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Estória na história
from AlfraMagazine n.º6
by jf-alfragide
«GLAMPING EM PORTUGAL»
e a família escaparam ao terramoto de 1 de novembro de 1755, por se no Palácio de Belém, onde passavam os fins de semana, bem como temporadas de veraneio.
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Este local, atual residência do Presidente da República, fora adquirido por D João V (1689-1750), e não foi afetado pelo violento tremor de terra que destruiu por completo o Paço Real da Ribeira, habitação oficial dos soberanos desde D Manuel I Tomado pelo medo de novos abalos, o rei D. José ordenou que a família real não vivesse nunca mais em casas de pedra ou alvenaria, e o rei e a sua vasta corte passaram a morar em tendas no alto da Ajuda.
O «real abarracamento» ou «a real barraca», como ficou conhecido, construiu-se na colina do lado direito do Mosteiro dos Jerónimos Era um autêntico palácio feito de madeira e panos, tapeçarias e tapetes sumptuosos, zona livre de terramotos, assim se julgava, para onde se transportaram os pesados móveis, camas, baixelas de prata, porcelanas, grandes quadros e obras de arte, peças valiosas, centenas de perucas, vestidos, casacas, mantos e tudo aquilo de que uma corte típica do majestoso e excêntrico século XVIII necessitava para viver
Um tamanho amontoado de tendas e barracas, cabanas, pavilhões de madeira e cozinhas improvisadas constituía a corte do reino de Portugal e abrigava a extensa família real, as damas de companhia, todos os portadores de cargos reais, médicos da real câmara, criadagem e demais funcionários.
O real abarracamento dispunha dos aposentos próprios e separados e ainda a real capela, a biblioteca, a sala de música, salas para cerimónias e outras destinadas a encontros de estado e protocolares
Aqui viveram desde 1756 e durante os 38 anos seguintes
Foi na real barraca que D José convalesceu do atentado de 1758 e onde morreu em 1777 A corte da filha e sucessora, D Maria I, morou também no abarracamento até à total destruição deste num incêndio, a 10 de novembro de 1794, quando a rainha já se afastara do trono, declarada demente, e o seu filho, o futuro D João VI, tomara a regência do reino.
Salvou-se, destas chamas, a real biblioteca!
Neste ano, sem residência condigna em Lisboa, a corte mudou-se para o Palácio de Queluz (até à data morada de férias) onde permaneceu até à fuga para o Brasil, em 1807.
Naturalmente que, ao longo das quase quatro décadas da Real Barraca da Ajuda, os nobres e os burgueses ricos imitaram o rei, seguindo a moda de viver em construções provisórias, o que foi mais comum do que se poderia pensar Podemos assim afirmar que este rei foi um influencer e criou o Glamping Camping with charm

Exatamente no mesmo local da real barraca, veio D João VI a «encomendar» um projeto para o futuro Palácio da Ajuda, cuja primeira pedra foi lançada em novembro de 1795, mas a edificação do mesmo prolongou-se até 1834 e ficou inacabado, literalmente pela metade, até recentemente essa ala ter dado lugar ao museu do Tesouro como todos podemos observar na Calçada da Ajuda
