Jornal Expressão

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ano 24 |no 7 | setembro/2017

Cerveja

Somos cervejeiros! A bebida número um nas mesas dos botecos brasileiros

Paola Munhoz

Jéssica Souza | js.souuza@gmail.com

Quem nunca pensou nela depois de um dia cansativo de trabalho ou em sábado de sol? A cerveja é a bebida mais consumida pelos brasileiros. Segundo a Innovare Pesquisa, a média dos brasileiros é de 62 litros por pessoa ao ano. O Brasil está entre os três maiores produtores de cerveja do mundo e ocupa o 17° lugar dos países que mais bebem cerveja. Mundialmente a mistura de malte, lúpulo e água domina o terceiro lugar no ranking das bebidas mais consumidas, perdendo apenas para a água e o chá. Os registros mais antigos sobre a criação da cerveja correspondem há 6 mil anos. A descoberta da bebida é atribuída aos Sumérios por habitarem em uma região com abundância de cereais. Este povo vivia na região da Mesopotâmia, na civilização

antiga. O processo de fermentação foi descoberto por um acaso: os padeiros que tinham livre acesso aos grãos e leveduras começaram a produzir o líquido em pequena escala. “Foram os romanos que divulgaram a cerveja para o resto do mundo. Se todos bebemos cerveja hoje, temos que agradecer a eles. O império fez questão de levar a cerveja para todo o território que ele conquistava, e foi aí que a bebida definitivamente ganhou popularidade e o nome que tem hoje”, comenta Cláudia Francisco, historiadora. A cevada era deixada de molho até germinar, depois era moída e com ela eram feitos pequenos bolos. Depois de prontos, a levedura era adicionada. A mistura era levada ao forno e, quando estavam parcialmente assados

e desfeitos, os bolos eram postos em jarras com água e deixados para fermentar. Na Suméria, 40% da produção de cereais era direcionada às casas de cerveja, chefiadas por mulheres. Mais tarde, os egípcios aprenderam a arte de fabricar cerveja e carregaram a tradição no milênio seguinte, incluindo a bebida à sua dieta diária. A cerveja produzida naquela época era bem diferente da de hoje em dia: era escura, forte e muitas vezes substituía a água. Mas a base do produto, a cevada fermentada, era a mesma. Na Idade Média, a Igreja Católica assumiu a fabricação que, até então, era uma atividade familiar. O monopólio da fabricação da cerveja até por volta do século XI continuou com os conventos. No Brasil, a cerveja chegou em 1808, com a mudan-

ça da família real portuguesa para o país. Apesar de ser a bebida favorita do rei, os brasileiros demoraram para apreciá-la. Até 1830 a bebida mais popular era a cachaça. Só em 1900 a cerveja brasileira nasceu. O estado do Rio de Janeiro, mais precisamente em Petrópolis, era onde concentrava-se a fabricação. A cidade hospedava duas fábricas que tinham uma produção média de três mil garrafas por mês. “Como as pessoas que moravam aqui na época do império não tinham o costume de beber cerveja, a produção era mínima e extremamente rústica. Tudo era feio artesanalmente pelas famílias de imigrantes que moravam no Rio para consumo próprio”, explica Renata Moraes, engenheira química e sommelier de cerveja artesanal.

Brasileiro está entre os que mais bebem cerveja no mundo

Consumo: no Brasil e em outros países do mundo

Bebida popular é consumida em maior quantidade na Europa

Brasil é o único país da America Latina dentre os que mais consomem cerveja

Guilherme Sanches | guilherme_sanches2009@hotmail.com

No Brasil, ninguém tem dúvidas. A cerveja é uma das bebidas mais consumidas do país. Mas em comparação com o resto do mundo, em qual posição o nosso país ficaria? Esse levantamento é para você, amante da bebida, programar sua próxima viagem para o país mais consumidor. Em pesquisa mais recente, realizada em julho de 2016 pela empresa alemã Bath-hass Group, vemos um resultado surpreendente. O Brasil alcança somente a 17ª colocação entre os maiores consumidores. Os brasileiros consomem em média 62 litros de cerveja por ano. De acordo com o sommelier Anderson Cesari, especialista em cervejas, esse número é normal. “Não é surpresa o Brasil ser o 17º colocado. Não existe essa relação de produção e consumo. Esse número vem aumentando. A tendência do

Faça você mesmo! Aline Oliveira | aline_28oliveira@hotmail.com Arquivo pessoal

Na Escola Superior Cerveja e Malte, busca por cursos aumenta gradativamente a cada ano Você já se imaginou fazendo a sua cerveja em casa? Não? Pois saiba que isso é possível e que há especialização para essa arte. Alguns bares e escolas, especializadas no ramo, disponibilizam diversos cursos sobre cerveja artesanal, incluindo a produção do líquido. Carlo Giovanni Lapolli, que faz cerveja em casa há dez anos, foi convidado em 2014 a dar aulas no curso

de Cervejeiro Artesanal na Escola Cerveja e Malte, em Blumenau – SC. Cervejas artesanais deixaram de ser uma moda passageira para virar uma espécie de hobby, existem diversas combinações de aromas e sabores da bebida. “Tenho notado que atualmente a procura pelo conhecimento sobre cerveja tem se expandido rapidamente, desde a degustação, harmonização e produção”, comenta Carlo.

Esse aumento de público pode ser justificado pelo lema dos cervejeiros “beba menos, mas beba melhor”, uma análise de custo-benefício que o consumidor tem percebido. O brasileiro quer beber algo de boa qualidade e bem feito. As opções de curso são variadas envolvendo a produção, aromatização e degustação. As aulas dos cursos misturam teoria e prática, sem deixar de contar a história da cerveja tradicional. A Escola Cerveja e Malte, em que Lapolli dá aulas, oferece 50 opções de cursos nas áreas de sommelieria, gestão de empreendimentos cervejeiros e produção industrial e caseira. Desde 2014, passaram cerca de 4.500 alunos nos cursos. O público que procura as aulas não tem uma característica definida, principalmente com a expansão do consumo de cerveja artesanal. “É muito variado, não tem mais o nicho de ser cervejeiro, são pessoas de várias idades, porque a produção é um hobby que acaba agregando não só ao aluno,

mas também aos amigos, pois se torna divertido compartilhar o que aprendeu”, diz o professor. Nos últimos anos, além de ter aumentado o público interessado em cerveja artesanal (cerca de 36% entre 2010 a 2014), a busca pelo assunto invadiu áreas do Brasil que antes não tinham muito interesse e tradição na produção de cerveja artesanal (que é muito forte do meio para baixo do país). “Percebo uma procura muito maior de outras regiões, antes a gente crescia apenas no sul e sudeste, agora tem uma procura maior do norte e nordeste, apresentado um conhecimento exponencial, querendo estudar seja por hobby ou para mudar de profissão”, relata Lapolli.

Escola Superior Cerveja e Malte Endereço: Rua Elsbeth Feddersen, 72 - Blumenau Telefone: (47) 3380-5200 www.cervejaemalte.com.br

país é aumentar, sim, tudo conspira a favor. Brasileiro tem ganhado um pouco melhor, e isso influencia muito. A perspectiva é de crescimento. O mercado da cerveja sempre fica no azul, cresce ano após ano.” Então se você acha que nós bebemos muita cerveja, é porque ainda não viu os números do consumo da bebida em alguns países da Europa. O país mais consumidor é a República Tcheca, que alcança impressionante média anual: 143 litros por habitante. No pódio, temos a Áustria e Alemanha. Nesses países, a média anual por pessoa chega a 108 e 107 litros, respectivamente. Completando o top 5, a Irlanda aparece em quarto e, como o país é cheio de bares e pubs, o consumo dos irlandeses é de 94 litros por ano. Por fim aparece a Polônia, com média anual de 89 litros por habitante.

Os outros países que completam a lista são: Romênia (89 litros por pessoa); Bélgica (81 litros); Austrália (80 litros); Espanha (78 litros) e Reino Unido (77 litros). Em relação à produção da bebida, porém, o cenário muda. O Brasil é o terceiro maior produtor, perdendo apenas para Estados Unidos e China. Em quarto e quinto lugares estão a Rússia e a Alemanha. “Dos anos 1990 pra cá, os Estados Unidos tem transformado o mercado da cerveja. Lá eles tem muita estrutura, muito poder aquisitivo e reinventaram a cerveja. É como se fosse a cereja do bolo. Eles pegaram o que já era bom e transformaram em algo fantástico. Se eu pudesse escolher uma cerveja pra beber hoje, seria a da escola americana”, finaliza o sommelier Cesari.

Advogado fala sobre proteção às crianças e adolescentes

Álcool e saúde juntos é possível?

Núbia Lima | nubialima52@gmail.com

beatriz_fernandessimonelli@ hotmail.com

Expressão: Sobre a proibição da venda alcóolica aos menores, existe uma multa ou pena para tal violação? Valdemirson Tonin: Sim. A partir da lei 14.546, de 19 de outubro 2011, tornou-se proibido vender, ofertar, fornecer, entregar e permitir o consumo de bebidas alcoólicas a menores de idade. Sendo a multa de 3 a 10 mil reais, a depender da infração, podendo acarretar de 2 a 4 anos de prisão. Expressão: Como os comércios podem se calçar legalmente para que não violem as leis contra o consumo entre os jovens? Valdemirson Tonin: As principais informações ao proprietário podem ser encontradas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), além de que estes estabelecimentos que forneçam bebidas alcoólicas devem fazer a contra campanha.

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Beatriz Simonelli|

Segundo a Fundação Giovanni Paolo II, na Itália, o consumo moderado pode reduzir em 31% as chances de se ter uma doença cardíaca.

De acordo com estudos da Universidade de Loyola, EUA, pessoas que consomem cerveja têm menores chances de desenvolver Alzheimer.


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