Agronotícias - 8 e 9 de junho de 2019

Especial do jornal A Hora

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

Circulação bimensal GIOVANE WEBER/FW COMUNICAÇÃO

Robôs fazem a ordenha Tecnologia ajuda produtores a reduzir dependência de mão de obra, cuida da saúde do rebanho, aumenta a produtividade do plantel e qualidade do leite, além de melhorar a genética e a gestão das propriedades.

Páginas 6 e 7

Além da desvalorização do preço, a alta no custo e o clima adverso preocupam triticultores no início da semeadura. Projeções indicam queda na produtividade. Segregação das variedades de trigo e exportação é vista como alternativas para tornar cultivo mais rentável

02

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

Apenas para manter a rotação E

GIOVANE WEBER/FW COMUNICAÇÃO

nquanto semeia os 90 hectares destinados para a cultura neste ciclo, o produtor Gerson José Schorr, de Lajeado, demonstra descontentamento com a rentabilidade das últimas safras. “Quando plantamos a promessa é de preço alto, mas durante a colheita isso nunca se confirma”, diz.

No ano passado a produtividade alcançou uma média de 50 sacas por hectare e a cotação ficou em R$ 28. “O ideal seria R$ 35. Sem política definida, poucos incentivos e opções para vender o grão, torna a cultura cada vez menos interessante”, lamenta.

Schorr já tentou investir em outros cultivos de inverno, como a canola, no entanto a falta de tecnologia e a baixa produtividade o fizeram desistir. No ciclo atual, outra preocupação é com o clima.

A previsão é de um inverno chuvoso e menos frio. “É o adverso que o trigo precisa. Apesar do pouco lucro, mantemos pelos ganhos indiretos, fazer a rotação, ter palhada, evitar a erosão e o avanço das ervas daninhas”, afirma.

Custos em alta Depois de quatro safras, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) volta a apresentar levantamento dos custos de produção.

O cenário é preocupante: desde 2014, a área encolheu 500 mil hectares. “É um sinal claro de que a cultura não vai bem”, diz o presidente Paulo Pires.

Considerando o custo variável, a projeção é de desembolso de R$ 2.029,83 por hectare. A rentabilidade é de tímidos 2%, sem levar em conta a despesa fixa e com base em R$ 41,73 a saca.

Com visão conservacionista, Schorr mantém cultivo de trigo pelos ganhos indiretos proporcionados das próximas culturas, como a soja

Para ele, o produtor que continua apostando no trigo é aquele com visão conservacionista, o qual visa os ganhos indiretos, desde a cobertura do solo no inverno à redução de ervas daninhas para a safra seguinte, da soja, no caso.

“Este será o ano do plantio de quem acredita no sistema de rotação de culturas. Porque se fizer simplesmente a conta do custo de produção, não planta”, acrescenta. Pires entende que uma das saídas para elevar os ganhos é cultivar variedades para atender ao mercado externo.

Menos produtividade Levantamento realizado pela Emater indica um aumento de 4,12% na área, passando de 710.158 ha na safra passada,

Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS

Diretor-geral: Adair Weiss Diretor de Conteúdo: Fernando Weiss Diretor comercial: Sandro Lucas

de acordo com o IBGE, para 739.404 ha.

Apesar do incremento tecnológico empregado ano a ano, a produtividade reduzirá em -11,21%, ficando em 2.192 kg/ ha, contra os 2.469 kg/ha na safra de 2018. Nesse sentido, a produção do RS também diminuirá de 1.753.099 toneladas para 1.620.894 toneladas, um decréscimo -7,54%.

De acordo com o diretor técnico, Alencar Paulo Rugeri, essa tendência de queda há alguns anos se confirma, em razão também dos custos e preço pouco atrativo para o grão, “até porque os estoques mundiais estão altos e o consumo diminui a cada ano”, avalia.

Um dos desafios para inverter essa tendência, segundo o dirigente, é a segregação das variedades de trigo, o que vai garantir uma produção capaz de atender às demandas de mercados específicos para o cereal.

DIREÇÃO EDITORIAL Fernando Weiss

Área

(em mil hectares) 2009 – 859,8 2010 – 787,5 2011 – 932,4 2012 – 989,5 2013 – 1.059 2014 – 1.181,9 2015 – 882,6 2016 – 779 2017 – 691,5 2018 – 710,1 2019* - 739,4

Produção

2009 – 1.912,1 2010 – 2.116,9 2011 – 2.744,9 2012 – 1.866,2 2013 – 3.351,1 2014 – 1.670,6 2015 – 1.391,8 2016 – 2.541,9 2017 – 1.226,5 2018 – 2.469 2019* - 2.739,4

* Projeção Fonte – Emater

COORDENAÇÃO E PRODUÇÃO Giovane Weber/FW Comunicação Prestador de Serviços

ARTE Gianini Oliveira

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

03

04

O novo presidente da Emater, Geraldo Sandri fala das metas, de como pretende superar a crise financeira e manter o trabalho de orientação técnica para mais de 220 mil famílias de agricultores

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

ENTREVISTA

“Queremos aliar tecnologia e eficiência’’ A

nosso orçamento – eram R$ 205 milhões e este ano recebemos R$ 167 milhões. Diante das dificuldades, temos de racionalizar os recursos, tanto humanos quanto técnicos, e ampliar as parcerias privadas e com os municípios.

o completar 64 anos no último domingo, dia 2, a Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), referência no Brasil na prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social busca se reinventar para manter o trabalho considerado essencial para a agricultura familiar, responsável em produzir mais de 70% dos alimentos que chegam a mesa do consumidor diariamente.

Levar conhecimento, novas tecnologias, diversificar e melhorar a produtividade, com foco na sucessão, são os desafios elencados pelo presidente Geraldo Sandri.

A gestão da propriedade é importante?

Sandri - O produtor precisa saber quanto planta, quanto colhe e qual o potencial financeiro da produção. As famílias precisam fazer essa gestão, buscando estimar a produtividade e a lucratividade.

Quem fizer isso terá mais chance de sucesso.

Quais serão as suas propriedades?

Sandri - Eficiência, eficácia, economicidade e valorização. Vamos investir em tecnologia, para melhorar a gestão dos recursos sem abrir mão da qualidade dos serviços prestados. Outra meta é renovar o status de filantropia e manter o trabalho de assistência técnica e extensão rural para mais de 220 mil famílias no Rio Grande do Sul. Como manter o trabalho diante da crise financeira?

Sandri - Hoje, 70% do orçamento da Emater, que atua em 494 municípios (apenas três não possuem escritório no Estado) com 2.139 funcionários, vem do governo estadual. Diante da crise financeira apostamos no racionamento como meio de manter, ou até de melhorar, o atendimento. Tivemos uma redução de R$ 38 milhões no

“É importante mostrar aos jovens que podem evoluir, estabelecerse, ganhar dinheiro nas propriedades rurais........., sem precisar sair para os centros urbanos.”

Geraldo Sandri, presidente

Como encaminhar a sucessão?

Sandri - Esta é uma das nossas diretrizes. A Emater está empenhada em trabalhar a diversificação e alternativas de renda no meio rural. O nosso grande foco está na sucessão familiar. O norte da nossa administração será promover um programa de gestão aos agricultores em dias de campo, com palestras e discussões sobre o tema. É importante mostrar aos jovens que podem evoluir, estabelecer-se, ganhar dinheiro nas propriedades rurais e melhorar a qualidade de vida das famílias, sem precisar sair para os centros urbanos. A produção de alimentos é uma ótima alternativa, com destaque para os orgânicos, pois as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde.

Considerações finais Sandri - Com a missão de pro-

mover o desenvolvimento rural sustentável, construímos em solo gaúcho uma trajetória de compromisso e dedicação, que somente profissionais como os extensionistas colocam em ação, muitas vezes de forma diuturna.

Temos muito a agradecer aos que fizeram e que fazem parte da história da Extensão Rural e Social, promovem a inclusão social e produtiva de milhares de famílias que vivem no meio rural.

Perfil Natural de São Marcos, na Serra Gaúcha, Geraldo Sandri, substitui Iberê Mesquita Orsi na presidência da Emater/ RS-Ascar. É formado em Administração, fez MBA em Gestão Empresarial de Agronegócios na Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí) e mestrado em Administração, com foco em lideranças, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Por 30 anos trabalhou no Banco do Brasil e nos últimos 15 foi administrador de agências na Serra, no Sul e no Norte do Estado.

Já foi vereador (2001 e 2004) e disputou em 2016 a prefeitura municipal da sua terra natal.

05

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

AGENDA

AGRONOTÍCIAS RESPONDE Aprenda a cultivar pitangueira e diversificar a sua renda

Considerações finais A pitanga mais comumente conhecida é a de coloração vermelha, alaranjada, vermelha, pretas e até roxas. Pode ser consumida in natura, no preparo de receitas culinárias, sucos, licores e doces. É uma opção tanto para os fruticultores, que buscam diversificar a produção de frutas, quanto para os consumidores, que procuram novas opções para a dieta alimentar.

A pitanga de coloração roxa a preta traz inúmeros benefícios para saúde. A fruta nativa é uma opção para consumir in natura e no preparo de receitas culinárias. O pesquisador Rodrigo Franzon da Embrapa Clima Temperado explica formas de manejo, cuidados com o solo e o clima.

O que é a pitanga e como a Embrapa trabalha para difundir o cultivo?

Essa planta é uma espécie nativa do Brasil que originalmente ocupou espaços da Mata Atlântica e também da região litorânea. Apresenta boa adaptabilidade a diferentes tipos de solo e clima, sendo considerada uma opção para o produtor que deseja diversificar sua produção.

Qual a época de plantio e de frutificação?

O plantio acontece do mês de maio até o final do inverno. Frutifica em duas épocas do ano. O primeiro ciclo de floração e frutificação ocorre entre agosto e início de outubro. E o segundo, entre fevereiro e início de abril. O rendimento por arvore pode chegar a 3 quilos.

Onde conseguir mudas?

Por ser uma espécie que não é cultivada

Carne suína na vitrine

em grande escala, a maioria da mudas novas é produzida a partir de sementes.

O indicado é encontrar viveiristas reconhecidos e plantas com origem certificada e de qualidade. Se encontrar uma planta com frutos de qualidade, pode colher a semente e fazer as suas próprias mudas.

Ela responde melhor a solos férteis e bem preparados. O recomendado é utilizar fósforo e fazer análise da terra. O pH ideal é de 5,5 a 6 de acidez.

É importante fazer a poda?

O recomendado é a realização de uma poda de limpeza, eliminar ramos secos, doentes, ou muito mal posicionados, principalmente no interior da planta. Ajuda tabém a manter ela num porte menor, o que permite a colheita sem ter necessidade de usar escadas ou outro tipo de equipamento.

COTAÇÕES AGRÍCOLAS

Informe Agroeconômico Produto

Unidade

Junho R$

Arroz em casca

50kg

44,13

Feijão

60kg

156,67

Milho

60kg

30,08

Soja

60kg

70,85

Trigo

60kg

40,35

Boi p/ abate

kg vivo

5,31

Cordeiro p/ abate

kg vivo

6,44

Suíno tipo carne

kg vivo

3,39

Vaca p/ abate

kg vivo

4,67

Leite (valor líquido)

litro

Búfalo kg vivo

1,26 4,58

PREÇO DO FUMO Variedade R$/kg R$ /arroba 11,01 172,05 TO1 BO1 11,64 180,91

O município de Encantado será palco da 18ª Suinofest que, além de apresentar o melhor da gastronomia local, terá seminários técnicos sobre tendências, cenário mundial para a proteína e cuidados com biosseguridade. A cidade tem na produção de suínos origem de 45% da renda agrícola. A festa ocorre nos dias neste fim de semana e segue nos dias 14, 15 e 16. Os visitantes poderão degustar pratos tradicionais como mini schnitzel, filé com bacon, pernil temperado e leitão a encanto.

Ainda haverá festival de compras, espaço cultural, praça de alimentação, produtos de agroindústrias e artesanato. O evento ocorre no Parque João Batista Marchese, bairro Lambari, em Encantado.

Encontro de Jovens Rurais Ocorre no dia 19 de julho o 3º Encontro de Jovens Rurais de Westfália. O tema central será “A importância e os desafios na agricultura familiar”.

06

P

ara amenizar a falta de mão de obra qualificada, aumentar a produtividade e a qualidade do leite produzido na propriedade há mais de seis décadas, a família Fell, de Estrela, decidiu instalar dois robôs para auxiliar na ordenha das mais de 100 vacas.

Rodrigo, 29, formado em Administração e Leandro, 30, médico veterinário, estudaram a nova tecnologia por mais de 18 meses antes de decidir fazer o investimento de R$ 1,6 milhão. Além dos robôs, foi construído um galpão climatizado. “Priorizamos o bem-estar. No verão a temperatura chegava a 39 graus e refletia em uma queda de 7 litros por vaca”, comenta Rodrigo.

Outra mudança verificada é na jornada de trabalho. Antes eram necessários quatro funcionários para auxiliar no processo diário, por quase oito horas, a um custo de R$ 6 mil por mês. Há quase 60 dias a realidade é outra.

As vacas quando estão com úbere cheio de leite, se aproximam sozinhas da sala de ordenha atraídas pela ração no cocho. Em seguida um braço robótico inicia o trabalho. Em questão de segundos ele desinfeta e encaixa as teteiras e começa a retirada do leite com destino direto ao tanque.

Tudo ocorre sem interferência humana, de forma espontânea. A ordenha ocorre 24h por dia. Um chip acoplado no pescoço traz informações precisas de cada animal: quantidade de leite produzido por dia, vezes que ruminou, temperatura entre outras. “Os dados podem ser conferidos na tela imediatamente. Qualquer alteração a vaca é deslocada para outro local onde iniciamos o tratamento. Apenas uma pessoa cuida de plantel de 103 animais”, observa.

Os dados ajudam a melhorar a genética e a gestão do negócio. “São informações com as quais podemos

Tecnologia avança para suprir a ausência de mão de obra, melhorar a qualidade e produtividade, além de auxiliar na gestão das propriedades. Vale do Taquari desponta no estado com referência na instalação de ordenhas robotizadas

Robôs tiram o leite

tomar decisões certas e que geram resultados”, diz.

Mais produtividade Rodrigo prevê aumento em até 10 litros na média produzida por vaca. “Estamos em 40 litros”, diz. Outra vantagem é a redução de doenças como mastites e o uso de antibióticos. “Na propriedade visitada na Serra Gaúcha a queda chega a 80% com o sistema”, explica. A produção diária do plantel alcança 4 mil litros e outros 1,6 mil ainda são obtidos no sistema antigo de ordenha.

A qualidade de vida também mudou radicalmente.

Já não é mais necessário acordar às 5h da manhã

para ordenhar as vacas, que agora escolhem o horário que desejam fornecer o leite.

“Dá tempo para tomar um chimarrão”, brinca.

A família Fell foi a pioneira na robotização da ordenha no Vale do Taquari. De forma coletiva, este sistema foi implantado pela Dália Alimentos, de Encantado, em dezembro de 2015, no condomínio leiteiro em Nova Bréscia.

Sistema ainda é restrito Atualmente, mais de 20 propriedades contam com robôs de ordenha no Rio Grande do Sul, a maioria

delas no Vale do Taquari.

Apesar do avanço do modelo robotizado nos últimos anos, ainda é restrito a um grupo pequeno de produtores, em função do alto investimento.

Para o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, de Teutônia, Márcio Mügge, o avanço da tecnologia no meio rural é uma tendência mundial, por ser mais eficiente do que a mão de obra humana, proporcionar ganho de produtividade, qualidade e maior lucratividade. “É preciso atenção, verificar custo e benefício, capacidade de investimento, genética dos animais e orientação técnica quanto ao uso dos equipamentos”, entende.

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

Sistema instalado é o mais moderno da América Latina. Além do aumento na produtividade e bem-estar, vantagem está na maior qualidade do produto entregue à indústria

O sistema de robotização é uma nova alternativa tecnológica disponível no mercado, mas não substitui a necessária gestão da propriedade por parte de produtor.”

Marcio Mügge, secretário

07

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019

Dados precisos na tela Laudecir Silvio Gross (Zé), diretor comercial da Milkparts, representante Lely no Brasil, pioneira na fabricação de robôs de ordenha (1992), a qual possui mais de 30 mil equipamentos instalados no mundo, sendo 13 no RS, destaca as vantagens da tecnologia.

Mais do que automatização do processo de ordenha, o uso de robôs leva ao produtor informações importantes para melhora da genética, produtividade, qualidade do leite, reprodução, menos mão de obra, reduz perdas por doenças como mastite, uso de antibióticos e problemas de casco. “Os dados gerados ajudam na tomada de decisões.

Ainda temos a melhora na qualidade de vida do

produtor e mais conforto para os animais”, afirma.

O sistema gera dados imediatos com os quais é possível identificar os animais com melhores resultados e até o momento em que é mais adequado reproduzi-los. Ainda são detectados problemas de saúde e feito o controle da alimentação.

O fornecimento de ração é realizado pelo próprio robô, que libera o alimento no momento da ordenha e de acordo com a produtividade da vaca, explica.

Recomenda a adoção do sistema a partir de um plantel de 70 animais com alta produtividade.

O valor médio por unidade é de R$ 800 mil, sendo possível financiar em 10 anos.

Solução para falta de mão de obra Além dos Fell, outros dois produtores de Teutônia apostamnosistema.MoacirBrackmann,44,deLinha Clara mantém um plantel de 150 vacas e uma produção diária de 3,3 mil litros. Na próxima semana inicia um novo ciclo na propriedade.

A ordenha passa a ser feita por robôs. “Não temos mão de obra e a jornada de até sete horas para tirar leite é muito árdua. Com o sistema, além de ter mais tempoparanosdedicaraoutrastarefas,haveráganho em qualidade, produtividade e bem-estar dos animais”, acredita.

O investimento chega a R$ 1,5 milhão, valor a ser pagoematé10anos.Brackmannprojetaaumentono valor pago por litro de até R$ 0,05. Outro investimento previsto é a construção de dois aviários climatizados, comcapacidadedealojar70milaves.Comamelhora damatéria-primaenviadaàsfábricas,atendênciaéde que suba a qualidade dos produtos ao consumidor.

Como funciona a ordenha com robôs

1.

3.

Vacas estão soltas em um pavilhão. Os robôs são instalados em um canto onde as vacas podem se dirigir até a ordenha quantas vezes quiserem ao dia

Ao entrar, um braço robótico faz a higienização e são colocadas as teteiras.

Qualquer problema detectado, o leite é despejado em outro recipiente

2.

4.

Com um chip instalado no pescoço, o robô identifica cada animal e traz um histórico completo de produtividade e saúde

Durante o processo cada vaca recebe quantidade de ração, de acordo com a produtividade. A ordenha dura em média 10 minutos

Qualidade da matéria-prima No entanto, esse impacto deve ser sentido a longo prazo, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Alexandre Guerra.

Quais as vantagens do sistema?

Guerra – Ele abre a agenda no dia a dia do produtor.

Permite que ele se ausente da propriedade, focando mais na produção do alimento para o gado leiteiro enquanto o robô faz a ordenha. Com relação à qualidade do leite, é sabido que, quanto menor a intervenção humana no processo, menor a contagem bacteriana. É essencial lembrar que o setor vem trabalhando com margens ajustadas, o que dificulta muito o acesso à tecnologia de ponta, principalmente porque os equipamentos são importados e, com a alta do

dólar, essas aquisições ficam ainda mais difíceis. Apesar de serem usados em diversos países da Europa e tradicionais nações produtoras de leite, não acredito em uma tendência mundial devido ao acima exposto e à limitação no número de animais por equipamento. Outra vantagem é a gestão nutricional - é possível medir por meio de chip em coleira quanto leite o animal produz e, desta forma, otimizar a oferta de ração.

Qual o impacto para a indústria?

A escala de produção com qualidade, redução do custo em logística e a redução dos índices de CBT. O Sindilat, inclusive, trabalha para uma maior mecanização do setor lácteo. Nas reuniões da Câmara Setor do Leite, em Brasília, solicitamos ao governo federal apoio por meio de linhas de financiamento de longo prazo com taxas de juros próximas às do Pronaf e isenção da carga tributária para viabilizar a colocação de mais unidades de robôs no Rio Grande do Sul.

08

FIM DE SEMANA, 8 E 9 DE JUNHO / 2019