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Especial - Grupo A Hora
ESCASSEZ GLOBAL
Preço de fertilizantes sobe 120% em doze meses FELIPE NEITZKE
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Federação dos trabalhadores na agricultura alerta ao cenário desafiador com o aumento nos custos de produção e falta de insumos
VALE DO TAQUARI
O
risco de faltar fertilizantes e escalada de preços deixam produtores apreensivos e pode reduzir as projeções da segunda safra na região. Distribuidoras de insumos já não garantem entrega a partir da próxima semana. O maior impacto deve ser percebido na safrinha de milho, entre janeiro e fevereiro do próximo ano. Os insumos da soja já foram previamente negociados e a semeadura avança no Vale do Taquari. A elevação dos custos de produção deve refletir também no aumento de preço dos alimentos. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/ RS) indica que a situação dos produtores é crítica. No comparativo de setembro de 2020 com setembro de 2021, a ração subiu 26,5%, o diesel, 65%, e a ureia e os fertilizantes, 120%. Conforme o coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Marcos Henrichsen, esses fatores trazem muita incerteza às famílias do campo. “O movimento sindical está preocupado, pois o aumento de preços ao consumidor também leva à redução de consumo”, observa Henrichsen. “Apenas os grandes fabricantes dos insumos estão lucrando diante deste contexto todo”, acrescenta.
90% da produção do fósforo amarelo, matéria-prima fundamental para a produção de pesticidas como glifosato, glufosinato e outros.
Preço do leite recua Escalada de preço dos insumos pode reduzir área da segunda safra de milho no Vale
O coordenador regional STR já percebe o movimento de produtores na redução de área cultivada e dos investimentos. As condições do tempo também são observadas pelo líder sindical. “A previsão de pouca chuva é um agravante”, ressalta Henrichsen. Outra preocupação do agronegócio é a crise logística com a falta de contêineres. Neste ano, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), 40% das cargas de suínos e de frangos ficaram estocadas no Brasil, à espera de transporte marítimo.
Custos de produção Levantamento econômicofinanceiro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta para custos de produção elevados e margens menores aos produtores em 2022. A valorização dos insumos está ligada, principalmente, a um cenário de escassez de oferta com alta demanda. No caso europeu, grandes produtores de nitrogenados anunciaram redução ou paralisação da produção, o que faz aumentar a concorrência pelo produto. Na China ocorreu a redução de
O valor de referência do leite projetado para outubro no RS é de R$ 1,64, 4% abaixo do consolidado de setembro (R$ 1,71). A redução reflete um mercado de consumo em que o repasse de preços no varejo não acompanha a elevação de custos do setor. Segundo o coordenador do Conseleite, Alexandre Guerra, enquanto o aumento acumulado nos custos industriais é de 33%, a reposição de preço do leite ao varejo foi de apenas 12,8% nos últimos 12 meses. “É uma conta que não fecha”, justificou. Consciente que o setor está entrando em um momento delicado, o dirigente informou que, em 2021, a indústria vem trabalhando sem margens e que é preciso repassar algo ao varejo. O vice-coordenador do Conseleite, Rodrigo Rizzo,
O aumento dos custos de produção eleva o valor dos alimentos e por consequência vai reduzir o consumo. A situação dos produtores é crítica.” Marcos Henrichsen, coordenador regional do STR argumenta que as dificuldades de rentabilidade do setor são enfrentadas tanto por indústrias quanto por produtores. Para amenizar a situação, os produtores clamam que se busque novos mercados, principalmente no exterior de forma a diminuir a dependência e a volatilidade que se tem em relação ao mercado interno.