Viver Cidades - 3ª edição

CADERNO ESPECIAL JUNHO E JULHO | 2022

CRISTO EM COMUNHÃO COM A NATUREZA

Animais, raramente vistos pelas pessoas, têm no entorno do monumento o seu lar.

Câmeras instaladas na mata flagram espécies como cachorro-do-mato, veado, saracura e tatu-galinha.

Concurso inscrições abertas

PARA ESTUDANTES E ESCOLAS ESTÁ COM

PROJETOS VIVER CIDADES E RUMO

vão até as escolas

Rodas de conversa com jornalistas e estudantes pretendem debater temas como meio ambiente e mercado de trabalho O Grupo A Hora desenvolve, desde o início do ano, os projetos Viver Cidades, voltado ao meio ambiente e sustentabilidade, e Rumo – o futuro da mão de obra na região.

Uma das grandes ações do Viver Cidades é a análise de água de dois rios e 12 arroios nas cidades de Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Colinas, Encantado, Estrela, Forquetinha, Lajeado, Marques de Souza, Teutônia e Santa Clara do Sul. O primeiro resultado foi publicado no suplemente especial em maio.

O Rumo realizou uma pesquisa com estudantes e empresários sobre o mercado de trabalho. Mais de 600 estudantes do Ensino Médio das redes pública e privada participaram da pesquisa. Os resultados foram publicados em caderno especial de 32 páginas, em maio.

Para que as informações de ambos os projetos cheguem de forma mais acessível e participativa aos estudantes, o Grupo A Hora se dispõe a fazer rodas de conversa com os jornalistas responsáveis pela produção dos conteúdos dos suplementos Viver Cidades e Rumo.

Para o diretor de conteúdo editorial, Rodrigo Martini, o Grupo A Hora tem

como propósito o enriquecimento intelectual e social do Vale do Taquari. “Para isso, criamos projetos que ‘casam’ com as nossas diretrizes.” É o caso do Viver Cidades, que apresenta um olhar minucioso e provocador sobre os mananciais da região, e também do projeto Rumo, que se trata de uma pesquisa inédita sobre os anseios de jovens e empresários junto ao mercado de trabalho. “E ambos convergem diretamente com a educação. Afinal, são as crianças de hoje que, logo mais adiante, vão moldar um novo futuro.”

• O quê:

I Concurso Viver Cidades

• Regulamento: disponível no site grupoahora.net.br aba Viver Cidades

• Categorias:

Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, Ensino Médio e escolas

• Inscrições: de 1º de junho a 15 de agosto de 2022

• Premiação: prêmios no valor equivalente a R$ 25 mil

Como participar Havendo interesse em realizar as rodas de conversa, o jornalista irá até a escola, sem custo para instituição, para conduzir a atividade.

Sugere-se a apresentação do projeto Rumo para os estudantes do Ensino Médio, e a do Viver Cidades, para o alunos dos anos finais do Ensino Fundamental.

Os agendamentos das rodas de conversa podem ser feitos por meio do telefone/Whatsapp (51) 991845232, setor de projetos e eventos do Grupo A Hora.

PRODUÇÃO

EXPEDIENTE

O I Concurso Viver Cidades está com inscrições abertas até o dia 15 de agosto. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no site grupoahora. net.br, na aba Viver Cidades.

Os objetivos do certame são valorizar ações sustentáveis aplicadas nas escolas públicas e privadas e estimular os estudantes a criarem projetos voltados ao meio ambiente. A participação é aberta para alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e aos adolescentes matriculados no nível médio. As instituições de ensino também podem inscrever projetos.

A categoria Ensino Fundamental desafia a criar peças – jogos, brinquedos, utensílios, artesanato - a partir de materiais recicláveis. Na avaliação serão consideradas a criatividade, a resistência e a aplicabilidade.

Os jovens do Ensino Médio devem apresentar projetos voltados à preservação ambiental que possam ser aplicados no dia a dia nas escolas, empresas, residências ou outras organizações. As escolas também poderão inscrever suas iniciativas voltadas à sustentabilidade, sendo uma inédita.

Os projetos devem ser apresentados por meio de fotos, vídeos e relatório. Depois, é só ficar na torcida. A revelação dos vencedores e entrega dos prêmios – que equivalem a R$ 25 mil – estão programadas para o mês de outubro, quando acontece o seminário do Viver Cidades.

TEXTOS

Luciane Eschberger Ferreira

ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Fábio Costa

Trabalhos podem ser apresentados de forma individual ou em equipe de até três colegas

FOTOS

IMPRESSÃO

Luciane Eschberger Ferreira Aldo César Lopes

Grafica Uma/ junto à Zero Hora

CRISTO PROTETOR DE BRAÇOS ABERTOS PARA

o meio ambiente Fauna e flora no entorno do complexo turísticos pautam estudos e ações de preservação

M

acaco-prego, veado-virá, mão-pelada, quati, jaguatirica e cachorro-do-mato são apenas alguns habitantes do entorno do monumento Cristo Protetor. Estas e tantas outras espécies ocorrem no bioma mata atlântica, floresta estacional decidual, como está classificado o morro das Antenas, em Encantado. Na mata, encontram tudo que precisam: comida, água e abrigo. Por isso, estes animais são pouco vistos pelas pessoas, mas estão lá, em seu habitat natural.

Entre as primeiras ações e estudos

CONHEÇA OS MAMÍFEROS IDENTIFICADOS NO ENTORNO DO CRISTO

da área do complexo está o “Diagnóstico do meio biótico: a fauna no entorno do Cristo Protetor.”

O trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar da BSW Gestão Ambiental Integrada, empresa contratada pela Administração de Encantado para realizar o estudo técnico ambiental do entorno do Cristo Protetor, e levou três meses – junho a agosto de 2021.

Três câmeras fotográficas (câmera trap) foram instaladas em troncos de árvores próximas das trilhas de animais ou em locais onde foram encontrados sinais de atividade. Os

QUATI (NASUA NASUA)

equipamentos permaneceram ligados por 24 horas por um período de 15 dias em cada ponto. “Os moradores de lá são bonitos de ver”, afirma o engenheiro agrônomo da BSW, Daniel Schmitz.

Além dos flagrantes captados pela câmeras, foram utilizados outros métodos. Nas áreas úmidas, por exemplo, foram verificadas espécies de anfíbios em atividade de vocalização – no total, 12 anfíbios. As 45 espécies de aves foram observadas em pontos fixos de registros visuais e/ ou auditivos e encontros ocasionais.

Entre os mamíferos, houve registro

TATU-GALINHA (DASYPUS SP)

GAMBÁ-DE-ORELHA-BRANCA (DIDELPHIS ALBIVENTRIS)

MACACO-PREGO (SAPAJUS NIGRITUS)

MÃO-PELADA (PROCYON CANCRIVORUS)

SAIBA MAIS

Daniel Schmitz Engenheiro agrônomo da BSW

“As pessoas não estão indo a qualquer lugar.”

de nove espécies: Sapajus nigritus (macaco-prego), Procyon cancrivorus (mão-pelada), Nasua nasua (quati), Dasypus sp. (tatu), Leopardus pardalis (jaguatirica), Coendou spinosus (ouriço-cacheiro), Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca), Mazama cf. gouazoubira (veado-virá) e Cerdocyon thous (cachorro-do-mato).

Identidade local Schmitz destaca que o diagnóstico inicial, que abrangeu também a fauna, entre outros aspectos, deu elementos e diretrizes para os planos e programas para todo o complexo. O primeiro passo foi conhecer o DNA local. “A identidade do Cristo Protetor está ligada à espiritualidade,

Entre outras medidas que envolvem o meio ambiente estão a estação de tratamento de efluentes, uso da água, drenagem pluvial e uso do solo.

religiosidade, fé, sensação de paz, natureza, sustentabilidade, preservação e beleza cênica.” Ele acrescenta que paisagem, memória, território, espacialização, artesanato, costumes locais, economia criativa, patrimônio histórico, geração de energia são elementos materiais e imateriais que compõem a identidade nos âmbitos cultural e ambiental. Uma série de medidas se torna necessária para que não se perca a identidade.

Para fauna, o plano, dentro da infraestrutura, é criar harmonização com placas, para que as pessoas saibam quais animais vivem no entorno e os respeitem, no sentido de não alimentar, não deixar resíduos. “Há, por exemplo, famílias de macacos, é preciso fazer passagem aérea para elas, assim como subterrâneas para outras espécies”, observa Schmitz.

E completa: “As pessoas não estão indo a qualquer lugar.”

Mais da metade da área do entorno do monumento é de mata nativa O levantamento da BSW Gestão Ambiental Integrada apontou que 51,4% da área de 1,4 mil hectares são de mata nativa. O estudo de ocupação de solo ainda apurou que 2,3% são de mata de araucária – espécie ameaçada de extinção -, 17,6% são utilizadas para campos e lavouras e 19,3% para silvicultura. Os recursos hídricos representam 2,1%. Estradas e vias de acesso somam 1,2% e benfeitorias e construções, 6,1%.

2,1 % Recursos hídricos

6,1 %

1,2 %

Estradas e vias de acesso

Benfeitorias e construções

2,3 %

Mata de araucárias

17,6 %

Complexo Turístico da Lagoa da Garibaldi e do Cristo Protetor

Campos e lavouras

Área total

1,4 mil

51,4 % Mata nativa

hectares

19,3 %

Silvicultura de exóticas ALDO LOPES

VEADO-VIRÁ (MAZAMA CF. GOUAZOUBIRA)

Espécies de árvores que ocorrem em floresta estacional decidual

OURIÇO-CACHEIRO (COENDOU SPINOSUS)

• Camboatá (Cupania vernallis) • Figueira (Ficus cestrifolia) • Garapeira (Apuleia leiocarpa)

CACHORRO-DO-MATO (CERDOCYON THOUS)

• Angico (Parapiptadenia rigida) • Louro (Cordia trichotoma) • Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum) • Cedro (Cedrela fissilis) • Cabriúva (Myrocarpus frondosus) • Guajuvira (Patagonula americana)

JAGUATIRICA (LEOPARDUS PARDALIS)

• Açoita-cavalo (Luehea divaricata) • Canela-amarela (Nectandra lanceolata) • Canela-vermelha (Ocotea spp) • Goarapovira (Patagonula americana) • Camboatá (Matayba guianensis) • Laranjeira-do-mato ou sapopemba (Sloanea guianensis)

Entre as espécies consideradas vulneráveis estão o bugio-ruivo e o gato-mourisco

Levantamento da fauna em Encantado é um recorte do Vale O levantamento da fauna no entorno do Cristo Protetor, feito ano passado, confirma o que apontou uma pequisa regional de 2007. Na época, seis professores da Univates publicaram o artigo “Mamíferos do Vale do Taquari, região central do Rio Grande do Sul”. O levantamento da BSW Gestão Ambiental Integrada se restringiu à área do monumento, mas ampliou as classes para anfíbios, aves e mamíferos.

Para a doutora em biociências Liana Johann, esses levantamentos são importantes para se conhecer a fauna residente na vegetação da região. “E, e até mesmo, identificar se os fragmentos florestais estão suficientemente conservados para manter esses animais com alimentação e espaço para reprodução.”

Esses trabalhos, explica, listam as espécies registradas por armadilhas fotográficas, por identificação de fezes, pegadas ou outros sinais de atividade.

O artigo publicado pelos docentes Carlos Benhur Kasper, Maria Júlia Feldens, Fábio Dias Mazim, Adilson Schneider, Cristina Vargas Cademartori, Hamilton César Zanardi Grillo apresenta uma lista de 59 espécies de mamíferos ocorrentes na região, compreendidos em oito ordens e 23 famílias. Dentre as espécies registradas, 13 (aproximadamente 22%) eram consideradas ameaçadas de extinção em nível estadual e quatro (aproximadamente 7%) integravam o grupo de mamíferos definidos como “insuficientemente conhecidos” no Rio Grande do Sul.

Liana Johann Doutora em biociências

“Estes levantamento são importantes para identificar se os fragmentos florestais estão suficientemente conservados para manter esses animais com alimentação e espaço para reprodução”

Os mamíferos de médio e grande porte apresentaram a maior diversidade, com o registro de 26 espécies para toda a região. Entre os pequenos mamíferos não voadores foram registradas 17 espécies. Verificou-se ainda a ocorrência de 16 espécies de morcegos para o Vale do Taquari.

Mamíferos encontrados no Vale do Taquari NOME POPULAR

NOME CIENTÍFICO

STATUS DE AMEAÇA

Cuíca-d’água Gambá-de-orelha-branca Gambá-de-orelha-preta Guaiquica Tamanduá-mirim Tatu-de-rabo-mole Tatu-mulita Tau-galinha Tatu-peludo Morcego-pescador Morcego-de-cara-branca Morcego-de-cara-listrada Morcego-bombachudo Morcego-vampiro Morcego-beija-flor Morcego-fruteiro Morcego-borboleta-grande Morcego-orelhudo Morcego-grisalho Morcego-das-palmeiras Morcego-borboleta-escuro Morcego-de-cauda-grossa Morcego-de-cauda-grossa-grande Morcego-narigudo Morceguinho-das-casas Macaco-prego ou mico Bugio-ruivo Graxaim-do-mato Coati Mão-pelada Irara Furão Lontra Gato-mourisco Jaguatirica Gato-do-mato-pequeno Gato-maracajá Veado-virá Veado-bororó Caxinguelê Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Rato-silvestre Camundongo Ratazana Rato-das-casas Ouriço-cacheiro Preá Capivara Paca Cutia Ratão-do-banhado Rato-do-bambu Lebre

Didelphidae Chironectes minimus Didelphis albiventris Didelphis aurita Gracilinanus agilis Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla Dasypodidae Cabassous totouay Dasypus hybridus Dasypus novemcictus Euphractos sexcintus Noctilionidae Noctilio leporinus Philotomidae Artibeus fimbriatus Artibeus lituratus Chrotopterus auritus Desmodus rotundus Glossophoga soricina Sturnira liliun Vespertilionidae Epitesicus brasilieinsis Histiotus velatus Lasiurus cinereus Lasiurus ega Myotis nigricans Molossidae Molossus molussus Molossus ater Promops nasutus Tadarida brasiliesis Cebidae Cebus nigritus Alouatta guariba clamitans Canidae Cerdocyon thous Procyonidae Nasua nasua Procyon cancrivorus Mustelidae Eira barbara Galictis cuja Lontra longicaudis Felidae Herpailurus yagouaroundi Leopardus pardalis Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Cervidae Mazama gouazoupira Mazama nana Sciuridae Sciurus asteuans Muridae Oligoryzomys flavescens Oligoryzomys nigripes Oryzomys angouya Nectomys squamipes Akodon sp.

Akodon montensis Oxymycterus rutilans Brucepattersonius iheringi Mus musculus Rattus norvegicus Rattus rattus Erethizontidae Sphiggurus villosus Caviidae Cavia sp.

Hidrochoeridae Hidrochoerus hidrochaeris Agoutidae Agouti paca Dasyproctidae Dasyprocta azarae Capromydae Myocastor coypus o Echimyidae Cannabateomys amblyonyx Leporidae Lepus sp.

VULNERÁVEL NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO INSUFICIENTEMENTE CONHECIDO VULNERÁVEL NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO INSUFICIENTEMENTE CONHECIDO VULNERÁVEL NÃO AMEAÇADO VULNERÁVEL NÃO AMEAÇADO VULNERÁVEL NÃO AMEAÇADO VULNERÁVEL VULNERÁVEL VULNERÁVEL VULNERÁVEL VULNERÁVEL VULNERÁVEL CRITICAMENTE AMEAÇADO INSUFICIENTEMENTE CONHECIDO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO VULNERÁVEL INSUFICIENTEMENTE CONHECIDO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO NÃO AMEAÇADO

* Pesquisa de um grupo de docentes da Univates.

Artigo publicado em 2007.

Horto Municipal de Estrela

Dedicação para uma cidade cada vez mais verde O horto municipal de estrela produz cerca de 40 espécies arbóreas nativas para arborização urbana, recuperação de áreas degradadas e diversas atividades de educação ambiental. Também são produzidas mudas arbustivas para proteção e contenção de processos erosivos às margens do Rio Taquari.

A PRODUÇÃO TEM COMO FOCO ESPÉCIES NATIVAS E SEGUE AS SEGUINTES ETAPAS: 1• 2• 3• 4•

Ciclo de produção das mudas: SEMENTE GERMINANDO

SEMENTEIRAS

MUDA

SEMENTE MUDA

ÁRVORE

GERMINAÇÃO

MUDA PRONTA PARA O PLANTIO

O horto florestal está localizado às margens da Estrada Municipal Marino Görgen, em Linha Santa Rita, e integra a Unidade de Conservação “Parque das Figueiras”

Saiba mais: (51) 3981-1044

UMA SÓ

terra

Dia Mundial do Meio Ambiente alerta sobre os cuidados com o planeta

M

eio século depois da 1ª Conferência Mundial de Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia, o 5 de junho deste ano repete o tema “Uma só Terra”. Há 50 anos, chefes de estado, secretários e ministros se comprometeram a tomar conta da Terra – a única terra. O foco era “vida sustentável em harmonia com a natureza".

Por que repetir o mesmo tema cinco décadas depois? Significa que se voltou à estaca zero? Significa que não houve evolução? Significa que pioraram as condições do planeta? Em 2022, o tema se repete porque é preciso lembrar que a Terra é única e seus habitantes precisam cuidá-la e parar de destruí-la.

O certo é que nestas cinco décadas, mudaram leis, hábitos de consumo e meios de produção. Aumentaram as necessidades por alimentos e água. E houve grande expansão das áreas urbanas, avançando às rurais ou verdes. A população mundial passou de 4 bilhões, em 1972, para 7,8 bilhões, em 2022. Este dado por si só já impacta o meio ambiente, afinal, o agressor é o homem.

Para a professora da Univates e doutora em Direito, Luciana Turatti, no Brasil, um marco importante nestes 50 anos foi a inclusão de um artigo sobre meio ambiente na Constituição de 1988. A partir de então, normas e resoluções foram dando forma a uma legislação ambiental considerada modelo para o mundo – embora nos últimos anos tenham havido mudanças e flexibilizações em alguns pontos. Luciana destaca, entretanto, que aplicar e fiscalizar as regras são um desafio, assim como fazer a sociedade entender que preservar o meio ambiente não é um entrave para desenvolvimento econômico.

O promotor de Justiça Regional Ambiental, Sérgio da Fonseca Diefenbach, compartilha a opinião de Luciana e acrescenta que as licenças ambientais – fruto da legislação - são emitidas para setores de atividades que poluem. “É a licença para poluir.” Mas com limite de emissão e meios de tratamento para reduzir o impacto ambiental.

Ele ainda destaca que, embora hajam processos e regras, há quem burle a legislação. E fiscalização nem sempre consegue atuar na mesma medida da demanda.

Francisco Milanez Doutor em Educação em Ciências e especialista em Análise de Impactos Ambientais

“Os indígenas vivem aqui há mais de 10 mil anos e não destruíram. Nós, em 500 anos, na verdade, nos últimos 200 anos, estamos destruindo o país mais rico do mundo.”

RS é pioneiro no movimento ambientalista

Um ano antes 1ª Conferência Mundial de Meio Ambiente, quando os líderes mundiais conversaram sobre o tema, o ambientalista gaúcho José Lutzenberger, fundava a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Foi a primeira no Brasil e uma das mais antigas do mundo.

O doutor em Educação em Ciências e especialista em Análise de Impactos Ambientais, Francisco Milanez, presidiu a Agapan por seis gestões. Atualmente é conselheiro e diretor científico.

“São 51 anos de luta, e a avaliação é muito ruim. Estamos vivendo a pior época.” Ele refere-se à falta de investimentos em saneamento e a pouca preocupação com os mananciais e o desmatamento. Além disso, destaca as tentativas governamentais de flexibilizar a legislação quanto ao licenciamento ambiental, o registro de agrotóxicos. A largura mínima das faixas marginais de cursos d’água, como rios e córregos, consideradas áreas de preservação permanente, reduziram de 50 a 200 metros para 15 a 250 metros.

Para o ambientalista, a Amazônia nunca foi desmatada na velocidade que está sendo agora. “Além das ocupações de terras indígenas, sempre com prejuízo ambiental gigante. Os indígenas vivem aqui há mais de 10 mil anos e não destruíram. Nós, em 500 anos, na verdade, nos últimos 200 anos, estamos destruindo o país mais rico do mundo.”

Semente O município de Lajeado, assim como outros do Vale do Taquari, aposta nas crianças como guardiãs ambientais e, futuramente, em adultos mais conscientes.

No contraturno escolar, estudantes entre 10 e 12 anos podem participar do projeto Guardiões Ambientais Mirins. As atividades lúdicas e práticas ocorrem no Jardim Botânico, durante o ano, e se encerram com formatura.

A intenção é que os alunos tenham conhecimento científico adequado para conseguir enxergar os problemas ambientais e as possíveis soluções.

Náthali Gonçalves Dias, 11, e Alexia da Silva Roth, 10, participam do programa. As duas pré-adolescentes querem aprender mais sobre o planeta e entendem a importância de “ajudar a cuidar do meio ambiente”, para ter um “mundo mais limpo, bonito e feliz.”

Náthali e Alexia participam do projeto Guardiões Ambientais Mirins, de Lajeado

Arborização urbana

TRAZ BENEFÍCIOS AO AMBIENTE E ÀS PESSOAS Plantio de espécies adequadas a cada espaço evita transtornos e cortes definitivos

N

ativas ou exóticas, as árvores retêm poeira e diminuem a poluição sonora.

Sua sombra faz reduzir a temperatura em até 5 graus. “Espaços arborizados causam sensação de bem-estar nas pessoas”, destaca a engenheira florestal Sabrina Marques Wolf, da Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade de Lajeado (Sema).

Para incentivar e orientar o plantio na cidade, a Sema lançou a Cartilha de Arborização Urbana, durante atividade que compôs a programação da Semana do Meio Ambiente de Lajeado. Foram entregues alguns exemplares físicos e o material está disponível no site da Administração de Lajeado – lajeado.rs.gov.br. A cartilha traduz em uma linguagem simplificada o que dispõe o Plano Diretor de Arborização Urbana.

Para o titular da Sema, Luís André Benoitt, as árvores trazem diversos benefícios ao homem. Por isso, arborizar ruas e avenidas, parques e jardins é proporcionar bem-estar às

Espaços arborizados proporcionam sensação de bem-estar às pessoas

pessoas. “É investir na cidade.”

Benoitt conta que, nos últimos anos, foram plantadas cerca de 2,5 mil mudas de diversas espécies, por meio

do Programa Lajeado Mais Verde.

“Desejamos que a população participe da construção, seja plantando suas próprias árvores na calçada ou dentro

dos pátios, seja cuidando das mudas que a prefeitura plantou. Assim construiremos um ambiente urbano agradável de se viver.”

“ANTES DE PLANTAR, VERIFIQUE COMO A ESPÉCIE FICA NA FORMA ADULTA” Viver Cidades - Quais os benefícios das áreas verdes dentro da cidade?

Sabrina – Nas áreas onde é possível

fazer caminhadas, onde há equipamentos de recreação, com projeto de arborização, os maiores beneficiados são os seres humanos. Os animais, como pássaros, roedores e répteis também se beneficiam. E as áreas verdes, com mato fechado, são importantes para fauna, porque muitos animais se afastam dos seres humanos e buscam estas áreas.

Quais as recomendações para ter frutíferas produtivas?

Sabrina – É importante observar as recomendações de um técnico sobre o programa de poda para evitar o crescimento sem prejudicar a produção e para facilitar a colheita, além do controle pragas. As nativas, como pitangueira, jabuticabeira, não têm em muita técnica desenvolvida porque não existem pomares comerciais. Basta uma boa adubação e observar o local do plantio, longe de rede energia, por exemplo.

Na área urbana, quais os cuidados ao plantar árvores frutíferas?

Sabrina - As pessoas pedem muito

as frutíferas para plantar no pátio ou na calçada. É preciso ter um pouco de cuidado com relação ao tamanho do fruto, porque pode causar problema ao cair sobre uma pessoa ou carros estacionados. Incentivamos muito plantar no pátio. Importante que o morador verifique como a espécie fica na forma adulta e se é compatível com o local.

A árvore da espécie flamboyant pode chegar a 12 metros de altura

Sabrina Marques Wolf, engenheira florestal

“As árvores crescem, se reproduzem e morrem” O corte de árvores em espaços públicos, muitas vezes, causam comoção e até revolta dos cidadãos que se preocupam com o meio ambiente. A engenheira florestal Sabrina Marques Wolf comenta que a arborização urbana é trabalhosa, porque precisa de verificação permanente. “As árvores crescem, se reproduzem e morrem.”

O corte se torna necessário quando ocorre acidentes com veículos, obstrução das calçadas - os cadeirantes precisam se deslocar, assim como pessoas com mobilidade reduzida –, quando há ataque de pragas ou quando a árvore está debilitada. “É feita avaliação para verificar as condições da raiz, tronco e copa, se pode oferecer risco às pessoas no seu entorno. Há um processo de análise técnica.”

Saiba mais • Tanto a Prefeitura quanto o munícipe tem obrigação de fazer a compensação no caso de corte de espécie ameaçada de extinção.

• As distribuidoras de energia elétrica têm licença estadual permanente para poda e corte de árvores que ofereçam risco à rede. A obrigação é avisar a Administração Municipal.

Feita pelo Meio Ambiente, análise técnica vai apontar a necessidade ou não do corte ou poda

• Os loteamentos novos são obrigados a encaminhar o projeto de arborização urbana dos lotes. O documento é elaborado por um responsável técnico, que levará em conta a rede de energia para não ter problemas futuros.

Critérios para o corte de árvores No pátio das residências

• As exóticas podem ser cortadas sem autorização.

• As nativas, só com autorização • As espécies ameaçadas de extinção – como a araucária - , só com autorização e compensação. As árvores plantadas para compensar o corte devem ser cuidadas pelo período de 4 anos.

• As espécies imunes ao corte não podem ser cortadas - só é permitido o transplante.

As árvores que estão em espaço público

• Independentemente da espécie, precisam ter autorização de corte, emitido pela Secretaria de Meio Ambiente.

Horto Florestal disponibiliza mais de 200 espécies Como adquirir mudas do Horto Florestal • Entre no site lajeado.rs.gov. br, aba da Secretaria do Meio Ambiente, Horto Florestal e escolha a muda • Peça (de forma presencial) a emissão de um protocolo na Secretaria do Meio Ambiente Rua Liberato Salzano Vieira da Cunha, 15, bairro Americano, Lajeado. Horário de funcionamento: de segunda a quinta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 16h45, e nas sextas-feiras, das 8h às 14h.

Antes de adquirir a muda, é possível obter mais informações sobre as espécies, basta acessar o site da Administração de Lajeado

O Horto Florestal de Lajeado, localizado no Jardim Botânico, produz mudas de árvores nativas e frutíferas, além de plantas ornamentais. Mais de 200 espécies compõem o catálogo, que pode ser acessado no site lajeado.rs.gov.br, aba da Secretaria do Meio Ambiente, Horto Florestal.

O interessado pode conferir a lista de mudas disponíveis. Se tem dúvida sobre qual espécie escolher, há o link para o Guia de Espécies. Ali é possível saber o melhor período de plantio, frutificação, se são melíferas (auxiliam na produção de mel), atrativas para fauna,

se produzem frutos comestíveis, qual período perdem folhas, se precisam sol em abundância, umidade e irrigação. Também há informações quanto a indicação para arborização urbana, à recomposição de áreas degradadas e reflorestamento.

Mais de 200 espécies são produzidas nas estufas do horto

• O valor unitário das mudas é de R$ 3,66 mais a impressão do boleto (R$ 3,57).

• Pague o boleto em lotérica, banco ou app do seu banco.

• Retire as mudas no Horto Florestal, localizado no Jardim Botânico, mediante a apresentação de comprovante de pagamento.

Horário de retirada de mudas: de segunda a quinta-feira, das 8h às 11h e das 13h30min às 16h, e nas sextas-feiras, das 8h às 11h.

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CRISTINE ROCHOL/DIVULGAÇÃO

Longe de túnel verde, perto do paisagismo com floreiras A Rua Júlio de Castilhos, principal via de Lajeado, destaca-se visualmente pelas fachadas dos comércios, placas de sinalização e postes com emaranhados de fios. Um cenário pouco convidativo para contemplação.

Uma pesquisa lançada pela Administração Municipal pretende colher a opinião dos cidadãos sobre o que desejam para a Júlio. Entretanto, plantar árvores de porte grande está fora de cogitação.

Conforme a engenheira florestal Sabrina Marques Wolf, em área consolidada

é impossível criar um túnel verde, como muitas pessoas gostariam. O solo rochoso, canalização subterrânea e redes de energia impedem o plantio de árvores na Júlio de Castilhos.

Embora o resultado da pesquisa ainda não tenha sido divulgado, se pensa em paisagismo com floreiras e plantio de árvores de pequeno porte, talvez em vasos.

Outra alternativa, segundo Sabrina, é arborizar as ruas transversais e paralelas à Júlio, num projeto de revitalização da área central da cidade.

ALDO CÉSAR LOPES

Na rua Júlio de Castilhos, o que mais chama a atenção são os fios, postes e placas de trânsito ou de publicidade LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA

Porto Alegre

A capital gaúcha tem um túnel verde que atrai os turistas. A Rua Gonçalo de Carvalho, divisa dos bairros Independência e Floresta, foi decretada Patrimônio Histórico,

Cultural, Ecológico e Ambiental do município em junho de 2006. O via ficou conhecida pelas Tipuanas em toda sua extensão e por conta da mobilização dos moradores pela preservação.

ALDO CÉSAR LOPES

Paisagem da Rua Pedro Albino Müller, no bairro Alto do Parque, é um convite para caminhada e contemplação CRISTINE ROCHOL/DIVULGAÇÃO

Santa Cruz do Sul

A rua Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul, é coberta por cerca de 300 Tipuanas, com aproximadamente 70 anos, formando um túnel verde. A via concentra grande parte do comércio e prédios históricos, que fazem parte do patrimônio do município, mais a Praça Getúlio Vargas e Catedral São João Batista, que ficam nas imediações. O túnel tem cerca de dez quadras, entre as ruas Manoel Antônio de Barros e Tiradentes.

Roca Sales Um túnel verde conduz à cidade de Roca Sales pela ERS-129. Na década de

1990, o ex-prefeito Adelqui Gugel idealizou o projeto e plantou as mudas com a ajuda do técnico da Emater Deoclécio Picoli.

Apresentado por

REFLORESTAMENTO TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM NOME DA SUSTENTABILIDADE O Grupo FASA, em Cruzeiro do Sul, investe na reutilização da água para fertirrigação dos eucaliptos plantados na região

A

Segundo Robinson Huyer, Diretor do Grupo FASA, a companhia investe no reflorestamento da região desde 2009, quando plantou cerca de 300 mil mudas de eucaliptos em uma área de nove hectares. “Nossa indústria é a única 100% reciclável da região. Inclusive a água, já tratada,

é

para a fertirrigação da área reflo-

um importante nicho de

restada. Além disso, contamos com

produção do agronegó-

compostagem própria, para a trans-

cio brasileiro e essencial

formação de resíduos em adubo or-

Reciclagem

Animal

para os processos de sustentabili-

gânico”, explica.

dade tão necessários para o país.

A escolha pelo eucalipto passa

Por isso, o trabalho realizado pelo

pelo fato de ser a opção de plantio

Grupo FASA, que desde 2010 atua

ideal para reflorestamento, já que

na transformação de matéria crua

não é exigente e pode se desenvol-

em proteínas, gorduras e minerais

ver em qualquer tipo de solo e clima.

para diversos fins, é tão necessário

É recomendado que o plantio seja

para o Vale do Taquari. Entre eles, se

feito durante um período mais chu-

destaca a reutilização da água para

voso. Contudo, a tecnologia aplicada

fertirrigação dos eucaliptos em tor-

pelo Grupo FASA se mostrou eficien-

no da empresa.

te pela fertirrigação.

Nossa indústria é a única 100% reciclável da região.”

Robinson Huyer

Diretor do Grupo FASA

A FERTIRRIGAÇÃO DO GRUPO FASA NO REFLORESTAMENTO DA REGIÃO Estudos apontam que a fertirrigação diária em eucaliptos proporciona maiores acúmulos de nutrientes nas plantas. Além disso, potencializa o crescimen-

SOLUÇÃO EFICIENTE E SUSTENTÁVEL A fertirrigação utiliza a rega das plantas a partir de uma técnica controlada, que oferece água em quantidade dosada e no momento e local corretos para garantir mais produtividade e qualidade à lavoura. O grande diferencial é que, além da água, a técnica também transporta

to das culturas florestais, como mostra estudo da UEMS:

os fertilizantes necessários através

Altura das plantas foi 13% maior no sistema gotejamento;

mais eficientes, já que os gotejado-

Foi 11% maior no sistema de microaspersão em relação à área sem irrigação;

radiculares das plantas, o que con-

A irrigação promoveu maiores valores de diâmetro a altura do peito;

O investimento para manutenção

Aumento de 19,8% na produção volumétrica de madeira quando irrigada por microaspersão; Aumento de 17,7% quando irrigada por gotejamento, em relação à área sem irrigação.

de uma estrutura de gotejamento.

“O gotejamento é um dos sistemas res são posicionados exatamente na área de concentração dos sistemas tribui para o melhor aproveitamento dos fertilizantes”, analisa Huyer. da iniciativa é significativo, mas eficiente. Tanto é que segundo pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), as plantas submetidas à fertirrigação cresceram 12,5% a mais do que a adubação convencional sem irrigação. Hoje, a área total do Grupo FASA reflorestada é de cerca de 495 hectares.

CONHEÇA MAIS:

www.fasa.ind.br | @grupofasaind | @grupofasa | grupofasa Rua João Eckert, 1000, São Rafael – Cruzeiro do Sul | (51) 3714-9800

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