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Trabalhadores estão hoje mais pobres do que em 2009

Se nada for feito através da valorização real dos salários e das pensões, que permita aumentar o poder de compra, o nosso país corre o risco de conhecer um novo acentuar do desequilíbrio na distribuição da riqueza, em que quem trabalha tem uma fatia cada vez menor do rendimento nacional.

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JOSÉ

Alberto Louren O Economista

Ocongelamento/estagnação salarial na Administração Pública, e em particular na Administração Local, no período entre 2010 e 2021 conduziu a uma quebra real dos salários da globalidade destes trabalhadores de cerca de 10% – são várias as carreiras, nomeadamente os assistentes técnicos/administrativos e técnicos superiores que tiveram quebras salariais bem superiores –, que só não foi maior porque neste período os níveis da inflação permaneceram relativamente baixos em torno de 1% a 2% ao ano.

A aceleração dos níveis da inflação a partir do 2.º semestre de 2021 e a contínua luta dos trabalhadores, em especial dos trabalhadores da Administração Local, fizeram com que o actual governo incorporasse no seu próprio discurso o reconhecimento da necessidade de valorização salarial dos trabalhadores da Administração Pública. A leitura do preâmbulo do Decreto-lei n.º 84-F/2022 de 16 de Dezembro, no qual o governo aprovou a actualização salarial da Administração Pública para o corrente ano é um exemplo bem elucidativo disso mesmo, escasseiam cada vez mais os argumentos para que prossigam as políticas de desvalorização salarial e quando assim é, muda-se o discurso e até se reconhece alguma justeza nas reivindicações dos trabalhadores, mas a prática não se altera. Antes, objectivamente negava-se a necessidade de valorização salarial dos trabalhadores da Administração Pública, mas agora reconhece-se essa necessidade, entendendo-se que deve ser implementada uma valorização plurianual para a legislatura que, diz o governo PS, “aprofunda a estratégia de reforço dos recursos humanos da Administração Pública e que acompanha o Acordo de Rendimentos celebrados em sede de Concertação Social” Ou seja, diz-se aos trabalhadores que têm razão, mas vão ter que esperar vários anos até que a valorização salarial se faça.

Actualiza Es Salariais N O Cobrem A Infla O

A perda acumulada de poder de compra desde 2009 foi muito grande e a sua reposição poderá ter que ser faseada, mas a prática prosseguida por este governo, em 2022 e no corrente de 2023, contraria completamente o que têm vindo a dizer, já que não há sinais de qualquer valorização salarial nestes dois anos, isto é, as actualizações salariais na Administração Pública neste período nem sequer cobrem a inflação (registada e prevista), pelo que os trabalhadores da Administração Pública, e em particular os da Administração Local, vêem os seus salários degradarem-se e o seu poder de compra cair ainda mais.

Perante

-10%

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