AH - Agronotícias | 5 de janeiro de 2019

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

Circulação bimensal FELIPE NEITZKE

Especial do jornal A Hora

Longe de ser azedo Kiwi desperta interesse de produtores. Cuidar do manejo e conhecer a hora certa da colheita é diferencial para obter

bons resultados. Desafio está na divulgação dos benefícios e no controle de doença que ataca os pomares.

Páginas 4 e 5

Resultado da Certel alcança 17%

NĂşmeros

67 mil

ligaçþes de energia

48 17

municĂ­pios

sedes municipais

559

funcionĂĄrios diretos

FOCO PARA 2019 É INVESTIR EM USINA HIDRELÉTRICA NO RIO FORQUETA

Crescimento em 2018

5% 12%

no consumo de energia

no faturamento

17% em sobras

15%

no faturamento das lojas

26%

em vendas para associados no varejo

Programa )ƤGMɰRGME )RIVKɯXMGE

117

IRXMHEHIW FIRIƤGMEHEW

20 mil

%TɸW TEWWEV TSV HMƤGYPHEHIW HIZMHS E YQE HEW QEMSVIW GVMWIW IGSRɚQMGEW Nɧ IRJVIRXEHEW TIPS TEɳW E 'IVXIP GSQIQSVE WYE VIGYTIVEɭɊS 2ɽQIVSW TVIPMQMREVIW HS FEPERɭS HI ETSRXEQ GVIWGMQIRXS VI-

PIZERXI RSW VIWYPXEHSW 4EVE E TVSNIÉ­ÉŠS ÉŻ HI VIXSQEV I EQTPMEV MRZIWXMQIRXSW 'SQ YQ GVIWGMQIRXS RS GSRWYQS HI IRIVKME HI S JEXYVEQIRXS HE IQTVIWE WYTIVSY IQ S VIKMWXVEHS IQ

IRUYERXS E WSFVE GVIWGIY (I EGSVHS GSQ S TVIWMHIRXI HE GSSTIVEXMZE )VMRIS .SWÉŻ ,IRRIQRR E TVSNIÉ­ÉŠS TEVE ÉŻ GVIWGIV RSZEQIRXI IQ XSVRS HI GSQ YQE IPIZEÉ­ÉŠS HI RS JEXYVEQIRXS

“2018 precisa ser comemorado�

Eleito presidente da cooperativa em 2014 e reeleito em 2018, Erineo JosÊ Hennemann destaca o crescimento da Certel no ano que passou e aponta as açþes para 2019. Após um período de reestruturação completa na gestão, ele EKVEHIGI E GSRƤERɭE I propþem uma participação ainda maior dos associados na tomada das decisþes.

• QUAL A AVALIAĂ‡ĂƒO DO ANO DE 2018 DA CERTEL? Erineo Hennemann – 3 ERS TVIGMWE WIV GSQIQSVEHSW IQ XSHSW SW WIRXMHSW HIZMHS ESW VIWYPXEHSW EXMZMHEHIW I E TVSHYXMZMHEHI UYI ETVIWIRXEQSW 'VIWGIQSW RS GSRWYQS HI IRIVKME IRUYERXS S )WXEHS I S 4EÉłW GVIWGIVEQ IRXVI I 2SWWS JEXYVEQIRXS GVIWGIY I RSWWE WSFVE IWXɧ TVSNIXEHE IQ XSVRS HI -WWS WMKRMJMGE UYI QIWQS GSQ GVIWGMQIRXS QIRSV RSWWS VIWYPXEHS JSM FIQ QIPLSV 7I GSQTEVEHS GSQ SW SYXVSW ERSW QEMW EMRHE )Q RSWWS MRGVIQIRXS HI GSRWYQS JSM HI 8MZIQSW YQ QYMXS JEZSVɧZIP TEVE E 'IVXIP

• QUAIS FORAM OS INVESTIMENTOS REALIZADOS NO SETOR DE ENERGIA? Hennemann - % IRIVKME IPɯXVMGE ɯ RSWWS GEVVS GLIJI I Ƥ^IQSW TIWEHSW MRZIWXMQIRXSW HMERXI HE EQTPMEɭɊS HE HIQERHE 2S HME HI NERIMVS TSV I\IQTPS E HIQERHE JSM S HSFVS HE QɯHME IQ JYRɭɊS HS GEPSV 6ITSXIRGMEPM^EQSW RSWWEW WYFIWXEɭɺIW I QIPLSVEQSW E TVSXIɭɊS 2SWWE MRJVEIWXVYXYVE ɯ XSHE HI GSRGVIXS GSQ YQE ZMHE ɽXMP QEMSV HS UYI SW TSWXIW HI QEHIMVE -RZIWXMQSW XEQFɯQ IQ GYVWSW I XVIMREQIRXSW TEVE E UYEPMƤGEɭɊS HEW TIWWSEW 2ɊS EHMERXI XIV ETIREW IUYMTEQIRXSW I XIGRSPSKME TVIGMWEQSW HI YQE IUYMTI UYEPMƤGEHE UYI GSQTVIIRHE I EXIRHE EW RIGIWWMHEHIW HSW EWWSGMEHSW

lâmpadas substituídas

119

refrigeradores substituĂ­dos

• COMO ESTĂƒO OS PROJETOS PARA A GERAĂ‡ĂƒO DE ENERGIA PRĂ“PRIA? Hennemann - 2E KIVEÉ­ÉŠS HI IRIVKME XMZIQSW MQTSVXERXIW HIGMWÉşIW 6IXSQEQSW E LMHVIPÉŻXVMGE 6EWXVS HI %YXS UYI XMRLE WMHS ZIRHMHE TEVE HSMW TEVGIMVSW %KSVE XIQSW HEW EÉ­ÉşIW RIWWI UYI ÉŻ YQ MRZIWXMQIRXS TEVE S JYXYVS % KIVEÉ­ÉŠS HI IRIVKME Nɧ GSQTVSZSY WYE MQTSVXɨRGME % IRIVKME HE 'IVXIP GSRXMRYE WIRHS E QEMW FEVEXE I YQ HSW JEXSVIW MQTSVXERXIW ÉŻ E KIVEÉ­ÉŠS TVɸTVME 4VSHY^MQSW QEMW FEVEXS HS UYI GSQTVEQSW RS QIVGEHS )Q SYXYFVS HI ZEQSW MRMGMEV E GSRWXVYÉ­ÉŠS HI QEMW YQE YWMRE RS 6MS *SVUYIXE E *S^ HS .EGYXMRKE GSQ GETEGMHEHI TEVE 1[ • DE QUE FORMA A CRISE ECONĂ”MICA AFETOU A COOPERATIVA? Hennemann – 8SHS IQTVIWɧVMS UYI TEWWSY TSV IWWI QSQIRXS WEFI S UYERXS IPI JSM HSPSVSWS 8MZIQSW UYI JE^IV QYMXSW ENYWXIW HMWTIRWEV TIWWSEW UYI JSVEQ RSWWSW GSPIKEW HIWHI QYMXS XIQTS I JE^IV YQE VIWXVYXYVEÉ­ÉŠS XSXEP HE IQTVIWE 1YHEQSW TVSGIWWSW I

CONTEÚDO INSTITUCIONAL

GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

Após comprar a totalidade das ações da usina Rastro de Auto, a Certel prevê para outubro de 2019 o início das obras de uma nova hidrelétrica no rio Forqueta.

Localizada entre Putinga e Fontoura Xavier, a usina Foz do Jacutinga terá com 7 Megawatts de capacidade.

Conforme o presidente da cooperativa, a geração própria é um dos fatores que contribuem para a energia da Certel ser

a mais barata da região. Hoje, o consumo total na área da cooperativa é de 80 Megawatts. Com novos investimentos previstos, a intenção é chegar a uma geração de 50 Megawats até 2025.

Para vencer a demanda crescente, a cooperativa repotencializou as subestações, melhorou a proteção da rede e investiu em cursos e treinamentos para a UYEPMƤGEɭɩS HSW JYRGMSRɧVMSW IQ

RELAÇÃO COM O ASSOCIADO

Em fevereiro de 2018 a Certel realizou assembleia com a maior participação de associados da história da cooperativa. Ao todo, 3,2 mil sócios participaram do encontro que reconduziu Erineo Hennamann ao cargo de presidente.

Para 2019 a intenção é fortalecer ainda mais a participação. Serão realizada mini assembleias em seis microrregiões para ampliar a base de sócios nas

decisões. Os canais de comunicação da cooperativa também passarão por melhorias. Hoje, Certel tem dois 0800, aplicativo para celular, programa de rádio e jornal, além do atendimento nas lojas e escritórios regionais.

O presidente ainda ressalta a continuidade do investimento em projetos sociais, e incentivos ao esporte, cultura, saúde, lazer e convênios com entidades.

REDE DE LOJAS

O faturamento das lojas de varejo da Certel aumentaram 15% em 2018. Na comparação entre os meses de dezembro, o crescimento foi de 16%. A venda para os associados da cooperativa teve elevação ainda maior, de 26%. Para Erineo Hennemann, os números demonstram que o associado valoriza mais a cooperativa e comprando mais no varejo Ű%RSW EXVɧW TEWWEQSW TSV HMƤGYPHEHIW

e tivemos que reduzir o número de lojas, mas entramos em equilíbrio”, aponta.

Para 2019 a cooperativa avalia oportunidades para ampliar a rede com a abertura de novas lojas.

“A decisão ocorrerá caso o crescimento seja autossustentado”, aponta. Uma das principais preocupações da cooperativa é E UYEPMƤGEɭɩS HS EXIRHMQIRXS REW PSNEW I E HMZIVWMƤGEɭɩS HSW TVSHYXSW SJIVXEHSW

ARTEFATOS DE CIMENTO

Negócios fundamental no processo de transformação da infraestrutura da Certel, a fabrica de artefatos de cimento hoje fornece produtos para todo o RS. Com capacidade para produzir 2 mil postes por mês, é uma dos principais fornecedoras das concessionárias de energia. De acordo com o presidente, a produção prevista para 2019 já está toda negociada.

as pessoas tiveram que mudar. Analisamos custo desde a folha de papel até o copo do cafezinho. Houve uma restruturação completa do negócio. Fechamos cerca de 40 lojas porque não tínhamos como manter, diante HEW HMƤGYPHEHIW HS GIRɧVMS IGSRɹQMGS 8MZIQSW UYI VIRIKSGMEV YQ GYWXS ƤRERGIMVS EPXS Para isso, contamos com nossa credibilidade I XMZIQSW E TEVGIVME HSW ɸVKɩSW ƤRERGIMVSW Repactuamos algumas dívidas e saímos de alguns negócios. Fizemos um controle muito severo em contas e investimentos. Foi um QSQIRXS HI I\XVIQE HMƤGYPHEHI I IWTIVEmos não precisar passar por isso novamente.

Hoje isso está superado. Nosso caixa está QYMXS FIQ GSRXVSPEHS I RSW Hɧ GSRƤERɭE para voltar a investir.

• O MODELO COOPERATIVO FOI IMPORTANTE PARA ESSA RECUPERAÇÃO? Hennemann – A integração foi fundamenXEP 8MZIQSW ETSMS HSW RSWWSW EWWSGMEHSW I de outras cooperativas, de crédito e energia.

Os associados contribuíram com uma cota capital que deverá começar a ser devolvida IQ *SM YQ EXS HI KVERHI^E HIƤRMHS em assembleia. Eles perceberam a nossa

A nova ligação entre a região e o sistema energético nacional também FIRIƤGME E GSSTIVEXMZE 'SRWXVYɳHE pela companhia indiana Sterlite Power Grid Ventures Limited, vencedora do leilão da Aneel, a estrutura terá 114 quilômetros e inclui a implantação de duas novas subestações para as quais a Certel será fornecedora das estruturas de concreto.

HMƤGYPHEHI EGVIHMXEVEQ RE WSPYɭɩS TEVE E GVMWI I RSW HIVEQ IWWE GSRƤERɭE Nunca vou esquecer de agradecê-los por terem feito isso em benefício da Certel.

• QUAIS AS PROJEÇÕES PARA 2019?

Hennemann - Será um ano de mudança de rumos, de retomada dos investimentos. A credibilidade e o otimismo quanto ao cenário econômico ajudará a cooperativa. O controle da gestão dos gastos e investimentos GSRXMRYEVɧ WIZIVS -RXIRWMƤGEVIQSW os canais de comunicação com o associado, para termos mais certeza e GSRƤERɭE REW HIGMWɺIW 3VKERM^EQSW E realização de mini assembleias em seis microrregiões para ouvir nosso associaHS 8EQFɯQ VIXSQEVIQSW S MRZIWXMmento nas usinas, continuar enxergando as cooperativas de desenvolvimento e energia como uma só, fortalecendo a entidade e buscando melhores resultados. Vamos direcionar um valor para a transformar a rede monofásica em trifásica no interior, por meio de parcerias com os associados e prefeituras.

Exigente em água e frio, kiwi desperta interesse dos produtores. Técnicos destacam cuidados no manejo e o ponto de maturação para levar ao consumidor uma fruta doce e cheia de nutrientes

04

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

Um drible nas condiçõe FELIPE NEITZKE

Entre os meses de abril e maio, Martini planeja colher até 3 mil quilos da fruta em sua propriedade

F

az sete anos que o empresário Delaci Martini, 80, de Progresso, decidiu apostar em um cultivo pouco conhecido no Vale do Taquari. Em uma encosta da propriedade, plantou 120 pés de kiwi, das variedades bruno e elmwood.

“A inspiração veio do meu pai. Ele era um apaixonado pela terra. Gosto muito da fruta e por isso resolvi plantar”, conta.

Apesar do pouco conhecimento sobre a cultura e a interferência das condições meteorológicas, Martini não desistiu. Hoje

são 500 plantas em fase produtiva.

Para a próxima safra, entre abril e maio, projeta colher até três mil quilos da fruta. Em 2017, a colheita foi recorde, cerca de cinco mil quilos. No ano passado, apenas mil, resultado de chuvas em excesso e poucas horas de frio. “O clima é determinante para obter bons resultados”, enfatiza.

A maior parte das frutas é encaminhada para mercados de Lajeado, ao preço de R$ 5 o quilo. “O kiwi está livre de agrotóxicos. Aplico apenas caldas

Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS Diretor-geral: Adair Weiss Diretor de Conteúdo: Fernando Weiss Diretor comercial: Sandro Lucas

e adubo foliar. É um diferencial”, diz.

Colher na hora certa

Se apanhar antes do ponto ideal de maturação, o sabar será azedo.”

Delaci Martini, produtor

DIREÇÃO EDITORIAL Fernando Weiss

Para Martini, um dos segredos para conquistar o paladar do consumidor é colher o fruto maduro.

“Se apanhar antes do ponto ideal de maturação, o sabor será azedo. Quem experimentar, dificilmente volta a comprar”, observa.

A colheita é determinada por testes para medir o teor de açúcar, que deve ter no mínimo seis graus

COORDENAÇÃO E PRODUÇÃO Giovane Weber/FW Comunicação Prestador de Serviços

brix. “Quando maduro, pode chegar a 14, quando o gosto é bem parecido ao dos kiwis da Itália”, ressalta.

Outro fator que inibe o consumo é o desconhecimento dos benefícios.

Segundo Martini, a fruta tem poucas calorias e muitos nutrientes. Ajuda a manter a pele bonita e saudável e auxilia na perda de peso e prevenção do câncer. “Melhora o humor e a memória”, sorri.

Dificuldades A planta é muito exigente

REVISÃO Viandara Rempel ARTE Gianini Oliveira

05

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

Benefícios – Auxilia no emagrecimento e regula o apetite

es meteorológicas em frio. Por ano, requer entre 300 e mil horas abaixo de 7º graus. Se o inverno não for tão rigoroso, serão necessários ajustes para não comprometer a safra, explica.

Exige água em abundância, uma média de cinco litros por planta ao dia. A incidência do fungo ceratocystis fimbriata também preocupa. Sem cura, o futuro do pomar é incerto.

“Perdi 30 plantas nos últimos anos”, calcula.

Para evitar novos casos, Martini aprimorou o manejo e a poda. As ferramentas

são desinfetadas para que o fungo não seja transmitido de um pé para o outro.

Cultivo limitado

É uma alternativa de renda para o meio rural.”

Dilovan Gomes Pereira, técnico da Emater

De acordo com o extensionista da Emater, Dilovan Gomes Pereira, as condições meteorológicas limitam o aumento da área.

“Necessita de muito frio, até 700 horas, abaixo de 7,2 graus por ano. Geadas tardias, chuvas irregulares, granizo, tudo prejudica a planta”, explica.

Lembra que um dos únicos pomares comerciais de Boqueirão do Leão foi arrasado por um temporal recentemente. Doenças, como o fungo ceratocystis fimbriata, e a ausência de mercado são empecilhos.

“A maioria nem conhece ou tem o hábito de consumir”, diz.

No entanto, entende ser uma cultura para ajudar o produtor a diversificar os produtos na propriedade.

“Pode ser cultivado em consórcio com outras culturas e assim ajudar a gerar mais renda”, menciona.

– Ajuda na prevenção ao câncer – Melhora o humor, a memória e traz sensação de prazer – Ameniza a asma e melhora a respiração – Bom para visão e coração

Para saber Kiwis têm altos níveis de oxalatos. Por isso, quem sofre com pedras na vesícula biliar ou rins deve evitar consumir muito a fruta.

06

A cadeia precisa diversificar produtos para incrementar as vendas no mercado interno e aumentar as exportações.

Após crise econômica, produtores e empresas apostam na retomada dos negócios e do consumo

Peru quer espaço na mesa M

agra, nutritiva e de sabor marcante, a carne de peru busca mais espaço na mesa do consumidor. Na propriedade dos irmãos Blume, de Teutônia, a criação de frangos foi substituída pela de peru em 2004.

Em estrutura, foram investidos R$ 800 mil.

Alojados em três aviários, a cada 35 dias, cerca de 60 mil aves são encaminhadas para terminadores.

“A gente recebe a ave comum. Daqui elas vão para a engorda. Pesam em média 1,3 quilo”, conta Leandro.

Até o abate, o ciclo completo pode chegar a 140 dias. As faixas de peso variam de quatro quilos (fêmeas), 15, 16 e 20 quilos (machos). Segundo Tiago, a criação de peru exige cuidados mais apurados quanto à cama, à ventilação e ao aquecimento. “É uma ave mais sensível e precisam ser monitoradas mais vezes ao dia”, explica.

Entende ser necessário divulgar mais os produtos feitos a partir da ave e seus benefícios. “É uma carne magra, reduz os níveis de colesterol, rica em proteína e possui pouca gordura”, explica.

O retorno é considerado satisfatório. Por cabeça, recebem até R$ 1. Para

complementar a renda, aposta na criação de gado de corte.

Cautela e mais divulgação Conforme o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, o anseio do setor é ver a ave de carne nobre permanecer nas gôndolas

É uma carne magra e rica em proteínas.”

Tiago Blume, produtor

dos supermercados durante o ano todo e não apenas no Natal.

Terceiro maior produtor de carne de peru do mundo, o Brasil processou 442 mil toneladas em 2016. Entre as dificuldades, Leandro destaca o extenso ciclo de produção. Enquanto um frango pode ser abatido com 45 dias, o peru pode chegar a 140. “Precisamos de uma campanha para difundir o consumo permanente dessa ave nobre e conquistar novos mercados”, diz.

Segundo ele, enquanto o consumo da carne de frango chega aos 45 quilos per capita por ano, os brasileiros não chegam a comer dois quilos de carne de peru nesse período.

Para dar uma guinada no setor, um dos caminhos é diversificar a utilização da matéria-prima. “Temos de produzir mais alimentos processados, usar mais essa carne no recheio de pratos prontos, como a lasanha congelada”, sugere.

Outra alternativa é se adaptar ao perfil do consumidor, o qual busca aves menores, com peso de até quatro quilos “As famílias estão menores, por isso, as aves grandes são cada vez menos procuradas”, afirma.

Para Turra, os investimentos no setor devem ser feitos com cautela. Pois, além do baixo consumo e do alto custo de produção, o valor de venda no mercado é considerado alto. “Antes de apostar na atividade, produtores e empresas precisam ter certeza que terão mercado”, orienta.

Consumo em expansão Conforme Rafael Palmer, diretor de Marketing de Industrializados da Seara Alimentos, desde junho, houve um reaquecimento no setor de alimentos.

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

DIVULGAÇÃO

O ciclo produtivo dura entre 50 e 140 dias. Abate é feito com três faixas de peso

Além do mercado nacional, a empresa destina boa parte da produção a países da Europa. “A carne é cheia de benefícios e aos poucos conseguimos fazer com que esteja na mesa do consumidor além das tradicionais festas de fim de ano”, observa.

São produzidas três faixas de pesos. A primeira, entre 4,5 quilos e 5,5 quilos, destinada às festividades natalinas e fim de

ano. As outras duas faixas, entre sete, nove, 19 e 21 quilos, são utilizadas para a industrialização, como corte. “O ciclo da produção varia entre 50 e 140 dias para as três faixas de pesos”, explica.

Para alcançar bons resultados, destaca os cuidados com a biosseguridade, bem-estar animal, alimentação balanceada e 100% vegetal, e qualidade da água.

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

ENTREVISTA

Trabalhar a gestão é fundamental para permitir e estimular a permanência do jovem no campo. A opinião é de Valmor Arsildo Kappler, formado em Ciências Contábeis e especialista em Administração Financeira

“Sem assistência e tecnologia, a propriedade se inviabiliza”

N

o Vale do Taquari, apenas 4% dos jovens demonstram vontade de ficar no meio rural, segundo números do último Censo Agropecuário. No RS, esse percentual cai para apenas 1,2%. O crescente êxodo de jovens agricultores para os centros urbanos faz o número de propriedades sem sucessores aumentar após a aposentadoria dos pais.

Segundo Valmor Arsildo Kappler, formado em Ciências Contábeis e especialista em Administração Financeira, é necessário que os pais incentivem os filhos a permanecer nas atividades e permitam que, desde cedo, participem da gestão.

“O segredo para obter bons resultados está na tecnologia e máxima produtividade aliada à assistência técnica”, enfatiza.

A Hora – O Censo Agropecuário mostra que 50,1% das propriedades não recebem assistência

AGENDA JANEIRO/FEVEREIRO Show Rural Coopavel A feira ocorre entre os dias 4 e 8 de fevereiro em Cascavel (PR).

Haverá exposição de animais, máquinas, palestras técnicas, entre outras atrações.

Abertura da safra de arroz A programação que reúne produtores, técnicos e empresas ocorre entre os dias 20 e 22 de fevereiro na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa, em Capão do Leão.

Preço do tabaco Nos dias 16 e 17 de janeiro, na sede da Fetag, ocorre mais uma rodada de negociações para discutir o reajuste no valor da arroba de fumo para a safra 2018/19.

Feira ecológica A Feira Regional de Agricultores Agroecologistas funciona nas segundas-feiras, das 17h às 20h, na Praça do Papai Noel, no bairro Americano, em Lajeado.

técnica. Quais as consequências disso?

Valmor Arsildo Kappler – Na propriedade rural, assim como nas empresas, é grande a ausência de técnicas de gestão e organização da atividade. Sem assistência e tecnologia, com o tempo, a propriedade se inviabiliza e resulta em êxodo rural e condições precárias de subsistência.

A melhoria desse índice passa principalmente por aspectos culturais do produtor em buscar e aceitar ajuda na adoção de novas metodologias.

Existem apenas 1,2% de jovens no campo no RS. Como mudar essa realidade?

Kappler – A atividade rural tem um risco muito elevado. Nem sempre uma propriedade pequena produz ou

garante um salário mensal para manter a família. Uma forma de convencer o jovem a ficar está associada à produção com alta tecnologia, assistência técnica e orientação, principalmente voltada para gestão de negócios, custos e resultados, além de priorizar insumos adequados para cada etapa produtiva.

Quais os erros que favorecem o êxodo?

Kappler – Tem uma relação com coragem para empreender e correr riscos. A atividade rural fica exposta a muitas variáveis não controláveis, como meteorológicas, política de preços e cotação internacional dos produtos. Diante desse cenário, o emprego em uma empresa na cidade tem salário garantido. Os pais têm uma responsabilidade muito

07

grande na educação e integração do jovem nas atividades. Devem permitir desde muito cedo que participem do processo decisório. As lideranças, principalmente as cooperativas, precisam estar presentes na orientação técnica e de gestão de propriedade rural.

A gestão é um diferencial no desenvolvimento das propriedades?

Kappler – É a base. Pois sendo adequada permite identificar o potencial de resultados, a administração dos recursos como a terra, escolher os equipamentos adequados para o porte da propriedade, investir corretamente em infraestrutura e na tomada de decisão.

No Vale do Taquari, temos iniciativas de cooperativas e escolas agrícolas, no sentido de munir o jovem de instrumentos de avaliação e gestão da propriedade. Quanto à questão de preços mais remuneradores, em um mercado de commodities em que o preço é global, a única saída está em bons índices de produtividade.

Considerações finais Kappler – Para tornar a atividade mais rentável, uma das saídas é agregar valor, operar com eficiência e produtividade máxima.

AGRONOTÍCIAS RESPONDE Rastreabilidade de frutas e hortaliças Novas regras de rastreabilidade de frutas, hortaliças e ervas aromáticas começaram a ser implementadas em agosto do ano passado. O assistente técnico regiona da área de Sistema de Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar, Derli Paulo Bonine, explica o processo, as obrigações e as vantagens da rastreabilidade.

A Hora – Como o agricultor pode iniciar a rastreabilidade da produção?

Derli Paulo Bonine – A rastreabilidade trata exclusivamente do controle de resíduos de agrotóxicos em frutas e hortaliças comercializadas para o consumo direto, ou seja, ao natural. O produtor tem duas atividades básicas: primeiro, registrar todas as aplicações de agrotóxicos realizadas em um caderno de campo. Deve utilizar apenas os produtos permitidos e respeitar o prazo de carência. Segundo, etiquetar as caixas e embalagens onde são acondicionadas as frutas e hortaliças que vende, atendendo os requisitos da Instrução Normativa Conjunta número 02, de 7 de fevereiro de 2018, editada pelo Ministério da Agricultura e pela Anvisa.

E as vantagens disso?

Bonine – Para o agricultor é a valorização do seu produto e o consumidor terá mais confiança do que um item do qual ele não sabe a procedência. Para o consumidor, com um maior controle, mais tranquilidade na hora de comprar frutas e hortaliças, pois a fiscalização inibirá o uso de agrotóxicos não permitidos e o excesso de resíduos.

Os produtos vão encarecer?

Bonine – Não. Os registros não aumentam o custo de produção, e a etiquetagem tem custo bastante acessível.

E quais os prazos?

Bonine – Já está em vigor para citros, maçã, uva, batata, alface, repolho, tomate e pepino. A partir de 7 de fevereiro, entrará em vigor para melão, morango, coco, goiaba, caqui, mamão, banana, manga, cenoura, batata-doce, beterraba, cebola, alho, couve, agrião, almeirão, brócolis, chicória, couve-flor, pimentão, abóbora e abobrinha. A partir de 7 de fevereiro de 2020, para todas as demais frutas e hortaliças.

Considerações finais Bonine – É importante destacar

que a rastreabilidade estende-se por toda a cadeia produtiva. As grandes redes de supermercado já estão executando a medida.

COTAÇÕES AGRÍCOLAS

Informe Agroeconômico Produto

Unidade

Dezembro R$

Arroz em casca

50kg

40,61

Feijão

60kg

135,59

Milho

60kg

34,11

Soja

60kg

73,25

Trigo

60kg

39,51

Boi p/ abate

kg vivo

4,95

Cordeiro p/ abate

kg vivo

6,37

Suíno tipo carne

kg vivo

2,97

Vaca p/ abate

kg vivo

4,16

Leite (valor líquido)

litro

1,17

Búfalo kg vivo

4,09

PREÇO DO FUMO

Variedade

R$/kg

R$ /arroba

TO1

11,01

168,45

BO1

11,64

177,15

Importação, falta de sucessores e quedas consecutivas no preço do litro de leite, média de R$ 0,40 em dois meses, faz famílias migrarem para outras atividades.

Entidades cobram medidas para evitar um colapso

08

FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE JANEIRO / 2019

FOTO ROSE PALOSCHI

Família Steffens concentra investimentos na terceirização de máquinas. Setor leiteiro ficou em segundo plano

Crise deixa cada vez mais tambos vazios

A

família Gallas abandonou a atividade há três anos e meio. As 32 vacas em lactação foram vendidas, assim como os equipamentos, por R$ 140 mil. Falta de sucessores, queda no valor pago e um calote de R$ 50 mil de duas empresas que compravam a matéria-prima foram os motivos para Mirmo, 60, e Inês, 59, desistirem da produção diária de 500 litros de leite, após mais de 40 anos.

Com o fim da atividade, o casal passou a concentrar esforços no cultivo de soja e no gado de corte.

“Foi difícil. Ainda tive sorte de conseguir vender tudo e receber o valor à vista”, conta.

Mirmo e Inês consumiam até dois litros por dia. Hoje não chegam a cinco por mês. “Substituímos por chás e outros produtos.

Se nada for feito, em dez anos, sobram apenas os grandes produtores, que conseguem aliar quantidade com qualidade. Na localidade, mais de 70% das famílias já desistiram”, lamenta.

A decisão dos Gallas faz parte do movimento que ganhou força desde 2015 em todo o estado. Segundo pesquisa da Emater, o número de produtores que vendem leite cru para cooperativas, indústrias e queijarias recuou 22,6% entre 2015 e 2017. Isso significa que em torno de 19 mil deixaram a

atividade.

Leite pelas máquinas Na propriedade de Robson Steffens, 22, em Arroio do Meio, faz cinco anos que a área do leite

não recebe qualquer investimento.

A família está na atividade desde 1996. São 42 vacas e 1,1 mil litros por dia. O preço chegou a R$ 1,68 há quatro anos e caiu para R$ 1,17 este mês. “A importação precisa ser trancada, ter preço mínimo e bônus pela qualidade e infraestrutura. Antes disso acontecer, não invisto mais nada”, afirma.

Ao lado do pai, migrou para a prestação de serviços a terceiros.

Foram aplicados R$ 500 mil na compra de máquinas e implementos. “Temos clientes fiéis e que pagam em dia. Cansamos de dar lucro para as empresas que enriquecem às custas do nosso trabalho, de segunda a segunda, sem folgas ou férias. Sem apoio e melhor remuneração, vamos parar”, desabafa.

Preço abaixo dos custos Em dez anos sobram apenas os grandes produtores.”

Mirno Gallas, produtor

Conforme o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, existe produtor ganhando apenas R$ 0,80 por litro, bem abaixo do custo de produção. Ele pede ao governo federal a compra pública de 30 mil toneladas de leite em pó do estado, a imediata suspensão da importação de produtos lácteos de outros países para a discussão

de cotas e o rebate de 30% para a amortização das parcelas dos custeios e investimentos. “A crise chegou com força. Precisamos de ações imediatas para salvar o setor. Certamente, a desistência aumentará”, projeta.

Importação aumenta A importação de lácteos quase dobrou nos meses de outubro e novembro, quando comparada ao mesmo período de 2017, aponta levantamento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS).

Foram importadas mais de 36,6 mil toneladas. A entidade questiona a demanda e garante ter produto disponível no mercado interno.

A indústria, por sua vez, alega que as compras são feitas com base no preço mais atrativo. “Nós nos deparamos com essa situação: como fazemos para continuar vendendo sendo que o produto nosso interno para produzir esse pó é mais alto?”, questiona o diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini.

Indica que o caminho para a maior estabilidade do mercado é estimular as exportações. “Temos clientes importantes a conquistar para equilibrar o mercado”, salienta.