Caderno Você - 02 e 03/07/2022

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022 edição nº 349

Traumas do passado, superação para toda vida

Depois de passar por situações traumáticas, é preciso força, coragem e apoio para aprender a lidar com a dor e iniciar o processo de cura.

Páginas 6 e 7

Bastidores

Toda dor virou coragem

E

ra passado das 15h quando cheguei naquele cantinho aconchegante onde uma mulher bonita, simpática e sorridente me esperava. Foi um dos poucos dias de clima ameno da semana, e nos sentamos do lado de fora. Acho, agora, que o tamanho daquilo que ela queria me contar era maior do que cabia em quatro paredes. Aquela mulher madura queria colocar pra fora sua história de menina.

Falar de um trauma nunca é fácil. Mas, de alguma forma, ela fez parecer ser. Ela me disse “Eu sei que te contar tudo isso é curativo”. E eu só pude sentir gratidão, responsabilidade e ânsia de conseguir colocar tudo aquilo no papel.

Nessa posição de ouvinte, o mais difícil de tudo é mesmo ouvir. A gente não sabe se pede desculpas, se dá um abraço ou se admira a força. Se estende a mão ou se, simplesmente, fica ali. Ouvindo.

Enquanto ela tentava construir os fatos em uma ordem cronológica, parecia sempre lembrar de um novo acontecimento. E eu, a cada novo pedacinho da história, só queria poder dizer para aquela criança de décadas atrás que ela ficaria bem.

O evento no domingo, 10, deve reunir 500 atletas de todo o estado

Por aqui, tentamos sempre ser sensíveis.

Para que, talvez, as palavras possam abraçar alguém” Essa mulher simpática carrega muitas cicatrizes. Mas, ao invés de escondê-las, gosta de transformá-las em coragem. Apesar de toda a dor, ela é dona de um dos corações mais bondosos que já conheci. E isso fez com que a vontade de traduzir todo aquele sentimento fosse ainda maior.

Queria que todos pudessem ouvi-la. Porque ela, com certeza, vai ouvir quem precisar.

Aquela simpática mulher tem uma história que é preciso, também, ter coragem para ouvir. E muito mais coragem pra escrever. Afinal, contar histórias nunca é fácil. Mas, por aqui, tentamos sempre ser sensíveis.

Para que, talvez, as palavras possam abraçar alguém.

Esse papel de ouvinte é o que a Júlia Amaral e eu tentamos fazer por aqui. E, agora, esse espacinho do caderno carrega, também, as palavras e o jeito sensível dela, que vai dividir comigo esse espaço. Na semana que vem, o “bastidores” da reportagem traz uma nova história contada pela Júlia.

Boa leitura!

Bibiana Faleiro Expediente:

Cultura

Serginho Moah faz show para o Cultura e Arte no Circuito dos Vales

Produção: Bibiana Faleiro e Júlia Amaral

2 | Você. | FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

O

projeto Cultura e Arte no Circuito dos Vales - 1ª Edição, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul apresenta show do cantor Serginho Moah, em Lajeado, no dia 10 de julho. Este será o terceiro espetáculo dos cinco shows nas cidades do Vale do Taquari. Arroio do Meio e Estrela já receberam o evento.

As próximas cidades são Marques de Souza, em setembro, e Teutônia, em novembro. O projeto valoriza e apoia a música como linguagem e prática artística, e incentiva as manifestações culturais do Estado. Para isso, traz grandes representantes do cenário cultural gaúcho, na área da música, e ocorre sempre em espaços públicos.

"Essa é a ideia, espaços vibrantes com toques culturais e artísticos, onde a criatividade parece não ter fim", reforça Serginho Moah.

Os shows têm classificação indicativa livre para todos os públicos e entrada gratuita.

As incrições para o Circuito dos Vales estão no segundo lote e vão até 3 de julho. O valor é de R$89,28 para corrida e kangoo, e R$ 55,75 para caminhada e kids. As inscrições podem ser feitas pelo site www.circuitodosvales.com.br.

Artistas do projeto: - Diego Dias da banda “The Beatles no Acordeon” - Coro Inusitado com cinco grandes vozes regidas pela artista Quinara Vizeu - Serginho Moah - Cristiano Quevedo - Dj. Karine Larré

Diego Dias

Dj. Karine Larré

Cristiano Quevedo Quinara Vizeu

Apresentado por

Uma campanha

CONSTRUÍDA

peça por peça

Com o engajamento de 15 empreendimentos, Campanha do Agasalho da Construtora Diamond arrecadou mais de 3,5 mil peças de roupas

C

onstruir uma corrente do bem depende

iniciativa e sempre participam com diversas doações.

do envolvimento de muitas pessoas,

“Muitas pessoas têm coisas para doar em casa, mas

mas pode gerar resultados extrema-

não sabem onde levar. A campanha ajuda quem doa e

mente gratificantes. Isso foi comprova-

mais ainda quem recebe. O frio está aí e poder contri-

do em mais uma Campanha do Agasalho realiza-

buir para aquecer as pessoas que precisam, não tem

da pela Construtora Diamond. Neste ano, a ação

preço”, comenta.

arrecadou mais de 3,5 mil peças de roupas, que já estão aquecendo o inverno de que mais precisa.

Já para Mara Bocchese, diretora do Centro Pedro Albino Müller, mantido pela Sociedade Lajeadense

A campanha começa pela mobilização dos

de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan), o

funcionários da construtora e imobiliárias Dia-

apoio de doações das empresas é fundamental para

mond, que integram o grupo Diamond Social. Eles

dar continuidade ao trabalho desenvolvido em bene-

entram em contato com os síndicos dos edifícios

fício das famílias atendidas. “Todos os dias chegam

Diamond para saber quais pretendem colaborar

pedidos de ajuda e poder estender a mão a essas fa-

com a ação. Aqueles que aceitam participar, rece-

mílias nos enche de alegria. Essas doações não pode-

bem uma caixa identificada com o cartaz da cam-

riam ter vindo em melhor hora”, afirma Mara.

panha e incentivam os moradores a colaborarem.

Nesta edição, 15 empreendimentos Diamond se engajaram. As peças arrecadadas nestes edifícios foram entregues no dia 14 de junho, antes

Empreendimentos solidários

mesmo do início do inverno, período de frio mais

A Campanha do Agasalho 2022 teve a participação

rigoroso. As entidades beneficiadas foram o Cen-

de 15 empreendimentos Diamond: Next Offices Lajea-

tro Pedro Albino Müller, do Bairro Santo Antônio,

do, Bellmont, Golden Park, Santos Dumont, Turquesa,

mantido pela Sociedade Lajeadense de Atendi-

Rubi, Água Marinha, Arboretto, Ametista, Belvedere,

mento à Criança e ao Adolescente (Slan); Lar de

Topázio, Ágatha, Jardins, Cristal e Pérola. As mais de

Idosos Tabita, do Bairro Conventos, e também al-

3,5 mil peças foram arrecadadas nos edifícios num

gumas famílias que residem na Rua da Divisa, no

período de 15 dias. Entre as doações, roupas masculi-

Bairro Morro 25.

nas, femininas e infantis; cobertores, roupas de cama,

Conforme o diretor da Construtora Diamond,

RUA DA DIVISA, NO BAIRRO MORRO 25

CENTRO PEDRO ALBINO MÜLLER, MANTIDO PELA SLAN

mantas, gorros e luvas.

Gustavo Schmidt, o voluntariado sempre esteve presente na empresa e a criação do Diamond Social reforça as ações em prol do outro. “Todos os anos temos ações pontuais, como as campanhas do agasalho e de doação de sangue. Além disso, sempre que possível, abraçamos outras campanhas de entidades. São pequenos movimentos, mas se cada um fizer a sua parte, conseguiremos Todos os anos temos ações pontuais,

bons resultados”, avalia.

como as campanhas do agasalho e de

O bem que ajuda muita gente

doação de sangue. Além disso, sempre que possível, abraçamos outras campanhas de entidades. São pequenos movimentos,

O Edifício Ágatha é um dos parceiros da Campanha do Agasalho. O síndico do Ágatha, Gervasio B. Specht, afirma que os moradores aprovam a

mas se cada um fizer a sua parte, conseguiremos bons resultados.”

LAR DE IDOSOS TABITA, NO BAIRRO CONVENTOS

GUSTAVO SCHMIDT, DIRETOR DA CONSTRUTORA DIAMOND

construtoradiamond.com.br |

51 99990-0998 |

51 3714.4646 |

@diamondconstrutora Produzido por FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

| Você. | 3

CONTEÚDO PATROCINADO

Sorteio definirá confrontos da Diamond League Muita bola vai rolar nos campos do CTC em julho. Isso porque neste mês inicia a Diamond League, uma das principais competições de minifutebol do Clube Tiro e Caça.

Os confrontos serão definidos no dia 07, em sorteio, que será realizado no Clube com a presença dos representantes dos times.

Neste ano, a Diamond League chega a sua 4ª edição, em uma competição totalmente destinada para os sócios. O torneio será disputado aos sábados, entre os dias 9 e 30 de

julho, nos campos A, B e C. Em caso de chuva, novas datas podem ser previstas para os jogos.

No total, serão realizadas 5 partidas por categoria, no sistema mata-mata. Por isso, muita competitividade e emoção são esperadas entre as equipes.

A Diamond League é um torneio interno do CTC, patrocinado pela Construtora Diamond.

Os resultados, tabelas e mais informações sobre os jogos podem ser conferidas no site do Minifutebol.

Vem aí o Baile Farroupilha CTC com Os Monarcas Os amantes das tradições gaúchas já podem reservar o dia 09 de setembro para participar do Baile Farroupilha CTC. O evento acontece no salão social do Clube, às 20h, e tem como atrações confirmadas Os Monarcas e o Grupo Carqueja. Os ingressos para o evento estarão à venda em breve, na Secretaria do Clube.

Coroas Mirim e Amnésia vencem Torneio Interno Master e Veterano de Minifutebol

Abertas inscrições para o Torneio Interno Simples de Tênis do CTC Os tenistas associados que desejam participar do Torneio de Tênis Interno Simples CTC/Engemori/Água da Pedra 2022, têm até o dia 18 de julho para se inscrever na competição. Para participar é preciso fazer o cadastro pelo e-mail esporte@ctclajeado.com.br ou no telefone (51) 3710-2649 ou Whats app (51) 9 81531222. A confirmação da inscrição é feita por meio da doação de um agasalho.

Neste ano, o torneio será realizado entre os dias 22 e 24 de julho, com jogos nas categorias: • Masculino: 1ª classe/ 2ª Classe / 3ª Classe / 4ª Classe / 5ª Classe / Iniciantes • Feminino: 1ª Classe / 2ª Classe / Iniciantes O Torneio de Tênis Interno Simples de Tênis é uma realização do Clube Tiro e Caça, com o patrocínio de Engemori Construtora e Água da Pedra.

4 | Você. |

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

Os dois times foram vencedores do Torneio Interno Master e Veterano CTC/Construtora Diamond, em suas categorias. As finais, aconteceram na noite de quinta-feira do último dia 30. A primeira partida foi disputada na categoria Master, na qual Coroas Mirim Velha Guarda venceu o Dínamo por 2X0.

Na categoria veteranos entraram em campo na sequência, com Resenha FC – Veterano e Amnésia, que levou a melhor na competição, com o placar de 3×2.

Nesta edição, o Torneio Interno Master e Veterano CTC/Construtora Diamond contou com nove equipes inscritas na categoria Veterano. Em que foram divididas em dois grupos, sendo o primeiro formado por cinco equipes e o segundo por quatro. Já no Master, a disputa aconteceu somente entre quatro equipes.

Parabéns a todas as equipes que participaram desta edição!

AGENDA 07/07 - Sorteio Diamond League

30/07 - Final Diamond League

09/07 - Início Diamond League

09/09 - Baile Farroupilha CTC

22/07 - Torneio Interno Simples de Tênis

08/10 - Debut CTC

projeto

M EMÓRIAS C EAT Um espaço dedicado a guardar e a contar a história centenária do Colégio.

Acervo de documentos, fotografias e objetos relevantes e simbólicos.

Informações históricas apresentadas através de recursos tecnológicos e interativos.

Este espaço amplo e minuciosamente planejado, para despertar e preservar as memórias escolares, terá visitação aberta à comunidade.

Inauguração prevista para o segundo semestre de 2022.

O Projeto Desde 2018, a Comissão Organizadora, que tem à frente o pai de alunos, Marcello Motta, trabalha no resgate dos dados, além de buscar referências neste trabalho em espaços de resgate histórico importantes no país. Nesse momento, com o apoio também dos professores de História, o acervo está sendo finalizado para a inauguração oficial. A obra é coordenada pelo arquiteto Rafael Gallarreta Fernandes, ex-aluno do colégio.

O CEAT, por se tratar de uma escola centenária, possui um conjunto de fotos, documentos e objetos que retratam sua trajetória! Eventualmente, em determinados eventos ou datas comemorativas, realizava-se uma exposição de parte desse acervo, porém entendeu-se que já era momento de partir para um local definitivo que, além de aumentar sua capacidade de exposição, garantiria a organização e a preservação adequada desse precioso patrimônio.

O Memórias colocará a história do CEAT à altura do protagonismo que o colégio ocupa hoje no cenário educacional!

E esse acontecimento nada mais é do que lembrar cada uma das pessoas que, de uma forma ou de outra, fizeram a história desta instituição, independente do período de tempo que passaram aqui – um dia ou uma vida – elas sentir-se-ão homenageadas. E, para nossos alunos, ficará uma lição bem bacana, pois preservar também é educar!”

- Marcello Motta,

presidente da Comissão Organizadora do Memórias CEAT

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

| Você. | 5

Em meio a dor, c COMPORTAMENTO

Terapia, atividades físicas, apoio da família ou dos amigos. Depois de passar por um trauma, físico ou emocional, o caminho da cura é longo, e pode se tornar exemplo de força e superação

Hoje percebo que a melhor maneira de lidar com um trauma é falar sobre ele”.

Jamais desmentir o que aconteceu.

A pessoa tem que ser escutada, acolhida, protegida e afastada do abusador”

Bibiana Faleiro

bibianafaleiro@grupoahora.net.br

Júlia Amaral

juliaamaral@grupoahora.net.br

T

rauma é uma sequela deixada por situações que causam sofrimento e muita dor. Seja ela física ou emocional, geram consequências e afetam o pensamento e comportamento das pessoas. Grande parte da população já enfrentou momentos potencialmente traumáticos, mas nem todos desenvolvem a perturbação.

Violência, acidente, abuso sexual ou verbal são alguns dos mais comuns. E as formas de lidar são diferentes para cada um. Alguns sintomas podem ser percebidos, como mudanças repentinas de comportamento, com a presença do medo, retraimento, dificuldades de se concentrar, de dormir à noite ou afastamento de alguém que antes era próximo.

Mudança na alimentação, falta de apetite ou compulsividade também podem ser sinais de que algum trauma ocorreu.

De acordo com a psicanalista Mariana Huber, acolher é a forma ideal de lidar com a vítima ou sobrevivente.

“Se uma criança te diz que foi abusada, que alguém encostou nela em lugares que não deveria, jamais diga que é uma coisa da cabeça dela. A pessoa tem que ser escutada, acolhida, protegida e afastada do abusador”, destaca a profissional.

Ela ainda ressalta que, em geral, a pessoa que sofreu algum tipo de trauma demora muito tempo para buscar ajuda. E, às vezes, mesmo com o auxílio de um profissional, ela não fala dos eventos traumáticos.

“Isso porque para falar sobre suas dores, a pessoa precisa confiar. E para confiar em alguém, leva-se muito tempo”, afirma Mariana. Por isso, é necessário muita paciência. A cura ocorre a longo prazo.

6 | Você. |

Mariana Huber psicanalista

Fala, culpa e sobrevivência A dor deu espaço para um processo de cura na vida Larissa Nonnenmacher, 36.

Depois de mais de três décadas, ele reconhece que a tempos deixou de ser vítima, e agora é uma sobrevivente do abuso sexual infantil.

Quando ela nasceu, a mãe tinha 21 anos e o pai, 52. Na época, ele era casado, e tinha outros seis filhos. A mãe foi para Montenegro e, apesar de ainda ter contato, não contou à família quem era o pai da menina.

Foi só quando Larissa fez 4, já em Lajeado, que os avós o conheceram e que ela foi apresentada à família do pai. Aos 3, identifica sua primeira memória do abuso. De forma manipuladora, mas sutil, ela tem pelo menos 20 “fleches” do ocorrido, que durou até seus 12 anos.

Um dia, durante uma aula de matemática do colégio, uma senhora a chamou e entregou uma carta, pedindo para que Larissa a lesse em sua frente. “Naquela carta, minha irmã, que estava na Austrália, contava toda a trajetória dela.

Situações de abuso pelas quais tinha passado com o meu pai, e dizia que ela sabia que eu estava passando por isso, e que podia me ajudar”, lembra. Aquela foi a primeira vez que soube nomear o que sofria com o pai.

Quando ele a buscou na escola naque-

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

Larissa Nonnenmacher

sobrevivente de abuso sexual infantil

le dia, Larissa pediu para ir até a casa dos avós paternos em Cruzeiro do Sul, e mostrou a carta. Ele chorou, pediu desculpas, e Larissa não contou o ocorrido para mais ninguém.

Até os 14 anos quando, depois de algumas brigas com a mãe, mostrou a mensagem da irmã e foi encaminhada para o Conselho Tutelar. Um processo foi aberto, mas com as influências do pai, foi arquivado em seguida.

A história só se tornou pública em 2006, quando a irmã mais velha foi até o Serviço de Assistência Jurídica (Sajur), da Univates. O pai ficou preso em regime semiaberto até o fim da vida. Ele morreu no ano passado, e foi só então que Larissa sentiu, pelos menos um pouco, o que era a paz.

Hoje, a terapia, ioga e a conversa é o que faz Larissa ser uma sobrevivente.

Apesar do trauma, ela consegue encontrar beleza e felicidade nas pequenas coisas, e quer transformar sua dor em ajuda.

As amigas lhe dão força, e foram as pri-

Larissa utiliza as redes sociais para compa

meiras a ouvir detalhes do que ocorreu.

Desde fevereiro, ela também participa de um grupo de apoio online, e foi a partir desses encontros que decidiu compartilhar sua história. Larissa quer criar

coragem para começar Vida nova e nova vida

ENTREVISTA

Felipe Ritter era um jovem saudável e que adorava jogar futebol. Fazia pouco tempo que tinha começado a trabalhar na copa do Hospital Bruno Born quando sofreu um grave acidente de carro, em novembro de 2004. Ele não lembra nada do momento, apenas alguns flashes, que ele não sabe que são reais ou sonhos. Seis meses depois, Ritter despertou do coma.

Logo que acordou, ele estava com os músculos contraídos e com o lado direito todo paralizado. “Eu me vi em uma situação em que eu nunca ia voltar a ser uma pessoa normal. Eu me via muito mal. Quando eu acordei… Foi uma coisa horrível”, conta.

Ele começou todos os processos de recuperação, incluindo a fisioterapia, mas não percebia diferença alguma. “Eu dizia para minha mãe que ela podia botar meus tênis fora, que eu nunca mais ia andar”, lembra. A força para continuar veio da notícia que a namorada carregava com ela: Felipe seria pai nos próximos meses.

“Se não fosse meu filho, o Miguel, eu não estaria aqui agora. Isso eu posso afirmar”, diz. As memórias daquele período são conturbadas e muita coi-

Celina Darde é psicoterapeuta

“Nem sempre um evento configura um trauma, depende muito das condições emocionais de cada um” Qual o primeiro passo que deve ser tomado depois de passar por um trauma?

Do ponto de vista de tratamento, é importante oferecer recursos positivos para que a pessoa se sinta segura e acolhida. Assim, preparada para iniciar o tratamento de reprocessamento de memórias, ressignificando suas emoções negativas a respeito de si mesma.

Existem fases de superação? Quais são e o que fazer em cada fase?

Melhor perceber como um processo pessoal. Entender o que significou para a vítima, o quanto impactou na sua vida. Nem sempre um evento configura um trauma, depende muito das condições emocionais de cada um.

Tratar é muito importante. Evitação é um mecanismo de defesa e não é o melhor caminho, levando em consideração que o trauma dei-

sa se apagou das lembranças. O que Felipe não esquece é que foi do filho que veio o impulso para continuar nas fisioterapias e se esforçar ao máximo para melhorar.

“Eu tenho foto dele bem baixinho, pe-

artilhar o trauma que sofreu na infância

uma rede de apoio semelhante em Lajeado, para pessoas que passam por trauma de abuso, e suas mães e responsáveis. “É tudo muito fresco, por isso estou fazendo isso, e entendo que conversar é curativo”. Por enquanto, é por meio do Instagram @larissa_nnn, que ela conta sua história de cura, que é lenta, e vai durar a vida toda.

Felipe encontrou na paternidade a força para se recuperar.

xa marcas na mente, cérebro e na nossa relação com as sensações corporais.

Se nos sentíamos sozinhos, precisamos de uma sensação de bem estar acompanhados. Se estávamos com medo, precisamos de proteção. Se tivermos vergonha, precisamos de aceitação. Se fomos feridos, precisamos de conforto. É como se a parte de nós que experimentou a ruptura original da segurança estivesse esperando desde então a chegada do reparo.

queno, cabeludinho, e eu em volta dele, de bengala. Eu ainda estava bem mal na época. Eu de bengala e ele agitando”, lembra. Em julho, Miguel faz 15 anos.

Felipe sente que ele ainda não tem dimensão da importância que teve na vida do pai, mas reforça que ainda hoje a relação é de muito companheirismo.

Além do filho, ele cita os amigos e a família como grandes motivadores da sua superação. “Bem no início, quando eu ainda tava muito mal, meus colegas iam lá em casa e diziam ‘vamos alemão! te mexe!’”, conta. Para ele, foram esses laços fraternos o tônico da cura.

Felipe só voltou a trabalhar em 2014, dez anos depois do acidente, e em uma nova função: na rouparia do HBB. Hoje, ele não sente medo de andar de carro, mas ainda não consegue dirigir, porque precisa de um automóvel adaptado. Todos os dias, vai a pé para o trabalho e vive feliz fazendo suas caminhadas.

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022 | Você.

| 7

OPINIÃO

A vida vale a pena quando...

E

m seu livro “As Boas Coisas da Vida”, Rubem Braga faz uma pequena lista das “dez coisas que fazem a vida valer a pena” para ele.

Gosto muito dos itens que ele propõe, especialmente quando se refere às comidas gostosas da infância, às partidas e chegadas, às coisas surpreendentes que podem acontecer numa cidade estranha depois de um bom banho no hotel.

Porém, se essa lista fosse minha, ela iniciaria com: uma profunda experiência artística.

Daquelas que te fazem sair zonza do teatro, arrebatada de um show musical, emocionada ao final de um livro ou até mesmo se sentindo ‘puta da vida’ após sair de uma sessão de cinema.

Há quem diga que não gosta e não consome arte e cultura, porque não gosta. E eu acredito. Aliás, “há quem” pra tudo nos dias de hoje. Inclusive os que se autorizam a julgar o desejo de interrupção da gestação de uma menina de 11 anos vítima de estupro.

Mas não é disso que eu vim falar aqui. Esse seria o óbvio.

O tristíssimo óbvio que nos assola. E nos traz pânico.

Aqui eu gostaria de tentar propor um desafio. Desafio de encontrar, reencontrar ou expandir as belezas da vida.

Através do sensível. Do coração que pulsa forte. Daquela sensação de borboletas no estômago. Do exercício da empatia. Aquele movimento detentar colocar-se no lugar do outro. Ou ainda “pegar o corpo do outro emprestado para enxergar através”. Gosto de pensar a empatia através da arte.

E a arte como combustível para a vida. Como no instante em que você liga a música no

E é nessa dança com música alta, que você olha pela janela, enche os pulmões de ar, sente o vento e realiza: SIM, a vida vale a pena” máximo volume e dança, sozinho ou com quem tu ama, esquecendo do cotidiano por vezes esmagador, dos boletos à pagar, dos anseios de saúde, do amor não correspondido.

E é nessa dança com música alta, que você olha pela janela, enche os pulmões de ar, sente o vento e realiza: SIM, a vida vale a pena.

Se você não é aquela que não gosta de arte, ou aquele que não acredita na cultura como disparador das forças sensíveis do mundo, eu lanço esse convite: vem aqui todo o primeiro sábado do mês!

Não trago verdades. Me desloco da arquibancada pro jogo. Com coragem. Viver é um ato de coragem. Te convido pra irmos.

Um beijo dançante, apostando com força que A VIDA VALE A PENA.

Gabriela Munhoz 8 | Você. | FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

DICA DE LEITURA

Literatura para superar

Conheça obras que ajudam a passar por traumas e enxergar as coisas boas da vida. Entre textos leves, até infantis, as sugestões são para todas as idades Bibiana Faleiro

bibianafaleiro@grupoahora.net.br

Cartas de um terapeuta para seus momentos de crise por Alexandre Coimbra Amaral O autor é um psicólogo e terapeuta familiar que escreve cartas. Mas, nas páginas deste livro, elas possuem um pouco de poesia. Os remetentes são os sentimentos humanos, que chegam para uma conversa honesta e terna sobre como eles cumprem uma jornada viva dentro de cada ser humano.

Segredo por Andrea Maturana

Vazio

por Anna Llenas

A vida é cheia de encontros.

E também de perdas. Às vezes, se perdem coisas insignificantes: um lápis ou um objeto qualquer. Mas, em outras, a perda é de coisas bem mais valiosas, como a saúde ou uma pessoa querida. “Vazio” conta a história de uma menina que consegue superar essa tristeza, dando um novo sentido às suas perdas.

Talvez você deva conversar com alguém Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós, por Lori Gottlieb

Com histórias reunidas a partir de sua trajetória como terapeuta, por meio de quatro personagens, à sua própria experiência como paciente, Lori oferece um relato afetuoso, leve e comovente sobre a universalidade de nossas perguntas e ansiedades. Este é um livro sobre a importância dos encontros, dos afetos e da coragem.

Amália é alegre e comunicativa. Um dia, no entanto, a garota abre uma porta e vê algo que a perturba.

Sem conseguir nomear ou compartilhar a situação que presenciou, ela silencia e guarda o segredo. Até que, certo dia, consegue compartilhar seu trauma e sente-se muito melhor.

O livro é delicado e fala sobre situações de trauma infantil, escuta e empatia.

SAÚDE

Pilates kids: concentração, postura e força para os pequenos

Júlia Amaral

NICOLE MORÁS / DIVULGAÇÃO

juliaamaral@grupoahora.net.br

B

ambolês, bolas, faixas elásticas e cordas.

Esses são alguns dos instrumentos utilizados no pilates kids, método que tem como objetivo desenvolver nas crianças um corpo mais forte e uma mente mais relaxada.

Conforme a fisioterapeuta Mônica Fernanda Johann, o método foi criado a partir da necessidade da criança praticar exercícios específicos. “Como os aparelhos de pilates foram desenvolvidos para adultos, para uma certa estatura, o pilates kids é feito somente no solo”, explica.

Mônica atua na Clínica Reconectar, que oferece o pilates kids para crianças a partir dos 2 anos. Ela explica que

entre os benefícios da prática, está a flexibilidade e força de toda musculatura, bem como a qualidade de sono.

“O pilates kids ajuda as crianças a serem mais focadas e serenas.

Melhora muito a postura e ajuda a aprimorar a consciência corporal”, ressalta. Além disso, o método atua como programa de prevenção, orientação postural, correção de desvios e trabalha a respiração.

A fisioterapeuta explica que toda criança pode praticar, mas é necessário fazer uma préavaliação. “Muitos pais podem se questionar, porque o filho já faz atividades como natação e vôlei.

Mas o pilates é diferente, ele acaba desenvolvendo melhor o corpo da criança para praticar melhor essas atividades”, explica.

Benefícios do pilates kids: • Flexibilidade • Trabalho de toda musculatura • Relaxamento • Respiração consciente • Melhora da postura

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

| Você. | 9

Receita Ingredientes do recheio:

Receita de Guioza da Luana Prato típico da culinária chinesa, a guioza é feita de recheio de carne moída ou de legumes que vai dentro de uma massa fina, selada pelas extremidades, como um pastel.

Júlia Amaral

juliaamaral@grupoahora.net.br

A

primeira experiência da relações públicas Luana Germano, 31, na cozinha foi desafiadora. Quando ela tinha 9 anos, seu pai pediu para que ajudasse no jantar. Pela primeira vez, ela precisava fazer um arroz. Depois disso, despertou para uma paixão que nunca mais cessou.

A cozinha se tornou um lugar de afeto e amor. Era lá que a família se encontrava e que as tradições eram mantidas: avó fazia roscas, a prima fazia a sobremesa. “Minha maior fonte é o livro de receitas da minha mãe. Aquele caderno velho com muita receita de família”, conta.

Sabendo da paixão da filha, a mãe de Luana já a presenteou com livros de gastronomia diversas vezes. Depois, com a ajuda da internet e da TV a cabo, Luana conheceu outros chefs e receitas.

“Minha mãe sempre brinca que

10 | Você. | FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

• 1 colher de chá de óleo de gergelim • Fio de óleo vegetal • 2 dentes de alho picados • 1 colher chá de gengibre ralado • 1/4 xícara de pimentão picado • 1 cenoura pequena ralada • 1 batata pequena descascada e ralada fina (crua mesmo) • 2 e 1/2 xícaras de repolho ralado • Sal e pimenta • Cheiro verde • 2 colheres de sopa de shoyu 1/2 xícara de água misturada com 1 colher de chá de amido de milho.

comida caseira é com ela e que comida ‘gourmet’ é comigo”, conta.

Na cozinha, Luana gosta de inovar e fazer receitas diferentes. “Óbvio que sei cozinhar o básico e no dia a dia é isso que salva. Mas nos fins de semana viajamos por várias culturas”, explica. Nos grupos de amigos, Luana é sempre a cozinheira, responsável por fazer os almoços ou jantares. Entre as receitas especiais que prepara para os amigos, está o que ela indica para o Gastrô de hoje.

Preparo:

• Em uma panela, esquente os óleos. Junte o alho, o gengibre e o pimentão. Refogue até dourar. Junte todos os outros ingredientes, exceto a água com amido. Mexa bem e deixe cozinhar até o repolho murchar. Despeje a mistura de água com amido e mexa até engrossar. Reserve e deixe esfriar para rechear.

Ingredientes da massa: • 1 e 1/2 xícara de farinha • Pitada de sal • 1/2 xícara de água morna

Preparo: • Em uma vasilha, misture a farinha e o sal. Acrescente a água morna, misture e vá sovando com a mão até formar uma massa lisa e uniforme. Faça uma bola, coloque em uma vasilha, cubra e deixe descansar por cerca de 30 min.

• Depois, em um balcão limpo, coloque a massa e abra com o rolo até ficar bem fina (cerca de 2 mm de espessura). Com um cortador ou uma caneca com a boca de 8 a 10 cm, corte a massa. Coloque cerca de uma colher de sopa de recheio na massa, feche em meia lua e aperte bem. Faça preguinhas para ficar mais bonito.

• Em uma panela grande e em fogo baixo, esquente um fio de óleo, coloque os guiozas e deixe fritando. Quando eles estiverem douradinhos embaixo, acrescente cerca de 1/2 xícara de água e tampe para cozinhar. Eles estarão prontos quando toda a água tiver evaporado.

Gosto mineiro e cheiro de infância Bibiana Faleiro

bibianafaleiro@grupoahora.net.br

O

cheiro de café escapa pela porta e se espalha pela calçada, bem em frente a uma cafeteria na Bento Gonçalves. No número 984 da rua, fica um estabelecimento que já traduz no nome, a sua essência. A Cheirin Bão, inaugurada em abril pela administradora Mayara Schneider Datch, 35, é mais uma deliciosa opção para bebidas e lanches a qualquer hora do dia.

Apesar de sempre trabalhar com administração, a proprietária guardava o sonho de empreender. Ela queria uma franquia e, depois de muita pesquisa, encontrou uma cafeteria original de São Lourenço, em Minas Gerais.

A conversa acessível com os diretores e a qualidade dos produtos foram diferenciais para a escolha da marca. Mas o que tocou Mayara foi a cultura, a fartura e o acolhimento.

“O povo mineiro tem carisma, é hospitaleiro, e isso eu não quero perder aqui, essa coisa de estar próximo das pessoas”, destaca.

A franquia Cheirin Bão foi inaugurada em abril e traz um pouco de Minas Gerais para região.

A Cheirin Bão tem grande movimento, em especial, a partir das terças. O local escolhido também favoreceu o estabelecimento, que recebe famílias, amigos, idosos e estudantes. A música ambiente é outro detalhe que traz conforto e aconchego ao espaço.

“Parece uma releitura minha, de colocar carinho em tudo o que faz. A Cheirin Bão me traduz do início ao fim”, acredita Mayara.

Para todos os paladares Do expresso, ao V60, french press e aeropress, são cinco métodos diferentes na hora de preparar o café em grãos. Também é possível escolher o clever, feito com infusão e filtragem, e o chemex, que entrega uma bebida limpa e delicada.

No cardápio, estão cafés com notas de frutas vermelhas e amarelas, notas de caramelo e chocolate, assim como sabores mais tradicionais, como cappuccinos, chai latte, chocolate quente e com leite, a partir de R$ 6,50. Já os lanches, a partir de R$ 7, variam do pão de queijo ao cookie e waffle. Mayara conta que cada estação também surpreende com um cardápio temático.

Agora, as opções são de inverno, com bebidas como o Curau, um dos sabores mais clássicos de Minas Gerais, feito com creme de milho verde cremoso, com toque de goiabada e canela. O destaque da estação vai para os “Mineirin”, no sabor de linguiça, três queijos e Mineirin doce. A porção é semelhante a um escondidinho com diferentes ingredientes.

O espaço em cores quentes tem capacidade para 18 pessoas sentadas. O atendimento é de segunda a sexta das 8h30 às 19h, sem fechar ao meio dia, e aos sábados, das 9h às 16h.

“A Cheirin Bão está vindo com força, a ideia é cada vez mais expandir a marca”, destaca Mayara. A cafeteria também tem franquia em Estrela, na Rua Tiradentes, 272.

FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022

| Você. | 11

APRESENTA

Conforto, segurança e modernidade

Norde Arquitetura contato@nordearquitetura.com.br @nordearquitetura

U

m ambiente que vai receber pessoas de terceira e quarta geração precisa ser planejado com carinho e cuidado.

Nesse caso, elementos curvos, que trazem sensação de aconchego e acolhimento, além de ajudarem a evitar possíveis colisões, são uma boa aposta.

Esse foi um dos conceitos explorados pela Norde Arquitetura para o consultório da oftalmologista Dra. Marciele Pazinatto. O projeto, que durou cinco meses até o final da execução, é composto por tonalidades suaves e linhas curvas, criando um ambiente tranquilo e agradável.

Nas materialidades, a equipe optou por utilizar o amadeirado claro, tons de areia e a palha indiana cor creme. “O quartzito Paraná deu destaque a espaços como a bancada da recepção, a mesa de atendimento e as prateleiras de fundo dentro da sala principal”, explica a arquiteta Micheli Ferretti.

As pendentes foram pensadas em preto, com o objetivo de destacar alguns elementos chaves em meio ao suave, trazendo toques de modernidade. O espaço foi subdividido de forma a comportar recepção, com salas de atendimento e sala de lentes com acessos independentes e também interligadas, bem como sala de exames.

PATROCINADORES

12| |FIM Você. | FIM DE SEMANA, 2 E 3 JULHO 2022 12 DE SEMANA, 30 E 31 DE MAIO DE 2020

REALIZAÇÃO