A Hora - 30/05/2020

A HORA |

Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020 | Ano 17 - Nº 2599 | Avulso: R$ 6,00 GABRIEL SANTOS

Fechamento da edição: 19h

AFETADOS PELA CRISE

TESTES NA BRF

Reinvenção do setor artístico

Cerca de 3 % testam positivo

Lives, cursos, estudos. Sem atividades culturais, artistas precisam buscar alternativas para manter a renda. Página 10

Testagem exigida pelo MP incluiu 2,7 mil trabalhadores do frigorífico de Lajeado. Desses, 89 confirmaram covid-19. Página 12

FELIPE NEITZKE

GRUPO DE RISCO

Renda dos idosos sustenta 20% das famílias Mais vulneráveis ao coronavírus, pessoas com 60 anos ou mais amparam 15 milhões de residências Inês Seibert, 71, mora com as filhas Gisele e Juceli em Boqueirão do Leão. Com a pandemia, a aposentadoria dela se tornou a principal receita da família

OPINIÃO ADAIR WEISS

Não é hora de relaxar Momento é de vigilância para evitar revés da pandemia no Vale.

OPINIÃO RODRIGO MARTINI

MP, estagiário e PSDB Ministério Público quer detalhes sobre contrato do governo de Lajeado.

Páginas 6 e 7

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

ABRE ASPAS

“Empreender na moda é complexo e muito desafiador” PHABLO ALEXSANDER

Natural de Salto do Jacuí, Thiale Borges, 35, reside há 14 anos em Encantado.

Empreendedor, designer de Moda e admirador da arte, criou sua própria marca de roupas e acessórios há três anos. Com clientes no Brasil e Europa, segue à risca o lema: Qualità Ed Esclusività Per Voi (“qualidade e exclusividade para você”).

em que moldo a roupa através de medidas feitas na pessoa – e utilizo o manequim como base de apoio. O tempo de uma peça varia conforme o que foi planejado e que tipo de material será usado. Já confeccionei um vestido de suede em apenas uma hora, no qual foram aplicadas 98 pedras de drusas ágatas, também manualmente esculpidas uma a uma.

• Quais produtos são produzidos pela marca?

• A partir de que momento criou a sua própria marca?

JULIANA PISONI juliana@grupoahora.net.br

• Como surgiu o teu interesse pela moda?

O estopim foi em junho de 2016. Trabalhava como design de interiores na produção de móveis exclusivos, porém, neste mesmo ano tive uma queda nas vendas.

Foi então que pensei em vender projetos de “porta em porta”, mas necessitava de uma pasta de couro para levar arquivos de trabalhos. Depois de procurar nas lojas da região, pensei: “Eu mesmo produzo móveis, já estofei carros e gosto de aprender, por que não fazer minha própria mochila?”. Busquei por vídeos na internet sobre mochilas italianas produzidas a mão.

Fiquei fascinado. Em questão de uma semana, fiz minha própria mochila, a qual permanece comigo até hoje.

Foi quando recebi uma mensagem de um italiano de Verona, chamado Tarcísio, pelo instagram. Ele elogiou o meu trabalho e aconselhou a criar um nome para a marca. Batizei de “Budapest”. Em 2017, a convite de Tarcísio, fui a Milão apresentar minha marca ao Instituto Di Moda Burgo. Enquanto estive lá, falaram que precisava lapidar o meu trabalho e dar a merecida assinatura para ele, dizer para a Europa que os produtos eram feitos pelo “DiBorges” (meu sobrenome). Foi nesse momento, que senti a necessidade de criar a minha marca.

• Você mesmo que desenha e confecciona as peças?

Sim. Desde o desenho, o molde e a confecção, tudo passa pelas minhas mãos, sendo tecido, couro ou renda. Para criar uma jaqueta, utilizo a técnica moulage –

Contatos eletrônicos: Diretor Executivo: Adair Weiss Diretor de Mercado e Estratégia: Fernando Weiss Diretor de Marketing e Inovação: Sandro Lucas Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS

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Av. Benjamin Constant, 1034, Centro, Lajeado/RS

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Unissex é a palavra-chave. São desde bolsas, mochilas, malas, camisetas, felpas, blusas, vestidos, saias, casacos, jaquetas, parkas, carteiras, correntes, chapéus, entre outros, nas mais variadas criações e matérias primas. As pessoas podem conhecer os produtos pelo instagram @thiale_augusto e @diborgesthiale. Por enquanto, não há planos para loja física, pelo fato de serem produtos exclusivos, peças únicas e produção limitada. O que leva ao nosso lema: Thiale Diborges; “qualità Ed esclusività per voi” (qualidade e exclusividade para você).

• Qual é a maior dificuldade de empreender no ramo da moda?

Empreender na moda é complexo e muito desafiador. Queria oferecer algo durável para meus clientes, então, há três anos venho aperfeiçoando minha técnica de criar, aplicando certificados mundialmente como a patente da marca, registros de produção, liberação da INPI. São muitas questões legais. Mas a maior dificuldade de empreender no interior do Brasil é que as matérias primas de qualidade têm valor agregado e, claro, a mão de obra quando aplicada faz uma soma maior. Costumo dizer que roupa de luxo é adjetivo criado para roupa durável. Empreender é mais desafiador que produzir uma marca, é preciso muito jogo de cintura e insistência.

Os artigos e colunas publicados não traduzem necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.

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EDITORIAL

Lares mantidos pelos idosos

O

s impactos do coronavírus no país estão em curso. O que já se sabe, é que o país mergulha na recessão que vinha aos poucos deixando para trás. O desemprego avança, a renda das famílias diminui e empresários temem fechar as portas devido aos prejuízos.

Em meio a tantos que buscam culpados pelos prejuízos econômicos, apontando o dedo para prefeitos, governadores, presidente ou mesmo à imprensa, o fato é que há um motivo maior do que isso. Trata-se de uma doença que até agora não tem cura e com alto grau de contágio.

Entender isso é o primeiro passo. Em seguida, abrem-se análises para diversas frentes, desde a eficácia do distanciamento, uma possível reabertura produtiva e a necessidade de políticas públicas para mitigar os efeitos da covid-19.

A garantia de renda fixa dos idosos, sejam aposentadorias ou pensões, tem sido fundamental para milhares de famílias. Algo vivenciado na crise de 2014 a 2016, mas agora ainda mais forte diante dos indicadores econômicos em meio à pandemia.

A garantia de renda fixa dos idosos, sejam aposentadorias ou pensões, tem sido fundamental para milhares de famílias” Pesquisa desenvolvida pelo Ipea comprova em números a relevância da população idosa, tanto para fazer a economia girar, quanto no sustento de milhares de famílias.

E justamente esse grupo é o mais atingido pela doença. Mais de 70% dos óbitos são de pessoas com 60 anos ou mais. Junto com a dor da perda, muitos familiares entrarão na linha da pobreza.

Só essa confirmação já é suficiente para defender a cautela dos governos em instituir medidas mais flexíveis de movimentação das pessoas. Neste momento, é a ciência que precisa indicar os caminhos, não ideologias políticas ou achismos.

Proteger a saúde e a vida, com medidas públicas para reduzir as perdas econômicas, seja para famílias ou para empresas.

Isso é o que se espera dos governantes neste momento. A pandemia trouxe a necessidade de uma revisão na consciência de todos, inclusive sobre a importância do tripé da seguridade social. Do atendimento em saúde, assistência e previdência.

Neste país onde se trabalha mais de 150 dias no ano para pagar impostos, a organização pública enquanto instituição executiva entrega pouco para a maioria do povo. A crise epidemiológica comprova que não se trata de uma discussão de Estado máximo ou mínimo, mas de eficiência na gestão dos recursos públicos e na condução daquela que é a maior crise dos últimos séculos.

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ADAIR WEISS adairweiss@jornalahora.inf.br

NÃO É HORA DE RELAXAR Momento é de vigilância para evitar um revés da pandemia na região, mas também de encarar um desafio poderoso: o desemprego

O

promotor de justiça, Sérgio Diefenbach, deu um recado sensato na entrevista de sexta-feira, durante entrevista na Rádio A Hora. “Já ouvimos pessoas falando sobre pós-pandemia, mas ainda não estamos em zona de segurança.

Por isso, as escolas, os campeonatos e demais atividades ainda não retornaram”, observou.

Apesar da ansiedade e vontade de todos para a retomada das atividades pessoais e profissionais, as regras de distanciamento social ainda são fundamentais para afastar a covid-19 cada vez mais da região.

Ainda é cedo para uma avaliação exata sobre o que nos espera nas próximas semanas. Embora a maioria dos leitos de UTI esteja vazia, não sabemos o comportamento da doença que ainda ronda nossos lares e estabelecimentos corporativos.

“Por isso, pode ser o momento mais perigoso, por gerar certo relaxamento”, alerta Diefenbach.

A cautela também é recomendada pela maioria das autoridades

de saúde. O secretário municipal Cláudio Klein tem repetido que não dá para relaxar com as medidas de precaução e distanciamento social, especialmente, dos grupos de risco ou locais ditos de contaminação.

O MP segue o monitoramento nos frigoríficos da região. Segundo o promotor, as plantas locais estão atendendo as recomendações e construindo medidas para evitar novos contágios.

Esta semana, a cooperativa Languiru também passou a adotar medidas mais austeras de controle, a partir de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o MP de Teutônia. Seus dois frigoríficos passam a testar 100% de seus colaboradores para evitar novo foco da doença, e assim não repetir o problema lajeadense vivido há poucos dias.

O comércio da regão tem cumprido as medidas na sua maioria.

Quase todos adotam o álcool em gel, o uso da máscara por funcionários e clientes e, assim diminuem a necessidade de medidas mais severas ou mesmo punições.

As empresas, como ficam?

O fator econômico é o mais preocupante ingrediente daqui para frente. Contudo, não será o desespero e nem a revolta que trarão resultados melhores. A recomendação é pedir ajuda. Sebrae, poder público, cooperativas de crédito, universidades e alguns movimentos sociais têm auxiliado os empreendedores.

O papel do contador também aumentou. É hora de ampliar sua orientação, especialmente, aos

Sobram filas em todo país para quem encaminha seu seguro-desemprego durante a pandemia. O que será destas pessoas após cinco meses?

pequenos negócios que não têm a capacidade das maiores. É momento para ampliar as recomendações.

A fase do alarmismo parece dissipado. O pessimismo e pavor generalizados priorizados por alguns setores da mídia, ávidos por audiência, contaminou a população a ponto de levar muitos ao desespero. Por conta disso, muita gente parou de assistir notícias ou até de se informar, minimamente, sobre o momento.

Tudo isso corrobora para ampliar a desinformação entre os empregados e empregadores, gerando insegurança e incertezas acerca do futuro. Ainda assim, não há motivos para propagar a “terra arrasada”.

As crises ao longo de toda história humana deixam lições e aprendizados que contribuem para a evolução dos negócios e da sociedade. Chegou a hora de encontrarmos as NOSSAS SAÍDAS para o momento tensionado que nos acompanhará por alguns longos meses.

Ameaça aos mais pobres Os primeiros números oficiais dos órgãos que apuram os dados no Brasil mostram queda acentuada na empregabilidade. O número de pessoas sem trabalho não tem data para estancar. A falta de formação e habilidade com as novas tecnologias tende a criar uma legião de “inúteis” no Brasil e no mundo.

Estudos mostram isso faz tempo, mas agora esta realidade ganha escala e velocidade.

Esta deve ser uma preocupação das autoridades de toda ordem, inclusive, aqui do Vale do Taquari.

Como inserir estas pessoas despreparadas ao mercado de trabalho e evitar um colapso social e de violência em nossas cidades. Se elas não tiverem renda, procurarão outros meios para obter as necessidades básicas. A criminalidade e a violência costumam ser o caminho

mais próximo.

O Pro_Move Lajeado tem um papel importante nesta provocação. As entidades de classe igualmente devem estar alinhadas para enfrentar esta “praga” chamada desemprego. A falta de renda entre os mais pobres não interessa nenhum um pouco para uma região, como a do Vale do Taquari, que deseja surfar uma onda de prosperidade.

Logo, é necessário dedicar energia e solidariedade para enfrentar este desafio herculano, muito maior do que a própria covid-19 que, repito, ainda ronda nossas ruas, empresas e lares.

Entretanto, as mesmas forças que se levantaram para combater a doença, agora precisam se solidarizar com o inimigo voraz que é a miséria e a falta de dignidade para quem não tem um lugar onde ganhar seu pão de cada dia.

Um bom fim de semana a todos!

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MP, o estagiário e o PSDB

O

presidente do PSDB de Lajeado, Carlos Reckziegel, vai responder ao Ministério Público sobre ações da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, que é chefiada por ele. O promotor quer detalhes da contratação de uma empresa de comunicação, em outubro de 2019, que fora recém-criada por um ex-estagiário da mesma secretaria. O contrato sem licitação era de R$ 17 mil, foi rompido antes do término, e apenas R$ 2 mil foram

efetivamente gastos.

Este assunto veio à tona por meio desta coluna, em dezembro do ano passado. Além da coincidência envolvendo o ex-estagiário – filiado ao PSDB –, também restam suspeitas sobre as outras duas propostas avaliadas para balizar a dispensa de licitação. Uma pertencia a um parente de correligionário do partido, e outra não condizia com o objeto do contrato. Reckziegel ainda não foi intimado. Mas o Executivo já foi procurado para repassar detalhes.

RODRIGO MARTINI Sugestões, críticas, contrapontos: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

Havan em Lajeado?

Alianças em Estrela Elmar Schneider (PTB), o secretário de Saúde de Estrela, anunciou que deixará o governo municipal nos próximos dias. Ele é pré-candidato a prefeito na cidade, e larga como um dos favoritos.

Mas são muitos favoritos na cidade.

E com muitos favoritos, a chance de coligação entre eles aumenta. Há quem ainda questione a força da dobradinha entre o Comandante César (MDB) e Paulo Finck (PP). E há quem aposte em mudanças substanciais neste quadro

Passando por cima O prefeito de Encantado, Adroaldo Conzatti (PSDB), deu um verdadeiro “chega pra lá” nos vereadores. Faz duas semanas, o plenário derrubou o projeto de lei que previa a compra de uma área junto ao Parque João Batista Marchese. Com a negativa por parte

dos parlamentares, o chefe do Executivo decidiu adquirir a área por meio de decreto. Não foi exatamente a mesma área prevista no PL rejeitado – o governo desapropriou cerca da metade do tamanho original –, mas foi um recado e tanto aos legisladores.

Câmara de Indústria e Comércio da cidade, o governo municipal realiza um levantamento de preços dos aluguéis cobrados dos empresários. A ideia é estabele-

desgosto na ala mais piegas da Esquerda lajeadense. Aliás, as críticas de outrora cresceram e com justiça diante dos novos problemas judiciais envolvendo o proprietário, que hoje emprega mais de 20 mil pessoas no país.

Guarda Municipal ameaçada

Comércio local Em Teutônia, segue em tramitação o estudo do projeto de lei de incentivo aos comerciantes afetados pela pandemia do novo coronavírus. Com apoio da

Já se passaram mais de seis meses desde o anúncio “oficial” de instalação das Lojas Havan em Lajeado, e o Governo Municipal ainda não recebeu o projeto por parte dos empresários catarinenses.

Faltam todas as necessárias licenças. Em novembro do ano passado, quando o próprio prefeito Marcelo Caumo anunciou o empreendimento em suas redes sociais, a expectativa era inaugurar a megaloja ainda no primeiro trimestre de 2020.

O sentimento na prefeitura ainda é pela instalação do empreendimento. A previsão é de uma loja com oito mil metros quadrados e cerca de 100 empregos diretos, com a famosa réplica da Estátua da Liberdade – que gera forte

cer um parâmetro, ou um limite, e então subsidiar parte do valor durante a fase crítica da Covid-19. O projeto ainda passará pela câmara de vereadores.

Publicada no Diário Oficial da União, a Lei Complementar 173 que institui o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus – e disponibiliza mais de R$ 47,9 milhões só ao Vale do Taquari – pode criar um entrave para a implantação da Guarda Municipal em Lajea-

do. No artigo 8º da lei, consta que, entre outras limitações, os “municípios afetados pela calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19 ficam proibidos, até 31 de dezembro de 2021, de criar cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa”.

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GRUPO DE RISCO

Idosos representam metade da renda em 20% dos lares Pesquisa mostra importância econômica das pessoas de 60 anos ou mais no sustento das famílias.

Grupo corresponde a 15% da população nacional e ampara 15 milhões de domicílios. No país, pessoas nessa faixa etária são as mais vulneráveis ao coronavírus e somam mais de 70% dos óbitos pela doença

FILIPE FALEIRO filipe@jornalahora.inf.br

COLABORAÇÃO: Felipe Neitzke Giovane Weber

ESPECIAL

A

cada morte de idoso por covid-19, além da dor pela perda, há uma grande chance das famílias também sofrerem com o empobrecimento. Essa é uma das análises possíveis frente ao estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com os dados, em 20,6% dos 71 milhões de domicílios no país, mais da

metade da renda advém das aposentadorias e pensões de idosos. O estudo coordenado por Ana Amélia Camarano foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) do IBGE, que aplica estatísticas com base nos números das capitais e regiões metropolitanas.

Ainda assim, traçam um quadro nacional e servem de parâmetro inclusive à região. No Vale do Taquari, o diagnóstico mais recente sobre população idosa e sua participação no orçamento familiar data do Censo de 2010.

Por esses indicadores, do total de lares do Vale do Taquari, 25,2% são mantidos por pessoas de 60 anos ou mais. Essa participação dos idosos cresceu ao longo dos

últimos anos, afirma a economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar.

“Houve mudanças significativas na pirâmide etária, com redução no número de jovens e aumento da participação dos idosos, em virtude do crescimento da expectativa de vida.”

Com a pandemia, a importância econômica desse público se torna mais representativa, pois garantem rendas fixas, sem as oscilações frente às suspensões dos contratos de trabalho e redução de carga horária ou mesmo demissões.

Dados desta semana mostram que mais de 70% dos óbitos pelo coronavírus no país foram de pessoas com 60 anos ou mais.

Deste total, quase 58% são de homens, que ganham mais no mercado de trabalho e também na aposentadoria. “Isso é muito preocupante porque, de fato, mostra que além dos problemas gerais na economia nacional durante a pandemia, temos ainda uma redução de renda das famílias e o empobrecimento da população”, avalia a professora.

Conforme o Ipea, nos domicílios em que a maioria do orçamento depende dos idosos, a renda per capita é de R$ 1.621. Pela estimativa do estudo, em caso de morte do principal mantenedor da residência, essa receita cai para R$ 425.

Menos dinheiro em casa

As irmãs Gisele, 28, e Juceli Ferreira, 30, moram com a mãe, Inês Seibert, 71, em Boqueirão do Leão. Pagam aluguel, no centro da cidade. Com a pandemia, houve perdas na renda da família e a aposentadoria se tornou a principal fonte de sustento.

Gisele teve redução nas horas de tra-

As irmãs Gisele e Juceli tiveram redução na receita durante a pandemia. A aposentadoria da mãe, Inês, ganhou ainda mais importância para manter as contas da casa

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sobre gastos e afirma que já passou por mais dificuldades. “Teve mês que recebi R$ 700 de aposentadoria devido a um empréstimo consignado. Ainda precisava comprar medicamentos, que dava uns R$ 200. Sobrava pouco para manter a casa.

Foram tempos bem difíceis”, lembra.

“Sempre dividimos tudo” Na casa da família Horn, na localidade de Chapadão, no interior de Santa Clara do Sul, todas as despesas são divididas entre os dois filhos, a Inês, 43, o Paulo, 50 e o pai Bernardo, 83. “A gente sempre morou com os nossos pais. Logo, todas as despesas com água, luz, rancho do mês, ração, combustível, remédios, tudo é pago com dinheiro de todos”, diz Inês.

Ela está desempregada e passou a trabalhar com o irmão na produção de leite.

Junto com a aposentadoria do pai, juntam os vencimentos para manter a casa.

De acordo com ela, os filhos propuseram ao pai para que guardasse seu dinheiro, que conseguiriam manter a casa sem a aposentadoria. “Ele não aceita. Se sente no compromisso. No fim das contas, ter essa divisão é algo comum e nos acertamos bem. Assim também conseguimos ter economias ao longo do mês.”

Cenário no Vale balho e no salário. Trabalha meio turno e recebe R$ 600.

Sem condições de cobrir as despesas, recorre à mãe. “Nós dividimos o custo do aluguel, e, como passei a ganhar menos no trabalho, ela tem me ajudado”, conta.

Já Juceli é agente comunitária de saúde e

para se manter na função, precisa passar no processo seletivo. “Juntamos nossa renda para encaminhar financiamento da casa própria. Temos o sonho de sair do aluguel, o crédito já foi aprovado”, revela.

Aposentada faz 14 anos, Inês conta que com a pandemia, aumentou a vigilância

O município com maior percentual de idosos provedores do lar é Coqueiro Baixo. Conforme o IBGE, 44,9% das residências tem como renda principal os vencimentos dos aposentados. Em seguida está Dois Lajeados (41,3%). Praticamente empatados estão Relvado (40,64%) e Travesseiro (40,62%).

CIDADES DO VALE MAIS DEPENDENTES DOS IDOSOS MUNICÍPIO

% DE LARES MANTIDOS POR PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS

Coqueiro Baixo

44,94%

Dois Lajeados

41,33%

Relvado

40,64%

Travesseiro

40,62%

Colinas

38,33%

CIDADES MENOS DEPENDENTES DOS IDOSOS MUNICÍPIO

% DE LARES MANTIDOS POR PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS

Lajeado

19,46%

Teutônia

20,35%

Boqueirão do Leão 20,59% Santa Clara do Sul

22,52%

Estrela

23,21%

Na outra ponta, Lajeado tem o menor índice de idosos provedores do lar. São cerca de5 mil aposentados donos do lar, o que representa 19,4% dos domicílios. Em seguida aparece Teutônia com 20,3%.

Em relação às capitais, Porto Alegre tem o maior número de aposentados do país. São mais de 211 mil pessoas com 60 anos ou mais. Em seguida está o Rio de Janeiro (14,9%) e depois Belo Horizonte (12,6%).

Conforme a Associação dos Aposentados do Estado, a capital gaúcha se destaca também pelo percentual de idosos que se declaram responsáveis pelos lares (62,5%).

FELIPE NEITZKE

ENTREVISTA FERNANDA SINDELAR, • Economista e professora da Univates

“Gerações passadas tinham o hábito de economizar”

A recessão deste ano será intensa, acredita a professora. Por outro lado, servirá de aprendizado. Para Fernanda Sindelar, a queda nas receitas das famílias obriga uma mudança comportamental e de consciência.

mais do que se ganha. Por isso, é importante separar despesas básicas e que podem sofrer algumas alterações daquelas que são supérfluas e podem ser reduzidas ou cortadas.

A Hora – Como analisa a importância dos idosos no sustento das famílias e da economia?

Fernanda Sindelar – Trata-se de uma parcela importante à economia.

Embora a maioria já não atue mais no mercado formal, recebe renda fixa. O que possibilita participar das atividades econômicas como consumidor. Por outro lado, há diversos estudos que apontam que a renda dos idosos também contribui cada vez mais para o sustento das famílias, tornando essa renda muitas vezes a única renda fixa mensal.

Nas áreas rurais, muitas vezes isso é ainda mais importante, já que muitas atividades são sazonais.

No pós-pandemia, o que muda nas relações econômicas, no orçamento e educação financeira das famílias?

Fernanda – Outra questão difícil de responder. Ainda estamos vivendo esse processo, e não sabemos quando a curva econômica volte a crescer. Imagino que haja uma mudança da administração dos recursos familiares. Por exemplo, gerações passadas tinham o hábito de economizar e evitar o consumo supérfluo. Hoje isso não é tão presente e observamos um número significativo de pessoas com dívidas.

Mas após esse momento, quando a atividade econômica voltar a crescer, e a renda das famílias também, imagino que haverá mais preocupação em ter uma reserva financeira para momentos de crise. Pelo menos é o que espero.

Como as famílias devem se adaptar ao momento?

Fernanda – O impacto econômico será sentido na maioria das famílias, seja pela redução da jornada

de trabalho, suspensão dos contratos ou desligamentos. Diante desse momento difícil, é fundamental que as pessoas façam o seu planejamento financeiro, e ajustem as suas despesas de forma condizente com a renda. Não dá para gastar

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

Sem creches, mães têm trabalho dobrado para cuidar dos filhos ACERVO PESSOAL

O Governo do Estado anunciou nesta semana a retomada gradual das atividades de ensino, em cinco etapas até setembro.

O plano prevê que as aulas presenciais voltem no início de julho, começando pela Educação Infantil. Até lá, quem tem filhos pequenos vive o desafio de conciliar trabalho, casa e cuidados com as crianças

MATHEUS CHAPARINI matheus@jornalahora.inf.br

VALE DO TAQUARI

L

iziane Matias tem 32 anos, é mãe de Artur Pietro, de dois, e cria o filho sozinha. Sem poder contar com o apoio do ex-marido, é o avô paterno de Artur, de 51 anos, quem divide com ela a responsabilidade de cuidar da criança.

“Eu tive sorte que o avô dele veio de Forquetinha para morar em Lajeado bem na semana em que precisei. Ele trabalha com pintura e deixou alguns trabalhos para ficar com o neném”, diz.

O avô busca o menino pela manhã, quando Liziane sai para trabalhar, e leva de volta no fim da tarde. Essa foi a solução encontrada para que Liziane pudesse

voltar ao trabalho. No entanto, é provisória.

Em junho, o homem precisa retornar ao trabalho e Liziane não sabe com quem vai deixar o filho.

“Quem depende só de si sabe como é. Gente para cuidar tem, mas tem que pagar. Como eu vou pagar?”, questiona.

Sem auxílio A empresa onde Liziane trabalha fechou as portas logo no início da quarentena. Sem carteira assinada, ela ficou 50 dias em casa sem receber.

“A gente poderia trabalhar em casa e ganhar por vendas. Mas com o neném junto, correndo para lá e para cá, não tem como eu trabalhar”, diz.

Sem computador em casa e com internet apenas no celular, ficou impossível acessar o sistema da empresa para fazer contato com

Após um mês dividida entre o trabalho, a filha e o lar, Thaísa decidiu contratar uma auxiliar

clientes de todo o país.

A situação se agravou quando o auxílio emergencial de R$ 600 foi negado pelo Governo Federal.

A alegação seria de que o auxílio havia sido pago para outra pessoa da família. Como não tem parentes próximos, ficou sem entender. Procurou a Caixa e recebeu a resposta de que nada poderia ser feito.

“Fui pedindo aqui e ali. Uma vizinha pagou minha conta de luz, para não cortarem. Negociei o aluguel com o dono da casa e consegui um rancho no Creas. E assim vou indo”.

Acúmulo de tarefas

Analista de RH de uma empresa de Lajeado, Thaísa Theves aderiu à modalidade de teletrabalho no dia 19 de março. O marido seguiu trabalhando fora de casa e a filha ficou sem a creche. Luiza, de três anos, frequenta a EMEI Espaço de Sonhos, no bairro Pinheiros, em Estrela.

Após um mês se dividindo entre o trabalho, as tarefas do lar e os cuidados com a filha, ela decidiu contratar uma funcionária durante o turno da tarde.

“A gente faz um malabarismo.

Tem que ser mãe, tem que trabalhar, tem que cozinhar. É um desafio. Tive que chamar alguém para me ajudar, porque não estava legal”, conta.

Convívio familiar

Desde o início de maio, a escola envia atividades quinzenais por Whatsapp. Em função da idade da criança, Thaísa explica que o foco das atividades é o estímulo ao convívio familiar.

“Ela está um pouco enjoada de ficar em casa, sente falta de brincar com outras crianças. É bom que tenho oportunidade de ficar em casa. Eu estaria insegura de mandar ela para a escola neste momento”, avalia.

Thaísa procura ver o lado positivo da quarentena. Como a filha frequenta creche desde os quatro meses, a recomendação de ficar em casa proporciona um momento de convívio familiar mais próximo.

Comércio abre no feriado em 15 cidades VALE DO TAQUARI

Santa Clara do Sul abrirá as lojas em 11 de junho, feriado de Corpus Christi. Os lojistas e comerciários do município aderiram ao acordo que já previa o funcionamento em outros 14 municípios do Vale do Taquari desde 25 de maio. O feriado é véspera do Dia dos Namorados, uma das datas mais importantes para o varejo.

O Sindilojas negocia ainda a atividade comercial em Encantado e Roca Sales durante o feriado. Segundo o presidente do Sindilojas, Francisco Weimer, o acordo pretende aliviar o orçamento do setor e amenizar um pouco os prejuízo s da pandemia.

ONDE AS LOJAS ABRIRÃO Sindicato de Lajeado: Lajeado; Estrela; Arroio do Meio; Cruzeiro do Sul; Progresso; Boqueirão do Leão; Pouso Novo; Muçum.

Sindicato de Taquari: Teutônia; Bom Retiro do Sul; Fazenda Vilanova; Westfalia; Imigrante; Colinas.

Santa Clara do Sul.

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020 INFORME COMERCIAL

Dália Alimentos completa mais de 60 dias de enfrentamento à Covid-19

Assinatura da TAC De par com isso, no dia 19 de maio a Dália Alimentos assinou o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) específico com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público Estadual (MPE). As plantas industrias da Dália já adotaram as

FOTOS CARINA MARQUES

COOPERATIVA DÁ EXEMPLO EM PREVENÇÃO E MANTÉM QUADRO DE FUNCIONÁRIOS SEGURO DIANTE DA PANDEMIA

H

medidas assumidas por outros frigoríficos no Estado, destacando-se a organização do fluxo dos trabalhadores para eliminar aglomerações, especialmente em espaços comuns e setor produtivo; adoção de sistema de renovação de ar; instalação de anteparos físicos entre postos de trabalho e uso de face shield e máscaras de proteção

á mais de dois meses a Co-

facial, estas últimas substituídas

operativa Dália Alimentos de

de três em três horas.

Encantado vem realizando

O documento segue diretrizes es-

ações no enfrentamento e

tabelecidas pela Organização Mun-

no combate à Covid-19. Foi uma das primeiras empresas do município a aderir ao uso de máscaras por parte de todos

dial da Saúde (OMS) e por órgãos

Acesso à unidade frigorífica segue vários protocolos como higienização das mãos, do crachá, termometria e troca de máscara

os empregados, aferir a temperatura em

municipais, estaduais ou federais da área. O documento também prevê limitação de empregados transporta-

cada um e instalar barreiras com álcool

devido distanciamento, os transportes estão

transmissores, fechando, desta forma, o cer-

dos por veículo fretado e realização

gel e controle sanitário de acesso à em-

sendo auditados através de análises labora-

co da disseminação da doença dentro da em-

de vacinação contra a influenza e

presa, tanto na Matriz, como nas unida-

toriais para identificar se a higienização está

presa. Todas as ações visam proteger os fun-

gripe comum de forma gratuita nos

des frigoríficas, nos dois supermercados

dentro do padrão. A distância de 1,8 metro

cionários e permitir que a empresa continue

empregados através de convênio

e nas agropecuárias. Também foi a única

também foi demarcada, assim como o fluxo

com suas atividades, produzindo alimentos

com o Sesi, contra o vírus influenza e

no Estado a acordar, junto ao sindicato,

de pessoas na indústria que foi reduzido com

saudáveis e com qualidade.

gripe comum.

turnos de seis horas no frigorífico de suí-

a também redução da jornada de trabalho. Ao

nos, nos setores abate e desossa, visan-

todo, desde o início da pandemia, cerca de 60

do atender ao distanciamento de pesso-

mil máscaras em pano, descartáveis e no ma-

No dia 22 de maio a Dália Alimentos capaci-

as e à redução do fluxo na unidade.

terial PFF2 foram adquiridas para assegurar a

tou um grupo com 23 funcionários para a insti-

Dália Alimentos com a integridade

saúde e a integridade dos empregados.

Gradativamente as ações são intensifi-

Brigada Ativa

Conforme a supervisora do Setor Pessoal, Sandra Simonis Lucca, o TAC reafirma o compromisso da

tuída Brigada Ativa. Com orientações do coor-

e a saúde de seus empregados.

cadas e incrementadas com novos proto-

Já estão sendo aplicados testes rápidos

denador do Serviço de Medicina Ocupacional

“Desde o início de março começa-

colos inseridos ao cronograma já adotado

para a identificação da Covid-19 em todos

da Dália Alimentos, médico do trabalho Clairton

mos com um intenso trabalho de

desde os primeiros dias de março. Gazebos

os empregados das unidades frigoríficas que

de Paoli, os funcionários foram capacitados

prevenção e estamos atendendo a

e tendas para a realização da termometria,

retornarem de afastamento por síndrome

para realizar a “busca ativa”, procedimento de

todas as orientações e determinação

troca de máscaras, controle na entrada e

gripal ou das férias, visando identificar casos

rastreabilidade, triagem e testagem em empre-

dos órgãos competentes para que

saída de empregados foram instalados nas

ainda transmissores da doença. Na próxima

gados para o controle e prevenção do contágio

todos possam assegurar os seus

unidades frigoríficas de suínos e de aves,

semana, testes PCR serão aplicados no pri-

e transmissão da doença. O questionário é feito

postos de emprego e que sua saúde

assim como na entrada dos prédios admi-

meiro grupo de 250 funcionários, prioritaria-

diariamente, a cada turno de trabalho, e enca-

seja prioridade dentro e fora das

nistrativos, tanto para funcionários como

mente nas unidades frigorificas de suínos e

minhado ao Ambulatório da cooperativa para

indústrias. Já aplicamos cerca de mil

para terceiros e prestadores de serviços.

de aves, viando identificar assintomáticos e

posterior compilação das informações.

doses da vacina contra a influenza,

No dia 7 de maio a cooperativa rece-

redefinimos os refeitórios e, em cada

beu fiscalização da 16ª Coordenadoria

área e setor, estamos ajustando o

Regional de Saúde (CRS), da Secretaria

que precisa ser redefinido”.

Municipal de Saúde, da Vigilância Sanitá-

O termo foi firmado pelas procu-

ria e dos fiscais da Gerência Regional do

radoras do MPT Enéria Thomazini

Trabalho de Lajeado, para uma vistoria

(Santa Cruz do Sul) e Priscila Dibi

em todos os setores. Foram apontadas

Schvarcz, gerente nacional adjunta

melhorias que serão realizadas e, desde

do Projeto de Adequação das Con-

então, a Dália vem melhorando e imple-

dições de Trabalho em Frigoríficos.

mentando suas ações com a finalidade

Pelo MPE, firmou o documento a

de permanecer totalmente em conformi-

promotora de Justiça Daniela Pires

dade com as demandas apontadas.

Schwab. Também firmaram TAC

Tendas foram estruturadas para a che-

com o MPT-RS para o combate ao

gada e saída dos empregados, bem como

coronavírus: Minuano, BRF, Aurora,

para o descanso e pausa entre os interva-

Agrodanieli e Nicolini.

los de cada jornada. Ainda foram colocadas mais cadeiras na área externa com o

Na saída da jornada, troca e entrega de máscara para cada funcionário Produzido por: AI da Dália Alimentos

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020 GABRIEL SANTOS

Para recuperar a renda perdida com o cancelamento de eventos, Sandro prepara um curso online para DJs

IMPACTOS NO MEIO ARTÍSTICO

Solidariedade e adaptação para superar a crise

Setor é um dos mais afetados pela crise, já que eventos estão proibidos, e deve ser um dos últimos a voltar à normalidade. Grupo busca auxiliar profissionais do ramo que enfrentam dificuldades financeiras MATEUS SOUZA mateus@jornalahora.inf.br

LAJEADO

H

á 15 anos, o lajeadense Sandro Costa, 39, trabalha como DJ, participando de festas na sexta-feira e no sábado, garantindo uma renda extra. Nos dias de semana, atua em uma produtora de eventos. De uma hora para outra, viu sua agenda, que costumava estar sempre lotada, esvaziar. Foi atingido em cheio pela pandemia.

O setor artístico foi um dos mais prejudicados, já que depende muito da realização de eventos. Foi um

dos primeiros a sentir os efeitos da crise e será um dos últimos a retomar as atividades, devido às recomendações de distanciamento e isolamento social.

Costa, como muitos artistas, encontrou dificuldades. Sem experiência em outras áreas fora da música, precisou se reinventar para não ficar sem renda. “Todo final de semana eu tocava em algum evento, tinha alguma apresentação. Aí, de repente, parou tudo. E a renda que eu tinha como DJ acabou. Pensei: meu Deus, o que vou fazer?”, lembra.

A primeira saída encontrada foi a de trabalhar como motorista de aplicativo, o que serviu para aliviar a situação finan-

ceira. “Tinha um carro parado em casa. Sei que é complicado e que muita gente está evitando, mas é melhor me arriscar do que passar fome e não ter renda”, comenta. Outra solução veio nas redes. Após realizar um curso de marketing digital, se interessou pela venda de produtos online.

Então, surgiu a ideia de desenvolver um curso online para DJs. A proposta está em fase final de elaboração. “Deve ficar pronto em junho. Achei essa a principal saída para enfrentar a crise. E também é uma forma de sair da zona de conforto. Quando passar essa quarentena, vou estar melhor do que antes”, prevê Costa.

“Ninguém estava preparado” No dia 14 de março, o operador de som Marcelo Silva, 43, mixava o show da banda mineira Onze20, em Torres. Ao mesmo tempo, comemorava seu aniversário. Mal sabia ele que aquele seria o último evento no ano, até o momento.

Com 29 anos de estrada, a maior parte deles acompanhando artistas renomados, como Ultramen, Chimarruts e Papas da Língua, Silva conhece como poucos o cenário da música e sabe que a si-

GABRIEL SANTOS

Marcelo Silva ajuda outros profissionais que passam por necessidades

AJUDE A GRAXA RS Visando ajudar profissionais de eventos que estão sem renda durante a pandemia, um grupo de artistas criou o “Ajude a Graxa RS”. O movimento online arrecada doações em lives, principalmente para quem atua na Região Metropolitana e Serra Gaúcha. “Aqui na região a demanda é menor, mas levei cesta básica para um artista que mora em Bom Retiro do Sul. É uma iniciativa que começou com meia dúzia de pessoas e virou nacional. Já ajudamos 412 famílias em todo o estado”, comenta Marcelo Silva.

tuação é delicada para todos que vivem de eventos, desde o artista até a equipe técnica. “Ninguém estava preparado para isso. Nem todo mundo consegue juntar dinheiro”, comenta.

Silva, assim como muitos, recorreu ao auxílio emergencial do governo federal. Também se mantém graças a um dinheiro que conseguiu guardar, embora esteja sem receber por alguns trabalhos feitos em fevereiro. E não sabe quando a situação se normalizará. “Comecei a agendar trabalhos para agosto, mas acho que só vai começar a voltar ao normal entre setembro e outubro”, projeta.

Da nostalgia aos desafios Acostumados a participar de eventos ao longo do ano, os grupos de danças também vivem um momento ocioso. O desafio, nestes casos, é manter o vínculo entre os integrantes, como acontece no Centro de Cultura Alemã, que está desde março fechado e com os ensaios suspensos.

Uma das formas encontradas para manter o grupo ativo, segundo a coordenadora, Vânia Worm, é a de resgatar fotos e lembranças antigas. “A comunicação fica bem mais fácil. Mantemos os grupos no WhatsApp, trocando memórias, de atividades que já aconteceram”, salienta.

Outra iniciativa, segundo Vânia, é a de propor desafios para os integrantes: gravar vídeos em

casa, para uso interno. “Isso fica entre a gente. São propostas que surgiram dentro do grupo, de um desafiar o outro. É importante para mantermos o vínculo entre eles, já que, provavelmente, seremos os últimos a voltar”, afirma.

Retomada dos eventos Conforme o secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Reckziegel, o município está em constante contato com o governo do estado para viabilizar projetos que beneficiem os artistas. “Devem lançar editais para projetos online, com valores menores, mas que possa contribuir com eles”, salienta.

Em nível de município, a pasta trabalha na retomada dos eventos a partir de setembro, com a Semana Farroupilha, passando pela Feira do Livro e chegando até o Natal. “Estamos bastante otimistas. E vamos numa linha de valorizar o máximo possível nossos artistas e pessoas da parte cultural”, afirma o secretário.

A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

Testes na BRF dão positivo para 3% Testagem incluiu 2,7 mil trabalhadores e foi exigida em acordo com o Ministério Público

ARQUIVO A HORA

Para o promotor de Justiça Sérgio Diefenbach, que conduziu o acordo entre Ministério Público e empresa, as medidas previstas têm sido cumpridas a contento.

“Até agora, o resultado tem sido positivo. Especialmente porque esses números permitem que a saúde pública tenha uma noção geral de a quanto andávamos e a quanto andamos. Estamos com a luz acesa agora”, avalia.

MATHEUS CHAPARINI matheus@jornalahora.inf.br

LAJEADO

O

resultado da testagem em massa dos funcionários das unidades da BRF em Lajeado (RS) apontou presença do vírus em 3,2% dos trabalhadores na unidade de Lajeado. Dos 2.759 testados em Lajeado, 89 foram confirmados positivos nos exames RT-PCR. A aplicação de testes para coronavírus em todos os trabalhadores que retornem às atividades no frigorífico é um dos itens previstos no acordo firmado entre empresa e Ministério Público.

A BRF informa que os profissionais com diagnóstico positivo para covid-19 já estavam afastados de maneira preventiva e seguem mo-

Avaliação positiva do MP

Cumprimento das medidas

Dos 2.759 funcionários testados em Lajeado, 89 foram confirmados positivos nos exames RT-PCR

nitorados. De acordo com a empresa, o resultado dos testes PCR representa uma queda entre 82% e 90% em relação aos testes rápidos aplicados inicialmente.

A companhia esclarece que o positivo em exame de RT-PCR não significa que o profissional estivesse disseminando a doença e

que realiza busca ativa para conferir se familiares e colegas de trabalho contraíram o vírus.

Segundo a BRF, as testagens são utilizadas como meio de a empresa ser mais assertiva em suas medidas protetivas. Entre elas, estão a criação de um Comitê Permanente de Acompanhamento

Multidisciplinar, com executivos e especialistas e consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein, de são Paulo.

De acordo com a BRF, os funcionários afastados não têm prejuízo financeiro durante o período em que permanecem fora da empresa.

Além da realização dos testes, o acordo prevê outras medidas. A empresa ainda não concluiu a contratação de equipe multidisciplinar para atuar nos bairros e de equipe técnica para analisar os resultados dos testes. Segundo o promotor, as medidas estão em andamento.

Para a próxima semana, o MP aguarda os planos de investimentos dos hospitais de Lajeado e Estrela, para, juntos, definirem para onde irão os recursos. O acordo prevê que a empresa repasse o equivalente a R$ 1,2 milhão, sendo 70% para o Hospital Bruno Born e o restante para o Hospital Estrela.

Languiru testará funcionários de frigoríficos

DIVULGAÇÃO

Cooperativa também se comprometeu a manter distância mínima entre os trabalhadores do setor produtivo VALE DO TAQUARI

As duas unidades frigoríficas da Cooperativa Languiru, de Teutônia, localizadas em Poço das Antas e Westfália, realizarão triagem e avaliação clínica individual de todos os empregados.

Além disso, após, a empresa manterá rotina de testagem em todos trabalhadores que mantiverem rotina de trabalho presencial e desem-

Serão testados trabalhadores das unidades de Westfália e Poço das Antas

penhem atividades em ambientes compartilhados, com vistas a monitorar os casos no ambiente de trabalho e adotar melhores estratégias de enfrentamento da Covid-19, para contenção do crescimento de casos nas unidades.

A Languiru também se comprometeu a organizar a prestação de trabalho no setor produtivo, a fim de que, concomitantemente, seja adotada distância não inferior a 1,8 metro entre empregados, incluindo distanciamento lateral e frontal; sejam implantados anteparos físicos constituídos de material impermeável entre os postos de trabalho (lateral e frontal); sejam fornecidas face shield (máscaras faciais de acetato) aliada à demarcação dos postos de trabalho; e sejam fornecidas máscaras de proteção facial, as quais de-

verão ser substituídas, no mínimo, a cada 3 horas, que sigam padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), limitação de empregados transportados por veículo fretado e realização de vacinação gratuita dos empregados, contra o vírus influenza e gripe.

As medidas beneficiam 1.542 empregados. O TAC foi firmado pelas procuradoras do MPT Enéria Thomazini de Santa Cruz do Sul e Priscila Dibi Schvarcz, de Passo Fundo, gerente nacional adjunta do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho em Frigoríficos. Este foi o sétimo TAC firmado para o combate ao coronavírus por frigoríficos com unidades no RS. Já assinaram o documento Minuano, BRF, Aurora, Agrodanieli, Nicolini e Dália.

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15

A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

Resumo da novela

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS Cruzadas

www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL www.coquetel.com.br / © Revistas COQUETEL

Fina Estampa

Renê tenta conversar com Tereza Cristina, mas ela o manda embora do restaurante. Griselda pensa em Renê. Juan desconfia de Zuleika. Rafael se entrega para a polícia. Teodora percebe que Pereirinha e Enzo não sabem como é o tesouro que estão procurando. Griselda e Quinzé ficam penalizados com o sofrimento de Amália. Juan Guilherme se surpreende ao saber dos crimes que Rafael cometeu. Griselda descobre que Renê foi expulso de casa e do Le Velmont. Tereza Cristina pede para Ferdinand atear fogo à mansão de Griselda.

Cidade como Nova York ou São Paulo

Poetisa Lua cheia de "Vaga Música" e Muito "Canções" bom!

Pedal que regula a velocidade do motor

O "outro lado" do antigo LP (Mús.)

Recusa Nele a pesca e a caça grosseira são proibidas, para preservar a reprodução Atitude presente nos "hate sites"

Entidade olímpica mundial (sigla) Conjunto vocal típico de igrejas

Barco como o iate Grito de dor

Alegação que pode inocentar o réu (jur.)

Parte mais estreita de um vaso Área alagável, típica da Amazônia

Divisão da idade Pequena ave preta

"(?) e disse!", expressão popular Árvore comum em reflorestamentos

Vermelho, em inglês Sua capital é Maceió

Terra, em inglês Utensílio da faxineira

63

Timothy Dalton, ator galês (Cin.)

Vermelho, em inglês Sua capital é Maceió

Cama, em inglês Instância psíquica Primeira luz do dia, no horizonte

Livro do Novo Testamento Ladra

Terra, em inglês Utensílio da faxineira

Local de fabricação de aviões

14-20-23-39-46-50

iil a a

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E as demais coisas (abrev.)

ACUMULOU!

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Divisão da idade Pequena ave preta

Conjunto vocal típico de igrejas

Área alagável, típica da Amazônia

Barco como o iate Grito de dor r .)

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Solução

Sucesso da cantora Ludmilla

Parte mais estreita de um vaso

Profissão do passista Renato Sorriso

Tabaco em pó, guardado em caixinhas

Entidade olímpica mundial (sigla) O "outro lado" do antigo LP (Mús.) e

o

Concurso nº 1972- 27/05/20

Concurso nº 2265- 27/05/20

03 07 08 11 12 13 14 15 16 18 20 21 22 23 25

2 GANHADORES!

P A

Loterias

C O I

Recusa Nele a pesca e a caça grosseira são proibidas, para preservar a reprodução Atitude presente nos "hate sites"

P E R I O D O D E D E F E S O

Poetisa Lua cheia de "Vaga Música" e Muito "Canções" bom!

O L D O I O R A G P A R E G A N L D O H T O D EJ

-

A L A G O A S

PEIXES: O sábado chegou, mas antes de curtir a merecida folga, talvez precise agilizar alguns assuntos profissionais.

P F G A L O E L E R N N A I B I A L UX L O U A N O A I R N H O U A B N E E G A D T A L C R AV O

AQUÁRIO: Os interesses financeiros podem concentrar as atenções e equilibrar as contas será seu maior desafio hoje.

C M E A C I A L I F A M E P I G R E L E E S

P E R I O D O D E D E F E S O

SAGITÁRIO: A Lua desperta seu lado mais ambicioso e você pode mostrar todo seu potencial ao lidar com seus interesses.

CAPRICÓRNIO: O sábado chega com as energias da Lua virginiana no céu e ela te incentiva a sair da rotina.

P A

ESCORPIÃO: Você pode querer mais liberdade para batalhar por seus interesses hoje, mas nem tudo serão flores.

C O I

TOURO: Controlar os gastos pode ser seu maior desafio neste sábado. O céu fica forrado de aspectos instáveis.

Solução

O L D O I O R A G P A R E G A N L D O H T O D EJ

oquetel.com.br

63

A L A G O A S

LIBRA: Manter a discrição e evitar se abrir pode ser a garantia de um sábado mais tranquilo para você.

VIRGEM: Hoje os astros estão com os humores alterados, principalmente a Lua, que percorre o seu signo.

Livro do Novo Testamento Ladra

P F G A L O E L E R N N A I B I A L UX L O U A N O A I R N H O U A B N E E G A D T A L C R AV O

ÁRIES: Falar menos e ouvir mais: esse é o principal conselho dos astros para você hoje. A Lua segue em sua 6ª Casa.

LEÃO: Com a Lua seguindo o rápido percurso pela sua Casa das Posses, os assuntos de dinheiro estarão no centro.

Sucesso da cantora Ludmilla Timothy Dalton, ator galês (Cin.)

3/anu — bed — red. 4/land — rapé. 5/igapó.

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

BANCO

HORÓSCOPO

E as demais coisas (abrev.)

C M E A C I A L I F A M E P I G R E L E E S

© Revistas COQUETEL

Esse filhote é uma fêmea, tem em torno de 45 dias, será de porte médio, muito dengosa e medrosa. Ela aguarda um lar com muito amor.

Interessados podem entrar em contato via Whatsapp: (51) 99889.1889

Guindaste para grandes pesos Quantia deixada por testamento (jur.)

Brincadeira infantil em forma de cantiga de roda

Cama, em inglês Instância psíquica Primeira luz do dia, no horizonte

3/anu — bed — red. 4/land — rapé. 5/igapó.

FILHOTE!

CÂNCER: Empatia, paciência e compreensão são pontos fortes do seu signo, mas hoje pode ser mais difícil exercitar elas.

Profissão do passista Renato Sorriso

Local de fabricação de aviões

ME LEVA PRA CASA

GÊMEOS: O convívio com parentes pode enfrentar alguns desafios ao longo do dia e o recadinho é da Lua.

Tabaco em pó, guardado em caixinhas

Concurso nº 5281 - 28/05/20

14-24-54-68-71 ACUMULOU!

Lajeado

Arroio do Meio

Estrela

51 3748.0103

51 3716.2221

51 3720.2204

Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

CRAQUES DO VALE

DO VALE ÀS QUADRAS DA ITÁLIA

De férias até o fim de julho, Rafinha Rizzi deu entrevista exclusiva para a Rádio A Hora 102,9 e passou a limpo a carreira, desde o início na Alaf até a consagração no Real Rietti. Com dupla cidadania, tem o sonho de jogar o Campeonato Mundial de Futsal em 2021.

EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

S

er referência em um clube grande em país da Europa e ser sondado para defender a Seleção é o sonho de todo atleta de futebol quando inicia os trabalhos na escolinha, mas poucos conseguem realizar. Aos 26 anos, o lajeadense Rafael Rizzi, o “Rafinha” está indo para a quinta temporada seguida no futsal italiano e almeja disputar o Campeonato Mundial de Futsal, em 2021, na Lituânia.

Desde 2015 na Itália, Rafinha completou nesta temporada 150 jogos com a camisa do Real Rietti, time que disputa a primeira divisão do campeonato.

A paixão pelo futsal iniciou na infância.

Até os 11 anos fez parte de um projeto de futsal em Passo Fundo. Aos 12 anos, após se destacar na Escolinha do Clube Sete de Setembro foi convidado para ingressar nas categorias de base do Juventude. Como o clube da Serra não tinha alojamento, Rizzi ia somente na sexta-feira para Caxias do Sul, treinava no sábado e já ia para o jogo.

Aos 13 anos veio o convite do Grêmio onde ficou por cinco anos. No último ano de infantil se transferiu para o rival Internacional, onde permaneceu dois anos. Após o término do contrato ficou esperando o convite para atuar em algum outro clube. “Para não ficar parado fui treinar na Alaf e foi aí que tudo começou”, conta.

INÍCIO NA ALAF Nos período em que ficou treinando na Alaf, Rafinha chamou a atenção do técnico Sérgio Lacerda que fez uma proposta para jogar na equipe. No começo teve poucas oportunidades, mesmo assim não pensou em desistir. “Ficava triste pensando se estava fazendo a coisa certa. Se de-

veria voltar para o campo, mas continuei trabalhando e graças a Deus estou realizado. Olho para trás e vejo que naquela época não sabia nada (Risos).

Na equipe Lajeadense relembra de diversos momentos marcantes, mas o principal foi a disputa da Liga Nacional em 2015.

“Foi o primeiro campeonato de alto nível.

Enfrentei grandes jogadores que estavam na Seleção Brasileira e que só assistia pela televisão. Foi uma experiencia incrível.”

Ele destaca que a participação na Liga Nacional de Futsal colocou a Alaf em outro patamar e a tornou conhecida no mundo todo.

DUPLA NACIONALIDADE O convite de jogar na Itália veio por meio do ex-colega Tiago Bortolon que por anos jogou na Itália e tinha um procurador que agenciava jogadores. Segundo Rizzi, em 2014, esse empresário ligou oferecendo a dupla cidadania e que depois de conseguir os documentos conseguiria um time para jogar na Itália.

Rizzi relata que a primeira proposta não foi do Real Rietti. “Teve uma proposta de um clube, mas não eles não tiveram paciência suficiente para esperar acabar meu contrato com a Alaf.” Depois disso veio a proposta do Real Rietti, que na época precisava de um atleta sub 23.

ADAPTAÇÃO AO PAÍS Rafinha comenta que o início foi difícil, pois não conhecia o campeonato, clubes e atletas. “Cheguei no escuro.” Mas a adaptação foi rápida por causa do convívio com os outros atletas. O clube tinha outros sete brasileiros. “Deu tudo certo. No primeiro ano já fui campeão e chegamos na final do Campeonato Italiano, situação que não

FICHA TÉCNICA Nome: Rafael Rizzi, o “Rafinha” Idade: 26 anos Clubes profissionais: Alaf e Real Rietti Clubes na base: Juventude, Grêmio e Internacional

acontecia há dez anos.”

Sobre a cultura, Rafinha comenta que não teve dificuldades pois passou toda a infância com os avós que tinham descendência italiana. Para ele o principal entrave foi com a língua, mas que foi superado na segunda temporada. “Hoje falo italiano e escrevo muito bem.”

Sobre as diferenças no futsal ele cita que o praticado no Brasil é de velocidade e habilidade, enquanto que o jogado noa Itália é mais físico e tático. “O italiano é mais obediente.”

SELEÇÃO ITALIANA

Naturalizado Italiano, esteve muito perto de defender as cores da Seleção

Italiana de Futsal. No ano em que seria convocado, o treinador saiu. Passada uma temporada vive a expectativa de ser novamente convocado para o Campeonato Mundial do próximo ano, na Lituânia. “Quero jogar na seleção, disputar um mundial, mas isso depende muito do meu rendimento no clube.

Meu objetivo é jogar o mundial.”

Indagado se aceitaria um convite para defender a Seleção, ele é enfático. “A Itália abriu as portas para mim, me deu oportunidade de aparecer, foi um pais onde fui recebido muito bem, defenderia a seleção italiana sem menosprezar a brasileira.”

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A HORA ESPORTE | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

“O FUTEBOL AMADOR ESTÁ MAIS PROFISSIONAL” Artilheiro do último Regional Aslivata, Edinilson Dornelles, o “Tanque”, fala sobre o momento vivido no amador e o comparativo com o futebol profissional EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

• Como surgiu a ideia de fazer esse documentário?

Edinilson Dornelles, o “Tanque” – Estava conversando com amigos meus e a resenha é sempre sobre futebol. O pessoal quer saber da minha história, como foi meu começo, por onde passei. Aí a gente acaba contando sempre a mesma história para várias pessoas. Conversando com um amigo, pensamos em fazer um documentário para contar minha história.

Para falar sobre a minha rotina, todo meu crescimento no esporte. Documentar toda minha carreira e colocar na internet, para todos assistir. Tiramos do papel e estamos pondo em prática. A ideia é lançar até o fim de julho.

• Você está com 32 anos, pode se dizer que esse é o melhor momento na carreira?

Tanque – Olha digamos que sim. Já tive outras experiências no futebol, mas meu ápice mesmo está sendo agora. Graças a Deus sou um atleta que consigo jogar o ano todo, sem lesões, chegando em várias finais. Ano passado fui campeão em oito competições. Então posso afirmar sem sombra de dúvidas que vivo o meu melhor momento no futebol.

PARADA EM VIRTUDE DA PANDEMIA Rizzi comenta que a pandemia do coronavírus atrapalhou o bom momento vivido pela equipe, pois estavam há 12 jogos sem perder no Campeonato Italiano e a estavam na semifinal da Copa da Itália.

“Tínhamos um jogo a menos que os líderes e os confrontos diretos com eles, em nossa casa. A chance de conquistarmos algo era muito grande.”

O atleta conta que em um primeiro momento o campeonato foi paralisado e que haveria datas para terminar, mas com o avançar da doença, o Federação Italiana optou pelo cancelamento do torneio. “Ficou um sentimento de frustração, mas nessa hora temos que pensar na vida das pessoas e ajudar para que elas sejam salvas.

Rizzi ficou isolado em seu apartamento por dois meses e dez dias. Para passar tranquilidade aos amigos e familiares, conversava quase que diariamente. “Ficamos com bastante medo, mas o clube nos deu um suporte muito bom e foi tranquilo ficar isolado.”

O atleta relata que ficou assustado quando chegou ao Brasil e ver a maneira como a quarentena estava sendo respeitada. “Lá a gente não podia frequentar residência de amigos, de colegas de trabalho. Os trabalhos eram feitos sozinhos, em casa, mais para manter a forma física e precaver lesões.”

Ele fala que o povo italiano foi pego de surpresa, pois se espalhou muito rápido pelo país. “Achei que no Brasil não ia dar muito estrago pois o país decretou quarentena logo. Pensei que aqui seriam mínimos casos, depois percebi que lá respeitamos muito melhor do que no Brasil.”

FUTURO

Desde 2015 no Real Rietti, Rizzi tinha contrato acabando na próxima temporada

e após conversa com o presidente decidiram por renovar por mais três temporadas.

“Sempre procurei seguir meus contratos, depois desses quatro anos vamos ver o que o futuro nos espera.”

Ele relata que durante o período que está na Itália recebeu inúmeras propostas para sair mas que optou por ficar na Itália. “Tive propostas boas e interesse de trocar, mas aqui somos profissionais e para poder sair só se eu fosse comprado ou emprestado.”

Outro fato que o faz permanecer na Itália é o fato do campeonato ser profissional e ser vinculado a Federação de Futebol de campo.

Sobre um possível retorno para o Brasil, comenta que sonha em voltar a jogar no país e jogar a Liga Nacional. “Joguei apenas uma edição, então pretendo disputar mais vezes ela e ser campeão.”

FAMÍLIA NO ESPORTE

Filho de Vandeco, ex-jogador do Lajeadense, e irmão de Lucas, atleta com passagem por Lajeadense e Chapecoense, ele relata que é muito interessante as conversas quando eles se encontram. “É meio critico, eles olham o jogo de uma maneira diferente, mas é prazeroso pois dividimos experiências e comentários. A gente se ajuda.”

• O que te fez desistir do profissional e jogar pelo amador?

Tanque – As vezes as pessoas me julgam e perguntam porque não volto ao profissional, pois faltam centroavantes com as minhas características. Mas no meu ponto de vista, o futebol amador está mais profissional do que o próprio. Muitas vezes um clube profissional paga R$ 800 a R$ 1 mil por mês aos atletas. Enquanto que no amador, um atleta pode ganhar isso por jogo. Além do mais no fim da partida, os clubes amadores pagam certinho, dão até lanche e bebida para os atletas.

• Recebeu propostas para voltar?

Tanque – Neste ano não. Mas ano passado ganhei convites para jogar a Copa FGF pelo Lajeadense, Guarani e clubes da Região Metropolitana. Os valores salariais eram muito baixos. Hoje com a vida que tenho jogando amador, não tinha como aceitar essa proposta. Se não tivesse bem no amador, e estivesse desempregado, talvez até poderia aceitar, mas hoje meu mundo é o amador.

• Nesse período sem jogos, como você está fazendo para cuidar da parte física?

Tanque – Sempre exaltei isso. O atleta não pode ser apenas um bom jogador. Ele é muito exigido no amador. O treinador cobra, a torcida cobra e o atleta também

tem que ter essa cobrança. Eu sempre me cobrei muito, pois se ganhar peso, vou demorar para perder. Então tenho que me cuidar. Treino duas a três vezes por semana.

Continuo me dedicando, pois o futebol vai voltar logo e eu tenho que estar preparado.

• Dá para sobreviver só no futebol amador?

Tanque – Com certeza. Mas além de sobreviver, a gente deixa um legado muito bom por onde passa. Eu posso parar em qualquer cidade do Rio Grande do Sul que vou ter algum amigo para conversar, tomar um chimarrão ou ter uma estadia.

Consigo conciliar trabalho e futebol. Hoje conheço muitas cidades do estado graças ao futebol amador. Tinha muitas cidades que eu desejava conhecer melhor e não tinha como. Hoje a realidade é totalmente diferente. Vou dar o exemplo de Santa Cruz. Meus sogros são de lá e ia uma vez por ano apenas. Hoje jogando os campeonatos da cidade já conheço ela de ponta a ponta. Vou duas a três vezes por meses visitar eles.

• Como você faz para definir o valor que recebe por partida? Você pede ou te oferecem?

Tanque – Nunca fui mercenário. Nunca fui de fazer leilão com as equipes. Nunca fiz isso e nunca vou fazer. Eu tenho um valor estipulado que acho que mereço, então sou muito justo. Sempre viso a realidade do clube. Também analiso os meus gastos com academia e suplementação. O Tanque de R$ 300 e o de R$ 1 mil são os mesmos, a cobrança é a mesma. Então faço um valor que acho que é justo e procuro manter ele.

As vezes tem uma diferença por causa da distância e o custo do combustível.

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A HORA ESPORTE | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

CAMPEONATO ALEMÃO

Qual a importância do clube para a comunidade?

Neguinho – É um bairro que cresce muito rápido.

Hoje temos somente o Estudiantes como praça de esportes. Então no fim da tarde, várias pessoas vem ao clube para utilizar a sede. Já deixamos os portões abertos para a comunidade usar mesmo. O clube está aí para isso, proporcionar saúde e bem estar para as pessoas. Também aos domingos, quando têm jogos, a comunidade vai cedo aos campos, almoçam com a gente e ficam assistindo futebol. Vem muita gente prestigiar a nossa linda praça.

Quais ações que vocês fazem para deixar o clube em dia?

Neguinho – A gente sempre deixa o clube com a aparência boa. Deixamos sempre a grama cortada, até porque as pessoas usam ele diariamente. Dentro da sociedade também a copa e o salão, sempre estão limpos para o uso. Temos o pensamento até o fim do meu mandato no próximo ano, de cobrir a arquibancada da torcida adversária. No local terá copa e banheiro, tudo bem estruturado. É um sonho antigo do clube, mas isso requer tempo e dinheiro. Como é um clube particular, cada centavo que entra a gente aplica bem.

Quais os eventos que promovem?

Neguinho – Promovemos bailes, festas e até torneios de pênaltis. Temos as programações todos os anos, como os bailes dos casais que é fechado e também a festa dos sócios que é grande. Além disso tem veteranos e master.

O que atrapalha no desenvolvimento dos clubes de Lajeado a falta do municipal?

Neguinho – Olha acho uma lástima não termos o municipal em uma cidade tão grande como é Lajeado.

Vemos ao redor os municípios pequenos tendo o futebol e Lajeado não consegue formar um campeonato.

Vemos a falta que faz um municipal para as equipes que movimentavam as sedes durante a competição. Não sei o motivo que não sai e certamente seria algo para o nosso presidente da Liga responder. A gente fica aberta os 12 meses do ano. Procuramos participar de todas as competições que podemos. Estamos jogando a Copinha Aslivata e depois o Regional e assim conseguimos segurar toda turma conosco.

Pretendem jogar o Regional neste ano?

Neguinho – A ideia seria de jogar. Em virtude dessa pandemia que está acontecendo, temos que acalmar as coisas e ser muitos seguros nas medidas que precisam ser tomadas, não sabemos o dia do amanhã e quando o futebol vai voltar.

FICHA TÉCNICA

Nome: Esporte Clube Estudiantes Fundação: 06/09/1969 Local: Bairro Conventos/Lajeado Títulos: Categoria titular Campeão Municipal de Lajeado (2011), Aspirante Bicampeão da Copa Vale do Sampaio Campeão da Copa DMF (2017) Campeão Regional (2019) Veterano Campeão Regional (2018)

DIVULGAÇÃO

Bayern do atacante Lewandowski está muito perto do título alemão EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

Faltam seis rodadas para o fim do Campeonato Alemão.

Sete ponto a frente do segundo colocado, o Bayern de Munique pode encaminhar a conquista do título neste fim de semana.

No sábado, o time recebe no Allianz Arena, o Fortuna Düsseldorf, antepenúltimo colocado. A partida será às 13h30min.

Uma vitória coloca pressão no Borussia Dortmund que joga um dia depois. No domingo, o time aurinegro encara o lanterna Paderborn, às 13h.

Outro jogo interessante é o clássico entre Schalke O4 e

29ª RODADA ONTEM

Em 2019, o time aspirante do Estudiantes conquistou o título inédito

Sete pontos a frente do segundo colocado, Bayern recebe um dos lanternas

SÁBADO

EZEQUIEL NEITZKE

15h30min

Freiburg

x Bayer Leverkusen

10h30min

Wolfsburg

x Eintracht Frankfurt

10h30min

Herta Berlim

x Augsburg

10h30min

Mainz

x Hoffenhein

10h30min

Schalke 04 Bayern de Munique

x Werder Bremen

10h30min

Borussia

x Union Berlim

13h

Paderborn

x Borussia Dortmund

15h30min

Colônia

x Red Bull Leipzig

13h30min DOMINGO

Localizado em um dos maiores bairros de Lajeado, o Estudiantes se mantém ativo há 50 anos

O

Esporte Clube Estudiantes está no coração do Bairro Conventos, em Lajeado. Muito antes da sua fundação, em 1969, um grupo de amigos jogavam em propriedades privadas. Com cerca de 150 associados, a estrutura é muito utilizada por moradores do bairro para a prática de atividades esportivas.

Presidente da equipe, Deoclécio Lussani, o “Neguinho” conta que antigamente o bairro era dividido entre o verde e branco do Juventude, com o vermelho e preto do Estudiantes. Com o passar dos anos, o Juventude foi extinto e a comunidade abraçou o Estudiantes.

As maiores conquistas do time são o título municipal de Lajeado e os Regionais Aslivata nas categorias aspirantes e veterano.

PARA SE MANTER NA LIDERANÇA

SEGUNDA-FEIRA

NO CORAÇÃO DE CONVENTOS

EZEQUIEL NEITZKE ezequiel@jornalahora.inf.br

x Fortuna Düsseldorf

Werder Bremen, ambas as equipes acumulam resultados negativos e precisam vencer para se recuperar na tabela.

INTERNACIONAL

RODRIGO DOURADO RENOVA CONTRATO O Internacional anunciou a renovação de contrato com o volante Rodrigo Dourado. Segundo comunicado oficial do Colorado, o novo vínculo do jogador vai até dezembro de 2022.

O atleta não escondeu a empolgação com a assinatura e afirmou que está ansioso para voltar

a jogar com a camisa do clube.

Com a camisa do Internacional, Dourado atuou em 223 partidas e balançou as redes em nove oportunidades. O camisa 13 tem em seu currículo os títulos de três Campeonatos Gaúchos e duas Recopas Gaúchas.

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A HORA | Fim de semana, 30 e 31 de maio de 2020

IDEIAS

Este é um espaço fixo de colunistas convidados pelo A Hora. Cada um escreve um artigo mensal, em espaços previamente estabelecidos e reservados.

artigo

ROCHELI KUNZEL

ney@jornalahora.inf.br

Advogada, especialista em Direito e Processo do Trabalho - Sócia do Arruda Advogados

NEY ARRUDA FILHO

Covid-19 e doença ocupacional: efeitos da decisão do STF

D

esde que a OMS reconheceu a pandemia do coronavírus e o isolamento social como uma das medidas mais eficazes para evitar a sua propagação, surgiram muitos questionamentos no âmbito jurídico, inclusive nas esferas trabalhista e previdenciária. Dúvidas relacionadas aos contratos de trabalho e aos benefícios previdenciários se tornaram corriqueiras, trazendo incertezas e insegurança para empresários e trabalhadores.

Recentemente, a partir de um grande número de casos confirmados da doença no Brasil e da constatação de que muitas destas vítimas podem ter contraído o coronavírus no desempenho de suas funções laborais, insurge-se um novo questionamento: é possível caracterizar a covid-19 como doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho?

Em relação ao tema, a legislação brasileira adota a teoria da responsabilidade civil subjetiva e, como regra, prevê a necessidade de comprovação do nexo causal entre a doença alegada e o trabalho desempenhado para que seja caracterizada uma doença ocupacional. Ou seja, é necessário demonstrar que há relação de causa e efeito entre a patologia e as atividades laborais. Este ônus, via de regra, é do trabalhador.

A MP nº. 927, em seu art. 29, consagrou este posicionamento ao dispor que “os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19) não serão considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal”.

Ocorre que, em recente julgamento, de caráter liminar e temporário, o STF entendeu por suspender a vigência referido artigo, retirando-lhe a validade. Isso significa que a doença ocupacional será automaticamente reconhecida?

Calma. Não é bem assim! Em suma, o que fez o STF, ao suspender a validade do art. 29 da MP nº. 927, foi inverter a presunção, anteriormente desfavorável ao

trabalhador. A possibilidade prevista em tal dispositivo era vista apenas como exceção, sendo imprescindível a comprovação do nexo causal. Tal situação deixava o trabalhador em desvantagem, diante da dificuldade de realização desta prova.

Ao suspender a sua validade, esclarece o STF que, em determinadas atividades, o risco de contaminação é maior, a exemplo do que ocorre nas atividades definidas em lei como essenciais, como hospitais, farmácias, mercados, transportes coletivos e serviços de entrega, entre outras, que não podem ser paralisadas.

Trabalhadores que estão na linha de frente do combate ao vírus, especialmente os profissionais da saúde, estão potencialmente mais expostos à infecção e, por isso, é presumido, caso testarem positivo para a doença, que a contaminação se deu no desempenho da atividade laboral.

No caso de um médico ou enfermeiro, por exemplo, a probabilidade de contrair o vírus dentro de um hospital é muito maior do que em casa ou pelo contato com outras pessoas fora do ambiente de trabalho. Nestas condições, será suficiente demonstrar a atividade laboral exercida, cabendo à empresa o ônus da prova de que cumpriu com todas as medidas de proteção visando evitar a contaminação do trabalhador.

Assim, a suspensão da validade do citado art. 29 não significa, automaticamente, a possibilidade de reconhecimento da doença ocupacional para qualquer trabalhador, especialmente quando não desempenhar atividade essencial. A intenção do STF não é a de caracterizar todo e qualquer caso de contaminação por Coronavírus como doença ocupacional, para fins previdenciários e trabalhistas. É evidente que situações envolvendo trabalhadores diretamente expostos, como os da área da saúde, serão tratadas de forma diversa dos casos em que o empregado estava em regime de teletrabalho, por exemplo, onde o risco de contaminação é relativamente baixo.

VIRTUDES NECESSÁRIAS

P

equeno Tratado das Grandes Virtudes. É o título do livro. Ganhei de presente do meu pai, no ano de 2006, quando ele ainda lutava contra um câncer. A doença quase o levara.

Mas a medicina e a ciência, aliadas da coragem, virtude nº 5, permitiram que nossa convivência ganhasse mais de 10 anos. Peguei o livro nesta semana, para ler e pensar um pouco. André Comte-Sponville, filósofo francês, enumera 18 grandes virtudes, começando pela polidez, virtude nº 1, indo até o amor, estranhamente deixado por último.

Elas servem como pontos de partida, como premissas, cabendo a cada um identificar o quão positiva e necessária cada uma é em na vida. A partir daí, é só praticar.

Ninguém vai negar que as virtudes tiveram, e continuam tendo, papel fundamental na construção da civilização. Aquela história do fêmur curado, como sendo a primeira demonstração do traço civilizatório, só foi possível pela soma da coragem (5), da generosidade (7) e da compaixão (8). Sem essa soma de virtudes, o incauto cidadão da perna quebrada teria sido devorado pelos predadores ou morreria de fome e de sede. Sem a coragem (5), aliada à prudência (3), Colombo não teria se lançado ao mar para descobrir um novo caminho para as Índias e chegado na América. A História nos enche de exemplos.

Mais recentemente, tenho observado o que parece ser um fenômeno dos tempos virtuais. Esse fenômeno provoca uma clara

distorção do que é percebido como virtude, em especial da coragem (5). Travestida de violência, de truculência e por vezes de ignorância, demonstrações de pseudocoragem vêm sendo saudadas como virtudes.

As redes sociais têm sido pródigas em abrir espaço para todas as manifestações de pensamento, desde as mais nobres, passando pelas mais mesquinhas e chegando às raias da crueldade. O não ser polido (1), não ter compaixão (8) nem misericórdia (9), a falta de humildade (11) e a própria imprudência (3) passaram a ser saudadas como virtudes, como demonstrações de coragem. Protegidos pela tela do computador ou do celular, surgem muitos pseudocorajosos. Talvez, por conta do pragmatismo e da objetividade, tenhamos desdenhado das virtudes.

Comte-Sponville alerta acerca de um certo esquecimento das virtudes. Delas, dizia, quase não se fala mais. Mas isso não significa que não precisemos mais delas, nem nos autoriza a renunciar a elas. É melhor ensinar as virtudes, dizia Spinoza, do que condenar os vícios. É melhor a alegria do que a tristeza. É melhor a admiração do que o desprezo. É melhor o exemplo do que a vergonha.

As virtudes poderão tomar novas formas depois da pandemia. O “novo normal” importará na construção de novas virtudes, ou talvez na releitura daquelas um tanto esquecidas. Mas jamais a ausência de virtudes poderá ser considerada uma virtude.

Fim de semana 30 e 31 de maio de 2020

Juntas por uma maternidade melhor Conheça o trabalho do MoveMães, projeto social construído por um grupo de voluntárias que arrecadam doações e levam carinho, informação e apoio a mães em situação de vulnerabilidade social.

Caderno Você

MÍN: 12 MÁX: 26º

O sol aparece com nebulosidade variável na Região.