DESCONSTRUIR: ESPAÇO CULTURAL PARAMÉTRICO E ITINERANTE DE ARTES VISUAIS

[ ] DES CONS TRUIR

espaço cultural paramétrico e itinerante de Artes Visuais

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Arquitetura e Urbanismo

ARQ 398

Trabalho de Conclusão de curso I

Igor Ambrósio Faria Orientadora: Profª. Drª. Andressa Carmo Pena Martínez

Viçosa - MG Maio de 2021

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha orientadora Andressa, que me motivou a desenvolver esse trabalho e ofereceu todo o apoio, sempre apresentando caminhos que agregam e engrandecem o processo.

Agradeço à minha família, pai, mãe, meus irmãos e meus quatro sobrinhos, por todo o amor incondicional e por apoiar sempre meu trabalho, dando todo o suporte necessário para atingir meus objetivos.

Aos meus amigos, que serviram de refúgio em meio à turbulência e sempre ajudaram a tornar a vida mais leve.

Um agradecimento especial a todos os professores que, mesmo em tempos difíceis como o que estamos passando, lutam dia e noite, presencialmente e à distância, por uma educação de qualidade no Brasil.

Introdução

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abordagem sobre os temas

8

ARTE E CULTURA NA CIDADE....................10 . Urban Sketchers.................................13 A TECNOLOGIA ALIADA À ARQUITETURA...14 . Evolução das ferramentas de projeto...................................................14 . Projeto Computacional.......................15 . Fabricação Digital.............................. 17 . Sistemas fechados e abertos (open design).................................................18 ARQUIETURA NÔMADE............................ 20 . Edifícios Portáteis x Relocáveis x Desmontáveis...................................... 21 . Métodos convencionais x desmontáveis.......................................22 Princípios de projeto para arquitetura desmontável.........................................22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

90

estudos de caso

24

propostas de projeto

55

RAPANA.................................................. 28

APRESENTAÇÃO...................................... 56

METROPOL PARASOL.............................. 34

. Conceito..............................................56

WIKIHOUSE - WIKISHED......................... 42

. Equipe.................................................57

ESCOLA DE ARTES VISUAIS DO PARQUE LAGE...................................................... 49

. Programa............................................57 PRIMEIRO MODELO................................ 58 . Lógica de pórticos.............................58 . Script dos pórticos.............................60 . Criação dos módulos.........................62 . Estratégias de Acoplamento.............64 SEGUNDO MODELO................................. 66 . Pórticos inclinados............................66 . Script dos pórticos inclinados..........68 . Padronização.....................................70 . Criação dos módulos.........................72 . Estratégias de acoplamento.............74 . Implantações.....................................75 DETALHES.............................................. 78 . Mobiliários integrados à forma.........78 . Junta - S..............................................82 PROTOTIPAGEM...................................... 84

Introdução A arquitetura por muitas vezes foi imaginada como um produto final a ser concebido. No entanto, como forma de incorporar novas óticas, esse trabalho de conclusão de curso busca não considerar a arquitetura como finalidade em si mesma, mas como um instrumento capaz de provocar novas relações com o espaço urbano.

Diante desse princípio, o projeto busca relacionar a cidade, arte e novas tecnologias ao propor um Espaço Cultural Paramétrico e Itinerante de Artes Visuais. Sua proposição visa valorizar a paisagem urbana e sua relação com o usuário, articular novos encontros, inserir novos conhecimentos à população local, fortalecer coletivos e dar visibilidade aos artistas locais.

Relacionado ao paramétrico e voltado ao projeto algorítmico, o intuito é explorar as variabilidades que esse sistema permite, visando um controle dinâmico da forma e ocupação do espaço, na intenção de aumentar a eficiência do processo. Além disso, essas ferramentas possibilitam e facilitam a incorporação da fabricação digital.

A partir dos métodos de fabricação digital, o projeto será elaborado de maneira que toda sua estrutura seja desmontável, visando a sua incorporação em diferentes localidades e impactando vários territórios. Criar um projeto com essas características possibilita a elaboração de um programa flexível que se adapta ao lugar, fornecendo uma agenda cultural efervescente com o suporte dos artistas locais. Além disso, sua itinerância permite deixar marcas no local, criando uma teia de relações que incentivam projetos e iniciativas populares que não se desfazem com sua desmontagem.

criatividade alcance do saber impacto cultural

artes visuais

CIDADE nômade/itinerante flexibilidade espaços públicos

novas tecnologias paramétrico/algorítmico fabricação digital variabilidade

abordagem sobre OS temas

Arte e cultura na cidade

A cidade, desde a antiguidade, foi um espaço público democrático construído pela coletividade humana e responsável por agregar a produção cultural de um povo, possibilitando o encontro entre diferentes realidades, trocas de saberes e sendo palco de discussão política. No entanto, agravado pela pressão da era industrial, a cidade acabou se tornando um local de desigualdade e insalubridade, transformando-se em um espaço fragmentado que foi progressivamente perdendo seu caráter de decisão coletiva para ser apenas um dado a ser administrado e gerido com conhecimentos técnicos (DE SOUZA, 2012).

A metrópole se despolitiza também ao perder gradualmente sua característica de lugar de socialização. O espaço público se torna primariamente espaço de circulação; as distâncias aumentam bruscamente, os espaços são rasgados e descaracterizados para dar vazão ao tráfego; o espaço urbano passa a ser caminho a ser cruzado entre os ambientes privados da casa, do trabalho ou da diversão, gerando uma convivência pública cada vez mais exígua e socialmente homogênea. A comunicação e convivência se privatizam de maneira crescente, seja através de meios de telecomunicação, seja nos espaços privados que simulam imagens de “urbanidade” [...] ou em espaços públicos devidamente vigiados, livres das atividades informais de populações mais pobres. (DE SOUZA, 2012, p. 36)

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É diante dessa despolitização que a cidade se assemelha a produtos e mercadorias que são administradas, vendidas e consumidas visando alcançar o maior lucro. Na intenção de criar uma imagem positiva e atrair diferentes mercados, são criados modelos genéricos de identidade coletiva nos cenários urbanos como forma de valorização mercantil. Diante disso, as cidades são seletivamente estetizadas, tornando objeto e palco para o consumismo em função da reprodução de uma alienação à realidade social (DE SOUZA, 2012).

Um processo muito atrelado à estetização da cidade é a questão da instrumentalização da cultura. Chauí (2002) define que cultura é a maneira pela qual os humanos se humanizam e criam a sua sua existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e artística, sendo ela a invenção da relação com o Outro (seja a natureza, os deuses,

os estrangeiros, as etnias, as classes sociais, os antepassados, os inimigos e os amigos). No entanto, na tentativa de mercadorização do espaço urbano, se criam espaços esvaziados de uso e sentido. É nesse ponto que a atenção com o âmbito cultural se torna uma esperança de reintegrar populações deslocadas e promover uma “reconciliação” com a cidade (DE SOUZA, 2012).

Uma ala específica de produção cultural geral são as atividades artísticas e suas interações políticas com o espaço urbano. Um momento radical de crítica e expansão das fronteiras da arte se deu com as “neovanguardas” das artes visuais dos anos sessenta. Em seu livro “Um lugar após o outro: arte in situ e identidade local” (tradução livre), Miwon Kwon (2002) sintetiza esse momento nos seguintes pontos:

EXCEDER A LIMITAÇÃO DOS SUPORTES

a aspiração estética buscou exceder as limitações dos meios tradicionais e seguros (como pintura e escultura) e dos seus aparatos tradicionais (como os museus);

CONTEXTO

o significado da obra se deslocou para as contingências do seu contexto;

REESTRUTURAR A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

o modelo cartesiano (observador) foi substituído por um fenomenológico (modelo participativo de vivência corporal que necessita da presença do observador);

RESISTÊNCIA AO MERCADO CAPITALISTA

o desejo autoconsciente de produzir trabalhos artísticos que não podem ser transportados ou vendidos, deixando de ser um produtor de obras para se tornar um produtor de situações, resistindo às forças do mercado.

NEOVANGUARDAS DAS ARTES VISUAIS DOS ANOS 1960

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Na tentativa de reavaliar os espaços institucionais, os artistas buscaram novos lugares, promovendo, consequentemente, novas manifestações estéticas.

O artista ‘público’ contemporâneo, passou a trabalhar analisando as condições do lugar, visto que a obra depende da recepção do observador. Diante disso, ele passou a expandir seus meios e a incorporar novas referências, como os computadores, o cinema, o som, a iluminação, a biologia, etc (CARTAXO, 2009).

No período moderno, a cidade era imaginada na dimensão da função. Hoje ela se inscreve na dimensão da existência. As artes visuais participam ativamente desse processo, uma vez que a arte nos espaços públicos não se constitui como um produto, mas como um objeto que vai ser consumido, visto que já é intrínseco ao organismo da cidade. Ela passou a pertencer a todos os espaços (sem distinção entre os espaços interno e externo, individual e coletivo, privado e público) e a ser empregada como uma grande ferramenta de valorização cultural, portanto, “a arte nos espaços públicos é, simultaneamente, meio de reflexão e lugar” (CARTAXO, 2009).

condicionantes

lugar

confluências ciência

construção biologia

moda

ARTISTA

OBRA iluminação cinema

observador

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computação

som

URBAN SKETCHERS Um fato que comprova que a arte deve exceder os muros das instituições é a existência do movimento Urban Sketchers (USk), fundado pelo ilustrador e jornalista espanhol Gabi Campanario “para todos os desenhistas que amam desenhar as cidades onde vivem e visitam, da janela de suas casas, de um café, em um parque, em uma esquina... sempre no local, não a partir de fotos ou memória”¹.

Esse movimento surgiu a partir de uma página da rede social Flickr criada por Campanario em 2008.

Nela, os entusiastas pelo “desenho in situ” deveriam publicar seus desenhos juntamente com uma história por trás de cada processo (VALGAS, 2019).

No blog oficial do Urban Sketchers, seu criador comenta que a missão da organização é “elevar o valor artístico, narrativo e educacional do desenho no local, promovendo sua prática e conectando pessoas ao redor do mundo que desenham no local onde vivem e viajam”. Diante disso, é evidente o potencial que os espaços abertos urbanos trazem para o ensino, aprendizagem e troca de experiências, além de promover o contato entre as pessoas.

Figura 1.1. IV Encontro Urban Sketchers Brasil. Foto Raul Lisboa.

Fonte: brasil.urbansketchers.org (2019).

¹ . Disponível em: http://www.urbansketchers.org/p/our-mission.html. Acessado em 04 de abril de 2021.

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A tecnologia aliada à arquitetura

1982

incorporação de um kernel 3D ao AutoCAD

liberação da primeira versão comercial do AutoCAD pela Autodesk

1985

EVOLUÇÃO DAS FERRAMENTAS DE PROJETO É importante destacar que as artes visuais (a partir das “neovanguardas” dos anos sessenta) se integrou cada vez mais com as tecnologias contemporâneas, possibilitando novos olhares e interpretações. Momento que também revolucionou o estado de fazer e ensinar arquitetura, substituindo progressivamente os métodos tradicionais de desenho por novas possibilidades proporcionadas pela computação, nomeado CAD (Computer-Aided Design, ou Desenho Assistido por Computador).

E foi justamente em 1982 que a Autodesk liberou a primeira versão comercial do AutoCAD, uma ferramenta que possibilitou o desenho digital 2D e que incorporou um kernel 3D em 1985, como aponta Inês Caetano e António Leitão (2020). Em 1998, a Robert McNeel & Associates lançou o software Rhinoceros 3D, que se concentrava na produção matematicamente precisa de curvas e superfícies.

O advento desse software também viabilizou a inserção de ferramentas adicionais de simulação, análise e otimização.

Uma ferramenta adicional ao Rhinoceros 3D que gerou grandes resultados é o plugin Grasshopper (incorporado no software base a partir da versão 6), que é uma linguagem de programação visual capaz de automatizar e parametrizar a modelagem.

Seu surgimento, em 2007, fez com que as técnicas de modelagem algorítmica se intensificassem na comunidade arquitetônica, principalmente por fornecer uma solução atrativa, mais intuitiva economicamente viável (CAETANO e LEITÃO, 2020).

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1998

lançamento do Rhinoceros 3D pela McNeel & Associates

lançamento da primeira versão do plugin Grasshopper

2007

Figura 1.2. Linha do tempo da evolução das ferramentas de projeto.

Fonte: o autor (2021).

PROJETO COMPUTACIONAL Desde o início do século XXI, os arquitetos buscaram usar os métodos computacionais de projeto como forma de potencializar o fluxo de trabalho e explorar vertentes alternativas na pesquisa.

No entanto, o uso dessa ferramenta necessita de um conhecimento especializado, combinando o conhecimento com outras áreas. Essa interseção de saberes provocou o surgimento de novos termos que em muitos momentos foram colocados de maneira ambígua ou conflitante (CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020).

uso de computação para desenvolver projetos

projeto computacional

Assim, começamos distinguindo Projeto Computacional (PC) de Projeto Digital (PD).

Consideramos PD como o uso de ferramentas de computador no processo de design, enquanto PC envolve o uso de computação para desenvolver designs. Nessa perspectiva, o PC é ortogonal ao PD, ou seja, podemos ter PC sem o uso de ferramentas digitais, podemos usar ferramentas digitais sem depender de PC, ou podemos ter ambos. (CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020, tradução livre)

projeto digital

uso de ferramentas de computador no processo de projeto

Figura 1.3. Interseção entre projeto computacional e digital.

Fonte: o autor (2021).

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Os autores abordam que, além das distinções entre Projeto Computacional e Projeto Digital, surgem novos termos na literatura quando se trata de PC, sendo os mais conhecidos e citados: Projeto Paramétrico, Projeto Generativo e Projeto Algorítmico.

• Projeto Paramétrico é uma abordagem de projeto baseada no uso de parâmetros para descrever conjuntos de projetos.”

(CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020, tradução livre)

“Em suma, a taxonomia proposta apresenta as seguintes definições principais:

Diante das definições apresentadas, é possível fazer uma sobreposição conceitual para melhorar essa visualização. A figura ilustra essa situação, mostrando que o Projeto Algorítmico é um subconjunto do Generativo e tem uma interseção não vazia com o Paramétrico (CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020).

• Projeto Generativo é uma abordagem de projeto que usa algoritmos para gerar projetos.

• Projeto Algorítmico é uma abordagem generativa caracterizada por uma correlação identificável entre o algoritmo e seu resultado. abordagem generativa caracterizada por uma correlação identificável entre o algoritmo e seu resultado

abordagem que usa algoritmos para gerar projetos

projeto generativo

projeto algorítmico

projeto paramétrico

abordagem de projeto baseada no uso de parâmetros para descrever conjuntos de projetos

projeto computacional

Hoje, com o aumento da capacidade computacional das ferramentas e as várias estratégias de projeto computacional abordadas, foi possível expandir os limites conceituais dos arquitetos e torná-los mais eficientes. Essas estratégias tornaram possível explorar e avaliar soluções complexas, fabricar usando técnicas avançadas e controlar vários estágios do processo de projeto (CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020).

Apesar da elaboração da forma a partir de parâmetros ser, conceitualmente, uma atividade intrínseca ao exercício arquitetônico, as ferramentas digitais têm possibilitado estabelecer processos interativos de variação da forma em tempo real e de maneira intuitiva (BROD, 2012).

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Figura 1.4. Representação conceitual da extensão dos termos em relação ao paradigma do Projeto Computacional.

Fonte: CAETANO, SANTOS e LEITÃO, 2020 (ADAPTADO).

Apesar dos temores iniciais de que os métodos de Projeto Computacional substituíssem a função do arquiteto, verificamos que, em vez disso, eles atendem e apóiam suas necessidades criativas. Na verdade, seu uso em arquitetura provou capacitar os arquitetos com mais conhecimento de projeto, uma gama mais ampla de possibilidades de projeto, design e métodos de construção mais avançados e uma maior consciência e controle sobre a concepção do design. (CAETANO e LEITÃO, 2020, tradução livre)

FABRICAÇÃO DIGITAL Muitos arquitetos, de fato, incorporaram o CAD como ferramenta de desenho. No entanto, alguns profissionais romperam a simples barreira da representação e passaram a utilizar a computação para fabricar seus elementos arquitetônicos. É o que motivou o crescimento do CAM (Computer Aided Manufacturing, ou Manufatura Auxiliada por Computador) que, tendo como base os modelos matemáticos desenvolvidos no CAD, é capaz de encaminhar todas as coordenadas de produção para um maquinário de peso atribuído à criação de elementos arquitetônicos (PUPO, 2009).

Esse tipo de equipamento, principalmente as máquinas de controle numérico (CNC - Computer Numeric Control), até então de uso quase exclusivo da engenharia mecânica, é hoje amplamente utilizado na arquitetura, como responsável pela produção de fôrmas ou elementos construtivos que irão compor fisicamente o projeto idealizado pelo arquiteto. (PUPO, 2009) No processo e na produção da arquitetura, é notório as vantagens e benefícios proporcionados pela fabricação digital, principalmente por auxiliar a otimização projeto, ganho de tempo, antecipação das falhas por meio de simulações e um menor desperdício de materiais, visto que é possível fazer um planejamento para um melhor aproveitamento antes do corte. Além disso, o projeto ganha mais liberdade formal proporcionado pela flexibilidade e personalização do modelo (MIOTTO, 2016).

Apesar do reconhecimento das potencialidades da fabricação digital, no Brasil ainda existem restrições no uso das ferramentas.

Conforme Silva et al (2009), a carência do uso em massa dessas ferramentas no país deve-se nesse momento essencialmente à desinformação e à falta de qualificação profissional no contexto de ensino de projeto de arquitetura. Uma década depois, ainda é possível observar esse cenário em nosso país, sendo que essa falta de produção não é limitada pela ausência de recursos destinados a essa finalidade, mas sim pela desinformação dos profissionais sobre essa tecnologia, o que justifica a relevância de se aprofundar sobre a larga possibilidade de construção utilizando ferramentas computadorizadas.

Figura 1.5. Fresadora CNC na Universidade Federal de Viçosa.

Acervo do autor (2019).

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SISTEMAS FECHADOS E ABERTOS (OPEN DESIGN) Os componentes de fabricação digital podem ser produzidos por um sistema fechado ou aberto. No caso dos sistemas fechados, todos os elementos são desenvolvidos por um único fabricante e não podem ser alterados ou ampliados. A maior desvantagem desses sistemas é não permitir uma flexibilidade para atender as diferentes necessidades dos usuários (ABULNOUR, 2014).

Por outro lado, os sistemas abertos (open design, derivado do termo open source) possibilitam o uso de produtos desenvolvidos por diversos fabricantes e representa o desenvolvimento de produtos tangíveis e intangíveis sob domínio público, de modo que qualquer indivíduo possa estudar, modificar, distribuir, produzir e vender os mesmos (FJELDSTED et al., 2012).

Open Desk Um dos exemplos mais conhecidos de open design é a plataforma Open Desk². Eles hospedam uma série de móveis digitais que podem ser fabricados de qualquer lugar por fabricantes locais, o que permite que a manufatura seja feita de forma sustentável e acessível.

Figura 1.6. Mesa Colaborativa desenvolvida na Open Desk.

Fonte: opendesk.cc (2021).

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As vantagens apontadas são que os projetistas podem usar esse canal como forma de distribuição global dos seus produtos, os fabricantes podem explorar novas formas de produção, gerando empregos rentáveis e o usuário tem a possibilidade de obter produtos mais sustentável social e ecologicamente sem preços elevados.

Os designers que hospedam seus produtos na plataforma associam uma licença de uso específico para cada caso. É comum eles liberarem seus projetos sob uma licença não comercial, tentando evitar que a atividade comercial fique fora de seu controle. Caso queira fazer uso comercial dos produtos, é necessário se registrar como maker na rede Open Desk.

Por outro lado, a licença não comercial atende muitas demandas da cultura maker, com ela, é possível produzir para si, para um fablab, para escolas, trabalho e, dependendo de algumas licenças, é possível criar trabalhos variados a partir de projetos já desenvolvidos.

Nomade Editions Voltado à customização, a Nomade Editions³ é uma empresa que carrega o rótulo de “DIY Design” (Design Faça Você Mesmo) situado em Berlim, na Alemanha. Ele busca incorporar um novo patamar de fabricação, onde o usuário pode experimentar novas configurações dos móveis.

Ele busca substituir a atual produção em massa por uma ideia de customização em massa, onde as pessoas possam participar do processo de criação, tendo uma certa liberdade para desenvolver produtos, de acordo com demandas pessoais e específicas.

• Faça Você Mesmo ou encomende sob medida: Quando o projeto estiver com sua configuração finalizada, o usuário terá a opção de gerar um arquivo planificado .dxf desenvolvido para ser usado em uma fresadora CNC ou solicitar que a própria empresa, com seus fabricantes associados, confeccione o mobiliário final.

• Monte em casa: Com todas as peças fabricadas e acabadas, o mobiliário poderá ser montado usando ferramentas padrão, sem necessidade de equipamento especializado

A plataforma funciona nos seguintes passos: • Configuração e customização: A partir de um configurador presente na plataforma, o usuário pode especificar em medidas reais o tamanho, a forma e o material de acordo com as necessidades.

Figura 1.7. Captura de tela do configurador da plataforma.

Fonte: nomade-editions.com (2021).

² . Disponível em: https://www.opendesk.cc/. Acessado em 12 de abril de 2021. ³ . Disponível em: https://www.nomade-editions.com/about-us. Acessado em 12 de abril de 2021.

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arquitetura NÔMADE

Além de serem capazes de produzir elementos que podem ser incorporados a edifícios, o uso das ferramentas CAM, associadas a projetos paramétricos, torna possível o controle de todo o processo construtivo, desde a sua concepção (otimizada por meio do uso de ferramentas algorítmicas) até a fabricação final que deve ser encaminhada à obra.

Isso, por exemplo, torna possível o controle e a criação total de sistemas de construção de arquitetura temporária.

Na terceira edição do seu livro Portable Architecture, KRONENBURG (2003) comenta que os benefícios da arquitetura portátil são fáceis de compreender. No entanto, é complexa a maneira como as pessoas respondem às características temporárias das estruturas que estão acostumadas a pensar como permanentes. O autor destaca 4 principais vantagens desse modelo de arquitetura: função: edifícios portáteis, além de poder fazer quase tudo que os permanentes podem, são frequentemente capazes de realizar atividades impossíveis por outros meios. ambiental: os impactos ambientais são consideravelmente baixos, visto que podem ser localizados em áreas rurais ou urbanas com efeitos mínimos de longo prazo. alcance: podem ser incorporados em locais estrategicamente pensados para aumentar o número de pessoas alcançadas em um determinado período de tempo visão: por se tratar de uma estrutura incomum temporariamente localizada em um ambiente familiar, é possível que os olhares das pessoas sobre o ambiente ali estabelecido mude, tornando mais reconhecíveis seus atributos positivos e negativos.

As arquiteturas nômades e itinerantes podem trazer novos olhares ao território urbano, onde esse elemento irá contribuir para revigorar o espaço dando a ele novos significados e redesenhando o lugar, ao mesmo tempo em que se beneficia do local de instalação (MARTINEZ, 2008).

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EDIFÍCIOS PORTÁTEIS x RELOCÁVEIS x DESMONTÁVEIS Para se ter um olhar sobre arquitetura temporária, é necessário saber distinguir os tipos específicos. Kronenburg (2003) separa em três categorias simples: Edifícios portáteis: são aqueles que podem ser transportados inteiros e intactos. Geralmente tem incorporado um método de locomoção, o que torna tênue a linha que o divide entre edifício e veículo.

Edifícios relocáveis: aqueles que são transportados em partes e, quase instantaneamente, podem ser montados no local. Permitindo o rápido uso sem as limitações de tamanho de um edifício portátil.

Edifícios desmontáveis: aqueles que são transportados em várias peças para a montagem no local. Essa categoria é muito mais flexível em questão de tamanho e layout e tem a vantagem da compactação no transporte.

Figura 1.8. Port-a-Bach (Atelier Workshop), exemplo de arquitetura portátil. Fonte: archdaily.com (2013).

Figura 1.9. Sala de aula relocável (Anderson Anderson Arquiteura), exemplo de arquitetura relocável. Fonte: archdaily.com (2014).

Figura 1.10. Paper tube schools (Shigeru Ban), exemplo de arquitetura desmontável. Fonte: comoprojetar.com.br (2017).

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MÉTODOS CONVENCIONAIS x DESMONTÁVEIS

PRINCÍPIOS DE PROJETO PARA ARQUITETURA DESMONTÁVEL

Os métodos convencionais de construção geralmente têm dificuldade de adaptação (ou desmontagem) que facilite a recuperação dos materiais de forma economicamente viável. Muitos motivos estão atrelados a isso, como o custo massivo de conexões (como grampos e adesivos) difíceis de serem desfeitas e o uso constante de minerais inorgânicos e orgânicos (como o petróleo) em detrimento de materiais renováveis e baseados em fibra (GUY et al, 2003).

No século I a.c., o arquiteto romano Vitruvius, em sua obra “De Architectura”, propõe que a arquitetura se baseia em três princípios básicos: Venustas (beleza), Firmitas (firmeza) e Utilitas (utilitário). Apesar desses princípios ainda possuírem certa relevância no contexto arquitetônico, eles não levam em consideração as mudanças do mundo contemporâneo e as especificações das mais variadas formas de se fazer arquitetura (HEVIA, 2012).

Outro ponto que deve ser abordado é a questão da flexibilidade da construção. De acordo com a NBR 15575-1 (2013), as estruturas dos edifícios são projetadas para durar no mínimo 50 anos.

Entretanto, quando analisa-se a duração funcional no uso de um edifício, observa-se que ela é mais curta que a vida técnica dos materiais utilizados em seus componentes construtivos (BARRETO, 2017, apud DURMISEVIC, 2006). Isso gera dois grandes problemas que é importante destacar: o primeiro seria a questão econômica, visto que há uma parcela do valor despendido que não reflete em seu uso, e o segundo seria a questão sustentável, existindo a exploração de um recurso natural que será desperdiçado no futuro.

Se tratando especificamente de arquitetura desmontável, os autores Brad Guy e Nicholas Ciarimboli (2003) apontam em seu livro Design for Disassembly (Projeto para Desmontagem, em tradução livre) 10 princípios chave para a criação de um projeto desmontável. Seriam eles:

Portanto, é necessário mudar essa percepção de que a incorporação de elementos e sistemas projetados para montagem/desmontagem são destinados a ter vidas e afetam negativamente questões de estética e segurança de um edifício (GUY et al, 2003).

2. Selecionar os materiais usando o princípio da precaução. Os materiais devem ser escolhidos levando em consideração os impactos futuros e se tem viabilidade para reutilização e reciclagem.

1. Documentar materiais e métodos de desconstrução. Para contribuir com uma desmontagem eficiente, é necessário incluir nas especificações desenhos as-built, etiquetagem de conexões e materiais e um plano de desmontagem.

3. Projetar conexões acessíveis. Para evitar o uso de equipamentos caros ou um gasto grande com equipamentos de proteção e saúde ambiental, é necessário incorporar conexões que sejam ergonômicas e acessíveis fisicamente.

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4. Minimizar ou eliminar conexões químicas.

O uso de aglutinantes, selantes e colas sobre ou nos materiais dificultam a reciclagem e separação e potencializam os impactos negativos para a saúde humana e ecológica.

5. Usar conexões rosqueadas, aparafusadas e pregadas. Fazer o uso de uma quantidade limitada de conectores evitará o uso de ferramentas diferenciadas e o esforço para alternar entre elas.

Diante dos princípios expostos, fica evidente as especificidades que um projeto desenvolvido para a desmontagem deve atender. Além de ser necessário dar uma atenção aos aspectos comuns inerentes a todos os projetos arquitetônicos (como forma, conforto e funcionalidade) o processo de montagem e desmontagem depende de muitas características particulares que devem ser aprofundadas para otimizar e facilitar essa etapa. Uma simples repetição de peças ou simplificação de conexões podem reduzir consideravelmente o tempo despendido.

6. Separar sistemas mecânicos, elétricos e de encanamento. Separar os sistemas mecânicos, elétricos e de encanamento facilita o reparo, substituição, reutilização e reciclagem.

7. Projetar para o trabalhador e trabalho de separação. Os componentes projetados para a escala humana e o cuidado em possibilitar uma fácil remoção mecânica diminuirão a intensidade do trabalho e aumentarão a capacidade de incorporar uma variedade de níveis de habilidade.

8. Simplificar a estrutura e a forma. Sistemas estruturais simples e abertos, formas simplificadas e grades com dimensão padrão facilitarão a construção e desconstrução.

9. Intercambialidade. O uso de materiais e sistemas que exibem princípios de modularidade, independência e padronização facilitará a reutilização.

10. Desconstrução segura.

Permitir a movimentação e segurança dos trabalhadores, acesso ao equipamento e ao local e facilidade no fluxo de materiais tornará a reforma e desmontagem mais econômica e reduzirá os riscos.

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estudos de caso

estudos de caso Os autores LIU e LIM (2005), a partir da perspectiva de outras obras (elaboradas por Frampton, Frascari e Botticher, por exemplo) definem que os elementos tectônicos tradicionais são compostos por: junção, detalhe, material, objeto, estrutura, construção e interação. Além disso, eles abordam que quatro novos fenômenos emergiram com base no desenvolvimento de projetos digitais: movimento, informação, geração e fabricação.

Além da seleção de alguns elementos abordados por LIU e LIM (2005), foi inserido os termos Montagem/ Desmontagem e Portabilidade no intuito de aprofundar em questões específicas sobre arquitetura nômade.

Os elementos de análise adotados foram os seguintes:

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1. Junção: encaixes e conexões, capaz de unir partes, materiais e estruturas (Semper, 1951 apud LIU et al, 2005; Frascari, 1983 apud LIU et al, 2005; Frampton, 1995 apud LIU et al, 2005).

5. Estrutura: processos de transição de força, responsável pela estabilidade do sistema (Sekler, 1965; Vallhonrat, 1988 apud LIU et al, 2005).

2. Detalhe: fator de geração do projeto, também relacionado à repetição (Gregotti, 1983 apud LIU et al, 2005; Frascari, 1983 apud LIU et al, 2005).

6. Fabricação: forma pelas quais são produzidas as peças e materiais da construção (LIU et al, 2005).

3. Material: elemento de composição e formação da construção (Semper, 1951 apud LIU et al, 2005; Moneo, 1988 apud LIU et al, 2005).

7. Montagem/Desmontagem: método de junção de peças ou partes até proporcionar o uso.

4. Objeto: componentes da envoltória e outras partes do todo arquitetônico (Botticher, 1852 apud LIU et al, 2005).

8. Portabilidade: meio pelo qual o projeto é deslocado para diferentes localidades.

Estudos de Caso As análises a seguir serão feitas das seguintes produções arquitetônicas: • Rapana, uma biblioteca de rua projetada pelos arquitetos Yuzdzhan Turgaev, Boyan Simeonov, Ibrim Asanov e Mariya Aleksieva em Varna, na Bulgária; • Metropol Parasol, uma estrutura projetada pelo arquiteto Jürgen Mayer H; • Wikished, um galpão open-source desenvolvido a partir do WikiHouse v3.0 por Eric Schimelpfenig; e • A Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro.

Especialmente esse último não será estudado conforme os elementos de análise citados anteriormente devido às particularidades do seu programa.

Figura 2.1. Na sequência: Rapana, Metropol Parasol, Wikished e EAV Parque Lage.

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Figura 2.2. Biblioteca de Rua Rapana.

Fonte: Archdaily.com (2017).

rapana Construída na cidade de Varna, na Bulgária, a Rapana (figura 2.2) é uma biblioteca de rua projetada pelos arquitetos Yuzdzhan Turgaev, Boyan Simeonov, Ibrim Asanov e Mariya Aleksieva. Eles utilizaram ferramentas de design paramétrico para projetar e fabricar todo o sistema, feito de 240 peças de madeira. A leveza das peças e o método construtivo tornou o pavilhão facilmente desmontável.

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Esse estudo viabiliza a análise de um sistema desmontável funcional que tem também um apelo educacional e social. Além disso, sua própria estrutura apresenta uma boa funcionalidade, tornando o modelo otimizado.

Estudos de Caso

1. Junção Apesar de aparentar à primeira vista que as peças são conectadas por encaixe (típico do sistema estrutural Waffle), por meio dos vídeos de montagem é possível notar que existem muitas peças independentes e não é evidente as aberturas para união das estruturas.

Boa parte das peças visíveis são fixadas por meio de pequenas cantoneiras (figura 2.3) que não são evidentes a longa distância. Essa estratégia, por mais que faça uso de diferentes materiais, dão a impressão que todo o sistema está submetido a encaixes, o que permite a associação ao processo algorítmico desenvolvido pelos arquitetos.

Figura 2.3. Detalhe dos encaixes da biblioteca Rapana.

Fonte: Archdaily.com (2017).

2. Detalhes O processo de projeto se inicia com a delimitação de um centro de geração e um arco de abrangência.

A partir dele, uma seção vertical desenhada pelo arquiteto percorre todo o arco, criando a malha da biblioteca (figura 2.4).

Essa forma é associada a 3 tipos de fatiamentos que serão abordados a seguir.

Figura 2.4. Processo de geração da forma da biblioteca.

Fonte: Archdaily.com (2017).

29

Ele foi desenvolvido utilizando ferramentas de projeto paramétrico (mais especificamente com o software Rhinoceros e o plugin grasshopper) e seguiu uma lógica conhecida como Waffle a partir de 3 tipos de fatiamentos (slicing): 1. Fatiamento radial perpendicular ao plano do piso partindo do centro pelo eixo x 2. Fatiamento perpendicular ao plano do piso partindo do centro pelo eixo y até a metade da geometria 3. Fatiamento paralelo ao plano do piso da metade da geometria até o ponto mais externo

Fatiamento perpendicular pelo eixo x

Sólido inicial

Fatiamento paralelo

Geometria final

Fatiamento radial pelo eixo y Figura 2.5. Tipos de fatiamento no projeto.

Fonte: o autor (2021).

O fatiamento paralelo ao plano do piso possibilitou a utilização dessas peças como estantes para expor e compartilhar livros, com capacidade total de 1500 livros (figura 2.6).

O uso dessas ferramentas permitiu experimentar diferentes formas e variações, como altura e largura e a distância entre os fatiamentos.

Essas análises permitiram também encontrar um projeto que atendesse o conceito e encaixasse dentro do orçamento.

Figura 2.6. Estrutura da biblioteca sendo utilizada como estante.

Fonte: Archdaily.com (2017).

30

Estudos de Caso No intuito de demonstrar essas possibilidades, foi desenvolvido um script (figura 2.7) simplificado análogo ao projeto para explorar novas composições.

A partir da reprodução da geometria padrão, 3 variabilidades foram aplicadas (figura 2.8): a diminuição das secções radiais (que reduz o gasto de material), a extensão do arco de abrangência (para aumentar a área útil da biblioteca) e alteração na secção aplicada no arco de geração (demonstrando as possibilidades de alteração na forma).

Figura 2.7. Script de análise do projeto.

Fonte: o autor (2021).

Geometria padrão

Variação no seccionamento

Extensão no arco de abrangência

Alteração na seção de geração Figura 2.8. Variabilidade permitida pelo script.

Fonte: o autor (2021).

31

3. Material

As peças da construção foram feitas a partir de chapas de madeira de 250 x 125 cm. Além disso há a presença de cantoneiras de aço aparafusadas para permitir a fixação.

4. Objeto

O projeto tem uma forma ondulada desenvolvida em um semicírculo e se assemelha à concha de um caracol marinho (figura 2.9). Essa forma orgânica se dá devido a Varna ser conhecida como “A capital marinha da Bulgária”, levando em consideração aspectos da identidade do local.

O modelo final parte de um círculo com raio 0,5m possui 12m de comprimento por 6m de largura (que coincide com a largura da seção) e uma altura total de aproximadamente 3,15m. Além disso, há um pequeno assento interno de raio 2,5m.

Figura 2.10. Planta da biblioteca de rua Rapana, por Downtown Studio.

Fonte: Archdaily.com (2017).

32

Figura 2.9. Concha de caracol marinho.

Fonte: pxfuel.com / livre para uso comercial, DMCA.

Estudos de Caso

Figura 2.11. Corte e elevação da biblioteca de rua Rapana, por Downtown Studio.

Fonte: Archdaily.com (2017).

5. Estrutura O sistema estrutural se dá em todo o conjunto pelo aparafusamento perpendicular das peças de madeira com o auxílio de cantoneiras de aço.

6. Fabricação Utilizando o software Rhinoceros, a construção foi dividida em 240 peças e produzidas em uma máquina CNC (figura 2.12).

Figura 2.12. Peças em seu estágio de fabricação.

Fonte: Рапана (@rapanalibrary), Facebook.com.

33

Após a separação de todos os tipos de peças, a montagem desse sistema se inicia pelos pórticos e 7. Montagem/Desmontagem são conectados entre si pelas peças intermediárias da estante. A ideia é criar conjuntos de dois pórticos completos e inseri-los na estrutura final com um vão (com espaçamento correto) entre eles para só no fim colocar as peças entre os conjuntos (figura 2.13).

Essa estratégia otimiza o tempo de visualização do produto final, o que facilita o processo de montagem, uma vez que já está claro o destino final.

A montagem demandou um grupo de aproximadamente 5 pessoas e pôde ser realizada em praticamente um dia de trabalho.

Figura 2.13. Processo de montagem da biblioteca (extraído de vídeo).

Fonte: Archdaily.com (2017).

8. Portabilidade

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A biblioteca é desmontada e recolhida durante o inverno. Apesar de não ser pública as informações sobre onde ela é armazenada, ao observar o processo de montagem é possível julgar que o transporte não necessita de grandes estruturas.

Estudos de Caso

Figura 2.14. Metropol parasol.

Fonte: yatzer.com (2011).

metropol parasol Resultado de um concurso de projeto em 2004, o Metropol Parasol (projetado pelo arquiteto Jürgen Mayer H) foi o escolhido para a reconstrução da Plaza de La Encarnación em Sevilha na Espanha. O programa era fornecer um novo museu subterrâneo, lojas e mercado no térreo e uma praça com bares e restaurantes acima do solo.

diretamente modificadas e otimizadas pelos engenheiros de acordo com os resultados obtidos (KOPPITZ, 2011). Portanto, todos os dados da relação entre forma e forças eram calculados conjuntamente, o que possibilitou alcançar um produto final que atendesse a todos os membros da equipe de construção.

Essa edificação é um grande exemplo de produção integrada ao projeto. Desde a primeira fase de sua concepção, a geometria dos modelos 3D virtuais desenvolvidos pelos arquitetos eram

35

1. Junção

Para toda a obra, foram necessárias 2700 juntas que devem ser capazes de suportar forças de até 1300 KN. Alguns pré-requisitos precisavam ser atendidos: as dimensões deviam ser as mínimas possíveis e serem fáceis de montar. Apesar de todas as junções serem ortogonais em planta, em elevação todas elas têm ângulos diferentes, o que exigiu o desenvolvimento de um sistema modular flexível.

A solução encontrada foi o uso de hastes leves conectadas, porém com grande capacidade de carga. Elas podem ser giradas e rapidamente aparafusadas no canteiro de obras.

2. Detalhes

Com o intuito de criar uma área sombreada no local, o arquiteto projetou uma superfície livre que parte de 6 pontos no térreo e se funde a uma malha a aproximadamente 28m de altura. A partir disso, a geometria é submetida a um fatiamento (slicing) em dois sentidos ortogonais, seguindo a lógica waffle de geração. O fatiamento seguiu um espaçamento de 1,5x1,5m para facilitar a montagem no local.

Figura 2.15. Destaque das hastes flexíveis.

Fonte: Archdaily.com (2012).

Para explorar a lógica de geração da forma, foi desenvolvido um script simplificado (figura 2.17) projeto, que possibilitou testar uma variação na delimitação da forma e nos pontos de base (figura 2.18).

Cob

Delimitação da forma Figura 2.16. Geração simplificada da forma do Metropol Parasol.

Fonte: o autor (2021).

36

Pontos de base

Bases e

Estudos de Caso

Figura 2.17. Script simplificado da forma do Metropol Parasol.

Fonte: o autor (2021).

Geometria original

Alteração nos pontos e na forma Figura 2.18. Variação na forma do Metropol Parasol.

Fonte: o autor (2021).

bertura

Sustentação da cobertura

Fatiamento ortogonal

estruturais

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3. Material

Em toda a estrutura, diferentes materiais foram utilizados. A fundação e os poços do elevador foram feitos de concreto, a área do museu foi coberta com treliças de aço e concreto armado e o restaurante é sustentado por uma estrutura de aço com escoras inclinadas.

Além disso, a estrutura do guarda-sol é feita em madeira micro-laminada (kerto) com suas hastes de sustentação. Para protegê-la de possíveis fissuras, ela foi pulverizada com uma camada de poliuretano 2K de dois a três milímetros de espessura e foi feito um acabamento de tinta cor marfim claro para proteção UV. Essa combinação de materiais abriu novas possibilidades no tratamento de estruturas de madeira.

4. Objeto

Figura 2.19. Secção da madeira Kerto com poliuretano 2K. Fonte: KOPPITZ (2011) p. 263.

O elemento que mais se destaca é a enorme estrutura de madeira que fornece sombreamento no local. Apesar de sugerir diversas interpretações (como guarda-sol, cogumelo ou nuvem), ele não foi definido tipologicamente, representando uma nova identidade arquitetônica na cidade de Sevilha. Esses 6 elementos fundidos têm 28m de altura e 150m de comprimento total e se arranjam em uma malha ortogonal de 1,5 x 1,5 metros. Por cima da estrutura existem passarelas e um restaurante a 21,5m do solo, que favorecem a vista da região.

Figura 2.20. Vista aérea do Metropol Parasol. Fonte: yatzer.com (2011).

38

Estudos de Caso

Figura 2.21. Implantação do Metropol Parasol.

Fonte: yatzer.com (2011).

Figura 2.22. Cortes longitudinal e transversal do Metropol Parasol.

Fonte: yatzer.com (2011).

39

5. Estrutura

O primeiro desafio foi otimizar o modelo desenvolvido pelo arquiteto. Após vários estudos e simulações, a solução do sistema estrutural final foi apoiar os guarda-sóis em pilares de concreto. Além de suportar as hastes, eles também oferecem capacidade de carga suficiente para elevadores e escadas rolantes.

Como a estrutura de madeira não possui um tipo de cobertura fechada e rígida, ela se comporta como uma rede laminar bidirecional. Para dar rigidez à forma foram inseridas diagonais de aço para suportar as cargas que o sistema não compreende.

Uma estrutura mista de aço e concreto atenderam os níveis inferiores e a área dos guarda-sóis por questões de segurança, sendo reforçadas com uma subestrutura metálica e vigas de concreto.

Figura 2.23. Construção do Metropol Parasol.

Fonte: yatzer.com (2011).

6. Fabricação No processo de fabricação podemos notar as grandes vantagens do uso das ferramentas paramétricas. As informações do modelo arquitetônico desenvolvido pelo arquiteto Jürgen Mayer H foram integradas com os dados dos engenheiros estruturais da Arup que, por sua vez, produzem os arquivos de corte para o empreiteiro de madeira (FFM). Os resultados gerados também foram enviados para outros especialistas (IB Harrer) que puderam fazer novas verificações (KOPPITZ, 2011).

40

Figura 2.24. Padrão de corte dos painéis individuais de Kerto.

Fonte: KOPPITZ (2011) p. 269.

Estudos de Caso

7. Montagem/Desmontagem

Apesar de não ser um projeto que visa a desmontagem, ele faz uso de uma lógica de montagem que vale a pena ser observado. Foi dividido em 6 fases: Fase 1 - estrutura de concreto: Como a estrutura de aço do museu e mercado e a estrutura mista para a cafeteria elevada já estavam construídas, nessa etapa iniciaram a construção dos dois núcleos de concreto que recebem os elevadores e os outros 4 que sustentam os guarda-sóis.

Fase 2 - troncos de madeira: Partindo do topo dos pedestais de concreto, são montados os painéis de madeira até 16 metros de altura, de modo que garanta uma estabilidade temporária.

Fase 3 - estrutura principal: os elementos que se situam imediatamente após a construção anterior são montados no solo e içados para o local correto posteriormente.

Fase 4 - andaimes: para sustentar temporariamente a madeira fora da área dos troncos são construídos andaimes. Foram necessários dois guindastes para a montagem simultânea da madeira e dos andaimes.

Fase 5 - desmontagem dos andaimes: finalizada a montagem, os andaimes são desmontados de fora para dentro, garantindo a segurança. Por fim a praça é pavimentada novamente.

Fase 6 - retoques finais: tendo toda a infraestrutura concluída, a obra é finalizada com a incorporação de serviços específicos, como proteção contra raios, na estrutura de madeira.

Figura 2.25. Vista da plataforma e andaimes.

Fonte: KOPPITZ (2011) p. 269.

8. Portabilidade O projeto não possui a premissa de se instalar em diferentes localidades. Como são muitas peças e com grandes dimensões, o transporte seria intenso, sendo necessário o uso de guindastes.

Figura 2.26. Carpinteiros em cestos personalizados.

Fonte: KOPPITZ (2011) p. 269.

41

Figura 2.27. Exposição de um protótipo em escala reduzida do Wikished. Fonte: github.com (2014).

wikihouse - wikished

42

A Wikihouse é um sistema colaborativo aberto (open-source) de fabricação digital. Ele possibilita que qualquer pessoa possa projetar, fabricar e montar casas personalizadas de acordo com as próprias demandas. Sua estrutura é feita usando compensado de madeira usinada por uma fresadora CNC e disponível para qualquer pessoa na rede para aperfeiçoar ou produzir.

residência, seu objetivo final.

O modelo analisado foi o Wikished, que foi desenvolvido a partir do WikiHouse v3.0 por Eric Schimelpfenig. Usando a biblioteca aberta de componentes do Wikihouse, ele desenvolveu um galpão simples para se aprofundar sobre o modelo construtivo antes de se iniciar a elaboração de uma

As informações do exemplar foram retiradas de um arquivo que o autor disponibilizou no site GitHub (com necessidade de ajustes finais). Nele contém vídeos, imagens, modelo 3D, arquivos de corte, planilhas e imagens.

A escolha desse caso se dá pelo fato de que é um dos únicos modelos disponíveis publicamente para fabricação que possuem vários exemplares construídos. E também pelo fato de que é um sistema que possui muitas particularidades em relação aos encaixes e pela flexibilidade no acoplamento a outras estruturas.

Estudos de Caso

1. Junção Todo o sistema se estabiliza por meio de encaixes, evitando o uso de materiais diferentes, o que tornaria o processo mais trabalhoso. São identificados três tipos de encaixes utilizados: o conector dos pórticos S-Joint (figura 2.28), os encaixes das chapas de fechamento (figura 2.29) e os encaixes dos conectores horizontais secundários (figura 2.30).

O grande diferencial é o sistema S-Joint que, por ser simples, sua estrutura é constituída de menos peças e facilita a parametrização da geometria. Esse sistema é inclusive utilizado na elaboração de formas curvas em outros modelos, o que demonstra as maiores vantagens desse encaixe.

Figura 2.29. Encaixe da chapa de fechamento com a chapa de fechamento.

Fonte: MENDONÇA et al (2018) p. 4

Figura 2.28. Encaixe S-Joint.

Fonte: MENDONÇA et al (2018) p. 3

Figura 2.30. Encaixe do conector horizontal.

Fonte: MENDONÇA et al (2018) p. 3

43

2. Detalhes

O exemplar segue uma lógica de pórticos que se conectam entre si. Assim como os conectores, é possível separar o modelo em três sistemas: os pórticos modulares, o travamento intermediário e as vedações. Esse último tem uma importância fundamental, pois, além de fechar todo o modelo do exterior (paredes, piso e cobertura), também é responsável pela rigidez do conjunto, o que finaliza o travamento.

Figura 2.31. Tipos principais de peças.

Fonte: o autor (2021), seguindo modelo do desenvolvedor.

3. Material

Todo o sistema parte de placas de compensado OBS com dimensões de 122 x 244 cm e espessura de 18 mm, usinado em um fresadora CNC. Apesar de usar apenas a madeira, o autor recomenda que no acabamento seja utilizada uma cobertura ondulada e que o fechamento tenha algum revestimento, como por exemplo tapume de vinil. Além disso, ele pode ser assentado em concreto compactado simples.

Figura 2.32. Modelo desenvolvido por Eric Schimelpfenig.

Fonte: github.com (2014).

44

Estudos de Caso

4. Objeto O modelo final possui 3,60m de comprimento por 2,89m de largura. Desconsiderando a fundação, sua altura máxima é 3,24m e a mínima de 2,52m e o pé direito máximo e mínimo são, respectivamente, 2,75m e 2,14m. É composto por 3 módulos de 3,43m², totalizando uma área interna final de aproximadamente 10,3m².

O sistema é totalmente ortogonal com exceção da sua cobertura, que possui uma inclinação de 25%, permitindo a incorporação de coberturas que facilitem o escoamento.

2,15

2,62

2,13

2,77

3,36

3,30

1,18

3,61

1,17

2,44

1,22

2,88

2,44 2,91 Plan View

Section View

Figura 2.33. Planta e corte da Wikished.

Fonte: github.com (2014) - adaptado.

5. Estrutura

O sistema estrutural é composto pelo acoplamento de diferentes módulos de madeira, que por sua vez são constituídos de pórticos com travamento horizontal. A rigidez final do sistema se dá por meio das placas de vedação. As peças do pórtico são duplicadas, dobrando a resistência das peças, enquanto as placas de vedação, as peças de travamento e os conectores são individuais.

45

Construção de estacas e cunhas

Os painéis exteriores e interiores loqueiam na estrutura para uma rigidez estrutural incrível.

Juntas “S”

Moldura feita de OSB 23/32

Figura 2.34. Detalhe da estrutura da Wikished.

Fonte: github.com (2014) - adaptado.

6. Fabricação

Segundo a planilha fornecida pelo autor, o Wikished possui 45 tipos de peças (separadas em estruturas, conectores, fechamentos de parede, de piso e de cobertura) com um total de 407 peças.

Essas peças, após planificação, são enviadas para um software CAM capaz de configurar as coordenadas de movimento para usinagem em uma router CNC. Para verificar a viabilidade de construção, fizemos uma simulação de um dos módulos da Wikished utilizando o software Aspire 8.0 da empresa Vectric. O arquivo foi configurado para uma CNC de três eixos, com fresa de topo reto com diâmetro de 6mm, profundidade de passagem de 4mm, passo lateral de 2,4mm, velocidade de passagem de 15000 rotações por minuto, velocidade de avanço e velocidade de ataque de 500mm/seg em chapas de 1,22m x 2,44m com espessura de 18mm. Neste estudo não foi considerado o tempo de troca das chapas, fixação e gravação da identificação de cada peça.

46

__C Holder __Door Frame Solid Stock Header __Door Frame Solid Stock Tall __End Section Floor Panel Outer#1 __End Section Upper Interior Panel#1 __End Wall Interior Panel Lower#1 __End Wall Outer Panel Lower#1 __End Wall Outer Panel Upper Tall Side#1 __End Wall Upper Panel Short Side#1 __EW1 __EW2 __EW4 __EW5 __EW6 __F1 __F1 REAR __F2 __F2 REAR __F3 __F4 __F4 Rear __F5 __F6 __F6 REAR __F7 __Floor Panel Middle Outer#1 __Kick Panel#1 __Lower End Interior Panel#1 __Lower Exterior Wall Panel#1 __Lower Middle Interior Panel#1 __Mid Section Floor Panel#1 __Middle Interior Upper Wall Panel#1 __Middle Section Floor Outer#1 __Primary Connector __Roof Middle#1 __Roof Outer (Top or Bottom)#1 __Secondary Connector __Upper Interior End Section Short Side#1 __Upper Interior Header Panel#1 __Upper Interior Panel Short Side#1 __Upper Interior Panel Tall Side#1

0 108 2 4 4 2 4 4 2 2 8 2 4 2 2 12 12 6 6 12 6 6 12 6 6 12 2 2 4 6 2 1 1 2 39 3 6 24 2 2 2 2

Figura 2.35. Planilha da quantidade total de peças existentes.

Fonte: github.com (2014).

Estudos de Caso Apesar do arquivo de corte fornecido apresentar 41 chapas, foi observado um arranjo que poderia ser problemático, visto que havia muitas peças sem um bom afastamento entre si. Portanto, após o rearranjo, foram 50 chapas configuradas para a simulação (sendo 18 tipos diferentes), o que chegou ao resultado de 8 horas, 4 minutos e 14 segundos de usinagem das peças, demonstrando a rapidez na fabricação do exemplar.

Figura 2.36. Compilado de tipos de placas utilizadas na simulação.

Fonte: github.com (2014) - adaptado.

7. Montagem/Desmontagem

No ano de 2019, foi desenvolvido um estudo no NÓ.lab (UFV) sobre a aprimoração do modelo Wikished. Nele, além de estudar a lógica da construção, foi construído um modelo na escala 1:1,6, observando na prática a montagem do modelo.

A montagem se dá por etapas. Após a separação de cada tipo de peça, é iniciado no solo a montagem dos pórticos (figura 2.37) e acopladas as peças de travamento horizontal. Nisso, insere-se o pórtico oposto por cima das peças, permitindo a

elevação do sistema. Por fim, encaixam-se as placas de travamento para completar a rigidez.

A desmontagem segue o procedimento inverso, começando pela remoção das placas de vedação, disposição da estrutura no solo, remoção do pórtico oposto e das peças de travamento e a desmontagem do primeiro pórtico. É importante destacar que uma pessoa sozinha teria dificuldade de montar todo o modelo, dado o peso do objeto após montagem, sendo necessária duas ou mais pessoas.

47

Figura 2.37. Processo de montagem dos pórticos no solo.

Acervo do autor.

Figura 2.38. Módulo final montado e equipe do NÓ.lab responsável.

Acervo do autor.

8. Portabilidade

O exemplar desenvolvido não deixa restrito um modo de transporte específico, mas é possível tirar algumas conclusões a partir do estudo dos arquivos disponibilizados. Como foram calculadas 50 chapas de 1,22m x 2,44m com espessura de 18mm. É possível averiguar que todo o sistema poderia ser incorporado em um volume de aproximadamente 2.680 litros.

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Estudos de Caso

Figura 2.39. Palácio do Parque Lage.

Fonte: plantaoenfoco.com.br (2021).

escola de artes visuais do parque lage A Escola de Artes Visuais do Parque Lage é voltada para o campo das artes visuais contemporâneas, destacando seus aspectos interdisciplinares e transversais. Devido às suas relações com a visualidade, ela abrange também outros campos de expressão artística contemporânea, como música, dança, cinema, teatro, literatura e poesia. Fundada por Rubens Gerchman em 1975, a EAV passou a ocupar a mansão em estilo eclético, tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico e paisagístico. O seu destaque foi a tomada pela efervescência cultural gerada pelo

modelo de escola livre implementado por Gerchman.

Esse estudo visa analisar três pontos de destaque da escola: como se dá o modelo de escola livre que foi incorporado no espaço, a questão da praça como centro de convergência das atividades e como são organizados os espaços expositivos.

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Uma escola livre O termo “escola livre” é recorrentemente utilizado pelos professores e diretores para se referir à EAV do Parque Lage desde os anos 1970 em um cenário econômico e político daquele momento.

GERCHMAN (2008, apud SALDANHA, 2019) aponta que naquela época não havia lugar fixo e os alunos eram bem acolhidos, mesmo que não fossem inscritos nos cursos (que, por sua vez, não davam diplomas).

A intenção era que as áreas se intercomunicassem, levando ao diálogo entre pessoas com diferentes experiências com mais liberdade e sem censura.

A gestão de Rubens Gerchman iniciou-se em 1975 com 200 alunos e encerrou-se em 1979 e com 2000 alunos, essa frequência cada vez maior foi resultado da inquietação e da proliferação de meios criado por esse sistema, instituindo que a escola só fechasse de meia noite às 7h e atraísse cada vez mais pessoas.

HEICHBAUER (2015, apud SALDANHA, 2019), colaborador e professor do primeiro núcleo de artistas e intelectuais, aponta a prática da liberdade na escola. Nela, haviam pessoas de várias camadas da sociedade, uns eram estudantes e outros eram

jovens sem condições financeiras que encontravam no Parque Lage uma residência e um lugar para se afastar das violências do subúrbio. Além disso, as aulas não se limitavam ao espaço quadrangular da sala de aula. Elas podiam ser dadas no terraço, nos arredores, e os professores e artistas que lecionavam também praticavam a liberdade, estimulando sua criatividade e transformando seu modo de ensinar, tornando também um aprendizado.

A escola não diploma o estudante e também não exige um nível básico de aprendizado, o que consegue atrair um corpo de alunos altamente estimulantes, embora oscilante, que não estão em busca de um certificado, mas que tenha a intenção de construir um conhecimento (FLAKSMANN, 1978 apud SALDANHA, 2019). Pode-se considerar a EAV uma escola livre por permitir uma estrutura flexível que está em constante revitalização dos seus programas, incorporando as novas tendências e abordagens da arte contemporânea, e receber interessados independente de suas vivências passadas e anseios futuros (MORAES, 1998 apud SALDANHA, 2019).

Figura 2.40. Aula prática no Salão Nobre.

Fonte: estilomnovaes.wordpress.com (2010).

50

Estudos de Caso

Figura 2.41. Aula Aberta de Modelo Vivo na EAV Parque Lage.

Fonte: estilomnovaes.wordpress.com (2010).

A praça - um local de trocas O pátio do palácio foi atribuído a Frederico Morais e pelo corpo de professores e gestores como a ‘praça’ da Escola. A ideia é que aquele fosse o local de troca e ponto de convergência onde se estabeleciam os principais eventos. Os vários núcleos se organizavam ao redor desse núcleo central, reunindo matérias teóricas e práticas dadas em caráter Figura 2.42. Planta de setorização.

Fonte: Acervo Memorialage (2018) - adaptado

Planta Baixa Térreo

permanente, seminários, conferências, workshops e trabalhos coletivos (MORAES, 1988 apud SALDANHA, 2019). A oficina permanente na ‘praça’ da escola se tornou um lugar aberto para qualquer aluno ou professor interessado em sua reciclagem, um núcleo acessível a toda a escola.

Legenda Setorização:

Circulação

Administração

Sanitários

Áreas Preservadas

Loja Material Artístico

Salas de Aula

Áreas técnicas

Galeria Expositiva

Área de Convivência

Planta Baixa nobre

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O espaço expositivo A exibição de trabalhos de arte, de filmes, performances e debates são indispensáveis no espaço da escola. A arquitetura original do espaço favorece esse tipo de atividade, visto que seu desenho foi pensado para abrigar pequenos saraus, concertos e recitais organizados pelo casal Henrique Lage e Gabriella Besanzoni (SALDANHA, 2019). Algumas mostras (como a “Como vai você, Geração 80?”, de 1984) ocuparam todos os espaços e jardins do Parque Lage, demonstrando que a arte não demanda de um espaço fixo e delimitado, podendo sempre expandir seus limites.

Quando o aluno ou artista tem a oportunidade de participar de mostras em um espaço de produção e discussão, de troca e de investigação, de aprendizado e de formação, a própria galeria se transforma em uma extensão do ateliê e a obra passa a conviver com o olhar e a opinião de todos. E isso torna-se mais estimulante ao aluno, quando existe a possibilidade de submeter seu trabalho a diferentes pareceres (SALDANHA, 2019).

Figura 2.43. Situação do Parque Lage.

Fonte: Acervo Memorialage (2018) - adaptado.

52

Estudos de Caso

Cursos oferecidos Na EAV Parque Lage, existem 3 categorias de duração de cursos oferecidos: • Curta duração: que variam de um a três meses; • Semestral: 1 vez da semana durante 6 meses; e

Além disso, os cursos são divididos em 8 núcleos: Pintura e Desenho, Oficinas Gráficas e Fotográficas, Desenvolvimento de Projetos/Poéticas, Estudos Críticos e Curatoriais, Volume e Espaço, Imagem em Movimento, Corpos e Parquinho Lage.

• Contínuo: que ocorrem 1 ou 2 vezes por semana, onde os alunos podem se inscrever a qualquer momento.

Figura 2.44. Captura de tela da área de seleção dos cursos.

Fonte: http://eavparquelage.rj.gov.br/ (2021).

53

proposta de projeto

APRESENTAÇÃO

CONCEITO No intuito de desenvolver um espaço cultural paramétrico e itinerante de Artes Visuais que abrangesse aos estudos abordados anteriormente, foram atendidos os seguintes princípios: Flexibilidade: princípio norteador do projeto, no qual ele deve possibilitar diferentes arranjos espaciais, permitindo configurações diferentes quando situado em contextos (ou necessidades) diferentes. A elaboração de um espaço que não seja rígido formalmente permitirá que os usuários se apropriem do lugar; Simplificação: padronizar o modelo e elaborar peças construtivas que sejam simples e leves deve proporcionar que os próprios usuários participem e opinem na sua montagem, integrando a população local, os próprios usuários do espaço; Parametrização: otimizar a produção arquitetônica por meio da modificação de parâmetros pré-estabelecidos e visualizar suas consequências em tempo real; Permeabilidade: o projeto não deve se isolar no espaço urbano, permitindo a visibilidade e caminhabilidade no espaço inserido; e Efemeridade: permitir a instalação no local por aproximadamente 6 meses, permitindo oficinas e cursos de curta duração que acentuem as práticas artísticas locais e insira novos olhares para diferentes realidades.

FLEXIBILIDADE SIMPLIFICAÇÃO

+ PARAMETRIZAÇÃO

+ PERMEABILIDADE

+ EFEMERIDADE

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EQUIPE Os responsáveis pelo espaço poderão ser divididos em 3 equipes:

organizar os deslocamentos para diferentes territórios e cuidar da administração;

Equipe itinerante: um corpo de profissionais que dá suporte presencial e acompanha o edifício em todos os locais onde está inserido;

Artistas locais: é visado que as equipes remotas encontrem artistas e profissionais locais para dar suporte em oficinas e organizar exposições específicas sobre o local onde ele está inserido

Equipe remota: profissionais que podem, à distância, ministrar oficinas teóricas não presenciais,

EQUIPE REMOTA suporte

ARTISTAS LOCAIS trocas

EQUIPE ITINERANTE

Figura 3.1. Equipes atuantes no espaço.

Fonte: o autor (2021).

PROGRAMA Para organização do programa, os espaços poderão ser divididos em 2 ambientes gerais para as oficinas, com os seguintes núcleos fixos:

Livre: onde o edifício dará suporte, mas o protagonista será o próprio espaço urbano, com o núcleo de Fotografia.

Ambiente 2D: dedicados ao estudo das composições artísticas bidimensionais, com o núcleo de Desenho e Pintura;

Os núcleos citados foram pensados como fixos em cada local de instalação. No entanto, com as particularidades de cada local em que ele se insere, esses ambientes podem dar suporte a diferentes oficinas, valorizando a produção artística local

Ambiente 3D: criação de modelos físicos preparados digitalmente (mas com suporte para fabricação manual), com o núcleo de Fabricação Digital;

NÚCLEOS FIXOS

EXEMPLOS DE OFICINAS POSSÍVEIS

AMBIENTE 2D

AMBIENTE 3D

LIVRE

Desenho e Pintura

Fabricação Digital

Fotografia

• Desenho com grafite e carvão;

• Criação de mobiliário urbano;

• Urban Sketch; • Fotografia Urbana;

• Técnicas aguadas (nanquim, aquarela); • Desenho de observação; • Criação de quadrinhos;

• Maquete física e virtual; • Manipulação de CNC de pequeno porte; • Princípios do corte a laser; • Impressão 3D;

• Instalações artísticas contemporâneas; • Atividades infantis;

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PRIMEIRo modelo

LÓGICA DE PÓRTICOS Semelhante à estratégia da Wikished, a primeira concepção visou gerar pórticos que se conectam por meio de peças de travamento horizontais. Criando módulos que podem ser submetidos a diferentes combinações.

O estudo foi todo feito no software Rhinoceros + Grasshopper. Para criação do pórtico principal, os dados de entrada (inputs) foram os seguintes parâmetros de medida: • Comprimento - espaço interno caminhável • Menor altura do pé direito • Maior altura do pé direito • Largura do pórtico - criado externamente ao espaço caminhável • Escolha se as conexões superiores são em arco • Caso seja em arco, o raio dessa borda superior Além disso, no intuito de criar peças pequenas e padronizadas, são inseridas também a posição dos planos de recorte no pórtico. Tanto na base (que se prolonga até a cobertura), quanto nas paredes.

As informações de saída (inputs) seriam todos os tipos diferentes de peças e o cálculo da inclinação da cobertura.

Figura 3.2. Parâmetros iniciais do modelo Fonte: o autor (2021).

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Para geração da forma, a partir dos parâmetros de comprimento e alturas dos pés direitos, são determinadas as extremidades internas do pórtico e conectadas através de um polígono fechado.

dois perpendiculares a eles. Respeitar medidas preestabelecidas proporcionam uma variação no futuro, permitindo que essas peças se alterem para se comportar como mobiliário.

Na sequência, as junções das bordas superiores são transformadas em arcos, através do parâmetro preestabelecido.

Por fim, tendo as geometrias estabelecidas, uma superfície final é gerada, facilitando a manipulação do modelo.

Por meio do deslocamento (offset) dessa geometria interior, é criada a moldura do pórtico, respeitando a largura estipulada anteriormente.

Como o desnível da cobertura é dado pela diferença entre as alturas dos pés direitos, é automaticamente calculada a inclinação da cobertura e apresentada como dado final, facilitando análises futuras.

Visando a padronização das peças e a separação da cobertura, são estipulados 4 planos de corte, sendo dois paralelos ao plano do piso e

DETERMINAÇÃO DAS EXTREMIDADES INTERNAS DO PÓRTICO

CONEXÃO DOS VÉRTICES

TRANSFORMAÇÃO EM ARCO DAS BORDAS SUPERIORES

CRIAÇÃO DA MOLDURA

RECORTE DAS PEÇAS

CRIAÇÃO DAS SUPERFÍCIES FINAIS Figura 3.3. Processo de geração da forma.

Fonte: o autor (2021).

A elaboração desse modelo foi realizada por meio de um script no Grasshopper, conforme apresentado a seguir.

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SCRIPT DOS PÓRTICOS

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Figura 3.4. Script de geração do pórtico Fonte: o autor (2021)

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CRIAÇÃO DOS MÓDULOS peças que permanecem iguais em todo o módulo

Com o intuito de criar módulos padronizados que podem se acoplar em diferentes posições, o pórtico pode ser inserido em uma base trapezoidal a partir de seu prolongamento e rotação.

De acordo com a lógica do script desenvolvido, ao inserir os pórticos na base modificando seu comprimento (para atender às questões da geometria) ele mantém algumas peças com a mesma forma, o que as tornam iguais (figura 3.3) independente da configuração espacial.

Figura 3.5. Variações na inserção do pórtico na base trapezoidal.

Fonte: o autor (2021)

Figura 3.6. Isométrica do modelo.

Fonte: o autor (2021).

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O script foi aprimorado para receber os pórticos elaborados anteriormente e inseri-los na base trapezoidal. Nesse caso, novos parâmetros foram incorporados, que são: • Aresta menor do polígono - que no exemplo foi 1,2 m; e a • Aresta maior do polígono - que no exemplo foram 4 m.

Diante disso, podemos verificar as vantagens que o processo de parametrização proporciona no processo de projeto, visto que a alteração de um único parâmetro se relaciona com toda a produção, evitando o esforço de reconstruir o modelo desde o início.

Diante do módulo desenvolvido, algumas estratégias de acoplamento foram testadas, abordadas a seguir.

Figura 3.7. Script de inserção do pórtico na base trapezoidal Fonte: o autor (2021)

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ESTRATÉGIAS DE ACOPLAMENTO Como a geometria é sempre a mesma nos módulos, é possível que haja o acoplamento de diferentes maneiras, tornando o espaço cultural singular em cada contexto de implantação.

Como modo de tornar o espaço mais participativo, essa própria configuração pode ser feita em contato com a população. Tornando os próprios usuários responsáveis pelo produto final.

De acordo com as variáveis do lugar (necessidades, restrições de tamanho, fluxo de pessoas, valorização da paisagem, etc) os módulos podem se conectar de modo que potencialize as características do ambiente em que está inserido.

Além disso, de acordo com as demandas apresentadas em decorrência do uso, novos módulos podem ser incorporados ou removidos, tornando sua implantação sempre dinâmica.

Figura 3.8. Possibilidades de acoplamento.

Fonte: o autor (2021).

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SEGUNDo modelo

PÓRTICOS INCLINADOS No intuito de analisar formas diferentes, esse segundo modelo, análogo ao anterior, insere parâmetros que permitem a inclinação das arestas verticais do modelo.

Para sua geração, foram incorporados os seguintes novos dados de entrada (inputs): • Graus de inclinação - recomendando um valor dentro do intervalo de 0 a 30 graus; e • Variação do modelo - uma escolha entre 4 tipos possíveis (inclinação para o interior, inclinação para o exterior e as duas alternadas).

Além disso, visando o futuro desenvolvimento do modelo, foi inserido também os parâmetros específicos para os encaixes horizontais: • A escolha entre ligar e desligar essa opção; • O número de subdivisões os as peças poderão se encaixar; • a largura do encaixe; e • a espessura da peça de encaixe.

Além disso, alguns parâmetros foram removidos, como a possibilidade da junção superior ser em arco e o cálculo de inclinação.

Figura 3.9. Parâmetros iniciais do modelo Fonte: o autor (2021).

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TIPO 0

TIPO 1

TIPO 2

TIPO 3 Figura 3.10. Tipos de variações do modelo.

Fonte: o autor (2021).

Nesse modelo, a geometria do pórtico é criada a partir da interseção entre as linhas inclinadas e as diferentes alturas estabelecidas anteriormente. Um parâmetro de escolha permite estipular quais pontos são conectados, sendo possível escolher entre 4 alternativas diferentes.

Como é possível gerar situações em que nenhum ângulo seja ortogonal, um detalhe foi

pensado para que o recorte das peças sempre seja perpendicular à aresta em questão, o que facilita a padronização das peças e a criação de conexões.

A criação das peças com furos para encaixe de travamentos horizontais permitiu enxergar a possibilidade de aprimorar ainda mais esse modelo no futuro.

DETERMINAÇÃO DAS EXTREMIDADES INTERNAS DO PÓRTICO

CONEXÃO DOS VÉRTICES

CRIAÇÃO DA MOLDURA

POSICIONAMENTO DO RECORTE

RECORTE PERPENDICULAR DAS PEÇAS

SUPERFÍCIES FINAIS SEM FUROS

CURVAS DE ALINHAMENTO DO ESPAÇO PARA ENCAIXE

SUPERFÍCIES FINAIS COM FUROS

Figura 3.11. Processo de geração da forma.

Fonte: o autor (2021).

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SCRIPT DOS PÓRTICOS INCLINADOS

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Figura 3.12. Script de geração dos pórticos inclinados Fonte: o autor (2021)

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PADRONIZAÇÃO Apesar dos pórticos serem inclinados, o fato de usar sempre ângulos complementares permite que eles possam se conectar.

A manipulação da inclinação que pode ocorrer em momentos para o interior ou exterior do espaço possibilita arranjos diversificados de acordo com a necessidade do lugar e demanda dos usuários.

Além disso, esse processo possibilita que haja uma padronização das peças, dado que o

script possibilita que a cobertura seja independente.

Portanto, essa estratégia diminuiria a complexidade do modelo, facilitando o processo de montagem e desmontagem.

Nos esquemas ao lado é possível observar que é possível criar novos arranjos a partir de peças que foram desenvolvidas inicialmente com outros propósitos.

Figura 3.13. Exemplificação do contato entre ângulos complementares.

Fonte: o autor (2021).

Figura 3.14. Processo de espelhamento das coberturas do tipo 0 e 1.

Fonte: o autor (2021).

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PEÇAS COM A MESMA GEOMETRIA

Figura 3.15. Destaque das peças com mesmo geometria (acima) e possibilidades de novos arranjos a partir de modelos distintos (abaixo).

Fonte: o autor (2021).

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CRIAÇÃO DOS MÓDULOS Como os novos pórticos são inclinados, a estratégia de rotacionar como o modelo anterior é inviável, dado que certas variações irão gerar uma face de contato maior que as outras, impedindo o pleno acoplamento.

destino) que, relacionado com uma fonte de pórticos ortogonais, se molda aos limites estabelecidos, produzindo o modelo final.

Portanto, a estratégia escolhida para representação de um módulo funcional foi restringir o tamanho das arestas que conectam entre si com as mesmas dimensões da base. Essas arestas fornecem a geometria de um volume (chamado aqui de caixa de

Esse método ainda necessita de aprimoramento para alcançar boas técnicas construtivas, visto que produz pórticos não completamente perpendiculares ao plano do piso. No entanto, foi capaz de determinar que a geometria produzida pela caixa de destino atende às necessidades formais de conexão entre diferentes módulos.

CRIAÇÃO DO PÓRTICO CENTRAL

CRIAÇÃO DA CAIXA DE DESTINO

RESTRIÇÃO DAS ARESTAS DE CONEXÃO

PÓRTICOS FINAIS Figura 3.16. Processo de geração dos módulos.

Fonte: o autor (2021).

GEOMETRIA FONTE

Figura 3.17. Script de geração dos módulos.

Fonte: o autor (2021).

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Figura 3.18. Na sequência: vista de topo, frontal, lateral e isométrica Fonte: o autor (2021).

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ESTRATÉGIAS DE ACOPLAMENTO O segundo modelo apresenta uma limitação referente ao acoplamento dos módulos. A geometria dos módulos não permite que eles sejam alocados lado a lado. Limitando-os a uma malha trapezoidal preestabelecida.

Mesmo com essa limitação, ainda mantêm a característica de acoplamento em diferentes sentidos, permitindo grande variabilidade.

Figura 3.19. Exemplo de acoplamento não possível.

Fonte: o autor (2021).

Figura 3.20. Malha com exemplos de insersão dos módulos. Fonte: o autor (2021).

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IMPLANTAÇÕES A seguir, alguns exemplos de implantações do modelo em diferentes terrenos planos a partir do acoplamento de módulos de aproximadamente 12 m².

caso 1 Situação onde o espaço cultural é implantado permitindo a livre circulação de pessoas, proporcionando um contato indireto daqueles que transitam no local.

área construída: 240 m ²

caso 2 Uma implantação que promove eventos expositivos com uma área de apoio

área construída: 132 m ²

caso 3 O espaço funciona como local de passagem, interagindo com ambientes anexos.

área construída: 168 m ²

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caso 4 Situação que permite diferentes acessos, vantajoso para locais abertos.

área construída: 96 m ²

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detalhes

MOBILIÁRIOS INTEGRADOS À FORMA Com a definição dos módulos, é possível pensar na possibilidade de alterar pontualmente as seções para que a sua forma ganhe novas características e usos.

Os estudos a seguir apresentam variações em uma das faces do segundo modelo. No entanto, a estratégia também pode ser utilizada no modelo anterior.

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permeabilidade aumentada Com o reforço dos pórticos externos, é possível remover os intermediários para que o módulo tenha contato com ambiente externo ou outros blocos conectados à ele.

fechamento A opção mais rígida é fechar a face em questão com travamentos horizontais e uma vedação externa. Análogo à biblioteca Rapana, os travamentos horizontais paralelos ao plano do piso tornam-se suporte para livros e outros materiais.

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assento Uma pequena alteração em uma das peças possibilita a criação de um assento no local.

assento com suporte Modificação em relação ao anterior para associar o assento a um apoio próximo.

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mesa com fechamento Criação de uma mesa para o local com fechamento completo da face.

mesa como divisão de ambientes Uma face alterada pode se relacionar com outra de mesma natureza. Nesse caso, as mesas incorporadas dividem o ambiente sem perder o contato entre os dois ambientes.

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Figura 3.21. Script de insersão dos parâmetros iniciais.

Fonte: o autor (2021).

JUNTA - S No intuito de avançar nas discussões sobre as conexões dos pórticos, foi desenvolvido um script capaz de produzir os encaixes de Junta-S (análogo aos modelos da Wikihouse) independente da posição e tamanho das arestas das peças.

A ideia é incorporar esse script ao modelo definitivo de modo a aprimorar o processo de projeto, alcançando um modelo adequado para fabricação.

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Figura 3.22. Geometria inicial e resultado do script.

Fonte: o autor (2021).

Figura 3.23. Sequência de montagem da junta-S. Fonte: o autor (2021).

Figura 3.24. Script de geração da junta-S. Fonte: o autor (2021).

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prototipagem

Para estudar a viabilidade da construção, foram fabricados digitalmente 2 módulos de cada proposta no FabLab da UFV (situado no Departamento de Arquitetura e Urbanismo).

A maquete foi configurada para uma escala de 1:50 em papel couro de 2mm de espessura cortado a laser.

Inicialmente os modelos da primeira proposta seriam idênticos. Mas, não intencionalmente, um deles foi montado com os pórticos espelhados e, mesmo assim, pôde se conectar com o outro, demonstrando as vantagens da padronização das peças.

Os modelos escolhidos da segunda proposta foram o tipo 2 e 3, promovendo o encaixe entre as arestas mais altas.

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Figura 3.25. Arquivo preparado para corte.

Fonte: o autor (2021)

Figura 3.26. Placa de papel couro 2mm imediatamente após o corte a laser Fonte: o autor (2021)

85

Figura 3.27. Protótipo em escala reduzida do primeiro modelo.

Fonte: o autor (2021)

Figura 3.28. Protótipo em escala reduzida da alternativa do primeiro modelo.

Fonte: o autor (2021)

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Figura 3.30. Protótipo em escala reduzida do segundo modelo (tipo 2).

Fonte: o autor (2021)

Figura 3.29. Protótipo em escala reduzida do segundo modelo (tipo 3).

Fonte: o autor (2021)

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Figura 3.31. Exemplo de acoplamento do primeiro modelo.

Fonte: o autor (2021)

88

Figura 3.32. Exemplo de acoplamento do segundo modelo.

Fonte: o autor (2021)

Figura 3.33. Protótipos finais em escala reduzida.

Fonte: o autor (2021)

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