A Hora - 16/07/2020

A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020 | Ano 17 - Nº 2590 | Avulso: R$ 6,00

Fundado em 1º de julho de 2002.

ALDO CÉSAR LOPES

FRIGORÍFICO DA BRF

Acordo permite reabertura Verba a hospitais e teste em todos os funcionários são condições para a retomada Ministério Público e BRF firmaram acordo nessa sexta-feira que permite o reinício gradual das operações na maior empresa de Lajeado.

Pacto precisa ser homologado pela Justiça.

Entre as condições, estão a testagem integral dos trabalhadores e a doação de R$ 1,2 milhão para os hospitais da região. Acordo semelhante Página 8 pode ocorrer com a Minuano.

Fechamento da edição: 19h

“TESTA LAJEADO”

Pesquisa testará mais de 3 mil pessoas Município e Univates preparam pesquisa sobre covid-19 que atingirá 4% da população, aos moldes do estudo da UFPel no RS. Página 6 FÁBIO KUHN

Salão Reis

Bailes que marcaram época Salão Nied

Três salões que fizeram história na região e permanecem ativos na memória de quem soube aproveitar a boemia

Salão Sabke

OPINIÃO ADAIR WEISS

Vilões ou mocinhos?

Comércio e frigoríficos fechados testaram líderes durante a semana.

OPINIÃO RODRIGO MARTINI

Acordo milionário Tratativas têm outros detalhes que sustentam a preocupação do MP.

Da tradição das caravanas para curtir o baile até os concursos inusitados de maior pé de mandioca.

Conheça as histórias curiosas

por trás dos salões Reis, Sabke e Nied, estabelecimentos que eram sucesso entre as décadas de 50 até os anos 2000.

Páginas 10 e 11

Página 2

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

ABRE ASPAS

“É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós” A semana é dedicada aos profissionais da enfermagem. Afinal, eles estão na linha de frente no combate à pandemia.

Entre esses trabalhadores está Raquel Gonzatti, 29.

Enfermeira do Hospital Bruno Born, é parte da equipe que atende pacientes com covid-19. Natural de Relvado, filha de Maria Lardini e de Amélio. Para ela, cuidar do próximo é um ato de amor e de comprometimento.

FILIPE FALEIRO filipe@jornalahora.inf.br

• Como está sendo desempenhar sua profissão nesse momento de pandemia?

É uma experiência nova e transformadora, pois os cuidados se tornaram mais intensivos, provocando muitas vezes estresse e ansiedade. Ao mesmo tempo, sinto-me gratificada em poder ajudar no enfrentamento dessa pandemia.

• Quais as dificuldades em estar na linha de frente?

Dificuldades físicas, com o uso constante dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Esses dispositivos machucam. Principalmente o rosto pelo uso da máscara. De outro lado tem a pressão psicológica provocada pela doença. Há riscos de contaminação, pois estamos em um setor do hospital

ARQUIVO PESSOAL

isolado e fechado só para atender pacientes que apresentam sintomas da covid-19. O isolamento social é outra dificuldade.

muitas vezes para trás.

• Quais foram os momentos mais felizes e mais tristes que viveu na profissão?

O envolvimento emocional muitas vezes ocorre, mas precisamos reconhecer os nossos limites e desenvolver o autocontrole sobre eles. Devemos saber lidar com as nossas emoções e controlá-las no ambiente de trabalho, especialmente na área da saúde.

Embora a morte faça parte do cotidiano de trabalho, a perda de uma paciente me causa tristeza. A gente cria um vínculo com essa pessoa e com a família dela.

Quanto ao momento feliz, é ver o paciente recuperado e saber que você contribuiu para isso acontecer.

• O que tratar às pessoas lhe ensina?

Como você era antes de trabalhar no hospital e como vê o mundo agora?

Aprendi que é preciso gostar de cuidar e lidar com pessoas, além de ter preparo emocional para confortar pacientes em situações de fragilidade. Com esta nova realidade vejo o mundo diferente. Teremos de nos preocupar mais uns com os outros, ser mais solidário e gentis. Valorizar mais momentos especiais como estar ao lado da família, dar importância de um aperto de mão, um abraço, coisas que deixamos

Contatos eletrônicos: Diretor Executivo: Adair Weiss Diretor de Mercado e Estratégia: Fernando Weiss Diretor de Marketing e Inovação: Sandro Lucas Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS

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CEP 95900-104

• Como separar o sentimento pessoal com as provações da profissão?

• O que você deseja para a sociedade e o que este episódio tem para nós ensinar?

É preciso que saibamos tirar o melhor proveito dessa pandemia, que consigamos não só olhar para dentro de nós e consertar nossos erros, mas que tenhamos humildade para assumi-los. De entender que todos têm problemas e não cabe a nós julgá-los. É na dificuldade que descobrimos o melhor de nós e que podemos construir com sucesso o que sempre desejamos. A covid-19 mudou nossas vidas e será impossível voltar ao mundo como era antes. Desejo com isso que a sociedade tenha uma visão mais coletiva e solidária e que tenhamos mais consciência da importância da empatia.

Os artigos e colunas publicados não traduzem necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Impressão Zero Hora Gráfica

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EDITORIAL

Expectativa na bandeira

O

Vale do Taquari aguarda com ansiedade o pronunciamento do governador na tarde deste sábado. Após duas semanas de severas restrições por conta da bandeira vermelha, há grande esperança de que a região seja enquadrada na cor laranja e possa retomar importantes atividades econômicas a partir da próxima semana.

Nos últimos dias, muitos foram os esforços da região para sair da classificação de alto risco de contágio. Criação de novos leitos para casos graves nos hospitais de Estrela e Taquari e avanço nas tratativas para vagas em Arroio do Meio e Encantado são alguns exemplos. A estrutura hospitalar disponível a pacientes com sintomas respiratórios é um dos principais critérios para definir a bandeira.

Além do empenho das instituições hospitalares, os prefeitos da Amvat apresentaram argumentos consistente que podem resultar numa revisão dos critérios do modelo de distanciamento controlado para a definição da bandeira de cada região.

Entre as variáveis consideradas para estipular a cor de cada área, está o número de casos testados como positivos.

No caso do Vale, a justificativa é que o

Após duas semanas de severas restrições, há grande esperança de que a região seja enquadrada na cor laranja e possa retomar importantes atividades econômicas ” esforço para garantir um alto índice de testagem gerou a punição às atividades econômicas. Ou seja, por ter testados mais e, consequentemente, diagnosticado mais casos de covid-19, a região foi penalizada com as restrições.

O fato é que, economicamente, a região está sufocada. Além do comércio fechado, restrições em restaurantes e dificuldades impostas em outros serviços, a paralisação dos frigoríficos da BRF e da Minuano, em Lajeado, acionou o alerta de líderes de diversos segmentos devido à possibilidade de um efeito devastador em toda uma cadeia produtiva ligada ao setor alimentício.

Felizmente, as últimas horas foram de evoluções relevantes nos acordos entre as empresas e o Ministério Público, para a retomada, mesmo que parcial, das operações nos frigoríficos. É preciso enaltecer, inclusive, o esforço do MP local em buscar no diálogo o caminho para o alcance de um denominador comum entre as partes.

Por meio da cooperação, a região começa a encontrar o caminho para atravessar a crise.

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ADAIR WEISS adairweiss@jornalahora.inf.br

VILÕES OU MOCINHOS? Comércio e frigoríficos fechados testaram líderes e acaloraram debates na semana

Q

uem tem razão, onde está a verdade ou o equilíbrio? Uma coisa é certa: não há como definir vilões, nem mocinhos, embora as redes sociais se encarregaram de apontá-los.

A disputa de interesses protagonizada pelo fechamento do comércio regional e de dois frigoríficos em Lajeado é, absolutamente, compreensível. Contudo, o tensionamento polarizado dos mais “nervosos”, definitivamente, não é um comportamento que devemos estimular.

Não contribui.

As circunstâncias atuais são reflexo de uma pandemia no planeta. Não é isolada do Brasil e, muito menos, do Vale do Taquari. É uma traiçoeira doença que sequer dá sinais para a descoberta de vacinas. Portanto, não é algo comum, muito menos simples.

Não é por menos que dois ministros de saúde já caíram. O presidente da República, na sua ânsia de salvar a economia, insiste na retórica de que o problema principal será o desemprego e a fome. Tem suas razões, mas impõe uma divisão polarizada e distancia a harmonia no país.

Voltando ao nosso Vale, nos deparamos com o debate entre os defensores da abertura dos setores produtivos e os que desejam manter tudo fechado. Ambos têm argumentos razoáveis, são relevantes e justos, dependendo do ângulo que olhamos.

Talvez estabelecer uma compreensão mais equilibrada pode diminuir a zona de conflito extremo e assim nos permitir uma maior sensatez.

Vejamos: o Ministério Público cumpriu um papel importante ao chamar as empresas frigoríficas à responsabilidade. O cenário comercial para estas indústrias de alimentos no atual contexto é das melhores expectativas. Dólar alto e necessidade de comida no mundo tendem a engordar o caixa destas multinacionais.

O MP, um tanto ignorado no princípio, impôs sua prerrogativa e decidiu interromper as atividades. Assim, inverteram-se

Os líderes dos diferentes setores do Vale do Taquari foram encurralados por produtores apreensivos no campo, familiares destes na cidade, funcionários com medo da perda do emprego e uma série de outros problemas decorrentes da paralisação.” os papéis e o tempo virou. As empresas tiveram de ampliar o grau de negociações.

O MP se manteve firme, apesar da pressão herculana.

Os líderes dos diferentes setores do Vale do Taquari foram encurralados por produtores apreensivos no campo, familiares destes na cidade, funcionários com medo

da perda do emprego e uma série de outros problemas decorrentes da paralisação.

Os prefeitos das maiores cidades se reuniram, mas não chegaram ao acordo. Agiram por conta própria. O prefeito de Estrela entrou na Justiça contra a bandeira vermelha.

O de Lajeado preferiu o caminho técnico e obteve resultado positivo com um ofício

encaminhado ao Governo para reconsiderar alguns critérios acerca dos testes. Os demais aguardaram.

Todos tentaram fazer o seu melhor.

Alguns menos e outros mais. As intenções também reuniram as entidades como Codevat, Amvat, CIC e Amturvales. Envolveram deputados, senadores e secretários de estado para alcançar o que a maioria considera equilibrado.

Nas redes sociais sobraram críticas, contra tudo e todos. Enquanto alguns ovacionaram a defesa pelo fechamento, outros condenaram. Todos com razões aparentes, sob seu ponto de vista pessoal.

Disso tudo podemos extrair pelo menos duas lições: o Vale precisa articular melhor suas forças políticas e sociais, e não pode acreditar cegamente em tudo que lhe mandam fazer.

Por outro lado, se ergueram a diplomacia e o respeito entre os atores evolvidos. E aqui posso testemunhar o embate respeitoso e produtivo entre o MP, os prefeitos, as entidades e as empresas, sejam indústrias ou do comércio e serviços.

Não fosse o bom senso e o permanente diálogo, apesar de tensionado na maior parte, não teríamos avançado tão rápido.

Encerro esta coluna com otimismo e cumprimentos pela postura dos envolvidos.

Se a população ficou apreensiva e incomodada – com razão -, ao mesmo tempo pode se dar por satisfeita pelo enorme esforço na busca por uma solução equilibrada das partes envolvidas.

O jogo não terminou A covid-19 ainda ronda nosso bairro, nossa casa e nossas vidas. Precaução e respeito ao inimigo desconhecido e invisível ainda é a melhor ferramenta a adotar. Espero que todos tenhamos compreendido o valor da articulação e cooperação coletiva, sem negações e “crucificações” descabidas.

Definitivamente, não há espaço para oportunismo em momento como o atual.

ENERGIA DO ALTO A empresa Lyall de Lajeado fixou uma faixa no alto do edifício 300, em construção no bairro São Cristóvão. A frase “LAJEADO É FORTE. JUNTOS VENCEREMOS ESSA GUERRA. #AOBRANAOPARA”, pode ser vista da

BR 386. Para o empresário Roberto Lucchese, a ideia é contribuir para o entusiasmo e criar uma energia positiva ao enfrentamento do atual cenário.

A frase cabe ao momento, pois é hora de somar e não dividir.

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A

BRF teve que literalmente pagar para manter ativo o frigorífico em Lajeado. É esse o resumo das negociações entre o Ministério Público (MP) e a direção da multinacional, que perdurou por alguns poucos dias. No fim das contas, o montante de R$ 1,2 milhão, que será direcionado aos Hospitais de Lajeado e Estrela para o necessário combate à Covid-19, foi o principal balizador do acordo firmado entre as partes na madrugada dessa sexta-feira.

Agora é correr contra o prejuízo.

O acordo tem outros detalhes, claro, que denotam a preocupação dos promotores. A contratação de uma Assistente Social e uma Enfermeira para monitorar milhares de funcionários e familiares que vivem em quatro bairros carentes de Lajeado é outro balizador, assim como os testes em 100% dos colaboradores – ação que a empresa vinha realizando. Também restou pré-definida uma possível compensação aos produtores integrados, em caso de prejuízo causado pela redução forçada dos abates.

A principal empresa da mais populosa cidade do Vale do Taquari também foi obrigada a diminuir a carga e o volume de serviços no frigorífico. A principal geradora de empregos da cidade, e responsável pelo maior índice de retorno de impostos aos cofres do município – aquele dinheiro gasto em saúde, educação, segurança e

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Um acordo milionário!

Sugestões, críticas, contrapontos: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

infraestrutura, e que não nasce em árvore –, terá que funcionar com apenas 50% do seu efetivo até o dia 25 de maio.

Tratada como a vilã dessa tragédia mundial pelos “romancistas” locais, tal como a Minuano, a multinacional de produção animal já realiza uma série de ações semelhantes nos bastidores.

Sem muito alarde e longe dos holofotes. Aqui em Lajeado, por exemplo, a BRF custeou centenas de testes rápidos para a Covid-19, antes mesmo da ação judicial proposta pelo MP. Da mesma forma, já aplicava critérios exigidos pela OMS, e afastara das unidades o

chamado “grupo de risco”.

Já em âmbito nacional, a empresa global anunciou no início de abril a doação de R$ 50 milhões em insumos médicos, equipamentos e alimentos, e no investimento em estudos científicos para combater o novo coronavírus. Os recursos serviram para a compra de respiradores, máscaras e luvas, por exemplo. Naquele momento, a BRF também já anunciara mais de 20 mil testes para detecção do novo coronavírus em todo o país.

Para os “romancistas”, porém, tudo isso ainda é pouco diante dos altos lucros da empresa. Para tantos, os empresários e CEO´s precisam sangrar até a última gota de sangue. Para os “romancistas”, o lucro é crime e os vilões são sempre os outros. Para os “romancistas”, é mais fácil achar que a culpa é do outro. Mas, para a sorte de milhares de trabalhadores, nem todos os envolvidos são “romancistas”. Caso contrário, o abate econômico e social seria ainda mais doloroso para o Vale.

e pré-candidatos a prefeito e vice na cidade. Eles propuseram uma audiência on-line entre as partes. No despacho, entre outros argumentos,

a juíza enalteceu a proposta, mas afirmou que o pedido “pode levar a ideia de auxilio aos interesses de uma das partes”.

O acordo tem outros detalhes, claro, que denotam a preocupação dos Promotores.”

PSB e os frigoríficos A juíza Carmen Luíza Rosa Constante Barghouti não aceitou o pedido do PSB de Lajeado para que o partido se tornasse um amicus curiae (amigos da corte) no processo da BRF. O pedido foi ingressado pelos advogados Daniel Fontana e Fábio Gisch, ambos filiados ao PSB

RODRIGO MARTINI

Discriminação ou preocupação?

Líderes locais, empresários e boa parte da sociedade em geral atestam que funcionários da BRF e da Minuano não ficarão em casa durante o período de restrição das atividades nos dois frigoríficos. Eu não tenho bola de cristal. Logo, acho difícil compactuar com essa certeza. E mais. Acho curioso que este mesmo debate não tenha sido alimentado após o fechamento do comércio. Ou da universidade. Por que será?

Percebo dois motivos. O primeiro é a discriminação velada.

Algo do tipo: “os trabalhadores da BRF são de uma classe social mais baixa e, sendo assim, tendem a desrespeitar regras”.

Infelizmente, é assim que muitos pensam. Outros, mais

sensatos, reforçam que o risco está na falta de saneamento e assistência nessas comunidades, além do alto índice demográfico.

Ou seja, a linha anda delicadamente tênue entre o preconceito e a preocupação.

A grande verdade é que a maioria das pessoas não está disposta a cumprir o isolamento social. E de fato não cumpre. O que é preocupante, claro. Mas isso ocorre em todos os bairros ou classes sociais. Não podemos ser ignorantes e pensar que só a classe mais pobre tende a descumprir as recentes ordens sanitárias. Ora, sejamos justos.

Ou são essas famílias que continuam passeando pelo Serra Gaúcha ou pelo Litoral aos finais de semana?

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DIAGNÓSTICO LOCAL

Pesquisa testará 3,6 mil pessoas Governo e Univates detalham trabalho, considerado um dos maiores do Brasil.

Volume de testes aplicados atingirá 4% da população, índice superior a países como a Coreia do Sul MATEUS SOUZA mateus@jornalahora.inf.br

LAJEADO

A

partir da próxima quintafeira, 25, o governo municipal e a Univates iniciam um amplo trabalho de testagem que vai abranger 4% da população lajeadense. Os detalhes da pesquisa de prevalência do coronavírus na cidade, considerada uma das maiores do país, foram apresentados em coletiva de imprensa na tarde dessa sexta-feira, 15, na prefeitura.

Ao todo, a pesquisa promoverá a testagem de 3,6 mil pessoas em três etapas, verificando o percentual de lajeadenses que já desenvolveram anticorpos para a Covid-19. Haverá intervalos de 14 dias entre cada etapa, já que este é o período considerado ideal para detectar a expan-

FOTOS PIETRA DARDE

são do vírus, cujo ciclo médio entre contaminação e cura é de 14 dias.

Cada rodada terá a testagem de 1,2 mil pessoas. Os locais a serem visitados serão definidos por sorteio, de acordo com critérios de distribuição geográfica utilizados pelo IBGE, abrangendo diferentes bairros. O modelo adotado é baseado na pesquisa que a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está realizando em alguns municípios gaúchos.

“Com este volume de testes, vamos atingir um percentual maior do que países como a Coreia do Sul, que é referência no combate ao coronavírus. A margem de erro será muito pequena. Teremos um panorama real da contaminação aqui na cidade, o que nos dará condições de pensar em ações mais efetivas”, comenta o prefeito Marcelo Caumo.

Duplas visitando residências Ao todo, a pesquisa será aplicada por uma equipe de mais de 40 pessoas.

Serão formadas 20 duplas, que terão uma pessoa responsável pela coleta e outra para o questionário.

Serão selecionados estudantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Biomedicina e Farmácia, e também funcionários da universidade, que serão capacitados na próxima quarta-feira. “Elas estarão identificadas e preparadas. Há todo um protocolo de como devem proceder, de como chegar na casa

Em coletiva, reitor da Univates e prefeito de Lajeado detalharam a metodologia da pesquisa

das pessoas”, explica a diretora de Inovação e Sustentabilidade do Tecnovates, Simone Stülp.

R$ 141 mil com a pesquisa O valor da pesquisa, de R$ 141 mil, será custeado pelo governo municipal e destinado à aquisição de EPIs aos pesquisadores, que precisarão trocar de roupas e luvas a cada visita realizada, e também em transporte e outras despesas.

Já os testes, cujo valor total é de R$ 360 mil, foram repassados pela Secretaria Estadual de Saúde.

“A prefeitura já tinha nos procurado há 15, 20 dias para propor a parceria. Mas trancávamos nos custos com a aquisição dos testes

Estado repassou 3,6 mil testes para o município aplicar na pesquisa

e também com os pesquisadores, que serão remunerados e precisam de EPIs adequados. Agora, estamos entrando neste circuito de pesquisas”, salienta o reitor da Univates, Ney Lazzari.

Lazzari destaca a importância da pesquisa e cita uma situação de surto enfrentada pela universidade. “Identificamos 14 funcionários do Laboratório de Análises Clínicas positivados para Covid-19. Deles, três tive-

ram alguns sintomas, mas nenhum precisou de internação. E desses, 9 ou 10, se não fossem testados, nem saberiam que estavam com o vírus”, lembra.

Já Simone ressalta que, além de auxiliar o município em pensar ações para combater o vírus, a pesquisa servirá como um legado para o futuro. “É uma oportunidade de mostrarmos a nossa força enquanto cidade e sociedade”, afirma.

ENTENDA COMO VAI FUNCIONAR A PESQUISA - Endereços em que serão aplicados os testes vão ser definidos por sorteio, seguindo critérios de distribuição geográfica usados pelo IBGE; - Em cada abordagem, uma pessoa do grupo familiar será convidada a participar do teste. Aceitando, deve assinar um termo de que está de acordo com a pesquisa e responder um questionário informando dados gerais, de saúde, comportamento, comorbidades, sintomas e outros.

Também terá uma gota de sangue coletada; - Se o teste der positivo, demais moradores da residência serão contatados posteriormente para testagem pela Secretaria Municipal de Saúde; - O trabalho será realizado por 20 equipes de duas pessoas – uma para a coleta e outra para o questionário – que percorrerão os locais sorteados; - A Univates vai abrir inscrições para interessados e o grupo selecionado será capacitado na próxima quarta-feira, 20. Interessados podem se inscrever pelo e-mail tecnovates@univates.br; - A primeira etapa ocorrerá entre quinta-feira, 21, e segunda-feira, 25. Após cada etapa de coletas, os resultados da prevalência serão divulgados por governo e Univates.

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DIVULGAÇÃO\PALÁCIO PIRATINI

SEGURANÇA PÚBLICA

Crimes contra a vida reduzem, mas violência doméstica preocupa Distanciamento social teve queda em quase todos os indicadores, mas gera apreensão quanto aos crimes contra as mulheres FILIPE FALEIRO filipe@jornalahora.inf.br

VALE DO TAQUARI

O

perações conjuntas em áreas deflagradas pelo tráfico, investigação persistente para descobrir a autoria dos assassinatos e o cerco contra gangues de drogas.

Junto com as ações desempenhadas pelas forças de segurança, a pandemia que reduziu a movimentação nas cidades.

Esses são os motivos apontados pelo delegado regional da Polícia Civil, José Romaci Reis, para a retração dos crimes no Vale do Taquari. Os indicadores criminais dos quatro primeiros meses de 2020 foram apresentados nessa quinta-feira, pelo secretário de Segurança Pública (SSP) e vice-governador, Ranolfo Vieira Junior.

Em se tratando dos 38 municípios do Vale do Taquari, houve queda na maioria das ocorrências. O princi-

pal dado analisado para medir a violência de uma cidade ou região são os números de homicídios. Foram sete a menos neste ano do que nos primeiros quatro meses de 2019.

“Tivemos uma situação atípica em janeiro, quando houve assassinatos derivados de disputas e acertos de contas entre grupos rivais”, diz o delegado Reis. De acordo com ele, muito disso se deve a soltura de presos naquele período.

Na avaliação do policial, o Vale tem tido redução nos índices de assassinatos desde 2019, quando foi criada uma estratégia de combate pontual. O modelo integrado aproxima órgãos de segurança, promotoria de Justiça, judiciário e integrantes dos governos municipais.

Em todo o ano passado, o Vale teve 54 assassinatos. Conforme Reis, a maior parte dos crimes contra a vida estão ligados a venda de entorpecentes. “Temos trabalhado muito para coibir tanto esse comércio quanto à disputa relacionada a essa atividade criminosa.”

Feminicídios no RS

Pelos dados da SSP, em abril houve crescimento nos assassinatos de mulheres por motivação de gênero.

Foram dez ocorrências. É quatro a mais do que o registrados no mesmo mês do ano passado. Com isso, o número de vítimas no acumulado desde janeiro chegou a 36. Um aumento de 71,4% ante o mesmo período de 2019.

No Vale, não houve registro de feminicídio neste ano.

Como forma de manter o número e prevenir esse tipo de crime, a Delegacia da Mulher, a Brigada Militar, o Ministério Público e o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM) de Lajeado ampliaram os mecanismos para se aproximar de mulheres com histórico de violência doméstica.

A rede de apoio expandiu as visitas da Patrulha Maria da Penha e também criou uma campanha chamada “Você está em casa, mas não estão sozinha”. Além de plantões 24h por meio de telefones e pelo whatsApp,

Aumento de 71% nos feminicídios no RS coloca autoridades em alerta

a Polícia Civil também autorizou o registro de ocorrência para casos de violência de gênero pela internet.

Queda nos índices de Lajeado Os crimes de homicídio, latrocínio, furtos e roubos de veículo e assalto a pedestres estão menores neste ano do que em 2019. Conforme o comandante do 22º Batalhão da Brigada Militar, major Marcelo de Abreu Fernandes, os resultados estão ligados ao maior serviço de inteligência e de integração entre as forças de segurança. Além disso, houve acréscimo no efetivo para ações de patrulhamento. “A polícia está mais presente nas ruas. Isso inibe a atuação do criminoso.”

O 22º BPM atua em 26 cidades. “Nesta área, percebemos menos ocorrências.

Sabemos que dificilmente conseguiremos zerar os crimes, mas vamos trabalhar para reduzir esses números”, diz Fernandes.

Segundo ele, as ações em Lajeado têm mostrado a importância do trabalho conjunto e do uso da tecnologia para coibir a atuação criminosa.

Para ele, o sistema de monitoramento é um aliado tanto à prevenção quanto para o acompanhamento em caso de alguma ocorrência.

Homicídios Dados tabulados de 1º de janeiro até 30 de abril

2019

2020

Lajeado

MUNICÍPIO

7

5

Estrela

2

4

Teutônia

1

0

Encantado

3

3

Arroio do Meio

1

1

Taquari

2

0

Homicídios no vale 2019 2020

20 13

Furtos e roubos de veículos 2019

2020

Lajeado

MUNICÍPIO

66

54

Estrela

15

8

Teutônia

6

6

Encantado

5

1

Arroio do Meio

5

4

Taquari

6

2

TOTAL NO VALE 2019 2020

151 111

8

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Acordo com MP permite reabertura gradual da BRF Unidade poderá operar com 50% dos funcionários.

Decisão precisa ser homologada pela Justiça. Negociação com a Minuano avança.

MATHEUS CHAPARINI matheus@jornalahora.inf.br

LAJEADO

A

pós mais de quarenta de dias de acompanhamento, se encaminha para um desfecho negociado a situação dos frigoríficos de Lajeado. O Ministério Público anunciou em coletiva de imprensa virtual, na manhã dessa sexta-feira, acordo firmado com a empresa BRF para retomada gradual das atividades.

O acordo ainda precisa ser homologado pela Justiça para ter validade.

“Conseguimos entabular um acordo satisfatório, com algumas cláusulas de garantia e de investimento em saúde, estas que nos foram mais importante. Desde o início, sempre tivemos como prioridade a garantia da saúde da população”, afirmou o promotor Sérgio Diefenbach, do MP de Lajeado.

A BRF poderá reabrir o frigorífico com 50% dos funcionários.

As partes acertaram uma série de medidas preventivas e contrapartidas para a retomada da produção.

A empresa terá de aplicar testes rápidos em todos os funcionários

GABRIEL SANTOS

que voltarem ao trabalho. A quantidade e o resultado dos testes já realizados pela empresa não foram revelados.

A negociação definiu ainda que a BRF vai assumir eventuais prejuízos de produtores rurais em função da paralisação e investirá R$ 1,2 milhões nos hospitais de Lajeado e Estrela O frigorífico está fechado por decisão judicial da última sexta-feira, 8. Em caso de descumprimento do acordo a empresa está sujeita a multa diária de R$ 1 milhão.

Dificuldade de acesso às empresas Diefenbach afirmou que, por serem de grande porte, as empresas têm seus padrões de atuação, que torna difícil estabelecer diálogo. De acordo com o promotor, a negociação iniciou apenas após a judicialização do caso.

Na sua avaliação, elas estabelecem uma organização interna que acaba se tornando maior que a lei. “Nossa intervenção judicial foi para mostrar ás empresas que aqui existem direitos fundamentais, existe uma comunidade prejudicada e interessada e defensores destes direitos que querem sentar e conversar.”

Acordo com Minuano está próximo

Diefenbach criticou a nota de repúdio da Minuano, publicada nessa quinta-feira, 14. A empresa alega que não há internação de funcionários por covid-19 nas últimas três semanas. “Não podemos fazer um debate jurídico dentro de notas públicas à im-

Empresa deverá testar todos funcionários e repassar R$ 1,2 milhão a hospitais da região

A fábrica em números: A unidade de Lajeado da BRF tem

3189

funcionários diretos e

200 terceirizados Por dia, são abatidos

460 mil frangos e 4 mil porcos prensa”, avaliou.

A negociação entre o MP e a empresa também avança. O promotor Sérgio Diefenbach encaminhou à empresa proposta semelhante à firmada com a BRF. Na avaliação do MP, a situação dos dois frigoríficos é semelhante.

PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO: Testagem em massa: a empresa terá de fazer teste rápido em todos os funcionários que retornarem ao trabalho em um prazo de 15 dias a partir da homologação do acordo. Os resultados terão de ser enviados imediatamente à Vigilância Epidemiológica de Lajeado Investimento nos hospitais: repasse de equipamentos e insumos para qualificar e ampliar a estrutura hospitalar no valor total de R$ 1,2 milhão. O Hospital Bruno Born receberá 70% (R$ 840 mil) e os outros 30% (R$ 360 mil) serão destinados ao Hospital Estrela. Prazo de 30 dias após homologação.

Acompanhamento à comunidade: contratação de uma equipe multidisciplinar, com assistente social e enfermeira, para atuar junto à comunidade em quatro bairros: Conservas, Jardim do Cedro, Santo Antônio e Morro 25 Sem prejuízo aos produtores: garantia de que produtores rurais não sofrerão prejuízos com a parada. Empresa terá que compensar eventuais perdas registradas no período entre 11 e 25 de maio Higienização: realizar a higienização e desinfecção geral da fábrica, além de treinar e empoderar os fiscais Covid-19 da empresa, para que exijam o cumprimento das medidas preventivas.

Funcionários da Minuano querem voltar ao trabalho Grupo de trabalhadores esteve ontem na sede do sindicato para debater a situação da empresa

GABRIEL SANTOS

LAJEADO

A interdição do frigorífico da Minuano em Lajeado, anunciada na quinta-feira, dia 14, preocupa os funcionários da empresa. Na tarde de sexta, 15, cinco operadores de produção estiveram no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Avícolas e Alimentação de Lajeado (Stial) pedindo a retomada das atividades.

Os funcionários defendem que a empresa desde o início da pandemia tem tomado todas as medidas de prevenção.

“Desde o início estamos sendo acompanhados. Todos os funcionários receberam kits com álcool gel,

Conforme o grupo, empresa garante a segurança dos trabalhadores

máscaras e luvas”, diz a operadora Katiusci Lopes de Venâncio Aires.

“Estamos sendo condenados pelas pessoas de fora, sendo que não sabem a realidade de quem

trabalha lá dentro. Estamos tomando todos os cuidados”, afirma o funcionário Flávio Luiz da Silva que também pensa que a empresa pode retomar as atividades.

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

PAINEL PENSE

Rádio A Hora estreia programa dedicado à educação Desafios para pais, alunos e professores em tempos de quarentena embasam 1ª edição do Painel PENSE, que vai ao ar às 11h desse sábado ALDO CESAR LOPES

FILIPE FALEIRO filipe@jornalahora.inf.br

VALE DO TAQUARI

A

Rádio A Hora estreia neste sábado uma nova atração.

Será o primeiro Painel PENSE, que agora será parte da grade de programação da 102.9. O debate recebe a secretária de Educação de Lajeado, Vera Plein, a professora e diretora de escola Andréa Reckziegel e o médico e diretor do Centro Regional de Oncologia (Cron), Hugo Schünemann.

Os convidados abordam os desafios da educação em época de quarentena. O programa vai ao ar sempre aos sábados, das 11h às 11h45min. Também será possível acompanhar pelo Youtube, no canal do Estúdio A Hora. Os programas também podem ser baixados por podcast no site jornalahora.com.br.

O Programa Ensino e Educação (PENSE) foi criado em 2018 com o propósito de valorizar a atuação dos professores. Em dois anos de atividade, foram 14 visitas as escolas, com a participação de mais de 3 mil alunos e 400 professores.

O PENSE é idealizado pelo Grupo A Hora e conta com o apoio da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e 3ª Coordenadoria Regional de Educação, com patrocínio do Centro Regional de Oncologia (CRON), do Instituto Dale Carnegie e da Univates.

Impactos na educação A pandemia fechou as escolas e exigiu adaptação rápida aos professores. “É um desafio a todos nós.

Para encerrar o ano letivo, temos de nos organizar e manter contato com os alunos, tudo à distância. A pergunta que fica é como fazer isso em uma realidade de periferia, onde o acesso a internet é difícil”, considera a professora Andréia Reckziegel.

Integrante da direção das escolas Francisco Oscar Karnal e Santo Antônio, conta que em alguns casos, os professores levam materiais impressos para famílias que não têm condições de manter contato digital com os educadores.

Apesar das dificuldades, avalia que as dificuldades têm aproxima-

Programa será transmitido na Rádio A Hora 102.9 , às 11h deste sábado

do pais e professores. “Isso é positivo”, afirma. De acordo com ela, de um jeito ou outro, os professores conseguem auxiliar as famílias.

Conforme a secretária de Educação de Lajeado, Vera Plein, essa reflexão sobre o aprendizado dos professores em lidar com a tecnologia evidencia a necessidade de fortalecer a cultura digital em toda a sociedade.

“Em Lajeado, ainda não temos isso.

Não foi desenvolvida essa cultura.

Não estamos preparados.”Segundo ela, o momento é de descobrimento para os profissionais da educação.

Para o médico Hugo Schünemann, a pandemia força a sociedade e os profissionais a buscarem soluções e usar com mais eficiência a tecnologia. Somado a isso, a necessidade das pessoas terem uma postura mais consciente sobre o uso das ferramentas digitais e das redes sociais. “Há uma fábrica de fake news, e muitas vezes inclusive pessoas com formação ajudam a propagar isso.”

Adaptação do Pense

Conforme o diretor-executivo do Grupo A Hora e mediador do Painel PENSE, Adair Weiss, a iniciativa de estar próximo das escolas e dos professores precisou ser

SERVIÇO O que: Painel PENSE Quando: sábados, das 11h às 11h45min Onde: Rádio A Hora reformulada devido a pandemia.

Com isso, a estratégia parte de tornar a ação mais democrática e ampla por meio da rádio.

Weiss acredita que é possível chegar a mais educadores, seja pela transmissão da 102.9 ou mesmo pelas outras plataformas digitais, o podcast e o vídeo pelo youtube. “Nas caravanas, tínhamos o diferencial do contato, mas atingíamos uma parcela restrita de alunos e professores.

Agora, estamos abrindo para mais pessoas da nossa região, que poderão conhecer o PENSE e se informar sobre os assuntos que permeiam a educação.”

Na avaliação dele, programa com essa proposta de valorizar o ensino não pode parar pela limitação temporária imposta pelo coronavírus.

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Com o sobrenome dos fundadores, salões estiveram entre os principais pontos de encontro boêmio nas décadas de 50 até os anos 2000. Em mais uma matéria sobre baladas que marcaram época, A Hora resgata a história dos salões Reis, Sabke e Nied

A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

Os primeiros bailes do Vale

FÁBIO KUHN fabiokuhn@jornalahora.inf.br

COLABORAÇÃO GABRIEL SANTOS

VALE DO TAQUARI

O

Salão Sabke foi construído em uma época que Forquetinha era conhecida como Santa Cecília e ainda pertencia a Lajeado. Otávio Sabke (in memoriam) iniciou a obra em 1960. Quatro anos depois, em outubro de 1964, o imenso pavilhão de madeira abria as portas para o primeiro baile dos 38 anos em funcionamento.

Com dois andares, a salão possuía a pista de dança na parte superior. O piso de madeira tinha calços embaixo que permitiam a fricção da madeira. “Sensação era que chacoalhava tudo quando tinha muita gente”, conta um dos filhos de Otávio, Ronésio Sabke, 43.

Outra peculiaridade era uma tela instalada em meio ao salão na década de 80, época em que uma lei proibiu a venda de álcool para menores de idade. A cerca separava o local para consumo de bebidas e a pista de dança. “O pessoal chamava de ‘galinheiro do Sabke’”, recorda outra filha, Clarice Sabke Bergmann, 57.

No auge, o estabelecimento realizava um a dois bailes por mês com temas estabelecidos como o kerb de janeiro, carnaval em fevereiro e Dia dos Namorados em junho. Para atrair o público, Otávio contratava ônibus para recolher os festeiros em diversas localidades da região.

O motorista que juntava mais gente ganhava brindes.

Toda a organização era feita pela própria família (casal Otávio e Nelci com os filhos Ronésio, Rogério e Clarice) com ajuda de parentes e vizinhos. As festas costumavam iniciar às 22h30min com janta e seguiam até as 4h com as bandas.

Para Clarice, uma das festas marcantes foi o aniversário de 1983. O salão já era lembrado por oferecer carreteiro de graça para celebrar mais um ano de atividade em outubro. Naquela oportunidade também contrataram um PapaiNoel para descer de paraquedas. “Assim juntava mais de mil pessoas. Naquele

Salão Sabke funcionou por 38 anos, da década de 60 até 2001

ano, veio gente de tudo que era perau”, reforça.

Ronésio relembra a época em que começou a colocar som mecânico no intervalo das apresentações das bandas. No começo, o pai relutou. Mas uma noite em que o equipamento dos músicos não funcionou, foi Ronésio quem garantiu a diversão do público. “Assim surgiu o Supera Som. Depois toquei em vários outros lugares”, relembra o DJ Nésio, como se tornou conhecido nas festas.

Sensação era que chacoalhava tudo quando tinha muita gente” RONÉSIO SABKE FILHO DO FUNDADOR

Otávio e Nelci Sabke: toda a organização dos bailes era feita pela própria família, com a ajuda de parentes e vizinhos

O Salão Sabke parou de funcionar em dezembro de 2001 pela falta de alvará do governo municipal. Por volta de 2010, parte da estrutura incendiou e os irmãos decidiram demolir o restante. Hoje, o terreno é ocupado pelo neto de Otávio, Leonel Augusto.

Mesmo passada quase duas décadas do último baile, o Sabke segue na memória afetiva da população. “Quando escutam meu sobrenome, as pessoas dizem que conheceram o companheiro lá e

Clarice guarda recordações do salão como o prato aos 35 anos e foto de apresentação das Loirinhas d

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

Reis:

salão tradicional de Cruzeiro do Sul

Quando Ricardo Reis, 57, nasceu, o salão que leva o nome da família já era popular em Picada Aurora, interior de Cruzeiro do Sul. Apaixonado por música e bailes, o pai Ivo Francisco Reis (in memoriam) construiu o prédio para complementar a renda como agricultor.

A data da primeira festa no Salão Reis é desconhecida por Ricardo, entretanto estima ter ocorrido ainda na década de 50. Os eventos iniciavam pontualmente às 23h e seguiam até às 4h da madrugada, reunindo uma média de 500 pessoas.

Pelo local passaram bandas tradicionais como Os Atuais, Barbarella, Maringá e Siderais. Em uma época de poucos veículos próprios, Ivo contratava ônibus para atrair o FÁBIO KUHN

Salão Reis, em Cruzeiro do Sul, ainda preserva as características da estrutura dos tempos áureos

se casaram. Meus pais eram convidados de honra na cerimônia”, conta Ronésio.

“Quem foi afirma que nunca mais haverá um baile como o do meu pai”, complementa Clarice.

o comemorativo de Ouro

FÁBIO KUHN

público aos eventos realizados cerca de uma vez por mês.

Outra estratégia para fazer o salão lotar era combinar datas com outros estabelecimentos próximos e evitar concorrência de festas. “Eram tempos diferentes. Se chovia, não vinha muita gente e já não dava lucro”, relembra Ricardo.

Entre as festas marcantes, se recorda dos bailes da mandioca e da soja com o concurso do maior pé das plantas. “Os colonos colhiam só para esses bailes. A gente pendurava pelo salão”, recorda Ricardo ao destacar que todo trabalho era feito pelos pais e os outros 11 irmãos.

Com a diminuição no número de frequentadores e avanço da idade de Ito, o espaço passou por uma transformação total nos anos 80. Foi quando o irmão de Ricardo, Antenor Reis fez adaptações para inaugurar a Dance Aurora.

“Ele diminuiu o ambiente e deixou mais jovem e mais escuro”, resume Ricardo.

A danceteria funcionou por aproximadamente 10 anos e também fez sucesso com a juventude da época. Festas eram todas as sextas-feiras com lotação de aproximadamente 400 pessoas.

“Os eventos só acabaram depois de uma morte que aconteceu nas proximidades. Como a danceteria ficava próxima, também foi envolvida no processo”, relata.

Mesmo passados décadas do fim das atividades, a parte externa segue parecida com o que os boêmios do passado recordam. A pintura foi refeita por Ricardo com o uso de cores como o branco e marrom. “Gosto de manter essas lembranças. Foram bons momentos que passamos aqui”, afirma.

A estrutura interna sofre com a ação dos cupins, conta. A casa onde a família morava fica em anexo com o salão de festas e segue igual a época em que Ivo Francisco ainda era vivo.

“Usamos algumas vezes a parte de fora para encontros da família”, conta. Os irmãos realizaram um inventário e a estrutura deverá ser adquirida por um deles: Moacir Reis.

Nied: quase 40 anos de sucesso em Travesseiro Foi Arno Benjamim Nied (in memoriam) que iniciou, em janeiro de 1959, a construção de um dos primeiros salões de festas na região. A estrutura em Picada Felipe Essig, interior de Travesseiro, levava o seu sobrenome: Nied.

Contava com banheiros, duas copas, cozinha e uma ampla pista de dança. O local servia até de escola. Ali Ereno Jommertz lecionava para mais de 50 alunos da comunidade.

Ao lado direito, Nied também construiu o lar da família. Ali mora atualmente o filho Sérgio Odilo Nied, 60, que tem boas histórias do local. Somente na primeira parte do espaço foram gastos mais de 96 mil tijolos. O mestre da obra foi o tio Arno José Noé (in memoriam).

A inauguração ocorreu em 21 de novembro de 1959. Festas se tornaram rotineiras, a cada dois meses.

O principal atrativo era a pista de dança, que era em um nível mais baixo e separada das mesas que ficavam na parte lateral. Média de público era de 800 pessoas vindas da região de Pouso Novo, bairro Conventos (Lajeado), Canudos do Vale, Coqueiro Baixo, Nova Bréscia e Linha 32, interior de Arroio do Meio.

Sérgio cuidou do salão por sete anos.

Era ele quem organizava as equipes com

30 pessoas para trabalhar nos dias de festa.

No entorno da pista, mais de 70 mesas eram reservadas aos casais e amigos. Para Sérgio, até a acústica do espaço ajudava. “As bandas adoravam vir aqui”. Em noites mais cheias, quatro ônibus vinham até o local e muitos casais vinham a pé.

Na década de 90, a queda no movimento dos bailes no Salão Nied culminou com o fim de fechamento de muitos grupos em Picada Felipe Essig.

Os últimos eventos foram em 1996, entretanto Sérgio não recorda precisamente as

GABRIEL SANTOS

“As bandas adoravam vir aqui”, conta Sérgio Nied sobre o antigo salão da família

datas. Para ele, a construção do novo salão de esportes da Sociedade Esportiva Cultural que sedia bailes tradicionais como o Kerb, até hoje, acabou auxiliando para o término dos eventos no Salão Nied.

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

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Drible desconcertante (fut.)

Raiz cúbica de 8 Integravam as caravanas da Rota da Seda (Hist.)

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Espetáculos musicais

Charlie Watts, baterista dos Stones

No (?): em suspenso (fig.)

Plantação do produtor de azeitonas

"Investigation", em FBI

Cão do Tintim (HQ) Tira do caminho

Granja de ovos

País do norte da África cortado pelo rio Nilo Dentro, em inglês

Desinência verbal do infinitivo a-

3 GANHADORES!

e a

O azul da Bandeira Nacional o i

r

Índia, no alfabeto fonético da Otan a

s

Pares de dançarinos Ou, em inglês

Sigla inglesa da pátria de Trump

Solução

Prática consagrada pela tradição

Ácido acetilsalicílico Matizar Poluição típica da Londres vitoriana

Advérbio (abrev.)

Pequeno peixe do rio São Francisco

o a

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(?) de esturjão: o caviar "

© Revistas COQUETEL

Televisão, rádio, telefone ou computador Incomum (fem.)

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ACUMULOU!

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07-23-26-27-29-51

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Concurso nº 1966- 13/05/20

01 03 04 05 06 07 09 12 13 14 15 16 18 19 24

O V A S

Loterias

U S O

S H O W S

o

2/in — or. 3/rue — xuê. 4/milu — nuit — smog. 10/adversário.

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M R I A D R I A A E I L R E I T A R R O N A R I C H A

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

Charlie Watts, baterista dos Stones

Solução

Concurso nº 2261- 13/05/20

PEIXES: Lua e Netuno fecham na parceria em seu signo para deixar seu comportamento ainda mais carinhoso.

Granja de ovos "Investigation", em FBI

CAPRICÓRNIO: A Lua pisciana é a fada sensata de hoje e acentua o seu poder de comunicação.

AQUÁRIO: Hoje os astros incentivarão você a dar mais valor a tudo que conquistou com empenho e dedicação.

No (?): em suspenso (fig.)

S A E Ç A Ã O S M D O E G S V O I L A VI A I L

VIRGEM: Dando um rolê no outro lado do seu Horóscopo, a Lua convida você a olhar com mais atenção e carinho aos outros.

Desinência verbal do infinitivo

Espetáculos musicais

V E R X U A P E L E D U O I S R C A I Ã O R N I A N R U I T C O T

LEÃO: Metade do mês já se foi e nem tudo será como antes. O recado é da Lua, que aponta transformações em sua vida.

Plantação do produtor de azeitonas

O azul da Bandeira Nacional

2/in — or. 3/rue — xuê. 4/milu — nuit — smog. 10/adversário.

CÂNCER: A Lua pisciana manda um belo incentivo para você fortalecer sua espiritualidade, renovar suas esperanças.

Cão do Tintim (HQ) Tira do caminho

País do norte da África cortado pelo rio Nilo Dentro, em inglês

Prática consagrada pela tradição

Ácido acetilsalicílico Matizar

E A D I T O R D M E I M C A G E N E S

ESCORPIÃO: A Lua se movimenta em seu paraíso astral até hoje, destacando o lado alegre e descontraído do seu signo.

SAGITÁRIO: Por mais que goste de se aventurar por aí, as estrelas lembram que o momento é de se proteger.

Índia, no alfabeto fonético da Otan

Letra do escudo do Guarani Noite, em francês São fechadas nos navios, quando uma tempestade se aproxima

BANCO

LIBRA: Os assuntos de trabalho ficam em evidência no período da manhã e a Lua pisciana vai destacar o seu poder.

TOURO: Sabadou e a manhã promete ser tranquila e nada deve atrapalhar os seus planos. É pra glorificar de pé, hein!

GÊMEOS: O sabadão começa promissor para suas metas graças ao incentivo da Lua no ponto mais alto do seu Horóscopo.

(?) de Deus, talismã judaico Ocupam o topo da cadeia alimentar

ro para Griselda. Ferdinand segue Marcela e Tereza Cristina. Juan Guilherme beija Letícia e a leva para sua casa. Celina ouve Pedro Jorge ligar para Danielle. Griselda acredita que Guaracy esteja namorando. Marcela é atingida por um tiro ao tentar deixar o carro de Tereza Cristina.

ÁRIES: Seu signo é sinônimo de coragem e quando deseja algo, chega chegando, pedala e vai pra cima.

Pares de dançarinos Ou, em inglês

Poluição típica da Londres vitoriana

S H O W S

Griselda e Quinzé expulsam Pereirinha e Teodora

Sigla inglesa da pátria de Trump

M I D I A E L E T R O N I C A

Fina Estampa

Advérbio (abrev.)

S A R E A Ç A R Ã A O S M I D O R E G I S A V O R I L A V I AR A I L H

Resumo das novelas

HORÓSCOPO

Pequeno peixe do rio São Francisco

Trabalho de tecelagem artística para o qual Goya compôs matrizes

(?) de esturjão: o caviar

V E R X U A P E L E D U O I S R C A I Ã O R N I A N R U I T C O T

Muito triste foi adotado e devolvido!!!

Porte pequeno, castrado, adora brincar e correr. Vivia em uma corrente curta no bairro Santo Antônio. Agora ele esta na sede da APAMA e aguarda um lar com muito amor.

Interessados podem entrar em contato via Whatsapp: (51) 995528190

Televisão, rádio, telefone ou computador Incomum (fem.)

E A D I T O R D M E I M C A G E N E S

COMETA

Griselda e Quinzé expulsam Pereirinha e Teodora. Paulo não gosta de ver Esther com Guaracy. Luana vê Marcela entrar no carro de Tereza Cristina. Clint propõe que Wallace vire empresário. Baltazar liga para casa à procura de Solange, e Celeste se preocupa. Antenor pede um car-

Aparelho usado na Divisão de monta- Diz-se do Rua, em um texto gem de membro francês didático vídeos da Feb

Significado do nome "Satanás" (Rel.)

Concurso nº 5269 - 14/05/20

08-27-34-46-54 ACUMULOU!

Lajeado

Arroio do Meio

Estrela

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51 3716.2221

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Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

CRAQUES DO VALE

DE GOLEIRO A ÁRBITRO FOTOS ARQUIVO PESSOAL

De personalidade forte, o goleiro Oneide Dallafávera marcou época por onde passou. Hoje aos 54 anos, segue no esporte, mas como árbitro e organizador de evento.

EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

O

grande dilema na vida do jogador de futebol é o momento certo de parar.

Muitos após a aposentadoria seguem no esporte, foi assim com Oneide Dallafávera. Ex-goleiro do Guarani, de Venâncio Aires, se tornou árbitro de futebol e agora se prepara para largar de vez o esporte.

Em outubro pretende se dedicar a carreira política.

Natural de Catuípe, cidade pequena na região norte do Rio Grande do Sul, Oneide Dallafávera deu os primeiros passos em Ijuí. No São Luiz, atuou nas categorias de base e depois se profissionalizou em 1986.

“Quando criança jogávamos peladas e sempre faltava um goleiro, com o passar do tempo comecei a pegar gosto pela coisa”, explica o motivo que escolheu jogar em baixo das traves.

No ano seguinte da profissionalização no São Luiz, mudou-se para Mato Grosso, onde defendeu as cores do Grêmio Esportivo Jaciara, sendo campeão da Segunda Divisão. A boa campanha o levou para o Ubiratan, de Dourados, onde disputou o Campeonato Sul-Matrogrossense.

O goleiro voltou para o Rio Grande do Sul no ano seguinte onde jogou no Gaúcho (Passo Fundo), Taguá (Getúlio Vargas), Guarani (Venâncio Aires), Ser Santo Ângelo (Santo Ângelo) e encerrou a carreira no FC Santa Cruz, em 1998, aos 32 anos. “Não estava mais com a motivação necessária para continuar”, desabafa.

MOMENTO MARCANTE Para o goleiro, o ano de 1994 não sai de sua memória. Durante o Gauchão passou 876 minutos sem sofrer gol – 9 partidas e meia. Defendendo sete cobranças de pênaltis ao longo do torneio. “Aquela campanha com o Guarani foi sem dúvida, a mais marcante da minha carreira.”

Indagado se tem um arrependimento, Dallafávera relata que se fosse recomeçar faria tudo igual. Para

Depois que largou o profissional, Oneide apitou vários jogos na Região

ele, a principal diferença de quando iniciou a carreira para quando terminou é a experiência. “Você adquire muito com o passar dos anos.”

DECEPÇÃO

Dallafávera contou que quando jogou no Mato Grosso, tinha um empresário que o queria levar para fazer testes no Flamengo, mas como os atletas eram vinculados aos clubes, eles não liberavam para fazer testes em outros times. “Foi uma frustração muito grande, mesmo que não tivesse condições de jogar, mas seria uma coisa fantástica de ter ido e treinar, pois nunca tive a oportunidade de estar em um time grande.”

Fã do Flamengo, principalmente pelos jogadores que tinham na década de 80 como Zico, Andrade, Mozart, Júnior. “Olhava muito o Flamengo e o time era espetacular.

Era um desejo grande de jogar na equipe.”

VIDA APÓS APOSENTADORIA Depois de “pendurar as luvas” no profissional, Dallafávera seguiu no esporte. Entre 1998 a 2000 foi treinador da categoria juvenil do Guarani, de Venâncio Aires. Em 2001, ainda na equipe do Vale do Rio Pardo, foi treinador da categoria juniores. Nesse meio tempo, foi preparador de goleiros do time profissional em 1999 e 2000.

Sem estabilidade financeira, optou por largar dos trabalhos nos clubes de futebol. “O problema era que não tinha a certeza de receber. Outro

FICHA TÉCNICA Nome: Oneide Dallafávera Natural de: Catuípe Morador de: Venâncio Aires Clubes por onde atuou: São Luiz (Ijuí), Grêmio Jaciara (Mato Grosso), Ubiratan (Mato Grosso do Sul), Gaúcho (Passo Fundo), Taguá (Getúlio Vargas), Dínamo (Santa Rosa), Guarani (Venâncio Aires), Veranópolis (Veranópolis), Ser Santo Ângelo (Santo Ângelo) e FC Santa Cruz (Santa Cruz do Sul).

Títulos: Campeão da Segunda Divisão do Campeonato de Mato Grosso, em 1987 com Grêmio Jaciara; Campeão da Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho, em 1991, com o Taguá;

fato é que o futebol só acontecia em um semestre, no outro você estava parado. Com família para criar, fica complicado seguir na profissão.”

Se no profissional, o goleiro parou de defender, no amador se destacou vestindo a camiseta do Juventude, de Vila Arlindo. Foi campeão Regional em 2002 e 2004, além de um vice-campeonato em 2003. “Tínhamos um excelente time que marcou época na Região.”

Indagado sobre o que é mais fácil, se é jogar, preparar jogadores, apitar ou organizar competições, ele fica com a parte de jogar. “Não tinha coisa mais fácil que jogar e isso me ajudou a estar com o físico em dia hoje. Mesmo com 53 anos, não tomo nenhuma medicação e me

Oneide viveu o melhor momento no Guarani-Va. Encerrou a carreira no FC Santa Cruz, em 1998

sinto muito bem.”

INGRESSO NA ARBITRAGEM Como jogador, Dallafávera conta que era muito chato, pois queria ganhara sempre. “Sempre reclamava dos árbitros. Hoje, tem que aguentar atletas que eram igual a mim no passado. Sempre gostei de arbitrar e foi um meio que encontrei de continuar perto do futebol.”

A vida na arbitragem iniciou entre 1999 e 2000, mas como bandeirinha. O primeiro jogo em que trabalhou foi em Linha Tangerinas,

interior de Venâncio Aires. Depois com o tempo foi para o apito. “Nem sei quantas partidas apitei, mas se formos falar em finais são mais de 200, somando campo, salão e futebol sete.”

Dallafávera comenta que esse será o último ano na arbitragem, pois quer se dedicar a carreira política. “Quero trabalhar em favor do esporte.” Outro projeto do árbitro é se tornar presidente do Guarani, de Venâncio Aires. “Depois de me aposentar tenho a certeza que vou fazer isso, quero trabalhar bem as categorias de base do clube.”

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A HORA ESPORTE | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

DE OLHO NA TV

CAMPEONATO ALEMÃO VOLTA NESTE SÁBADO

“É UM SENTIMENTO DIVIDIDO” Auxiliar técnico do time de transição do Grêmio, Ruimar Kunzel avalia o elenco e também o retorno da equipe profissional aos treinamentos

Torneio é o primeiro das grandes ligas da Europa que retorna com o futebol nesse período de pandemia do coronavírus

EZEQUIEL NEITZKE

DIVULGAÇÃO

Após dois meses de paralisação, o Campeonato Alemão recomeça sábado

EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

A

pós dois meses de paralisação, o Campeonato Alemão recomeça neste sábado com seis partidas. O reinício só foi possível graças à definição de um planejamento detalhado para minimizar os riscos de contaminação.

Atualmente, o Bayern de Munique lidera com 55 pontos, seguido por Borusia Dortmund, RB Leipzi e Borussia Möncchengladbach.

Os jogos da 26ª rodada da primeira divisão começam no sábado e com um clássico nacional: Borussia Dortmund x Schalke 04, às 10h30min. O clássico alemão terá transmissão no Fox Sports na TV por assinatura (veja box com jogos e transmissão).

MUDANÇAS

Nessa quinta-feira, os organizadores seguiram determinação da Fifa. O órgão autorizou as cinco substituições por jogo, mas que serão permitidas apenas em três momentos da partida. Outra medida anunciada pela liga é que tanto na Bundesliga quanto na Bundesliga 2, que são as duas principais divisões do futebol germânico, haverá rebaixamento.

A organização também informou que o campeonato deverá ser encerrado dentro de campo, com previsão para o final de junho. No entanto, caso seja necessário, o torneio poderá ser estendido até

o mês de julho. O nacional deve servir de base para o retorno da Champions League, no mês de agosto e setembro.

JOGO E ONDE ASSISTIR Sábado 10h30min Borussia Dortmund x Schalke 04 – Transmissão: Fox Sport RB Leipzig x Freiburg – Transmissão: ESPN Brasil e Watch ESPN Augsburg x Wolfsburg – Transmissão: Fox Sports 2 Hoffenheim vs. Hertha Berlin – Transmissão: Watch ESPN Fortuna Düsseldorf x Paderborn – Transmissão: Fox Sports App 13h30min Eintracht Frankfurt x Borussia Mönchengladbach – Transmissão: Fox Sports

Domingo 10h30min Colônia x Mainz 05 – Transmissão: ESPN Brasil e Watch ESPN Union Berlin x Bayern de Munique – Transmissão: Fox Sports

Segunda-feira 15h30min Werder Bremen x Bayer Leverkusen – Transmissão: ESPN Brasil e Watch ESPN

ARQUIVO PESSOAL

ezequiel@jornalahora.inf.br

• O Grêmio retornou aos trabalhos na semana passada, vocês do time de transição também retornaram ou estão trabalhando de casa?

Ruimar Kunzel – O Grêmio retornou as atividades com o time profissional e com o time sub 23. O profissional está fazendo trabalhos no campo.

Fizeram todas as avaliações e testes físicos e foram liberados.

Já o time de transição se reapresentou, porém esses treinamentos são feitos de casa.

• Como vocês estão trabalhando com a equipe de transição neste período?

Kunzel – Fizemos um diagnóstico dos atletas.

Conversamos com eles diariamente e repassamos trabalhos físicos. Precisamos dar um suporte ao time profissional, pois se o Renato precisar, os jogadores tem que estar prontos. Sendo assim fazemos trabalhos direcionados a parte física e também algumas palestras voltadas para a parte tática.

• Existe previsão de quando a equipe retornará aos gramados?

Kunzel – Não, nesse momento, infelizmente ainda não.

Sabemos do momento conturbado, vamos aguardar os protocolos do time profissional.

Eles vão finalizar algumas atividades e depois disso retorna o time de transição. Até porque a gente não tem uma ideia concreta de próximos jogos e campeonatos, vamos ficar nesse primeiro momento em casa.

• A direção anunciou a integração do time de transição ao elenco principal.

Como você isso?

Kunzel – Isso é um processo que o Grêmio vem fazendo há alguns anos. Ele se fortificou ano passado, onde o time de transição teve bons resultados.

Em 2020, mais uma vez tem se essa ideia. É um processo importante, pois o time de

transição faz o elo da base ao profissional. Familiarizando os atletas com o trabalho desenvolvido no profissional.

A gente sempre procura jogar espelhado ao time do Renato para que os atletas estejam preparados com o entendimento do jogo dele quando precisar ser usado no time de cima.

• Quais os torneios que o time de transição vai disputar?

Kunzel – Temos previsto a disputa do Campeonato Brasileiro de Aspirantes. E também a gente já têm algumas noticias que há interesse em disputar a Copa RS no segundo semestre. Porém isso vai ser confirmado após o Gauchão.

Tem uma série de coisas que tem para acontecer.

• O Grêmio tem revelados inúmeros jogadores que passaram pelo time de transição. Quais são os atletas que o torcedor tem que ficar de olho e podem estourar no time profissional?

Kunzel – A gente tem uma equipe muito qualificada, subiram vários atletas no fim do ano passado como Frizzo,

Ferreira, Ruan, Isaque e Lucas Araújo. Sempre tem alguém surgindo. Fizemos uma boa campanha na Taça São Paulo de Futebol Júnior com atletas como o Diego Rosa, Rildo, Elias e Vanderson. Sempre tem alguém subindo para as categorias principais. Nosso diferencial hoje é o trabalho. Temos bons atletas em todas as posições. Cito o Diego Rosa e o Elias para os torcedores ficarem de olho.

• Sobre o retorno do time principal, você tem contato com os outros profissionais do clube? Como que está sendo essa volta aos trabalhos?

Kunzel – É um sentimento dividido na verdade. A gente quer voltar a trabalhar, voltar a competir o mais rápido possível, mas a gente entende que o momento não é apropriado.

Nesse momento, o mais prudente é não jogar. É seguir se preparando, estar em atividade, não tem o porque voltar a jogar, pois têm muitas pessoas passando por necessidades então a gente entende que é um risco nesse momento.

Esperamos que tudo isso possa passar o mais rápido possível.

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A HORA ESPORTE | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

INTERNACIONAL

BEIRA-RIO PODE SEMPRE EM ATIVIDADE SEDIAR FINAL Com 62 anos, Aimoré, de Estrela, sempre manteve programações esportivas na sua sede em Linha Delfina EZEQUIEL NEITZKE

ARQUIVO A HORA

ezequiel@jornalahora.inf.br

O

Aimoré, de Linha Delfina, de Estrela, está na história do Regional Aslivata ao conquistar o título invicto da categoria aspirante em 2015. Cinco anos depois, o time projeta o retorno para a competição Com 62 anos, o clube estrelense nunca ficou parado. Diretor da entidade, Élton Steffens, o “Pirulin” conta que o time se sustenta com jogos de bocha, veterano e master. “Antes da parada pela pandemia do coronavírus, todo o fim de semana, mais de 50 pessoas se reúnem para praticar o esporte e jogar conversa fora.”

O mandatário lamenta muito o título regional perdido em 2013. Na ocasião, o Aimoré chegou a final invicto e perdeu somente um jogo, o da decisão. Dois anos depois, a agremiação entrou para a história do Regional Aslivata ao conquistar o título invicto da categoria aspirante.

Entre 2014 e 2016 ficou 36 jogos sem perder. “Nunca vi nenhum tima na região com essa marca.”

Direção se inscreveu para receber as decisões da Libertadores e Sul-Americana Nos próximos meses a Conmebol deve anunciar os locais da final única da Libertadores ou da Sul-americana dos anos 2021, 2022 e 2023. Porto Alegre pode receber alguma partida. O Estádio Beira-Rio é candidato do Rio Grande do Sul. As reuniões entre os times e os clubes serão feitas nos dias 25 e 26 de maio. Após as conversas, os

times devem apresentar o motivo que faz o time receber a final. Isso será no dia 29 de maio. Um conselho formado escolherá as sedes.

Além do estádio do Inter, outros dez, em seis cidades, concorrem pela final da Libertadores de 2021. Para receber a final da Sul-Americana do mesmo ano, a casa colorada teria que ser escolhida entre 14 palcos em 10 cidades.

ESTÁDIOS Neste ano, o Aimoré disputava a Copa Aslivata 35 anos nas duas categorias

FICHA TÉCNICA Nome: SER Aimoré Fundação: 10/01/1958 Local: Linha Delfina, Estrela Títulos: Taça da Amizade (1980, 1983 e 2006), Copa Smel (2000), Copa Paladino (2001 e 2011), Municipal de Estrela (2002), Campeão Regional Aspirante (2015);

Quem é o Aimoré e quais as conquistas do time? Élton Steffens – O Aimoré foi fundado no dia 10 de janeiro de 1958. Hoje dos cinco fundadores apenas um está vivo que é o Waldemar Dullius, o outros já estão falecidos.

Nós da família Steffens iniciamos muito cedo no Aimoré.

No começo participávamos apenas da Taça da Amizade que era um campeonato paralelo ao amador de Estrela.

Fomos campeão em três oportunidades, e uma delas conquistamos o título invicto, onde eu jogava. Temos ainda os títulos da Copa Smel, Municipal de Estrela e Copa Paladino. Em 2013 foi o nosso ápice no Regional ao chegar na final invicto, perdemos apenas um jogo, que foi o jogo que tirou o título nosso. Depois disso a gente organizou nosso aspirante. A maioria hoje está integrando o primeiro quadro do Atlântico e do Aimoré na Copa Aslivata – 35 anos.

Quais as ações feitas para deixar a entidade ativa?

Steffens – É uma equipe que nunca fechou. Desde sua fundação se mantém ativo. Além disso temos movimentação nas canchas de bochas. Temos jogos de veterano no sábado de tarde e master no domingo de manhã. Sempre mantemos a nossa sede em atividade.

Como você vê o fato de Estrela não ter municipal?

Steffens – Se tornou difícil fazer futebol, mas acho que o que falta em Estrela, é apoio da Administração Municipal.

Eles deveriam juntar de novo as equipes, ao menos uma equipe por comunidade para termos de volta o futebol amador. Fico triste nesse sentido. Vivo o futebol.

Participo do que tem em esporte na cidade. Acho que falta lideranças para termos de volta o futebol amador. Seria interessante recomeçar, mas para isso precisamos achar novas lideranças.

Aimoré pretende ir para o Regional?

Steffens – Tivemos uma lástima grande nos últimos anos que foi o falecimento do ex-presidente Nelson. Ele cuidava do clube e eu puxava a frente pra montar o time. Ficamos dois anos parados. Tentei a volta este ano para jogar a Copa Aslivata, quem sabe vamos continuar com o trabalho para dar sequência ao trabalho. Está complicado de fazer futebol aqui. Não tenho muito apoio para fazer o futebol, as pessoas que me ajudavam estão afastadas do futebol, estou praticamente sozinho, mas estou batalhando. Talvez com um pouco de conversa e união possamos voltar para o Regional.

Libertadores: La Bombonera (Boca Juniors), Monumental de Nuñez (River Plate), Libertadores de América (Independiente), El Cilindro (Racing), Mario Kempes (Belgrano e Talleres); Arena da Baixada (Athletico), Morumbi (São Paulo), Beira-Rio (Internacional), Arena Corinthians (Corinthians), Estádio Nacional (Universidad de Chile) e Monumental Banco Pichincha (BarcelonaEquador); Sul-Americana: La Bombonera (Boca Juniors), Monumental de Nuñez (River Plate), Nuevo Gasometro (San Lorenzo), El Cilindro (Racing), Libertadores de América (Independiente), Único (Córdoba), Mané Garrinha (Brasília), Arena da Baixada (Athletico), Arena Castelão (Fortaleza), Beira Rio (Porto Alegre), Arena Pernambuco (Náutico), Maracanã (Rio de Janeiro), Arena Fonte Nova (Bahia), Nacional (Universidad de Chile) e Rodrigo Paz Delgado (LDU-Equador);

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

IDEIAS

Este é um espaço fixo de colunistas convidados pelo A Hora. Cada um escreve um artigo mensal, em espaços previamente estabelecidos e reservados.

Quando o bonito é feio...

HUGO SCHÜNEMANN Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (CRON)

V

indo para trabalhar, olho para cima e vejo um tom de azul maravilhoso. Um ceu limpo, esplendoroso. Enfim, um dia lindo, lindo.

Mas esta beleza esconde algo. Não é um dia bonito de verdade.

Queríamos mesmo um dia de chuva.

De muita chuva. A gente não quer. A gente precisa.

Eu, tu, todos. Sim. Isso mesmo. Chuva.

Muita chuva.

A seca que vivemos agora deve se transformar na maior da história. E os reflexos disso já se fazem sentir.

O agronegócio já chora suas perdas que talvez serão compensadas pela disparada do dólar. Mas há perdas maiores. Falta agua nas pequenas propriedades rurais. Há falta de agua para consumo humano. E isso não é exclusividade das propriedades rurais.

Passou a ser rotina de muitos municípios.

A agua é entregue em caminhões pipa.

Para beber, tomar banho, cozinhar... E as

CAROLINE LIMA SILVA

Hugo escreve sempre no primeiro fim de semana do mês. Fale com ele: hugo.schunemann@gmail.com

Presidente do Sindicomerciários

Um mundo de muitas certezas e poucas dúvidas

T

dora de roupas, 180l. Subitamente, nos damos conta que sim, a agua pode ser um recurso finito.

As imagens do Rio dos Sinos, do Rio Uruguai, do Rio Taquari, do Rio das Antas são assustadoras. Lamentável que a questão não esteja no radar.

Enfim, dia bonito, mas mesmo, agora, seria um bom dia de chuva.

Um, não. Muitos dias de chuva...

MARCO D. ROCKEMBACH

Psicóloga (CRP 07/16371) Mestre em Psicologia - UFRGS

emos visto muitas pessoas agarrarem-se as suas convicções, de tal forma que suas ideias, crenças e proposições acabam por se tornarem armas violentas contra qualquer menção contrária que possa existir. Aprisionam-se as suas certezas, sem nem ao menos cogitarem desconstruí-las para permitir que o novo apareça a partir do contraditório. E, lembrem-se, que o contraditório é a base de qualquer diálogo democrático entre diferentes posições, e isso não tem só a ver com política.

Possui relação direta com o princípio de convivência entre as pessoas e o senso de comunidade, que significa a percepção que se tem do pertencimento ao coletivo. E isso tem muito a ver com o momento presente em que estamos vivendo.

Heráclito, filósofo grego, propunha a dialética enquanto movimento ou mudança permanente para se estar no mundo, isso nos anos 500 a.C. De lá pra cá, muito aconteceu, conquanto a ideia de mudança esteja mais presente do que nunca no que tange nossas vidas sob as incertezas a partir da pandemia do coronavírus. Momento de se reinventar sim, mas, mais do que isso, despertar para a consciência coletiva. Mudar por um bem comum.

E como isso necessita do desapego das próprias certezas para se abrir ao novo e a algo muito além de si próprio.

Nesse sentido, vemos as fake news

previsões para próxima semana, são desanimadoras. A chuva que vem, será insuficiente para repor os reservatórios.

Estamos convivendo com uma grande estiagem, mas por conta de outros eventos (leia-se COVID) pouco se fala disso.

Podemos olhar o problema de várias formas. Mas um ponto muito importante é o consumo/uso da agua tratada que costumamos fazer. O abuso e desperdício são regras.

Enquanto que a OMS sugere o uso de 110l/ perca pita/dia, o brasileiro usa 154 litros.

Uma máquina de lavar louça gasta 40 litros a cada lavagem, enquanto a lava-

propagadas descontroladamente, sem que alguém possa perguntar: “Será verdade mesmo?” Processar alguns minutos a informação. Problematizar a forma robótica e inconsciente com as quais lidamos com o que é do outro, porque nos afeta a todos.

Sabemos que cada um possui uma verdade interna, a essência que o conduz no mundo. Entretanto, não é isso que se discute, mas a capacidade que perdemos de que o que vemos, ouvimos, vivemos e sentimos tenha um real sentido, e não mero automatismo de concepções que se encaixam dentro de nós por carência, falta de direção ou precário autoconhecimento. A Psicologia possui uma ferramenta que se chama Questionamento Socrático, que significa colocar à prova o que se pensa como crença principal, verdade absoluta ou conceitos de um padrão mental. Por em dúvida é salutar, porque permite que construamos um novo eu, uma personalidade melhor e mais assertiva no que concerne ao equilíbrio emocional e psicológico. Da mesma forma, o exercício da indagação pode nos libertar da manipulação e nos oportunizar o encontro ao que realmente somos. Pensar e refletir não doem. Elevam, sim, a consciência para evoluirmos sempre e melhor.

Caroline escreve sempre no terceiro fim de semana do mês. Fale com ela: carolswasthya@yahoo.com.br

Doações e recursos em meio à pandemia do coronavírus

O

povo brasileiro tem demonstrado ao logo dos anos ser muito solícito, basta observarmos as doações que são realizadas em situações adversas. E não está sendo diferente neste momento da pandemia do coronavírus. Nesse sentido, compreendo que há dois tipos de doações: a doação presencial e a doação virtual.

A doação presencial é aquela que visualizamos chegar ao destino como, por exemplo, as máscaras de proteção individual, produzidas e distribuídas diretamente aos usuários (ou penduradas em cercas e galhos de árvores, de fácil acesso a população), cestas básicas em que o doador entrega aos necessitados ou a uma instituição, que providencia a distribuição, faz registro e mostra a lisura da ação, refeições preparadas por voluntários e distribuídas de forma a garantir alimentos a moradores de rua, entre tantas outras belas iniciativas que caracterizam doações presenciais.

A doação virtual, por sua vez, é crescente. A mídia tem publicizado doações em dinheiro e em produtos disponibilizados por grandes organizações, além de artistas, atletas e pessoas anônimas. São milhares de cestas básicas, milhões em dinheiro, milhões em medicamentos e equipamentos.

Até 20 de abril haviam sido computados 3,1 bilhões em doações no Brasil, segundo vários meios de comunicação. Diante desses números questiono: Quem está distribuindo essas doações? Quem recebeu ou está recebendo essas doações? Quem está controlando a entrega dessas doações?

Quem determina o perfil do receptor dessas doações? Será que a doação virtual gera plena entrega presencial?

Na mesma linha, o governo federal anunciou o recurso de 253 bilhões de reais para combater a evolução da Covid-19. Deste montante, apenas R$ 59,9 bilhões chegaram aos destinatários, ou seja, onde estão os R$ 193,1 bilhões restantes? Mesmo sabendo que parte desse valor será utilizada para o pagamento das parcelas relativas à Medida Provisória 936, falta ser dito onde será aplicada a outra parte?

Diante da falta de confiança, muitos trabalhadores que tiveram seus contratos suspensos ou reduzidos nos percentuais de 25%, 50% ou 70% e, na mesma proporção o salário, temem não receber a parte que cabe ao governo pagar.

Espera-se que não ocorra atraso como do “Coronavoucher”.

Ainda sobre recursos, no início do mês de maio o Senado aprovou o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, destinando 125 bilhões de reais aos Estados e Municípios. O programa vai direcionar R$ 60 bilhões em quatro parcelas mensais aos Estados. Desses, R$ 10 bilhões serão exclusivamente para ações de saúde e assistência social, sendo R$ 7 bilhões para os Estados e R$ 3 bilhões para os Municípios. Os outros R$ 50 bilhões serão para uso livre, sendo R$ 30 bilhões para os Estados e R$ 20 bilhões para os Municípios.

Dos respectivos valores, o Rio Grande do Sul será contemplado com 260 milhões para investimentos na saúde e 1.945 milhão para livre aplicação, e Lajeado receberá R$ 10.927.624,48. Vamos acompanhar de perto a aplicação deste dinheiro, principalmente o valor de livre movimentação.

Marco escreve sempre no terceiro fim de semana do mês. Fale com ele: sec.lajeado@seclajeado.com.br

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A HORA | Fim de semana, 16 e 17 de maio de 2020

artigo ney@jornalahora.inf.br

NEY ARRUDA FILHO

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE Um carro incendiou na manhã dessa sexta-feira no estacionamento do Parque dos Dick, próximo à rua João Abott, em Lajeado. Máquinas da secretaria de Obras tiveram que ser usadas para auxiliar na retirada de outros veículos do entorno. Populares utilizaram extintores para tentar conter as chamas, até a chegada do corpo de bombeiros. Ninguém ficou ferido. A causa do fogo ainda é desconhecida.

Mande sua foto para o A Hora.

WhatsApp (51) 9 92487689.

N

FRASES DA SEMANA “Isso acaba penalizando as regiões que testam mais. Traz um reflexo para nós porque 60% dos casos confirmados aqui são de testes rápidos” Marcelo Caumo,

prefeito de Lajeado, sobre os critérios adotados pelo sistema de distanciamento social controlado do governo do estado que classificou a região com a bandeira vermelha.

“Já encaminhamos uma solicitação para a abertura de uma sindicância para ver de onde partiu a autorização. Tivemos, inclusive, um veículo do município que organizou o trânsito”

Jonatan Brönstrup,

gerente regional adjunto da Emater, sobre os prejuízos no campo decorrentes da estiagem.

“Com todas essas coisas acontecendo, decidimos fazer este clamor público. A bíblia nos ensina que o clamor unido, nestes casos de calamidade, é o caminho que devemos tomar.”

Paulo Roberto Dias Pereira,

secretário-adjunto de Meio Ambiente do RS, sobre o empreendimento da Folhito, no interior de Estrela.

o final da década de 1980, o empresário paulista Ricardo Semler publicou o livro intitulado “Virando a própria mesa”. Na obra, ele criticava de forma veemente a educação brasileira e a gestão das empresas, que muitas vezes partem do princípio que o ser humano é mau e, com rédeas soltas, se joga nas cordas.

Para ele, a bondade seria o traço predominante da natureza humana, o que o levou a implantar uma gestão menos controladora, com transparência e flexibilidade de horário de trabalho, dentre outras inovações para a época. Mais recentemente, o francês Yves Morieux passou a difundir o conceito de que as organizações devem desburocratizar o negócio, serem transparentes e usarem a cooperação como forma de obter resultados práticos.

Sempre tive dúvidas sobre a melhor maneira de obter resultados em equipe: se é melhor sistematizar, criar rotinas e controles, ou se flexibilizar e apostar no comprometimento e na responsabilidade poderia ser a melhor escolha. E as dúvidas permanecem. Quanto menos controles e maiores responsabilidades, dizem alguns, mais engajada e produtiva será a equipe. Quanto mais controles e rotinas, dizem outros, mais otimizado será o resultado, pois não se administra o que não se mede. Por opção e por princípios, acabei por escolhendo uma gestão de maiores responsabilidades e menos controles diretos, com confiança nas pessoas, conscientes das consequências dos seus atos. E para que a coisa dê certo, é importante ficar atento aos sinais. Ambientes que valorizam e oportunizam a cooperação são essenciais,

pois a vantagem competitiva de hoje está em saber gerenciar as novas complexidades sociais, maximizando o potencial da equipe, seja de alunos ou de colaboradores. Mas nem tudo que se aplica ao ambiente privado pode ser aplicado no ambiente público.

O coronavírus trouxe consigo a necessidade da reinvenção. Uma mudança radical no ambiente social. Um novo ambiente de trabalho e de ensino, a necessidade de viver e de trabalhar de forma colaborativa. Isso se quisermos sobreviver e garantir a saúde das pessoas e das empresas. Para perceber como o esforço coletivo pode ajudar a construir um resultado melhor, basta observar como algumas comunidades, em outros países, encararam as determinações das autoridades de saúde. Por aqui, o descaso foi significativo, o que pode ter influenciado diretamente na nossa desonrosa bandeira vermelha. “Ah, mas estamos testando mais”, “estamos informando mais do que outras regiões”, dizem alguns. Tudo no plano das hipóteses. Quando existem especialistas demais, as dúvidas também se tornam demais. Sem as medidas restritivas impostas no Estado e nas cidades do Vale, é impossível dizer se estaríamos numa situação melhor ou pior. Provavelmente pior. Ao mesmo tempo, as pessoas também precisam ter informação, condições e alguma autonomia para poder colaborar.

As minhas dúvidas continuam. Sem regras e rotinas definidas, sem autoridade, apostando só no comprometimento e na responsabilidade individual, a coisa pode descambar pro caos. O maior desafio é encontrar o equilíbrio.

Fim de semana 16 e 17 de maio de 2020

ESTILO CONSCIENTE Projeto Maira no Seu Closet dá dicas de looks e customiza peças para ensinar que a moda pode ser versátil, sustentável e solidária.

MÍN: 08º MÁX: 22º

O sol aparece acompanhado de poucas nuvens no Vale.