Caderno Agro - 23 e 24/07/2022

FIM DE SEMANA, 23 E 24 JULHO 2022

Especial - Grupo A Hora

No campo e na estrada Região organiza atividades em homenagem aos colonos e motoristas. Profissões representam a força econômica do Vale do Taquari. Continuidade do desenvolvimento passa pela profissionalização FELIPE NEITZKE

Novos tempos forçam qualificação Páginas 2 e 3

Comunidades preparam homenagens Página 4

GABRIEL SANTOS

Lajeado retoma procissão Páginas 6 e 7

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Profissionalização reduz custos e amplia competitividade FELIPE NEITZKE

Evolução tecnológica, escalada de preços e exigências do mercado forçam colonos e motoristas na busca pela qualificação. Categorias homenageadas em 25 de julho vivem um novo momento de desafios e oportunidades FELIPE NEITZKE felipeneitzke@grupoahora.net.br

GABRIEL SANTOS gabriel@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

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agronegócio e o setor logístico representam duas importantes forças econômicas para a região. Com mais de 55,4 mil agricultores e 5,7 mil motoristas profissionais, superar a elevação de custos e a falta de mão de obra são os principais desafios. Como alternativa, representantes dos segmentos indicam a profissionalização para garantir o desenvolvimento.

Além da atualização voltada ao avanço tecnológico, agricultores e motoristas buscam conhecimento para ampliar a competitividade frente a dinâmica do mercado. Tensionados pelo preço de combustíveis, insumos e valor do frete, trabalhadores e empresas vivem um novo momento que apesar dos entraves também representa oportunidades.

De acordo com o gestor do Sest/Senat, de Lajeado, Luciano Fontana, a falta de profissionais se repete pelo mundo e quem estiver preparado pode ter a melhor colocação no mercado de tra-

Silesio Alves é motorista há 30 anos e atua como supervisor de frota em transportadora com sede em Lajeado. Qualificação da equipe é permanente

Colonos e motoristas no Vale

55,4 mil agricultores

5,7 mil

motoristas profissionais Fonte: IBGE/2017

balho. “Sempre há vagas nas empresas da região e para tentar reduzir essa lacuna queremos ainda durante este ano lançar um novo projeto que visa formar jovens motoristas.”

Na avaliação de Fontana, investir na profissionalização representa o desenvolvimento das organizações. Ele considera que melhorar a habilidade significa mais segurança no trânsito, economia na frota e maior desempenho. Para quem trabalha no campo, a qualificação

é considerada essencial para uma gestão consciente e sustentável, além de contribuir na sucessão familiar.

Motorista por vocação A experiência na estrada e o interesse em se manter atualizado possibilitaram ao motorista Silesio André Alves, 50, assumir a função de supervisor de frota. Ele acompanha a integração de novos caminhoneiros e presta suporte aos profissionais no trecho. Com 30 anos de experiência atrás do volante, presenciou muitas transformações e conhece bem os desafios da profissão.

Natural de Santa Clara do Sul, Alves conquistou a primeira habilitação aos 18 anos. “Naquela época o documento ficava

Sempre há vagas nas empresas da região e para tentar reduzir essa lacuna queremos ainda durante este ano lançar um novo projeto que visa formar jovens motoristas.”

Luciano Fontana, gestor do Sest/Senat, em Lajeado

pronto no mesmo dia.

Eu ainda tinha receio de encarar a estrada quando fiz a primeira viagem para Novo Hamburgo”, recorda.

A empresa onde Alves trabalha atua no transporte de cargas fechadas e distribuição de mercadorias. Segundo ele, não há mais espaço para amadores por conta da evolução do setor. “O trânsito está cada vez mais carregado e os avanços tecnológicos forçam o treinamento constante.” Essa inovação também se refere aos veículos.

Por meio do sistema de telemetria e rastreamento é possível acompanhar o motorista e seu desempenho na estrada. “Com os custos cada vez mais altos é preciso reduzir despesas. A maneira de dirigir impacta sobremaneira no desgaste de peças e consumo de combustível”, observa o

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“Precisamos nos ater à sucessão familiar, a preservação ambiental, o equilíbrio econômico, entre outras situações.”

Matheus Spinelli (d) conclui curso para técnico agrícola e projeta dar sequência na atividade rural desenvolvida pelo pai Ademir, em Marques de Souza

supervisor de frota.

Para Alves, que já acompanhou o treinamento de mais de 300 motoristas, o nível atual de exigência também reduz a oferta de profissionais. “São poucos os jovens interessados em ser motoristas. Sempre temos vaga na empresa, mas não abrimos mão da qualificação e comprometimento do profissional.”

Qualificação no agro Para garantir a sucessão

na propriedade, Matheus Werner Spinelli, 23, concluiu formação de técnico agrícola. Ele pretende dar continuidade ao trabalho do pai Ademir Paulo Spinelli, 60, que embora aposentado, se dedica à criação de terneiros, porcos e o plantio de grãos em 30 hectares.

Com os investimentos no cultivo de milho e soja, a família no interior de Marques de Souza precisou planejar cada etapa a fim de manter o equilíbrio financeiro. “Foi uma safra desafiadora que exigiu muito conhecimento diante da alta nos preços de

insumos e combustível”, comenta Matheus.

Conforme o jovem, os custos de uma safra para outra dobraram. Enquanto em 2020 o investimento médio por hectare de milho era de R$ 4 mil, no ano passado superou R$ 6 mil. “O segredo é avaliar bem a relação entre investimento e retorno, além de evitar gastos desnecessários.”

Ainda de acordo com o agricultor, o sucesso na produção agrícola depende muito mais em conhecer as condições de mercado do que o serviço braçal. Ele reforça a ne-

cessidade de um planejamento e gestão integrada entre quando envolver diferentes gerações.

Propriedade sustentável A profissionalização dos agricultores vai além dos aspectos tecnológicos.

De acordo com o presidente da Fetag/RS, Carlos Joel da Silva, há uma preocupação com diferentes fatores para garantir a sustentabilidade.

“Precisamos nos ater à sucessão familiar, a

Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag/RS preservação ambiental, o equilíbrio econômico, entre outras situações,” destaca Silva. Na sua avaliação, esse trabalho deve ocorrer de forma coletiva a partir do resgate do modelo associativista.

Em reuniões da Fetag/ RS ficou evidente a baixa participação dos jovens em associações, entidades e no trabalho em prol da comunidade. “O individualismo não promove o desenvolvimento”, reitera.

Conforme Silva, a exemplo da união de colonos e motoristas, são profissões que dependem uma da outra.

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Data movimenta festividades pela região DIVULGAÇÃO

Programação para o Dia do Colono e Motorista contempla desfiles e bailes pelo Vale RAICA FRANZ WEISS raica@grupoahora.net.br

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Parque Municipal de Eventos de Westfália recebe pela primeira vez, neste domingo, 24, as comemorações do Dia do Colono e Motorista. A festa faz parte de uma série de eventos que ocorrem pelo Vale do Taquari.

Organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Teutônia e Westfália, nas edições anteriores, a comemoração ocorria na rua em frente ao Sindicato, no bairro Languiru, em Teutônia. A presidente do STR, Liane Brackmann, explica que neste ano as comemorações foram para o Parque de Eventos devido ao espaço. “É um local muito bonito, com amplo estacionamento e muita área”.

Conforme Liane, a expectativa é reunir mais de

quinhentas pessoas no domingo. “Temos atividades e opções gastronômicas para todos”, salienta.

Durante o dia haverá música, sorteios, chop e pratos típicos.

Na segunda-feira, 25, é a vez de Estrela comemorar o Dia do Colono e Motorista. O tradicional desfile em homenagem a São Cristóvão e aos colonos inicia às 9h e percorre o centro da cidade, em direção ao Distrito de Novo Paraíso.

A festa ocorre na localidade, no Centro Comunitário Católico São Vito. O evento é organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Estrela, em parceria com o governo municipal e apoio da Emater/RS-Ascar.

Para o presidente do STR, Rogério Heemann, a data é um momento importante de celebração das lutas e conquistas dos produtores rurais e motoristas. “É uma manhã muito especial, que precisa ser comemorada.

O agronegócio manteve ativa a economia durante a pandemia e resistiu a duas estiagens. Temos que comemorar muito esta data”.

Em Estrela, a bênção aos motoristas ocorre no Centro Comunitário Católico São Vito, em Novo Paraíso

PROGRAMAÇÕES PELA REGIÃO Mato Leitão Dias: 23, 24 e 25 de julho Local: Soessa Sampaio Lajeado Dia: 24 de julho (domingo) Local: Paróquia São Cristóvão Teutônia e Westfália Dia: 24 de julho (domingo) Local: Parque Municipal de Eventos de Westfália Teutônia Dia: 24 de julho (domingo) Local: Ginásio da Comunidade Católica de Canabarro

Estrela Dia: 25 de julho (segunda-feira) Local: Centro Comunitário Católico São Vito, em Novo Paraíso Colinas Dia: 25 de julho (segunda-feira) Local: Centro Comunitário Católico Santa Clara do Sul Dias: 30 e 31 de julho (fim de semana) Local: Esporte Clube Cruzeiro, Nova Santa Cruz Doutor Ricardo Dia: 31 de julho (domingo) Local: Igreja Matriz São Caetano

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Festa dos Motoristas retorna após dois anos LAJEADO Evento da Paróquia São Cristóvão engaja comunidade há mais de cinco décadas RAICA FRANZ WEISS raica@grupoahora.net.br

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tradicional Festa dos Motoristas, realizada pela Paróquia São Cristóvão, chega a sua 54ª edição neste domingo, 24. Além da carreata em homenagem ao padroeiro

dos viajantes, o evento terá mateada, Feira das Tortas, pescaria e brinquedos para as crianças.

A procissão inicia às 9h30 e segue pelas principais ruas de Lajeado, liderada pela Scala Logística.

A conhecida benção será mais uma vez em frente ao Centro Cultural Univates, na Av. Avelino Talini. Neste ano, os freis franciscanos ainda participam das comemorações. A partir de terça-feira, 26, a paróquia segue com os padres da diocese de Santa Cruz do Sul. Este domingo marca a

O coordenador Alexandre Ewald e o frei Paulo Maia percebem grande expectativa da comunidade pela volta da festa, em especial devido ao hiato provocado pela pandemia

retomada da festa, que não ocorria desde 2019, em razão da pandemia.

De acordo com o coordenador da paróquia, Alexandre Ewald, a expectativa é de que sejam

servidos em torno de 1,2 mil almoços. “A comunidade está bem animada com o retorno das comemora-

ções”.

Conforme Ewald, a festa surgiu para integrar a comunidade e angariar fun-

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As procissões Após a missa, a carreata seguia da forma que ocorre ainda hoje, com o primeiro veículo levando a imagem do Santo e o desfile dos demais carros. A procissão saia da frente da paróquia, passava pelas principais ruas do centro e fazia o retorno na Praça do Chafariz.

Conforme o livro “Assim nascemos”, empresas de

transportes engrossavam a procissão com os veículos da frota. A expectativa não era somente anotar quantos carros de cada empresa haviam desfilado, mas também verificar se o número de veículos da procissão havia superado a edição do ano anterior.

O frei Dorvalino conta que houve um ano em que o início da procissão já estava retornando, na altura do Hotel Martini (hoje Mariani), enquanto que os últimos veículos recém saíam do São Cristóvão.

Reis e Rainhas da festa No início, a comemoração tinha concurso para Rainha e Princesas. Mais tarde, passou a eleger um Rei também. A tradição continua até hoje e é um dos pontos altos da festa.

Dias chuvosos

dos para a paróquia. “Ao longo do ano, utilizamos os recursos para a manutenção da entidade”, explica.

O frei Dorvalino Fassini conta no livro da paróquia “Assim nascemos” que, por ser ao ar livre, sempre havia expectativa em torno do clima. Um registro no livro de Atas da Diretoria mostra que quase sempre a

Cinco décadas de história A primeira Festa dos Motoristas ocorreu em 1964.

Naquela época, era celebrada no mês de janeiro, em alusão a data de fundação da paróquia. Mais tarde, o evento foi transferido para 25 de julho, Dia de São Cristóvão.

No início, a festa era realizada ao ar livre, já que não havia salão. Todos os anos, a estrutura era montada com barracas, erguidas por postes de madeira e cobertas por lonas. O trabalho era tanto que a organização iniciava um mês antes da festa. As mesas e bancos eram feitos de tábuas, em estilo rústico e simples.

Programação de domingo: 6h - Alvorada festiva 8h - Missa 9h - Início da procissão motorizada (saída em frente à Paróquia) 9h30 - Bênção dos veículos (na Av. Talini, em frente à Univates) 11h - Início do almoço 13h15 - Bênção da saúde 13h30 - Rei e rainha da festa 14h às 17h - Reunião dançante com J&J 15h30 - Sorteio da Ação entre Amigos 17h - Encerramento da festa

festa era acompanhada por chuva, nas dez primeiras edições, sete foram chuvosas. Assim, aos poucos nascia a lenda de que, se a cidade quisesse chuva, era só marcar a Festa de São Cristóvão.

Desfile de 1966. O carro era conduzido por Abílio Weiand e levava a Rainha Aldacir Tedesco e as Princesas Dulce Brescovit e Lourdes Gallegari.

Na época, cerca de 150 veículos acompanharam a procissão

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