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Ditos & Mitos "Deitar fora o Ano Velho"
from AlfraMagazine n.º5
by jf-alfragide
Esta expressão – que hoje revivemos – foi usada, e ainda é, em todo o mundo ocidental, acompanhada de muito barulho (para assustar os espíritos que acompanhavam) e até de loiça partida (muito comum na Beira Baixa e Alentejo) Tudo isto para dar espaço a que o Novo Ano possa entrar
Alguns já se terão perguntado – e outros saberão – porque é que o Ano Novo começa no 1º dia de Janeiro
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A resposta é simples: foi por decisão de Júlio César, daí o nome de calendário juliano, mais tarde ajustado pelo calendário gregoriano, que os cristãos ortodoxos rejeitaram, mas isso são “contas de outro rosário” que para aqui não interessam
Em 46 a.c., Júlio César alterou profundamente o calendário romano, baseando-se no calendário egípcio, a conselho do astrónomo Sosígenes
Em consequência, o calendário romano passou a contar com doze meses (o que não acontecia até aí) e os meses passaram a ter 30 e 31 dias, mais ou menos intercaladamente, com excepção de Fevereiro que, de 4 em 4 anos, tinha um dia extra (ante die sextum kalenda martias)
O primeiro dia do ano passou a ser o dia 1 de Janeiro, que coincidiria com o 8º dia posterior ao solstício de Inverno (que, com as alterações, corresponde ao nosso actual 25 de Dezembro) E isto porque as outras estações mudavam sempre 8 dias antes dos meses de Abril, Julho e Outubro.
Estão confusos? Os romanos ainda ficaram mais Nesse ano tiveram que acrescentarse vários dias ao ano anterior. Foi a confusão geral.
Vamos falar, agora, um pouco de Janeiro, porquê Janeiro, mês dedicado a Janus?
E aqui entra o mito
Ao contrário de quase todos os deuses do Olimpo, Janus não tem paralelo na mitologia grega, mas para os romanos simbolizava muito Devemos a Ovídio a história deste deus, inicialmente sem forma e com o nome de “Caos”
Aquando da criação dos elementos, essa massa informe transformou-se num deus que guardava o Olimpo e tal como as portas têm dois lados, Janus tinha duas faces, também Uma olhando para fora, outra para dentro, uma olhando o passado (a que tem barbas), outra olhando o futuro.
Em Roma, existia um templo dedicado a este deus, cujas portas só se fechavam em tempo de paz, o que segundo Tito Lívio, só aconteceu duas vezes em oito séculos. Mas porquê? – perguntarão Ovídio responde, adensando o mito: para que quando alguém vai à guerra, encontre aberto o caminho de volta. Para que a paz que reina no templo, não fuja pelas suas portas abertas
Janus representa a passagem
Desejo-vos, pois, um bom porvir, recordando que ele depende, nalguma medida, de nós mesmos.
• A autora não adoptou as regras do novo acordo ortográfico.