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Irrigazine: Reportagem
from Irrigazine #86
Agrishow: Governo de São Paulo assina protocolo de intenções para impulsionar a irrigação
Parcerias estratégicas entre empresas e governo impulsionam plano para ampliar a irrigação no estado
O governo do estado de São Paulo está preparando um plano abrangente para expandir a irrigação e fortalecer as áreas irrigadas diante das adversidades climáticas.
O Plano Estadual de Irrigação tem anúncio planejado para acontecer na Agrishow 2024, em Ribeirão Preto. O plano prevê o oferecimento de linhas de crédito para que agricultores possam adquirir equipamentos agrícolas modernos, além de proporcionar apoio técnico por meio dos institutos de pesquisa estaduais. Atualmente, apenas 6% das terras destinadas à agricultura no estado são irrigadas.
Guilherme Piai, Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, revelou a meta ambiciosa de dobrar essa porcentagem em até quatro anos, visando alcançar 15% até 2030. Essa iniciativa, em colaboração com a Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, e a empresa Lindsay, especializada em sistemas de irrigação, tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento agrícola e garantir a segurança alimentar.
A Lindsay, instalada no interior de São Paulo, possui uma sólida infraestrutura e desempenha um papel fundamental no diálogo com o governo estadual. Cristiano M. Arthuso Trevizam, Diretor de Vendas & Marketing para América Latina da Lindsay, ressaltou a importância da empresa no fornecimento de soluções tecnológicas para a expansão da irrigação em São Paulo.
Para se ter uma ideia da importância da irrigação, as áreas de agricultura irrigada no país correspondem a menos de 20% da área total cultivada, porém são responsáveis pela produção de mais de 40% dos alimentos, fibras e cultivos bioenergéticos. Esses números evidenciam a contribuição dessa técnica para o aumento da produtividade e possibilitar a produção fora de época.
Em janeiro, o secretário de Agricultura visitou a Associação do Sudoeste Paulista de Irrigação e Plantio na Palha (ASPIPP), em Campos de Holambra, município de Paranapanema.
Durante a visita técnica, foi discutido o atual cenário da agricultura irrigada de precisão e os desafios dos recursos hídricos no estado. Na ocasião, foi firmada a criação de um grupo de trabalho com o objetivo de atender às necessidades primordiais da região.
A expectativa é que esses investimentos impulsionem não apenas a economia local, mas também a eficiência e a sustentabilidade do setor agrícola paulista.
O fortalecimento da infraestrutura de irrigação será fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir a resiliência do setor agrícola.
Por meio de parcerias público-privadas e investimentos em tecnologias inovadoras, São Paulo está se posicionando como um centro de excelência em agricultura sustentável, promovendo o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental.
Irrigação em São Paulo: Desenvolvimento, Desafios e Inovações
A agricultura irrigada desempenha um papel crucial na economia do estado de São Paulo, impulsionando a produção de uma variedade de cultivos que abastecem não apenas o mercado local, mas também contribuem significativamente para a oferta nacional de alimentos e matérias-primas agrícolas. Com uma geografia diversificada e condições climáticas favoráveis, São Paulo se destaca como uma das principais regiões irrigantes do Brasil, não apenas em termos de volume de produção, mas também em termos de inovação e adoção de práticas sustentáveis na agricultura.
Diversidade de cultivos irrigados
O estado de São Paulo apresenta uma diversidade impressionante de culturas irrigadas, cada uma adaptada às condições específicas de solo, clima e disponibilidade de água em diferentes regiões. Nas regiões do Alto Paranapanema, Casa Branca e Guaíra, por exemplo, os sistemas de pivô central são predominantes, impulsionando os cultivos de grãos como feijão, soja, milho e trigo.
A cana e os citros são culturas que ocupam grandes extensões, especialmente nas regiões central e norte do estado, sendo irrigados principalmente por sistemas de gotejamento, no caso dos citros, e aspersão na cana, embora não seja uma regra.
Além dessas culturas, o estado de São Paulo também se destaca na produção de hortaliças, frutas e flores, muitas das quais são cultivadas em estufas na região de Holambra e no cinturão verde da capital e outras grandes cidades do interior. Essas
culturas exigem sistemas de irrigação específicos, adaptados às necessidades de cada planta e às condições de cultivo em ambiente protegido.
Desafios e soluções tecnológicas
Apesar das vantagens oferecidas pela agricultura irrigada, os agricultores em São Paulo enfrentam uma série de desafios, incluindo o acesso à linhas de crédito, obtenção de outorga de água e oferta de energia. O estado conta com grandes bacias hidrográficas, formadas por importantes rios como o Rio Grande, Paranapanema, Mogi Guaçu e Pardo, além de fontes de águas subterrâneas, com destaque para os aquíferos Bauru, Serra Geral e Guarani. No entanto, é crucial uma gestão cuidadosa e sustentável desses recursos hídricos para garantir sua disponibilidade a longo prazo. Em São Paulo, o órgão gestor dos recursos hídricos é o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) vinculado à Secretaria de Meio Ambiente Infraestrutura e Logística.
Nesse sentido, a tecnologia também desempenha um papel fundamental no manejo eficiente da água na agricultura. Equipamentos, como sensores de umidade do solo, estações meteorológicas e dados climáticos permitem ao agricultor determinar a quantidade exata de água em cada fase fenológica da cultura e dessa forma minimizar o desperdício.
São Paulo se destaca como um centro de inovação na indústria de equipamentos de irrigação, concentrando a maioria das empresas fabricantes do país. Essas empresas desenvolvem
e fornecem uma ampla gama de tecnologias e soluções para a irrigação, atendendo às necessidades específicas dos agricultores e contribuindo para o avanço sustentável do setor agrícola.
Uma das empresas líder mundial na fabricação de pivôs de irrigação, a norte-americana Lindsay, instalada na cidade Mogi Mirim (SP), está diretamente envolvida neste plano de desenvolvimento da irrigação no governo de São Paulo.
Outras grandes empresas internacionais do setor de irrigação também escolheram o interior de São Paulo para sediar suas atividades no Brasil. É o caso da israelense Netafim em Ribeirão Preto, a NaanDan by Rivulis em Leme, a italiana Irritec em Indaiatuba, a israelense Bermad em Leme, as norte americanas Senninger em Jaguariúna e Nelson em Mogi Mirim, as austríacas Bauer em São João da Boa Vista e Komet em Paulínia, a espanhola Raesa em Araras. Isto, sem contar as fabricantes de bombas, tubos e acessórios utilizados nos sistemas de irrigação, além das empresas nacionais como, Irrigabras em Barueri, Drip Plan em Leme, Plasnova em Louveira, RSB em Campinas, Krebsfer em Valinhos, Irrigação Penápolis em Penápolis, Germek em São José do Rio Pardo, Jimenez em Piedade, estamos citando apenas as empresas diretamente relacionadas com a fabricação de equipamentos de irrigação, mas outras empresas de tecnologia e serviços podem aumentar bastante esta lista.
Empresas de irrigação prometem investimentos na área para 2024
Enquanto o governo estadual de São Paulo avança com seu plano de expansão da irrigação, empresas do setor estão investindo significativamente para fortalecer a infraestrutura e suprir a crescente demanda por tecnologias de irrigação avançadas.
A Bauer do Brasil é uma das empresas que aderiu ao movimento. Com um investimento de R$40 milhões, a
Bauer está construindo uma nova planta em São João da Boa Vista (SP), com o objetivo de aumentar sua capacidade de produção em 50%. Luiz Alberto Roque, co-CEO da Bauer do Brasil, ressaltou a importância desse investimento para a indústria nacional, destacando que a nova fábrica permitirá a produção local de equipamentos antes importados, reduzindo a dependência externa e fortalecendo a economia local. Além da Bauer, a Plasnova Tubos também está expandindo suas operações para atender à demanda crescente por infraestrutura de irrigação.
Com investimentos em novas linhas de produção, a Plasnova Tubos busca não só suprir o mercado agrícola, mas também expandir para outros setores como saneamento e mineração. Esses investimentos não apenas impulsionam a economia local, mas também fortalecem a segurança alimentar e contribuem para a sustentabilidade ambiental da região. A sinergia entre os esforços do governo estadual e o compromisso das empresas privadas em investir em infraestrutura de irrigação promete transformar São Paulo em um dos principais polos agrícolas do país, preparando-o para os desafios do século XXI.
Considerações Finais
Segundo dados da Agência Nacional de Aguas (2021) o estado de São Paulo está posicionado entre as maiores áreas irrigadas do Brasil. Conta com três polos de irrigação, Polo Nacional de Irrigação Guaíra/Miguelópolis (55.075 ha), Alto Paranapanema (108.205 ha) e Rio Pardo/Mogi Guaçu (38.797 ha).Em 2022 o Brasil superou a marca de 30 mil pivôs instalados, com área de 1,92 milhão de hectares, um incremento de 24% em relação ao ano de 2019. São Paulo representa 12,9 % dessa área irrigada por pivôs. Em resumo, os cultivos irrigados desempenham um papel vital na agricultura do estado de São Paulo, impulsionando a produção de uma ampla variedade de culturas e contribuindo para a economia regional e nacional. Apesar dos desafios enfrentados, São Paulo demonstra um compromisso contínuo com a inovação e o desenvolvimento do setor agrícola, buscando soluções tecnológicas e parcerias estratégicas para enfrentar esses desafios de forma eficaz.
