalista e diretor da ProCana Brasil, Josias Mes lista e diretor da ProCana Brasil, Josias Messias, faz parte da série Quarta Estratégica sias, faz parte da série Quarta Estratégica JornalCana e foi patrocinado pela HB Saúde JornalCana e foi patrocinado pela HB Saúde — Humanização e Tecnologia em Saúde; — Humanização e Tecnologia em Saúde; pela Telog — Soluções logísticas integra pela Telog — Soluções logísticas integradas!; pela Pró-Usinas – Empresa do Grupo das!; pela Pró-Usinas – Empresa do Grupo ProCana focada em tecnologia e inovação ProCana focada em tecnologia e inovação de resultados para as usinas e pela S-PAA de resultados para as usinas e pela S-PAA Soteica – Software de RTO que maximiza Soteica – Software de RTO que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, instala a cogeração e a efi ciência industrial, instalado em mais de 40 usinas e gerando ganhos do em mais de 40 usinas e gerando ganhos superiores a R$ 1/TC. superiores a R$ 1/TC.

Joel Soares, diretor de operações da Jal Joel Soares, diretor de operações da Jalles Machado, foi categórico em dizer que a les Machado, foi categórico em dizer que a produtividade é que alavanca o crescimen produtividade é que alavanca o crescimento de uma empresa ao longo prazo. Neste to de uma empresa ao longo prazo. Neste sentido, a inovação tecnológica e capacita sentido, a inovação tecnológica e capacitação das pessoas são essenciais. “Acreditação das pessoas são essenciais. “Acreditamos na inovação como fator importante mos na inovação como fator importante para a busca da produtividade”, afirmou. para a busca da produtividade”, afi rmou.

Soares comentou que a Jalles Macha Soares comentou que a Jalles Machado completa 40 anos em 2020 e toda a do completa 40 anos em 2020 e toda a trajetória e busca por conhecimento, por trajetória e busca por conhecimento, por performance, pelo cuidado das pessoas, performance, pelo cuidado das pessoas, pela transparência no negócio, pela ro pela transparência no negócio, pela robustez financeira e tudo que fizeram até bustez fi nanceira e tudo que fi zeram até então, não ajuda a empresa a sobreviver então, não ajuda a empresa a sobreviver mais 40 anos, se não apostarem em ino mais 40 anos, se não apostarem em inovação, na pesquisa, no desenvolvimento vação, na pesquisa, no desenvolvimento e sobretudo nas pessoas. e sobretudo nas pessoas.

A tecnologia tem contribuído e muito A tecnologia tem contribuído e muito para a companhia mitigar os problemas para a companhia mitigar os problemas de estar localizada em uma região de am de estar localizada em uma região de ambiente restritivo, com regime de chuvas biente restritivo, com regime de chuvas bastante concentrado e solos rasos, que bastante concentrado e solos rasos, que impactam a performance agrícola, entre impactam a performance agrícola, entre outros desafios inerentes ao segmento. outros desafi os inerentes ao segmento.

Com o pico da pandemia agora en Com o pico da pandemia agora enfrentado pelo Estado goiano, a Jalles segue frentado pelo Estado goiano, a Jalles segue firme, tendo já processado 51% da sua sa fi rme, tendo já processado 51% da sua safra alicerçada pelos avanços tecnológicos fra alicerçada pelos avanços tecnológicos investidos, como o caso das parcerias com investidos, como o caso das parcerias com empresas de telecomunicação para garan empresas de telecomunicação para garantir a conectividade no campo. Hoje, o sistir a conectividade no campo. Hoje, o sistema, que cobre 70% de sua área agrícola, tema, que cobre 70% de sua área agrícola, ganhou reforço com a instalação de uma ganhou reforço com a instalação de uma torre para gestão agroindustriaI, que per torre para gestão agroindustriaI, que permite o monitoramento de todo maquinário mite o monitoramento de todo maquinário no campo em tempo real, proporcionando no campo em tempo real, proporcionando maior produtividade do equipamento. maior produtividade do equipamento.

“Nós temos também parceria estraté “Nós temos também parceria estratégica com organismos importantes de tecgica com organismos importantes de tecnologia e de inovação e pesquisa, como nologia e de inovação e pesquisa, como a Universidade Federal de Goiás, a Em a Universidade Federal de Goiás, a Embrapa, o CTC, a Ridesa, o IAC e diversos brapa, o CTC, a Ridesa, o IAC e diversos fornecedores de insumo para o desen fornecedores de insumo para o desenvolvimento de tecnologia para adequar volvimento de tecnologia para adequar o nosso ambiente de produção à nossa o nosso ambiente de produção à nossa realidade”, explicou. realidade”, explicou.

Assim, bem alinhados com a perfor Assim, bem alinhados com a performance, o grupo tem conseguido produtimance, o grupo tem conseguido produtividades de 103 toneladas de cana em uma vidades de 103 toneladas de cana em uma unidade e 92 de toneladas na outra, com a unidade e 92 de toneladas na outra, com a expectativa de processar 5,3 milhões de to neladas nesta safra. expectativa de processar 5,3 milhões de toneladas nesta safra.

Julimar Clemente de Souza, diretor de Julimar Clemente de Souza, diretor de operações agroindustriais do Grupo Usa operações agroindustriais do Grupo Usacucar (Usina Santa Terezinha-PR) reforçou cucar (Usina Santa Terezinha-PR) reforçou que uma gestão eficaz é essencial para en que uma gestão efi caz é essencial para enfrentar ainda metade da safra atual e listou frentar ainda metade da safra atual e listou três desafios a serem superados. três desafi os a serem superados.

Para ele, a área de Saúde, Segurança Para ele, a área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) se tornou es e Meio Ambiente (SSMA) se tornou estratégica para a empresa, pois é sempre tratégica para a empresa, pois é sempre um desafio a ser enfrentado, não só nesta um desafi o a ser enfrentado, não só nesta safra, mas em todas e a área precisa estar safra, mas em todas e a área precisa estar bem estruturada, com bons indicadores e bem estruturada, com bons indicadores e atendendo às normais legais. atendendo às normais legais.

Ele explicou que as usinas têm custos Ele explicou que as usinas têm custos fixos muitos altos, por exemplo, em média fi xos muitos altos, por exemplo, em média 75% dos custos fixos são da agrícola, já na 75% dos custos fi xos são da agrícola, já na área industrial ficam em torno de 95%. As área industrial fi cam em torno de 95%. Assim, se tem na área agrícola uma condição sim, se tem na área agrícola uma condição de segurança que não está bem adequada de segurança que não está bem adequada acaba-se tendo muitos acidentes e em mui acaba-se tendo muitos acidentes e em muitos casos, sobrecarregam a área de manutos casos, sobrecarregam a área de manutenção, fugindo do inicialmente planejado. tenção, fugindo do inicialmente planejado.

“Cada vez precisamos olhar pra dentro “Cada vez precisamos olhar pra dentro e fazer a lição de casa para ser mais compe e fazer a lição de casa para ser mais competitivos. Como trabalhamos com commodititivos. Como trabalhamos com commodities, nós somos tomadores de preços e não ties, nós somos tomadores de preços e não formadores de preço. Então, temos que formadores de preço. Então, temos que lidar bem com o que está em nossas mãos lidar bem com o que está em nossas mãos

Nada supera a Natureza em cores, harmonia e beleza... Os beija-flores comprovam isso.

Natureza, a nossa inspiração.

Assim pensamos. Assim fazemos. 39 MEIA PG

SÃO FRANCISCO

e pensar que é preciso ter excelência operacional em alto nível, pois o custo fixo é muito significativo”, alerta ele se referindo aos custos fixos da companhia.

Souza ainda citou as pessoas e a transformação de liderança que o cenário atual exigiu, que vai além de atingir as metas, mas de ter um olhar mais humano para o negócio. “Há desafios em relação a ques tão da mídia e da velocidade das redes sociais. Além disso, há uma grande neces sidade de manter seu pessoal de campo dentro de uma linguagem positiva, uma gestão que contemple a motivação, o en gajamento e que arraste pelo bom exemplo, apesar das cobranças”, disse.

Neste sentido, Luiz Antônio Magazoni,

diretor industrial da Usina São Domingos, de Catanduva/SP, também reforça que, em momentos de crise, as pessoas fazem a di ferença e são fundamentais para a empresa conseguir resultados ou não.

A usina, que tem 66 anos, segue ro dando com segurança e conquistando recordes nesta safra, apesar dos desafios causados pela pandemia. Com 70% do mix voltado para a produção de açúcar, a São Domingos, conseguiu bater o recor de histórico de produção da commodity ao esmagar com eficiência 13.840 tonela das de cana-de-açúcar por dia.

A cana processada também mostrou excelência, com ATR de 151,47 Kg/ton e 94 toneladas por hectares. Números que contribuirão para a moagem de 2,640 mi lhões de toneladas nesta temporada, o que significa esmagar cana com toda capacida de instalada de moagem.

Para conseguir esses resultados, foi preciso mudar as práticas agrícolas, para garantir a produtividade, mantendo a efi ciência e de olho nos custos fixos, que são altíssimos. “Temos que aumentar a moagem para diluir os custos e estamos conseguindo”, afirmou, comentando “Com as condições de liquidez em que estão os produtos precisamos manter nossos orçamentos em dia, segurando os custos e fazendo um acompanhamento direto nos gastos da usina”, explica.

Para Raul Guaragna, diretor agroin -

dustrial da Tereos, o desafio no cenário de pandemia foi garantir a continuidade da ati vidade, pilotando a volatilidade que o setor tem, ser ágil e estar alinhado com o negó cio, sem esquecer a responsabilidade social que uma usina tem. “Não adianta ficar pre so no seu indicador e procurar alcançar a sua meta quando, na verdade, o que impor ta é o produto que o mercado precisa e na qualidade que precisa”, disse.

Segundo ele, a Tereos avança para su perar os desafios agroindustriais da safra 2020/21, investindo em inovações que po dem sustentar a programação estipulada, manter a competitividades de suas usinas e superar resultados, além de reduzir os cus tos. O grupo vai moer mais de 20 milhões de toneladas nesta temporada e já está com mais de 60% da safra realizada, sem tirar o olho da gestão do capex, garantindo inves timentos e visando o futuro.

SUCESSÃO FAMILIAR, GOVERNANÇA E INOVAÇÃO: O QUE PENSA A PRÓXIMA GERAÇÃO DO SETOR

Casos bem-sucedidos dos grupos Ipiranga e Melhoramentos e das usinas Santa Lúcia e São Luiz dão exemplos

ALESSANDRO REIS

Manter uma empresa nos dias atuais é um grande desafio e se tor na ainda maior quando se refere a uma empresa familiar. Estatísticas mostram que somente 1/3 dessas companhias chega à segunda gera ção e dessas, somente 15% passam para a terceira geração, ou seja, a cada 100 companhias, só cinco pas sam para os netos, grande parte em função de conflitos familiares pelo poder.

Quando analisamos o setor su croenergético, ainda que grande parte da produção bioenergética esteja atualmente sob o controle de grandes grupos e companhias internacionais, uma boa parte con

Pedro Podboi Adachi

tinua nas mãos de empresas nacionais e familiares. Empresas centenárias e que certamente enfrentam dificuldades para estabelecer uma governança sólida que possibilite a inovação e eficiência na gestão.

O consultor em sucessão e um dos maiores especialistas no assun to, Pedro Podboi Adachi, comenta que “passar o bastão para a próxi ma geração” costuma ser um dos temas mais complexos nas empre sas familiares. As diferenças de gerações; a escolha do suces sor; a diferença entre sucessor e herdeiro ou mesmo as di ficuldades do sucedido em deixar o cargo são algumas complexidades”, informa consultor da Societas. Ao citar o setor sucro energético, Adachi afirma que é possível ter uma ges tão familiar profissional nas usinas de cana, mas alerta.

“Há uma confusão que alguns fazem sobre profissionalização, pensando – erroneamente – que isto significa tirar a família da dire ção e contratar executivos. Isso é um equívoco. Uma vez que é bem possível profissionalizar uma em presa familiar”, atenta.

Explicando um pouco mais so bre governança, Adachi ressalta a importância de uma profissionali zação completa. Ela envolve aspectos como a preparação da família empresária e a relevância de saber atuar como sócio. Além de enten der os conceitos que envolvem uma sucessão familiar e governan ça corporativa eficiente, acionistas de usinas buscam cases para ben chmarking e, nesse sentido, o setor vem exibindo uma safra de bons modelos.

Adachi foi um dos palestrantes do webinar “Sucessão familiar, go vernança e inovação: o que pensa a próxima geração do setor”, rea lizado pelo JornalCana, no dia 2 de agosto, que contou com modera ção do diretor da ProCana Brasil, Josias Messias.

O webinar contou também com quatro bons exemplos de sucessão familiar de empresas tradicionais do setor sucroenergético.

“É preciso separar o papel de sócio, executivo e membro da família”

Beatriz Quagliato Porto, faz parte da terceira geração da família fundadora da Usina São Luiz, de Ourinhos (SP) e atua como gestora de suprimentos e sustentabilidade da companhia. No we binar, falou sobre o processo de sucessão na usina, que tem 70 anos e já segue preparando a sua quarta geração para assumir a empresa no futuro.

“Nas empresas familiares temos um desafio enorme, que é separar o papel do sócio, executivo e membro da família. É uma tarefa complexa, mas primordial para o sucesso da família e dos negócios”, explica, ressaltando que a governança corporativa familiar é a base para a longevidade das empresas.

“No mundo atual onde as empresas deixam de ser caixas preta e se tornam caixas de vidro, transparentes, os pilares da governança são fundamentais para a gestão e perpetuação dos negó cios”, afirma.

“É preciso trabalhar para ser financeiramente sustentável”

Em 1988, seis irmãos da família Tittoto, fornecedores de cana-de-açúcar, adquiriram o con trole acionário da Açucareira Santo Alexandre, permanecendo três irmãos da família Cunali nesta nova sociedade. Em 1993 as duas famílias adquiriram a Usina Ipiranga, em Descalvado (SP), e em 2005, com a família Cardoso, constituíram a Usina Iacanga.

“Durante esse período, uma nova geração passou a integrar o quadro executivo das usinas, sendo constante o exercício do affectio societatis, políticas de governança e instituição de regras no âmbito da família, da sociedade e da empresa”, conta Guilherme de Andrade Tittoto.

Para o jovem executivo, o conflito na sucessão surge quando cada um tem uma expectativa. “É preciso ter vontade de estar junto e ter expectativas alinhadas”, disse ele, que citou os principais desafios da nova geração, entre eles, o de ser financeiramente sustentável, gerando divisas para os municípios, preservando o meio-ambiente e agindo com responsabilidade social”, elucida.

Ser uma empresa familiar pode ser uma vantagem competitiva

“Não adianta replicar o que o fundador fez, pois cada pessoa é diferente. É preciso construir um novo modelo e o nosso desafio é manter a cultura e o trabalho que foi feito até aqui e que transformou a empresa em um sucesso”, disse Gastão de Souza Mesquita Filho, herdeiro da Companhia Melhoramentos (PR), uma empresa que tem 95 anos de história.

O advogado, que fez carreira no mercado antes de auxiliar na direção da empresa familiar, afirma que há inúmeras vantagens quando membros da família acionista participam de sua ges tão. “Mas se os princípios da governança corporativa não estiverem presentes no dia-a-dia da companhia, praticados por acionistas e gestores, essa vantagem competitiva pode se tornar um enorme problema. Quantas histórias não conhecemos de empresas que foram destruídas por conflitos, velados ou abertos, entre acionistas, desvios de finalidade, confusão patrimonial, etc.”, elucida Gastão.

“A sucessão mantém a essência e promove mudanças para a sobrevivência da empre sa nos novos tempos”

Em 1940, Jerônimo Ometto comprou parte da Fazenda São Joaquim, em Araras (SP), e as sim nasceu a Usina Santa Lúcia. Atualmente, a terceira geração da família está no comando e a quarta geração inicia a jornada profissional para a futura sucessão. “As sucessões fazem parte de empresas familiares e têm uma importância enorme no negócio: manter a essência e promover mudanças para a sobrevivência da empresa nos novos tempos”, afirma Rafael Ometto Do Ama ral, engenheiro de produção da companhia.

Ao passo que ele revela que a estratégia que a Usina Santa Lúcia sempre seguiu, e que faz parte de sua cultura, é o crescimento constante e seguro. “Em um ano de crise não podemos deixar de crescer e em um ano de bons ventos precisamos ter sabedoria e caminhar com parcimônia, para que em momentos inesperados, tenha-se maior tranquilidade em atravessá-los e seguir evo luindo”, comentou. O evento contou com patrocínio da HB Saúde – Humanização e Tecnologia em Saúde; da Pró-Usinas – Empresa do Grupo ProCana focada em tecnologia e inovação de resultados para as usinas e da S-PAA Soteica – Software de RTO que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, instalado em mais de 40 usinas e gerando ganhos superiores a R$ 1/TC.