Agronotícias - 22 e 23 de junho de 2019

Especial do jornal A Hora

FIM DE SEMANA, 22 E 23 DE JUNHO / 2019

Circulação bimensal GIOVANE WEBER/FW COMUNICAÇÃO

Apetite chinês cresce O surto de peste suína africana abre oportunidades para a cadeia produtiva no Brasil. Cenário traz impacta positivo com aumento das exportações e do preço. Desafio é manter o status sanitário e encontrar estratégias para abocanhar parte da demanda chinesa.

Páginas 6 e 7

Encontrar alternativas além do chimarrão, aprimorar as pesquisas para divulgar os benefícios, mecanizar a lavoura, elevar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos para atender um consumidor cada vez mais exigente e em busca de novos hábitos alimentares são desafios

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ENTREVISTA

FIM DE SEMANA, 22 E 23 DE JUNHO / 2019

“Os gaúchos ainda não conhecem a bebida oficial”

S

egundo o presidente e empresário do ramo ervateiro, Álvaro Luiz Bozzetto Pompermayer, para um setor que vem há séculos na sombra do extrativismo, encarar essa avalanche de mudanças e inovações que atendam a demanda atual e futura, é o desafio mais complexo. “Exige um poder de adaptabilidade e sintonia de forma muito rápida e eficiente”, diz.

Como encontrar alternativas de mercado para a matéria-prima além do chimarrão?

Observar as tendências do consumo mundial que indicam a erva-mate como a grande opção, é uma forma. Interpretar essa onda e de maneira criativa estabelecer estratégias de como inserir a erva-mate no dia a dia das pessoas, no seu hábito alimentar ou de uso cotidiano. Na atualidade já são produzidos vários produtos, dentre o ramo das bebidas, da gastronomia, da beleza, dos cosméticos, dentre outros.

A pesquisa por novas opções já está em busca dessas novas oportunidades. Mas, é evidente que o chimarrão, o tereré e o chá-mate são os grandes puxadores de folha do campo, em função da quantidade de matéria prima usada em seu consumo. Isso não pode ser desprezado.

Como auxiliar as empresas a explorar outros nichos?

Desenvolver estratégicas mercadológicas para a erva-mate e não única e exclusivamente para os seus produtos mais tradicio-

nais e conhecidos como o chimarrão e o tereré, por exemplo.

Isto exigirá uma mudança de pensamento, de comportamento, de compreensão, de paradigmas e ideias já arraigadas no setor. Já existe em nível de Brasil, movimentos nesse sentido. Pensar também, fora da cuia.

Pelo fato de ser um produto essencialmente natural e as pessoas buscarem um novo conceito nos seus hábitos alimentares, a erva-mate se apresenta como opção de primeira ordem.”

Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS

Diretor-geral: Adair Weiss Diretor de Conteúdo: Fernando Weiss Diretor comercial: Sandro Lucas

De que forma é possível abrir novos mercados no exterior?

Primeiro conscientizar-se de que isso é necessário. Estarmos internamente comprometidos com essa ideia. Fazer nossa tarefa caseira, pois há um antigo ditado que diz: “antes de conhecer o mundo, dê três voltas ao redor de tua casa”. Criar mecanismos que aproximem a erva-mate do consumidor, e, este da erva-mate. Municiar esse potencial consumidor de informações sobre a planta, o seu significado, como é produzida, as suas virtudes e potencialidades. Apresentar a erva-mate ao mundo, de maneira sábia, inteligente como os guaranis fizeram aos espanhóis ainda em 1554. Digo isso, porque é preciso uma autocrítica.

O setor ervateiro ainda não conseguiu fazer todos os rio-grandenses conhecerem a erva-mate, árvore símbolo e matéria prima da bebida oficial dos gaúchos.

Se nem todos os habitantes do Estado maior consumidor do mate conhecem minimamente, de fato, a sua árvore e bebida símbolo, imaginemos o mundo!

Há muito trabalho pela frente. É a realidade. Menos mal, que a planta, a árvore, a erva-mate está

DIREÇÃO EDITORIAL Fernando Weiss

ai, na mata atlântica, crescendo linda e vigorosa. Deus Tupã fez sua parte, nos presenteou com ela, como conta a lenda indígena Guarani.

Considerações finais Criar espaços de aproximação com a comunidade, apresentar os produtos, as possibilidades e seus benefícios. O consumidor está muito exigente, informado, conectado, preocupado com seu prazer, sua saúde, seu bem estar e sua qualidade de vida.

Tende pelos produtos naturais e saudáveis. Tudo isso a erva-mate pode oferecer. A rastreabilidade dos produtos é outra realidade bem próxima. Isso assegura confiança, idoneidade, qualidade e segurança alimentar ao consumidor.

O setor em números 14 mil propriedades •Área - 36 mil hectares •302 mil toneladas de folha por ano •Preço - R$ 11 a R$ 16 /@ Cerca de 230 indústrias * (@) arroba = 15 kg de folha verde

COORDENAÇÃO E PRODUÇÃO Giovane Weber/FW Comunicação Prestador de Serviços

ARTE Gianini Oliveira

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AGENDA

AGRONOTÍCIAS RESPONDE Mosca-das-frutas: estratégias de monitoramento e controle A mosca-das-frutas é uma das principiais pragas da fruticultura na atualidade. O chefe do escritório municipal de Forquetinha Arthur Eggers destaca medidas a serem adotadas para evitar o ataque nos pomares, manter a qualidade das frutas e reduzir os prejuízos.

Cite as características da mosca e como ela se desenvolve?

Entre as principais características da mosca, destaca-se o hábito diurno, sobrevivência em pomares próximos de matos, onde se alimenta de frutos silvestres como pitangas, araçás e goiabas. Para seu desenvolvimento, na fase larval, requer uma dieta rica em proteína, alimentando-se de frutos em desenvolvimento.

Quais são os indícios de que o inseto está no pomar?

O ataque da praga coincide com o período de inicio da maturação dos frutos. Uma única mosca fêmea possui a capacidade de ovopositar de 500 a 1 mil ovos, podendo ser encontrados,

mais de uma larva por fruto.

Quando temos armadilhas como atrativo, conseguimos reduzir o ataque e identificar quando estes iniciam. No caso de não termos iscas, nota-se o surgimento de manchas claras em forma de círculos, com um pontinho no centro. Após alguns dias estas manchas escurecem e a fruta apodrece.

Produção de maça aliados na polinização e controle de outros insetos considerados pragas.

Considerações finais Entre as medidas preventivas cabe a coleta de frutos caídos dos pomares e aterramento destes. Também podem ser servidos aos animais. Outra medida é o ensacamento de frutos (uso de saquinhos de papel), previamente ao início da maturação.

COTAÇÕES AGRÍCOLAS

Existem produtos para fazer o controle e como aplicar?

Como atrativo podemos utilizar as proteínas hidrolisadas, coma a Isca Mosca, Bio Anastrepha, Bio Fruit ou a Pastilha de Torula. Contudo, o Cera Trap vem tendo melhor desempenho.

Ainda tem a opção das iscas tóxicas com Anamed e Success, que são aplicadas geralmente nas bordas do pomar e por baixo das plantas.

O uso de produtos orgânicos ou biológicos é importante?

Com as armadilhas conseguimos centralizar a captura, preservar os predadores naturais das moscas-das-frutas e outros insetos benéficos como abelhas e joaninhas, que são nossos

Informe Agroeconômico Produto

Unidade

Junho R$

Arroz em casca

50kg

44,31

Feijão

60kg

153,41

Milho

60kg

31,17

Soja

60kg

71,31

Trigo

60kg

40,41

Boi p/ abate

kg vivo

5,29

Cordeiro p/ abate

kg vivo

6,49

Suíno tipo carne

kg vivo

3,51

Vaca p/ abate

kg vivo

4,65

Leite (valor líquido)

litro

1,31

Búfalo kg vivo

PREÇO DO FUMO R$/kg R$ /arroba 11,01 172,05 11,64 180,91

Variedade TO1 BO1

4,59

Especialistas do mundo inteiro nas áreas de pomicultura e fruticultura estarão no 4º Seminário Internacional de Fruticultura, na Casa do Povo, em Vacaria.

O evento técnico inicia dia 25 e segue até o dia 27. Mais informações em fritucultura.agr.br.

Simpósio do Leite A qualidade da matéria-prima será discutida no 7º Simpósio da Vaca Leiteira. As atividades ocorrem no dia 28, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo (UPF). Inscrições mediante pagamento na UPF ou no portalfaugrs.com.br, link cursos e eventos.

Encontro de Jovens Rurais Ocorre no dia 19 de julho o 3º Encontro de Jovens Rurais de Westfália. O tema central será “A importância e os desafios na agricultura familiar”.

Fruta ganha espaço no pomar pelos benefícios à saúde. Novas variedades, conhecimento e renovação das áreas cultivadas garantem oferta constante e produtividade estável.

Desafio é diminuir a oscilação dos preços

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Bergamota para adoçar os lucros GIOVANE WEBER/FW COMUNICAÇÃO

A

família Bianchini, de Canudos do Vale, cultiva citros faz mais de 40 anos. Os pomares ocupam cerca de 8 hectares, sendo que 20% da área é destinada para o cultivo de bergamota, das variedades Caí (comum), Dekon, Murcott Ponkan.

O produtor Marcio Bianchini, 51, estima colher 12,5 mil quilos da fruta no ciclo atual, mesma quantidade do ano passado. O período de colheita se estende até o fim do mês. “São várias etapas, pois cada variedade tem seu ponto ideal de maturação. O preço é maior no início e depois despenca”, conta.

A bergamota é entregue em comércios de Lajeado. “O clima prejudicou a produtividade, mas o sabor e a qualidade estão excelentes”, garante.

Mesmo com oscilação no preço, Bianchini garante ter boa lucratividade. O quilo é vendido em média por R$ 0,60. Entre os segredos para manter o padrão das frutas cita a renovação dos pomares.

“Cada bergamoteira produz cerca de 25 quilos por ciclo”, calcula.

Área dobra Nos últimos cinco anos a área plantada de citros praticamente dobrou.

Na época eram quase 500 hectares, conforme o Assistente Técnico Regional em Fruticultura da Emater, Derli Paulo Bonine. Atualmente a produção passa de 17 mil toneladas por safra. São números que animam os agricultores a investir e, consequentemente, a permanecer na atividade, pontua.

No Estado, a previsão

Bianchini estima colher 12,5 mil quilos de bergamotas. Por quilo recebe em média R$ 0,60. Qualidade é considerada excelente

é de que sejam colhidas 450 mil toneladas de citros, sendo 153 mil t de bergamotas, 285 mil t de laranjas e 12 mil t de limões. Pela ordem, estão em fase de maturação a variedade de bergamota Pareci, entre julho e agosto e finalmente a Montenegrina e a Murcott (Morgote), entre agosto e outubro.

O preço infelizmente está mais baixo neste ciclo. Com os dias chuvosos e nublados, falta de sol, a coloração da casca das bergamotas está esverdeada e prejudica muito a comercialização. “O excesso de umidade fez as frutas cair e antecipou a colheita.

O mercado foi “inundado” e pressionou a cotação”, explica.

Ajuda o intestino Conforme a nutricionista Luisa Muller Arruda, a bergamota é uma fruta rica em vitamina C, poderosa antioxidante que reforça as defesas do organismo, além de combater o envelhecimento precoce das células.

Ainda protege o sistema neurológico, pois é rica em vitaminas do complexo B e em vitamina A que auxilia na saúde da pele e olhos.

“Melhora a saúde do intestino, pois é rica em fibras”, diz.

O ideal é consumir in natura, de preferência a fruta inteira com bagaço, ou na forma de sucos, sugere. Segundo Luisa, diabéticos devem ficar atentos à quantidade ingerida, pois ela contém frutose (açúcar natural das frutas). Indica-

-se para essas pessoas no máximo duas unidades por dia. “Quem sofre com gastrites, úlceras ou que estejam com feridas na boca ou esôfago devem evitar o alimento devido à acidez”, finaliza.

Maiores produtores Cidade

Área (mil/há)

Produção (mil/t)

Produtores

Montenegro 2.600

42.500

800

Pareci Novo

967,6

18.384

245

São José do Sul

1.070

16.054

270

Harmonia

691

12.440

329

São Sebastião do Caí

458

9.160

135

Veranópolis

335

4.690

120

Rosário do Sul

216

4.400

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Fonte – Emater

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Propriedade de Arvorezinha é a primeira no estado a receber atestado. Documento unifica cerca de 13 procedimentos previstos em lei para exploração de espécies nativas de uso comercial

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Certificação comprova equilíbrio ambiental TIAGO BALD

A

família Livinalli, moradora da Linha Terceira, interior de Arvorezinha, tem motivos de sobra para comemorar. A propriedade com 34 hectares, sendo 18 utilizados para o cultivo de erva-mate (cerca de 50 mil pés), é a primeira no estado do Rio Grande do Sul a receber certificação agroflorestal na cultura.

O documento garante a segurança jurídica e o uso sustentável de produtos da flora nativa. Conforme o extensionista da Emater Julio Marcon, a certificação unifica cerca de 13 procedimentos previstos em lei para exploração de espécies nativas de uso comercial.

A validade é de cinco anos, podendo ser renovada. “Garante ao produtor a comercialização de produtos madeiráveis e não madeiráveis de origem nativa, como frutos, sementes e folhas, além de valorização a produção”, destaca.

preencha as informações necessárias. A Sema agendará uma visita à propriedade para determinação dos manejos e quais são as plantas de interesse de cultivo ou exploração e suas permissões e proibições.

Mais informações nos escritórios da Emater, sindicatos ou secretarias de Agricultura.

Além de agregar valor a matéria-prima, indústria terá um insumo de qualidade superior

Ilvando relembra a trajetória da família, na produção da planta e das dificuldades iniciais em vender erva mate cultivada em terra “vermelha”.

Foi a partir da proposta de uma ervateira local, que ele sombreou uma área. “A partir desse momento as dificuldades diminuíram, com o aumento do valor agregado à erva-mate e a sucessão familiar tomando forma”, enfatiza.

Para o secretário de Agricultura de Ilópolis, Jurandir Marques, é uma grande oportunidade para o setor ervateiro da região alta do Vale do Taquari implantar definitivamente a Indicação Geográfica (IG).

Fique atento Para alcançar a certificação, acesse o site www.sol.rs.gov.br e

Além de você trabalhar na sombra, você protege o meio ambiente, faz um reflorestamento e forma uma qualidade boa de erva-mate.

Ilvando Livinalli, produtor

Enquanto a epidemia dizimina os rebanhos suínos na China, entidades ligadas ao setor no Brasil, indústrias e produtores traçam estratégias para abocanhar parte da demanda. Perspectiva é de aumento nos preços e das exportações

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Peste suína traz oportunidades FOTOS COOPERATIVA LANGUIRU

A

peste suína africana já matou mais de 200 milhões de animais (plantel total é estimado em 700 milhões) na China. A situação no continente asiático ajudou a evitar uma crise na cadeia produtiva brasileira.

Aliás, a expectativa de produtores, entidades ligadas ao setor e indústria é de voltar a patamares de exportações alcançadas em 2017, quando quase US$ 500 milhões em carne suína foram embarcados para o exterior.

No ano passado, somente em carne suína, o Rio Grande do Sul exportou US$ 80,88 milhões para a China. Foram mais de 413 mil toneladas vendidas.

Os chineses compraram 32% do total de carne suína embarcada em maio pelo país. As 21,1 mil toneladas representam uma alta de 51%, em comparação ao mesmo período de 2018, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O cenário deixa o suinocultor André Quinot, de Forquetinha otimista. Na granja em Araguari mantém um plantel de 4 mil animais.

“Nosso diferencial está na sanidade. Acredito na melhora do preço e das exportações. Alguém vai precisar atender esta demanda e nos temos que aproveitar a oportunidade”, entende.

Quinot pretende inclusive ampliar o plantel em mais

O RS abateu 9,2 milhões de suínos ano passado, sendo o Vale do Taquari responsável por 18,5% deste volume

1 mil suínos. “Aguardamos a licença da integradora”, adianta.

Novos investimentos Valentim Bergmann e a mulher Marciane Kuhn, 37, de Canudos do Vale, alojam 1,2 mil leitões. Os dois galpões foram construídos faz quatro anos e um novo está em fase de conclusão, com capacidade de receber outros 650 animais.

O investimento é motivado pela boa fase vivida pelo setor. “O preço médio

por cabeça saltou de R$ 7 para R$ 10 no último lote”, diz Bergmann. Para manter os resultados, redobraram os cuidados sanitários após a epidemia na China.

“A saúde dos animais é o nosso maior patrimônio”, entende Marciane.

Preservar a credibilidade O assunto foi discutido durante a Suinofest, de Encantado.

Durante o seminário de suinocultura, o presidente da Associação Brasileira de Pro-

teína Animal (ABPA), Francisco Turra, entende que a preparação para este novo ciclo brasileiro nas exportações do produto passa pelo reforço na fiscalização de portos e aeroportos para impedir o ingresso do vírus.

Segundo ele, os chineses já eliminaram mais de 25% do plantel suíno, em torno de 12 milhões de toneladas. Com isso faltarão oito milhões de toneladas no comércio mundial de carne suína apenas para atender a China. “O Brasil precisa preservar a credibilidade e a condição sanitária para

ganhar esse mercado, a exemplo do que aconteceu com a avicultura no episódio da gripe aviária em 2006, quando o país alcançou o primeiro lugar no comércio mundial e não perdeu mais a posição”, lembra.

Para o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal, Rogério Kerber, o Brasil vive um momento auspicioso na suinocultura e que, mesmo assim, não pode desconsiderar que “2019 é o ano mais desafiador do setor no Brasil, em função da necessidade de manter o status sanitário do rebanho suíno”.

De acordo com o professor da Ufrgs e coordenador do Comitê Estadual de Suinocultura, David Barcellos, os cuidados para afastar a peste e as demais doenças, são os mesmos.

“As ações de prevenção e controle envolvem atividades de biosseguridade e restrição de acessos. Já existe muita informação, todos já sabem o que fazer, é preciso apenas adotar as medidas”, sentenciou.

Para Charles Tang, presidente da Câmara Brasil-China reforçou a importância do produto no país asiático. “A carne suína está para o chinês como o feijão para o brasileiro”, afirma.

Apesar de possuir status livre da peste suína africana, no país foram registrados dois surtos nos Brasil, o último em 1978, no Rio de Janeiro.

Cautela em meio a euforia O ânimo do presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Estado

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JUREMIR VERSETTI/CHILENAGEM PRESS

(Acsurs), Valdecir Folador é justificado pelo tamanho do mercado chinês. O país consome mais de 50 milhões de toneladas de carne suína por ano, o que corresponde a metade de todo o consumo mundial do produto. “O país é o segundo maior importador do Brasil. Abre a possibilidade de termos um excelente desempenho até 2021, pelos menos. O montante perdido devido à peste é quatro vezes o volume do que é produzido aqui”, compara.

Para Folador o setor avícola e de carne bovina também terá reflexos positivos. Apesar no cenário favorável, não recomenda o aumento do plantel no momento.

Aumento de preço e abates Apesar de não exportar carne suína para o continente asiático, a Cooperativa Languiru, de Teutônia, projeta bons negócios.

Conforme o presidente Dirceu Bayer, no ano passado a cadeia de suínos e aves registrou prejuízos devido ao preços baixos e alto custo dos insumos.

“Nosso resultado financeiro só não foi pior por que temos outros negócios que proporcionaram lucro”, observa.

Com o preço dos grãos, como milho mais baixos, a realidade é outra. Com a peste, segundo Bayer, o preço pago ao produtor pela cabeça subiram e aliado ao menor custo de produção, o lucro está mais satisfatório. “A demanda pr carne aumenta, tanto no mercado interno, como externo”, diz.

Embora não projete investimentos na área, como ampliação do plantel, a cooperativa busca habilitação para elevar o número de abates por dia.

“Queremos chegar a 1,7 mil por dia”, adianta.

Além dos suínos, acredita em melhores resultados

Produção de carne suína (mil/t) 2015 – 3.643 2016 – 3.731 2017 – 3.758 2018 – 3.974

2010 – 3.237 2011 – 3.397 2012 – 3.488 2013 – 3.411 2014 – 3.471

51,12

Média consumida

14 kg

Quinot mantém 4 mil animais alojados e planeja construir mais um prédio

por ano / por pessoa

23,27

4º

Brasil é o maior produtor mundial

16,99 8,62 RS

SC

PR

Outros

RS é o terceiro maior abatedor do país

(18,93%) Em 2018 o estado exportou US$ 12,12 bilhões (China respondeu por 47% do valor) Fonte – ABPA

• Mercado interno consome 84% dessa produção • Mercado externo - 16% são exportações • Maiores exportadores (em %)

Produção no Vale Conforme a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) foram abatidos 9.246.224 suínos em todo o Rio Grande do Sul no ano passado. O Vale do Taquari foi responsável por 18,5% deste volume, ou seja, 1.707.271 de animais abatidos. Existem em torno de 2,5 mil produtores na região.

O que é

?

A peste suína africana (PSA) é uma doença viral e inexiste vacina para combater o vírus. É altamente infecciosa, o que exige o sacrifício dos animais. O vírus é resistente, permanecendo nas fezes dos animais por até três meses e, em alimentos (produtos maturados), até nove meses.

Os sinais clínicos são febre alta (40 a 42 graus), hemorragia no nariz, orelhas, patas e abdômen, sangramento no reto, perda de apetite e depressão, além de problemas respiratórios. O período de incubação do vírus vai de cinco a 21 dias. Não oferece risco à saúde humana.

para a avicultura.

Quem não tem condições de pagar um preço mais alto pela carne de porco, vai optar por comprar frango, aponta. Neste segmento está previsto um investimento de R$ 55 milhões para duplicar a capacidade de abate do frigorífico (220 mil aves por dia) e agregar novos produtores.

Controle sanitário Conforme Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, presidente Executivo da Dália Alimentos, de Encantado, a peste resultou na redução do rebanho, seja por abate sanitário ou por abate antecipado de suínos sadios, destinados à formação de estoques preventivos.

Esses abates representaram uma redução entre 25 e 30% do plantel suíno na China e, considerando que aquele país produz e consome 50% da produção mundial de suínos é como se o mundo tivesse reduzido sua produção entre 12,5 a 15%, compara.

Esta situação causou um desiquilíbrio entre a oferta e a demanda,

assim como elevou os preços no mercado internacional. “Todos os países exportadores sem a doença são os potenciais abastecedores dessa lacuna no mercado internacional”, afirma.

Até agora, o Brasil não tem ocorrência dessa doença e, portanto, vem sendo beneficiado, já que o país pode participar do mercado internacional, que dispõe de preços mais rentáveis do que os praticados no mercado interno.

“Como sempre, é extremamente importante que cada país tenha controle sanitário de seus animais, pois rebanho sadio é condição básica para habilitação e participação no mercado internacional de carnes”, enfatiza. Por dia são abatidos 2,7 mil animais. Os produtos também têm visibilidade no exterior, com exportação para 20 países localizados no Continente Asiático e Africano e no Leste Europeu. A exportação tem como principal destino Hong Kong, que registrou 30% das exportações em 2018, seguido do Vietnã e Cingapura. Em 2018, a Dália Alimentos obteve Receita Operacional Bruta de R$ 1.142 bilhão e a suinocultura representou R$ 462 milhões, o equivalente a 40,45% do faturamento.

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