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Acerte na escolha
O que levar em consideração na hora de escolher o fertilizante a ser aplicado em sua propriedade e como a qualidade do produto pode impactar em problemas como segregação, variação da dose e da fórmula no sulco
Otema qualidade de fertilizante, apesar da importância, ainda é pouco abordado. Todo ano é comum produtores perguntarem pela qualidade de sementes, sobre quanto o material produziu, com o objetivo de realizar as compras do ano seguinte. Mas infelizmente o mesmo critério não é adotado em relação à qualidade de fertilizantes.
No Brasil, boa parte das empresas de fertilizantes é apenas misturadora de grânulos, que elabora as formulações. A produção interna de matérias-primas tem sido insuficiente para atender à demanda, o que resulta no aumento das importações dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, que constituem os três grupos de materiais de fertilizantes presentes na composição do enxofre, da amônia, da rocha fosfática e rocha potássica.
De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em 2019 foram consumidos aproximadamente 36,3 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil, um aumento de 2,25% em relação ao ano de 2018.
Você costuma dosar a quantidade de adubo com base na intepretação da análise de solos? Ou acaba comprando o mesmo adubo que o vizinho? Ou, ainda, o mais barato? Saiba que adubação em excesso ou insuficiente pode acarretar complicações.
As adubações em excesso podem causar custos desnecessários, desenvolvimento anormal da planta, toxidez, salinidade, redução na absorção de outros nutrientes devido ao acúmulo de outro, crescimento excessivo, ou seja, acamamento, dificultando a colheita.
Já as adubações insuficientes, bem como menores quantidades dosadas, ocasionam falhas na germinação, desuniformidade de plantas, que ficam mais suscetíveis à entrada de doenças e pragas, plantas de porte menor, deficiências de nutrientes e, consequentemente, queda na produtividade.
QUALIDADE DOS
FERTILIZANTES
Infelizmente, alguns fertilizantes nacionais são de péssima qualidade. Basta olhar para o fertilizante e avaliar os tamanhos dos grânulos. Primeiramente, há diferentes nutrientes, cada um com tamanho e formato diverso (Box).
A falta de padrão de tamanho pode acarretar problemas, como segregação, variação da dose e variação da fórmula no sulco.
Segregação é a separação dos grãos, que em algumas unidades beneficiadoras pode ser feita pela mesa densimétrica, pelo movimento vibratório em uma mesa que tem cada canto de suas pontas em uma altura diferente. Dessa forma, irá separar os grãos por tamanho, pois cada um tem um peso, que na vibração tenderá a se separar. Isso irá ocorrer também na semeadora, claro que não na mesma intensidade de vibração do exemplo fornecido. Mas esta ação irá resultar na alteração da fórmula que está caindo no sulco, ou seja, se planejei e regulei 250kg/ha de dose, esta dosagem não estará com a quantidade de N-P-K que deveria ter.
A variação da dose precisa levar em conta que os dosadores já variam acima de 20% no campo. Dependendo do modelo, alguns oscilam de 50% a até 75%. Fator que resta agravado por esta variação no tamanho dos grânulos e no seu formato. Para verificar
este exemplo na prática, basta ir até a semeadora com algumas sacolas e coletar fertilizante a cada 10m. Faça três coletas e após compare as amostras.
Em função da segregação, esta separação dos grânulos irá repercutir na alteração da fórmula inicial, pois os grânulos mais pesados tenderão a ir para o fundo da caixa, assim, dosando mais um nutriente do que outro e resultando na variação da fórmula no sulco. Além disso, há inúmeras causas que afetam a dose do fertilizante, como densidade, umidade, dureza, dosagem, tipo de dosador, perfil e tamanho da rosca, inclinação do terreno e velocidade de deslocamento.
Embora existam regulamentações a serem seguidas (Instrução Normativa n° 39, de 2018), o fertilizante não é avaliado, em virtude de uma grande infraestrutura governamental necessária e não disponível. Entretanto, há um parâmetro utilizado para controle de qualidade, o índice de dispersão granulométrica ou de partículas (GSI), que fornece quanto o ferti lizante irá segregar, ou seja, a separação e acomodação seletiva das partículas por ordem de tamanho, com a movimentação e a trepidação do produto (separação dos grânulos).
A baixa segregação irá resultar em alta uniformidade de aplicação. Já a média, em média uniformidade de aplicação, e a alta segregação fornecerá uma baixa uniformidade de aplicação. Um trabalho realizado no Nesma, com avaliação de cinco fertilizantes utilizados no Rio Grande do Sul, chegou aos resultados observados na Tabela 1 e na Figura 2.
Conclui-se que nenhum dos fertili-
Rosa, Girardi e Conte explicam características dos fertilizantes
zantes testados apresentou um índice de dispersão granulométrica considerado baixo, apenas os fertilizantes D e E demonstraram média segregação e uniformidade de aplicação. Já os demais apresentaram alta segregação. Isso significa que ocorrerá uma desuniformidade na aplicação de fertilizantes, devido à separação dos grânulos na própria “caixa de adubo na plantadeira”. Isso irá resultar na má distribuição dos nutrientes, ocasionando manchas com deficiências de alguns elementos na lavoura.
A granulometria do elemento fósforo da fórmula 02-23-23 (Fertilizante D) apontou um coeficiente de variação de 58,60%. Se isso já ocorreu apenas com a presença do fósforo, quando forem adicionados o nitrogênio e o potássio, que também possuem uma granulometria diferenciada no seu tamanho, a tendência é de que haja ainda mais segregação quando juntar toda essa variação de granulometria na caixa da semeadora ao dosar.
C C
David Peres da Rosa, Junior Girardi e Paulo Henrique Conte, IFRS Campus Sertão Nesma Formato de cada nutriente

Potássio é achatado, cheio de ângulos nas suas faces
Fósforo é arredondado
Nitrogênio e cálcio são arredondados
Tabela 1 - Avaliação realizada pelo Nesma com cinco fertilizantes

1 2 3 4 5
03-21-21 – NPK no grão (A); 02-23-23 – mistura de grânulos (B); 05-20-20 – mistura de grânulos (C); 02-23-23 – mistura de grânulos (D); 05-20-20 – mistura de grânulos (E).
Figura 1 - Índice de dispersão granulométrica ou de partículas (GSI)


Figura 2 - Índice de dispersão de partícula (GSI) e coeficiente de variação (CV) da distribuição linear dos fertilizantes Fotos C. M. Oliveira
Figura 3 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga capillata
Colmos sugados
O percevejo Tibraca limbativentris é uma das principais pragas que provocam prejuízos à cultura do arroz, seja por dificultar a fotossíntese ou por prejudicar o transporte de nutrientes à planta. Para enfrentar este inseto, o ideal é que se utilize a associação de medidas de controle, que levem em consideração as condições ambientais, o conhecimento do agroecossistema e a presença de inimigos naturais

Vários fatores causam queda no rendimento e na produção das culturas de interesse agrícola. Sem dúvida, pragas é um deles. Na cultura do arroz, o percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) é reconhecido com uma das principais, causando preocupação aos orizicultores brasileiros. Caso o controle não seja realizado e os surtos elevados, esse inseto é capaz de reduzir a produção em até 80%.
Presente nos países da América do Sul e Central, o percevejo-do-colmo do arroz tem potencial para se tornar uma praga invasora nos Estados Unidos. Distribuído na maioria dos estados onde se produz arroz no Brasil, a praga ocorre em todos os sistemas de cultivo, tanto no arroz irrigado quanto em terras altas, também conhecido como arroz de sequeiro.
Na fase de desenvolvimento vegetativo da cultura, entre os 30 dias e os 50 dias, encontra-se o período crítico de incidência da praga, sendo recomendado o monitoramento constante da lavoura e, se necessário, a aplicação de medidas de controle. Inseto de hábito alimentar sugador, o percevejo-do-colmo se ali-
menta na base dos colmos das plantas de arroz. Ao inserir o aparelho bucal no colmo da planta de arroz, o inseto suga a seiva e introduz saliva que contém enzimas, que necrosam a área onde acorre a alimentação, ocasionando a interrupção parcial ou total do transporte de nutrientes na planta. Na fase vegetativa, o dano resulta no sintoma conhecido como “coração morto” (morte da folha central) e na fase reprodutiva, no sintoma conhecido como “panícula branca” (má-formação das panículas). Esses danos causam a redução da fotossíntese na planta, que é convertida em perdas econômicas para os produtores. O percevejo não causa danos diretos às panículas.
O ciclo de vida do percevejo (ovo a adulto) é de aproximadamente 60 dias, dependendo das condições climáticas (temperatura e umidade). Os ovos são cilíndricos, depositados em fileira dupla, preferencialmente na parte abaxial das folhas mais velhas. O período ninfal apresenta cinco instares. A partir do segundo instar, as ninfas começam a se alimentar. Depois de 24 horas de contínua alimentação, as plantas de arroz podem apresentar os sintomas decorrentes do dano. Uma fêmea adulta pode ovipositar até 1.300 ovos. A cada 60 dias, uma nova geração pode se iniciar, assim, estima-se que até três gerações do percevejo-do-colmo possam ocorrer em uma mesma estação de cultivo de arroz.
Na entressafra e em escassez de alimento, o percevejo-do-colmo é comumente encontrado em gramíneas, em diversas espécies de ciperáceas nativas ou, ainda, abrigado sob os restos culturais. Nesses locais, o percevejo entra em diapausa reprodutiva, reduzindo o seu metabolismo. Com o início das chuvas e o aumento das temperaturas, os insetos deixam os locais de refúgio e se movem para as lavouras de arroz.
O principal método de controle adotado pelos produtores é o químico, por meio dos inseticidas sintéticos. Em geral, os produtores fazem de uma a três aplicações, dependendo do nível de infestação. Muitas vezes as pulverizações são realizadas via aérea, principalmente no sistema de cultivo irrigado. Um dos entraves que fazem com que as pulverizações com inseticidas não sejam eficientes é o fato de ninfas e adultos se localizarem preferencialmente na base dos colmos, reduzindo a chance de que o inseti cida atinja o alvo. O uso excessivo e indiscriminado de inseticidas pode acarretar perda de eficácia e resistência dos percevejos. Fato esse que pode ser confirmado no primeiro registro de resistência de T. limbativentris na região produtora de Formoso do Araguaia - Tocantins. Sendo assim, é importante considerar este aspecto ao escolher o inseticida, bem como os cuidados com a aplicação.
Além dos inseticidas químicos, outras alternativas podem ser utilizadas no controle do percevejo-do-colmo. Uma delas é o controle biológico por meio de parasitoides de ovos. A espécie Telenomus podisi tem se destacado nos últimos anos em pesquisas, mostrando eficácia no controle do percevejo-do-colmo em arroz, com alto índice de parasitismo. Esse parasitoide já é comercializado para o controle do percevejo-marrom (Euschistus heros) na cultura da soja, sendo vendido comercialmente.
Outro agente de controle biológico de eficácia comprovada reside nos fungos entomopatogênicos, envolvendo principalmente o fungo Metarhizium anisopliae. A aplicação de M. anisopliae para o controle do percevejo-do-colmo tem apresentado eficiência de controle satisfatória, com bom potencial de epizootia, se
Ovos e ninfas de Tibraca limbativentris

espalhando rapidamente, causando o colapso da população de percevejos. A ação do fungo pode ser favorecida pelas condições ambientais de alta umidade do cultivo de arroz irrigado, permanecendo ativo por um período maior no ambiente. Essa espécie de fungo é disponível comercialmente em formulações, que podem ser aplicadas por meio de pulverizadores convencionais, sendo compatível com outros inseticidas.
Uma prática importante no manejo do percevejo-do-colmo consiste na destruição das plantas hospedeiras localizadas em torno da lavoura, ou de qualquer elemento que possa servir de abrigo para os insetos no período de entressafra. Essa prática contribui para a redução da população de percevejos que estão em diapausa e consequentemente na diminuição da população da safra seguinte. Pode ser realizada por meio de roçada e até mesmo com a associação de inseticidas químicos.
Para implementar um manejo eficiente do percevejo-do-colmo do arroz é imprescindível a amostragem da lavoura. O controle é recomendado quando as populações atingirem uma média de 0,8 percevejo/m² a um percevejo/m2. O ideal é que se utilize a associação de medidas de controle, considerando as condições ambientais, o conhecimento do agroecossistema e a presença de inimigos naturais. Por meio do manejo integrado, é possível diminuir a população do percevejo-do-colmo, mantendo-a abaixo do nível de dano econômico, reduzir as perdas em arroz e o uso de inseticidas químicos.
André Cirilo de Sousa Almeida, IF Goiano-Campus Urutaí
Programa respectivamente (USDA, 2020). Os valores não serão maiores ainda devido a reduções de produtividade por estresses abióticos, como seca e bióticos como o de manejo ataque de pragas e doenças. Estima-se que reduções de 15 a 20% na produção de soja seja devido ao ataque de patógenos em parte aérea. A mais de uma década, o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática da soja, vem protagoniDoenças como ferrugem-asiática e manchas em zando o papel de “vilão” nas lavouras de soja são responsáveis recorrentes pela limitação da soja do Brasil. Apesar disso, nos últimos produtividade da cultura da soja. Por isso compreender anos, as doenças conhecidas como DFC’s (Doenças de final de ciclo), passaram de a dinâmica desses patógenos e aprender a reagir, com “coadjuvantes” a “protagonistas” em almedidas como a definição do momento ideal de início das aplicações de fungicidas, a combinação correta gumas regiões, causando grandes reduções de produtividade. Um exemplo, é a Corynespora cassiicola, agente causal da de ingredientes ativos e avaliações de desempenho a mancha-alvo. Estudos apontam reduções campo, são fundamentais para resguardar a sanidade de produtividade de 42% devido ao patógeno (Molina et al., 2019). das lavouras e proteger o investimento do produtor No manejo de doenças foliares da soja, o momento ideal de início das apliOBrasil é o maior produtor de soja no a produção brasileira na safra 2020/21 cações, a combinação de ingredientes mundo. Na última safra o país pro- pode atingir 131 milhões de toneladas, ativos na primeira e sucessivas aplicaduziu mais de 120 milhões de tone- cerca de 19 e 77 milhões de toneladas ções, a adição ou não de multissítios, em ladas (Conab, 2020), estimativas apontam que a mais que Estados Unidos e Argentina, quais aplicações adicionar multissítios

são perguntas constantes de produtores, técnicos e pesquisadores. Na busca de informações acerca destas questões, uma rede de ensaios composta por instituições do Brasil e Paraguai foi desenvolvida. O objetivo foi avaliar programas de fungicidas aplicados para o controle de ferrugem asiática e mancha-alvo em dois cenários (semeadura cedo e tardia), combinando momento e ordem de aplicação de diferentes produtos, além da adição de multissítios. Para sumarizar os resultados das diferentes regiões, a técnica conhecida como metanálise foi adotada.
ENSAIOS
Na safra 2019/20 foram realizados 46 ensaios distribuídos nas principais regiões produtoras de soja do Brasil e do Paraguai, sendo estes conduzidos por instituições de pesquisa, universidades, pesquisadores e consultores. Em cada local, duas épocas de semeadura (cedo e tardia) foram realizadas. Para semeaduras precoces (cedo) o objetivo foi estudar programas de fungicidas aplicados para o controle de manchas foliares e, na semeadura tardia, o objetivo foi avaliar o controle da ferrugem asiática da soja. Nos dois cenários, foi mensurado a eficiência de controle das doenças e o impacto destes programas na produtividade da cultura.
Os tratamentos foram compostos por combinações de fungicidas disponíveis no mercado e produtos em processo de registro no MAPA (ensaios instalados sob RET). Ingredientes ativos, concentrações e doses utilizadas estão descritas nas Tabelas 1 e 2.
Os ensaios contaram com 12 tratamentos conduzidos em delineamento de blocos casualizados e quatro repetições. Três programas de manejo (protocolos) foram conduzidos de acordo com a região de condução do ensaio (Sul e Cerrado/ Sudeste) e a época de semeadura (cedo e tarde) (Tabela 3).
FERRUGEM ASIÁTICA
Ensaios conduzidos na segunda época (tardia) apresentaram como objetivo o controle da ferrugem asiática. No sul, os ensaios foram compostos por 12 tratamentos, sendo uma testemunha sem aplicação de fungicidas e tratamentos com início das aplicações no estádio vegetati vo (V7-V8, 25 a 30 dias após emergência- DAE) ou início do reprodutivo/pré-fechamento (R1, 30 a 45 DAE) com aplicações posteriores em intervalo de 14 dias. Os tratamentos foram compostos por diferentes combinações de grupos químicos e ingredientes ativos (Tabela 4 - Protocolo 1).
Já os tratamentos conduzidos no Cerrado para controle da ferrugem asiática apresentaram início das aplicações dos fungicidas no pré-fechamento das entrelinhas (35-40 DAE) com diferentes combinações de grupos químicos e ingredientes ativos na primeira (35-40 DAE) e segunda (50-55 DAE) aplicações, além da presença ou não de multissítios em todas as aplicações (Tabela 5 - Protocolo 3).
As aplicações foram realizadas através de pulverizador costal de pressão constante (CO2) e volume de calda de 150 L ha-1 .
ENSAIOS MANCHAS
Os ensaios conduzidos no Sul e Cerrado na primeira época (semeadura cedo) apresentaram como objetivo o controle de manchas foliares, principalmente mancha-alvo, causada por Corynespora cassiicola. No sul, os mesmos tratamentos utilizados para controle de P. pachyrhizi (Ferrugem asiática) foram testados para mancha-alvo. Nos ensaios conduzidos no Cerrado, em todos os tratamentos, exceto na testemunha, houve a adição de multissítio a diferentes combinações de estrobilurinas + carboxamida e estrobilurinas + triazol nas duas primeiras aplicações (Tabela 6 - Protocolo 2).
AVALIAÇÕES
Em todos os ensaios foram realizadas avaliações de severidade das doenças previamente à primeira aplicação e também aos 7 e 14
Tabela 1 - Ensaios conduzidos na safra 2019/20 com semeadura cedo
Executor Centro Sul Cons. CERES Cons. Circulo Verde F. Chapadão FitoLab F. Rio Verde F.MS Inst. Phytus/DF Inst. Biológico UFMT Agrodinâmica Kasuya cons. PA cons. F. MT CTPA UPF Caroline Wesp CCGL URI Inst. PythusRS Passo Fundo Consultor UEL F. ABC Grupo Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Sul Sul Sul Sul Sul Sul Sul Sul Sul
Estado GO MT BA MS MT GO MS GO SP MT MT BA MT MT GO RS RS PR RS RS RS PY PR PR
Cultivar BMX Desafio RR TMG 2181 IPRO M9144 RR DM 75I76 TMG 2181 IPRO TMG 2181 IPRO BMX Garra IPRO TMG 7059 IPRO 98Y30RR M8210 IPRO TMG 2181 IPRO M8349 IPRO HO Javaés IPRO TMG 2181 IPRO GA 76 IPRO ATIVA BMX ZEUS IPRO BMX ZEUS BMX ZEUS BMX Lança IPRO BMX ZEUS BMX Garra BMX Lança IPRO Data de semeadura 18/11/2019 15/10/2019 30/11/2019 15/10/2019 11/10/2019 15/10/2019 17/10/2019 23/12/2019 10/10/2019 29/10/2019 11/10/2019 17/11/2019 30/10/2019 16/10/2019 05/11/2019 25/11/2019 24/10/2019 23/10/2019 24/10/2019 29/10/2019 22/11/2019 11/10/2019 23/10/2019 30/10/2019
Alvo Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Manchas Tabela 2 - Ensaios conduzidos na safra 2019/20 com semeadura tarde
Executor Centro Sul Cons. CERES Cons. Circulo Verde F. Chapadão FitoLab F. Rio Verde F.MS Inst. Phytus/DF Inst. Biológico UFMT Agrodinâmica Kasuya cons. PA cons. F. MT CTPA UPF Caroline Wesp CCGL URI Inst. PythusRS Consultor UEL F.ABC Grupo Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Cerrado Sul Sul Sul Sul Sul Sul Sul Sul
Estado GO MT BA MS MT GO MS GO SP MT MT BA MT MT GO RS RS PR RS RS PY PR PR Cultivar BMX Desafio RR Syn 1687 IPRO M8349 IPRO M8372 RR IPRO M8372 RR IPRO M8372 RR IPRO HO Tererê IPRO HO Maracaí IPRO 98Y30RR BMX FOCO Msoy 8372 IPRO M8349 IPRO TMG 2181 IPRO M8372 RR IPRO BMX BÔNUS IPRO NS 6909 IPRO BMX Lança IPRO BMX Lança BMX Lança BMX Lança IPRO BMX Potência BMX Lança IPRO Data de semeadura 20/12/2019 21/11/2019 02/01/2020 19/11/2019 05/12/2019 11/12/2019 18/12/2019 23/12/2019 27/11/2019 28/01/2019 29/11/2019 16/12/2019 05/12/2019 20/11/2019 02/12/2019 30/11/2019 21//11/2019 29/11/2019 29/11/2019 30/11/2019 12/12/2019 28/12/2019 20/12/2019
Alvo Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem C CFerrugem Ferrugem Ferrugem Ferrugem
Figura 1 - Estimativa média do efeito da aplicação de fungicidas para controle de ferrugem asiática na produtividade e eficiência de controle através da metanálise (Ensaios região Sul). Box verde indica efeito significativo (P<0,05), box vermelho indica efeito não significativo (P>0,05). Valores dentro dos boxes indicam incremento em produtividade ou eficiência de controle

Figura 2 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de ferrugem asiática com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios região Sul). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos

dias após cada aplicação. A severidade foi estimada com auxílio das escalas diagramáticas de Mancha-alvo (Soares et al., 2009) e Ferrugem asiática (Godoy et al., 2006). Com base nos dados de severidade, foi calculada a Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e baseado nesta, foi determinada a eficiência de controle. As avaliações de produtividade foram realizas com a colheita das três linhas centrais de cada parcela e a umidade dos grãos corrigida para 13%.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
As informações obtidas em todos os ensaios foram sumarizadas através da metanálise. De forma simples, a metanálise é um conjunto de técnicas estatísticas que visa sumarizar o efeito verdadeiro de uma técnica ou produto, que ao conduzir apenas um ou dois ensaios muitas vezes não é clara. Para isso, inicialmente, a análise de variância foi realizada em cada ensaio. Produtividade e eficiência de controle, além dos valores do erro padrão da média de cada tratamento foram utilizados para metanálise. Para inclusão do ensaio na análise, critérios de seleção foram adotados: apenas ensaios que apresentaram severidade da doença alvo (Ferrugem ou Mancha-
Figura 3 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de ferrugem asiática com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios região Sul). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos

-alvo) superior a 10% na última avaliação foram incluídos, e, casos em que ocorreram outras doenças (além da doença alvo) a níveis superiores a 10% não foram considerados. A metanálise multivariada foi adotada para estimar o efeito de programas de controle na produtividade e eficiência de controle (a 5% de probabilidade). A abordagem permite a comparação entre todos os tratamentos. Dois cenários foram testados: 1) Produtividade de tratamentos com aplicação de fungicidas em relação a testemunha sem aplicação e 2) Comparações entre os tratamentos com aplicações de fungicidas. As análises foram realizadas com auxílio do programa R.
RESULTADOS
Os ensaios conduzidos na safra 2019/20 totalizaram 46, sendo 28 no Cerrado e 18 no Sul. Destes, 2 ensaios não apresentaram ocorrência de doenças, 6 apresentaram severidade na testemunha <10%, 12 apresentaram outras doenças além da doença estudada a níveis >10% e por isso, não foram considerados para metanálise. Ao todo, 26 ensaios atenderam os pressupostos e foram usados na metanálise. Os ensaios não apresentaram fitotoxicidade. Em geral, não foram identificados sintomas e sinais de doenças no momento
Figura 4 - Estimativa média do efeito da aplicação de fungicidas para controle de ferrugem asiática na produtividade e eficiência de controle através da metanálise (Ensaios Cerrado). Box verde indica efeito significativo (P<0,05), box vermelho indica efeito não significativo (P>0,05)

Figura 5 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de ferrugem asiática com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios Cerrado). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos Figura 6 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de ferrugem asiática com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios Cerrado). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos

da primeira aplicação.
FERRUGEM – ENSAIOS SUL
No sul, os primeiros casos de ferrugem asiática foram relatados na primeira e segunda semana de dezembro de 2019 no Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente. Vale destacar que o número de ocorrências, bem como o progresso da doença no campo foi inferior quando comparado à safras anteriores. Em função disso, cinco ensaios foram utilizados para metanálise. Os resultados mostram que a produtividade foi superior em todos os tratamentos com aplicações de fungicidas em relação à testemunha, sem aplicação destes produtos. As estimativas médias de ganho de produtividade variaram de 619 a 893 kg ha-1, em função do programa adotado. O programa com início das aplicações em V8 (25-30 DAE) e combinações de Vessarya e ou picoxistrobina + protioconazol, apresentaram as maiores estimativas médias de produtividade em relação à testemunha (Figura 1).
Na comparação entre os tratamentos, não houve efeito significativo entre o Tratamento 2 (iniciando em V8 e duas aplicações de Vessarya) e o Tratamento 6 (equivalente, sem aplicação no ve-

Figura 7 - Estimativa média do efeito da aplicação de fungicidas para controle de Mancha-alvo no cerrado na produtividade e eficiência de controle através da metanálise (Ensaios Cerrado). Box verde indica efeito significativo (P<0,05), box vermelho indica efeito não significativo (P>0,05)

getativo). Já no tratamento com duas aplicações de picoxistrobina + protioconazol (F12), o início das aplicações em V8 (T4) apresentou produtividade média superior de 231,1 kg ha-1 em relação ao equivalente iniciando em R1 (T8). Não houve efeito na produtividade do início das aplicações em V8 e R1 para tratamentos com picoxistrobina+protioconazol (F12) e Vessarya (T3 vs T7) e Vessarya e picoxistrobina+protioconazol (F12) (T5 vs T9). Da mesma forma, a produtividade não diferiu entre os tratamentos com aplicação de Vessarya (T5 e T9) ou picoxistrobina + protioconazol (F12) em R1 (T3 e T7) (Figura 2).
A produtividade média foi de 253,1 e 229,6 kg ha-1 superior nos tratamentos com início das aplicações em V8 e Vessarya (T2) ou picoxistrobina+protioconazol (F12) em R1 (T4), em relação ao tratamento com (trifloxistrobina + protioconazol + bixafem) + mancozeb (T10) (Figura 3).
FERRUGEM – ENSAIOS CERRADO
Os ensaios conduzidos no Cerrado incluídos na metanálise foram 12. Todos os tratamentos apresentaram produtividade superior à testemunha sem aplicação. No controle da

Figura 8 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de mancha-alvo com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios Cerrado). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos
Figura 9 - Estimativa média de produtividade e eficiência de controle de comparações entre programas de manejo de mancha-alvo com aplicação de fungicidas através da metanálise (Ensaios Cerrado). “vs” indica o comparativo entre os tratamentos

ferrugem asiática, tratamentos com aplicação de Vessarya e picoxistrobina+protioconazol (F12) (T7) ou picoxistrobina + protioconazol (F12) e Vessarya (T4) em R1 e R3-R4 apresentaram a maiores estimativas médias de ganho de produtividade em relação a testemunha, com 820,5 e 824,6kg ha-1, respectivamente (Figura 4).
A adição de multissítio a picoxistrobina+protioconazol (F12) e Vessarya nas aplicações em R1 e R3-R4 (T4), respectivamente, resultaram em acréscimo médio de produtividade de 118.7 kg ha-1 em relação ao tratamento correspondente sem adição (T3). Ainda, os resultados mostram que a primeira aplicação (R1) com Vessarya (T7) ou picoxistrobina+protioconazol (F12) (T5) apresentaram produtividade média de 91,6 e 128,7 kg ha-1 superior a picoxistrobina+ciproconazol (F13) (T6) na primeira aplicação, não diferindo entre si. Nesse contexto, a adoção de Vessarya na primeira aplicação em R1 (T7) apresentou produtividade 145,7 kg ha-1 superior ao programa com aplicação de picoxistrobina + protioconazol (F12) na primeira em R1 (T3) (Figura 5).
Os tratamentos com aplicação de picoxistrobina + protioconazol (F12) + multissítio (T4), picoxistrobina + protioconazol (F12) (T5), pi coxistrobina+ciproconazol(F13) (T6) e Vessarya (T7) apresentaram produtividade superior ao tratamento com (azoxitrobina + benzovindiflupir) (T10) e não diferiram de (trifloxistrobina + protioconazol + bixafem) (T9) e (fluxapiroxade + piraclostrobina) (T8) (Figura 6). Tabela 3 - Fungicidas utilizados nos programas de controle de doenças foliares em soja Produto Ingrediente ativo g.ia.L dose (mL/ha)
Fungicida 1 (F1) piraclostrobina+epoxiconazol+fluxapiroxade 50+50+81 800
Fungicida 2 (F2) clorotalonil 500 1500
Fungicida 3 (F3) difeconazol+ciproconazol 250+150 200
Fungicida 4 (F4) azoxistrobina+benzovindiflupir 300+150 200
Fungicida 5 (F5) trifloxistrobina+protioconazol 150+175 500
Fungicida 6 (F6) trifloxistrobina+protioconazol+bixafem 150+175+125 600
Fungicida 7 (F7) piraclostrobina+fluxapiroxade 333+167 300
Fungicida 8 (F8) trifloxistrobina+ciproconazol 375+160 200
Fungicida 9 (F9) Oxicloreto de cobre 588 500 Fungicida 10 (F10) fenpropimorfe 750 300
Controller NT Mancozebe WP 800 1500 Fungicida 11 (F11) Mancozebe WG 750 1500 Fungicida 12*(F12) picoxistrobina+protioconazol 100+116 600 Fungicida 13* (F13) picoxistrobina+ciproconazol 90+40 600 Vessarya picoxistrobina+benzovindiflupir 100+50 600
*Produto em processo de registro fase III (RET)
MANCHA-ALVO – ENSAIOS CERRADO
Os ensaios conduzidos no Cerrado incluídos na metanálise foram 11. Todos os tratamentos apresentaram produtividade superior à testemunha sem aplicação. Os tratamentos com aplicação de picoxistrobina+protioconazol (F12) e (trifloxistrobina + protioconazol + bixafem) em R1 apresentaram as maiores estimativas de ganho de produtividade em relação a testemunha, com 796,4 e 801 kg ha-1, respectivamente. O tratamento com (fluxapiroxade + piraclostrobina) (T8) apresentou o menor incremento de produtividade em relação a testemunha, com 269,5 kg ha-1 (Figura 7). Resultados semelhantes foram apresentadas por Molina et al. (2019) em estudo de metanálise com ensaios conduzidos entre 2012 e 2016 em seis estados brasileiros, com estimativa média de incremento de 330 kg ha-1 .
A adição de multissítio nas aplicações aos 65-70 e 80-90 DAE (T4) no programa com picoxistrobina + protioconazol (F12) e Vessarya, resultaram em acréscimo de produtividade médio de 221,7 kg ha-1 em relação ao tratamento correspondente sem adição nas duas últimas aplicações (T3). Não houve efeito significativo em produtividade entre os tratamentos com Vessarya (T7), picoxistrobina + protioconazol (F12) (T5) e picoxistrobina + ciproconazol (F13) (T6) na primeira aplicação para o controle de manchas foliares (Mancha-alvo) (Figura 8).
Trat
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 25-30 DAE Testemunha F13*** F13*** F13*** F13***
*Padrão consultor livre Tabela 4 - Programa de aplicação de fungicidas em ensaios conduzidos no grupo sul
35-45 DAE (pré-fechamento) Testemunha Vessarya + Controller NT F12** + Controller NT F12 + Controller NT Vessarya + Controller NT Vessarya + F2 F12 + Controller NT F12 + Controller NT Vessarya + F2 F6 + F12 F7 + F9 Padrão consultor livre Protocolo 1
50-60 DAE Testemunha Vessarya + Controller NT Vessarya + Controller NT F12 + Controller NT F12 + Controller NT Vessarya + Controller NT Vessarya + Controller NT F12 + Controller NT F12 + Controller NT F5 + F12 F1 + F9 Padrão consultor livre 65-75 DAE Testemunha F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT Padrão consultor livre 80-90 DAE**
F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT F13 + Controller NT Padrão consultor livre
Tabela 5 - Programa de aplicação de fungicidas em ensaios conduzidos no grupo cerrado em semeadura "Tarde"
Trat Protocolo 3 35-40 DAE 50-55 DAE 65-70 DAE 80-85 DAE 1 Testemunha Testemunha Testemunha Testemunha 2 F13** Vessarya Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 3 F12** Vessarya Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 4 F12 + Controller NT Vessarya + Controller NT Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 5 F12 F12 Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 6 F13** F13 Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 7 Vessarya F14 Vessarya + Controller NT F13 + Controller NT 8 F7 F1 F10 + F9 F10 + F10 9 F6 F6 F8 + F11 F8 + F12 10 F4 F4 F3 + F2 F3 + F3 11 Padrão consultor Padrão consultor Padrão consultor + Controller NT Padrão consultor + Controller NT 12 Padrão consultor Padrão consultor Padrão consultor Padrão consultor
DAE = Dias após emergência; * Produtos escolhidos pelo consultor com adição de Controller NT **Produto em processo de registro fase III (RET)
Os tratamentos com aplicação de picoxistrobina + protioconazol (F12) + multissítio (T4), picoxistrobina + protioconazol (F12) (T5), picoxistrobina + ciproconazol (F13) (T6) e Vessarya (T7) apresentaram produtividade superior aos tratamentos com (azoxitrobina + benzovindiflupir) (T10) e (fluxapiroxade + piraclostrobina) (T8) e não diferiram de (trifloxistrobina + protioconazol + bixafem) (T9). Para início das aplicações com picoxistrobina + protioconazol (F12) (R1) e na sequência Vessarya (R3-R4) a produtividade foi em média 444,4 e 268,9 kg ha-1 superior a programas com aplicação de (fluxapiroxade + piraclostrobina) (T8) e (azoxitrobina + benzovindiflupir) (T10), respectivamente (Figura 9).
Os resultados revelaram incremento de produtividade quando multissítio foi adicionado às aplicações de 65-70 e 80-90 DAE. Godoy et al. (2020) em ensaios em rede também observaram melhora no controle de mancha-alvo com adição de multissítios em regiões onde foram relatados menor sensibilidade do fungo a sítios-específico.
CONCLUSÕES
No controle da ferrugem asiática da soja os programas com adição de multissítios a sítio-específicos apresentaram produtividade média superior de 220 kg ha-1. Programas com aplicações de picoxistrobina+protioconazol (F12) e Vessarya foram superiores a programas que iniciaram as aplicações com (azoxitrobina + benzovindiflupir) e (fluxapiroxade + piraclostrobina), e não diferiram dos programas com (trifloxistrobina + protioconazol + bixafem).
A adição de multissítios a misturas de fungicidas sítio-específicos conferiu acréscimo de 120 kg ha-1 no controle de mancha-alvo. picoxistrobina+protioconazol (F12) e Vessarya apresentaram produtividade superior quando comparado a picoxistrobina+ciproconazol (F13) na primeira aplicação. Vessarya na primeira aplicação e picoxistrobina+protioconazol (F12) na segunda, apresentaram-se como importantes ferramentas no controle de manchas foliares da soja.
C C
Expert Team Corteva Alfredo Riciere Dias, Fundação Chapadão Eder Novaes Moreira, FitoLab Luana Belufi, Fundação Rio Verde Jose Fernando Grigolli, Fundação MS Nedio Rodrigo Tormen, Instituto Phytus Silvania Helena Furlan, Instituo Biológico Solange Maria Bonaldo, UFMT Valtemir Jose Carlin, Agrodinamica Luis Henrique Barbosa Kasuya, Kasuya Consultoria Paulo Sergio de Asuncao, PA Consultoria Jose Nunes Junior, CTPA Mônica Müller, Fundação MT Monica Cagnin Martins, Circulo Verde Ricardo Silveiro Balardin, Instituto Phytus Wilfrido Morel, Consultor Marcelo Giovanetti Canteri, UEL Senio Prestes, Fundação ABC Lucas H. Fantin, UEL Rogerio Rubin, Fabricio Passini e Marcus Fiorini, Corteva Agriscience
Trat
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela 6 - Programa de aplicação de fungicidas em ensaios conduzidos no grupo cerrado em semeadura "Cedo"
35-40 DAE Testemunha F13** + Controller NT F12** + Controller NT F12 + Controller NT F12+ Controller NT F13 + Controller NT Vessarya + Controller NT F7 + Controller NT F6 + Controller NT F4 + Controller NT Padrão consultor + Controller NT Padrão consultor Protocolo 2
50-55 DAE Testemunha Vessarya + Controller NT Vessarya + Controller NT Vessarya + Controller NT F12+ Controller NT F12+ Controller NT F12+ Controller NT F1 + Controller NT F6 + Controller NT F4 + Controller NT Padrão consultor + Controller NT Padrão consultor 65-70 DAE Testemunha Vessarya Vessarya Vessarya + Controller NT Vessarya Vessarya Vessarya F10 F8 F3 Padrão consultor Padrão consultor 80-85 DAE
Testemunha F13 F13 F13 + Controller NT F13 F13 F13 F10 F8 F3
Padrão consultor
Padrão consultor
Em 2018 foi lançada uma ferramenta denominada Agroideal, um sistema de inteligência e gestão territorial que auxilia na tomada de decisões que objetivem evitar ou mitigar riscos socioambientais, sem prejuízo das metas produti vas e financeiras. A ferramenta está disponível on-line (https:// agroideal.org), sendo seu uso gratuito. A intenção deste artigo é promover a discussão sobre o tema e sobre a importância desta ferramenta e de similares, para a competividade do agronegócio.
A soja é o grande produto do agro brasileiro, e continuará sendo por décadas avante, razão pela qual o foco do Agroideal se iniciou por esta cultura, mas já incorporou também a pecuária. A soja movimenta inúmeros elos ao longo de sua cadeia de valor, tangenciada por outras cadeias importantes, como carnes e bioenergia. Mas não se restringe a isso, são mais de 500 produtos que utilizam soja, seja pelo consumo direto ou aditivos. A soja está presente na margarina, na maionese, nas barrinhas de cereais, nos molhos para saladas e nos suplementos proteicos. Ela é também utilizada na fabricação de tintas, velas, giz de cera, estofados, papel-jornal reciclado, bancadas, painéis particulados e em uma variedade de outros produtos de uso diário.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
A demanda global por soja deve se manter em alta nas próximas décadas. O Brasil, atualmente responsável por mais de um terço da produção mundial de soja, tem tudo para ampliar seu protagonismo no mercado internacional, nos próximos anos. Para tanto, é necessário agir com visão e inteligência, para atender as crescentes exigências de sustentabilidade, que são impostas pelos países importadores, mercê da pressão social.
A soja, que iniciou sua saga no Brasil pelo Rio Grande do Sul, em terras já ocupadas pela agricultura, expandiu-se gradativamente rumo ao Centro e ao Norte do País. Ocupou parcelas importantes do Cerrado e franjas do bioma amazônico. Que originalmente abrigam uma grande biodiversidade, incluindo espécies endêmicas, não encontradas em outros habitats. Além disso, a cobertura florestal original abriga grandes reservatórios de carbono, essenciais para impedir o avanço das mudanças climáticas.
A forma como se vai aumentar a produção de soja é muito importante para a preservação desses ecossistemas. Preferência deve ser dada ao aumento sustentável da produtividade. E se for necessário expandir área de cultivo, o desafio é utilizar áreas onde se possa cultivar soja de forma sustentável, tanto quanto possível mantendo as florestas intactas, sempre resguardando a produtividade e o retorno financeiro.
Para tanto, é mister que as empresas e os produtores rurais possam acessar informações e parâmetros de sustentabilidade corretos e precisos. Segundo os desenvolvedores do Agroideal, este é o objetivo precípuo da ferramenta, pois permite que seus usuários gerem mapas de exposição ao risco e oportunidades sustentáveis em uma determinada região e avaliem a ameaça de expansão sobre a vegetação nativa. Também analisam que os usuários podem incorporar estas informações às estratégias de desenvolvimento regional, permitindo planejar a expansão em áreas que já foram desmatadas anteriormente, reduzindo a
Agroideal

conversão de áreas naturais e minimizando os impactos sociais e ambientais.
A FERRAMENTA
O Agroideal é uma iniciativa desenvolvida de forma cooperativa por traders, bancos, empresas de consultoria, instituições de pesquisa e ONGs. A ferramenta oferece informações sobre as regiões do Cerrado e da Amazônia, identificando os riscos e oportunidades em três quartos do território nacional. Os desenvolvedores preveem que, no futuro próximo, será possível expandir seu uso para outras regiões, inclusive abarcando partes da Argentina e do Paraguai. Pretendem, ainda, incluir outras commodities além da soja e da pecuária.
O uso de ferramentas como o Agroideal não se constitui em movimento isolado, porém faz parte de uma tendência dominante envolvendo organizações empresariais e ONGs de diversas partes do planeta, tendo como foco melhorar a sustentabilidade de suas cadeias de abastecimento. As empresas agem movidas pelo sentimento social em busca de um desenvolvimento sustentável do planeta, pela pressão da sociedade por exigências crescentes da otimização de uso dos recursos ambientais e por ganhos sociais associados às cadeias produtivas. Que se reflete em normas governamentais dos países importadores, impondo grande parte dessas exigências.
REFLETIR E AGIR
Não é nosso interesse promover uma ferramenta específica, seja o Agroideal ou outras que estiverem à disposição dos produtores. O que nos move é provocar uma reflexão de quão cruciais são os compromissos com a sustentabilidade para a competividade comercial. A produção de alimentos, como outras atividades produtivas, tem um impacto significativo sobre a capacidade do Brasil de cumprir metas globais, como o Acordo de Paris sobre o Clima e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Todos os produtores de alimentos serão cobrados por isso.
É importante ter em mente que o crescimento populacional e o incremento da renda per capita, nos próximos anos, conduzirão à elevação dos padrões de vida, ao aumento do consumo e à mudança de hábitos alimentares. A FAO estima que a demanda global por alimentos crescerá entre 40% e 50% até 2050, o que poderia levar ao aumento da pressão sobre as paisagens em todo o mundo se o crescimento econômico não for cuidadosamente gerenciado.
Se vamos alimentar uma população crescente e, ao mesmo tempo, preservar o habitat e minimizar as mudanças climáticas, precisamos ser mais inteligentes em relação à forma pela qual produzimos alimentos. O mote para reflexão é que, nos próximos anos, não bastará produzir, é imperativo ser sustentável.
Decio Luiz Gazzoni O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

Setembro de 2020 vai ficar marcado na história do agro brasileiro, mês dos recordes
Setembro de 2020 vai ficar marcado nos anais da história do agronegócio brasileiro como o mês dos recordes históricos de cotações em reais nos principais grãos produzidos no Brasil, como soja, milho, arroz e trigo. Houve uma conjuntura perfeita para isso. Forte demanda interna e apoio externo com alta dos grãos em dólar, que se somaram à cotação da moeda norte-americana acima de R$ 5,50 no Brasil. Os indicativos da soja chegaram aos maiores níveis desde maio de 2018 em Chicago. No mercado interno houve prêmios fortes acima de 150 pontos positivos. Como a demanda seguia aquecida devido às exportações recordes, as cotações chegaram a R$ 150,00 a saca no mercado interno do Rio Grande do Sul. Portos levaram mais de 84 milhões de toneladas no acumulado do ano até o final de setembro. Com a soja em alta, o milho seguiu o mesmo curso, com os indicativos em Chicago para a casa de 4,00 dólares por bushel. Com a comercialização brasileira bastante avançada, sobrou pouco para ser negociado, desta forma os indicativos alcançaram entre R$ 60,00 e R$ 65,00 por saca do milho, apoiados por grandes exportações do setor das carnes. O arroz chegou a superar os R$ 110,00 por saca no mercado gaúcho. Foram 1,5 milhão de toneladas exportadas até o final de setembro, o que diminuiu a oferta.
MILHO
A safrinha do milho, que é a maior safra do ano e teve uma colheita ao redor de 72 milhões de toneladas, já está com a maior parte negociada. Setembro mostrava seca no Sul, principalmente Paraná e Santa Catarina, o que atraiu os compradores para formar estoques temendo pela falta do grão no começo de 2021. As chuvas vieram no final do mês e deram condições ao plantio, o que ajudou a acalmar o mercado.
SOJA
Até o final de setembro o Brasil superou a marca de 84 milhões de toneladas exportadas. Com indicativos firmes e compradores ativos, houve recordes de cotações. A forte demanda do farelo e do óleo, ambos em alta, garantiu fôlego ao grão e às indústrias para bancar cotações fortes que devem permanecer neste restante de ano, porque resta menos de 5% da safra para atender ao consumo até fevereiro, quando chegam os primeiros grãos da safra de 2021.
FEIJÃO
Mostrou avanços nos indicativos nas últimas semanas em função do final da colheita da safra irrigada ou terceira safra, com os níveis entre R$ 260,00 e R$ 320,00 a saca. Cenário deve permanecer até o fi nal de outubro, quando começam a chegar as primeiras lavouras irrigadas de São Paulo. Como a demanda segue aquecida, pode avançar ainda mais nos indicativos do grão que ainda está disponível nas mãos de poucos produtores do Sudeste e do Centro-Oeste. A primeira safra do Paraná sofreu com a forte seca em setembro e
Curtas e boas
com isso a oferta de feijão deve ser limitada nestes próximos dois meses.
ARROZ
Mercado teve um ano muito forte de demanda, e como a exportação também carregou volumes que superaram a marca de 1,5 milhão de toneladas, houve fôlego para recorde histórico de cotação do grão após o setor amargar prejuízos há pelo menos dez anos. Cotações recordes devem permanecer no restante do ano, com estímulo ao novo plantio que deve crescer.
Vlamir Brandalizze Twitter@brandalizzecons www.brandalizzeconsulting.com.br Instagram BrandalizzeConsulting ou Vlamir Brandalizze
TRIGO - Apoiado pelo dólar em alta no Brasil, o mercado manteve indicativos firmes desde o começo da pandemia. Houve boa demanda interna, cotações fortes para importar e valorização do grão nacional. O consumo deve fechar o ano acima de 12 milhões de toneladas, com necessidade de importação de mais de seis milhões de toneladas do grão, que chega ao Brasil com valores acima dos R$ 1.250,00 por tonelada. Fôlego aos indicativos internos para níveis favoráveis aos produtores nesta fase de colheita, que vai até novembro, no Sul.
EUA - Os produtores estão colhendo a safra que chega para atender forte demanda na exportação, pressionada para cima pelo apoio da grande demanda chinesa que batia recorde de compra de soja e de milho americanos (já somava mais de 23 milhões de toneladas acumulados). Fôlego positivo para manter os níveis em Chicago nos melhores momentos em mais de dois anos.
CHINA - A China sofreu muito em 2020, porque começou o ano comercial local em fevereiro com os menores estoques de alimentos em quase dez anos, disparada das cotações internas e junto veio a pandemia. Desta forma, o país foi forçado a comprar e reforçar os estoques e mudou a política de estoques. Voltou a crescer forte na produção de suínos, o que demanda muita ração e deve seguir importando forte nestes próximos anos, porque além do consumo humano, o país entrou na era da produção do etanol de milho, o que também vai demandar muito grão.
ARGENTINA - Safra próxima da normalidade e neste ano a grande vantagem do setor reside no fato de que o dólar disparou internamente. Assim, mesmo com a volta das retenciones que o governo implantou sobre a exportação dos grãos, o mercado foi favorável e proporcionou lucros aos argentinos. Desta forma, devem registrar leve avanço no plantio deste novo ano, tanto para o milho e a soja, como para o arroz, que já estava no quinto ano seguido de queda de área e agora deve recuperar um pouco o espaço perdido devido à boa demanda internacional e às cotações lucrativas.
Uso crescente

Em 2018, a coinoculação abrangeu 15% da área de soja no Brasil. Um ano depois, aumentou dez pontos percentuais e passou a atingir algo em torno de nove milhões de hectares
Aadesão do agricultor brasileiro às novas boas práticas da agricultura já é um fato conhecido, e celebrado, mundialmente. Seguidamente observam-se exemplos práticos da veracidade desta afirmativa, e esta disposição em utilizar novas ferramentas é uma das razões do sucesso do agronegócio brasileiro.
No caso particular da fixação biológica do nitrogênio, esta verdade é fartamente confirmada. O aumento constante no uso dos inoculantes é uma prova de utilização das modernas tecnologias biológicas no aumento da produtividade e rentabilidade por parte dos agricultores.
Em pesquisas realizadas nos últimos três anos pela empresa Spark, por encomenda da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), ficou comprovado que em torno de 80% da área de soja é utilizado o inoculante como fonte de nitrogênio para a cultura. É um fato inédito no mundo. Um exemplo da utilização de uma tecnologia antiga, mas que se renovou e atingiu novos patamares de qualidade e retorno financeiro para o meio agrícola.
Mais recentemente, em 2013, foi colocada mais uma valiosa ferramenta nas mãos dos plantadores de soja e feijão: a coinoculação, ou seja, a utilização de dois inoculantes em conjunto, o tradicional inoculante para soja, à base de bactérias do gênero Bradyrhizobium (ou Rhizobium, no caso do feijão) e o produto à base da bactéria Azospirillum.
Este uso associado das duas bactérias tem possibilitado aumentos médios de 16% em produtividade, com um baixíssimo investimento, proporcionando altos retornos para o agricultor.

Embora a técnica do uso conjunto das duas bactérias tenha sido divulgada há poucos anos, sua utilização, pelos excelentes resultados apresentados, vem em um crescendo constante, conforme constatou a pesquisa Spark-ANPII e a produção de inoculantes pelas empresas da associação.
Em 2018, a utilização da coinoculação abrangeu 15% da área de soja no País, e em 2019 já aumentou dez pontos percentuais, atingindo 25% da área, o que é significativo, atingindo algo em torno de nove milhões de hectares. Ainda resta muita área a ser coinoculada, mas é certo que o crescimento se dará em patamares ainda maiores, trazendo aumentos de produtividade para um número cada vez maior de agricultores.
No mapa pode-se observar o crescimento de 2018 para 2019, embora ainda haja disparidade entre os estados, no que se refere à aderência à tecnologia. Enquanto alguns estados têm um uso acima da média, como Pará e Tocantins, que apresentam 80% e 70%, respectivamente, Rio Grande do Sul e Paraná estão com apenas 11%. O paradoxal é que o estado gaúcho é o berço da inoculação da soja, com as primeiras pesquisas sobre o tema, as primeiras seleções de cepas da bactéria e a primeira fábrica de inoculante no País, e o Paraná, o berço da coinoculação, cujos primeiros trabalhos foram desenvolvidos pela Embrapa Soja, em Londrina. Será a máxima de que “santo de casa não faz milagres”?
Os resultados demonstram claramente que a coinoculação é uma ferramenta de alto valor, com consistência nos resultados, e com o “boca a boca” divulgando o sucesso de sua utilização, irá elevar substancialmente esses números, levando sua utilização aos níveis hoje mostrados para a inoculação tradicional, com apenas um inoculante. A ANPII vem desenvolvendo contínuas ações para divulgação da coinoculação, através de artigos, de parti cipação em seminários, de comunicados, com todos os meios de comunicação à disposição para levar informações que auxiliem o agricultor a aumentar sua produtividade.
Solon C. Araújo, Consultor da ANPII




Algodão • Outubro 2020 Mais qualidade
Nos últimos cinco anos o algodão brasileiro tem registrado salto qualitativo importante quanto aos principais indicadores de classificação do produto. Com grande potencial de expansão da cultura, o país precisa continuar a fazer o dever de casa, com a adoção de boas práticas agrícolas e o uso correto da tecnologia para os manejos fitossanitários

Oalgodão é uma “commoditie” agrícola com características específicas, que o colocam em grau diferente de análise em relação aos grãos. A grande diferença baseia-se nas características da pluma e suas finalidades, isto é, nas qualidades da fibra do algodão.
Quando se abordam os números do algodão, observa-se sua mutabilidade. Um exemplo está na Figura 1, sobre as estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para o algodão no mundo, no qual as previsões para a safra 2020/2021 sofreram alterações em um período de apenas um mês (julho para agosto) diante da incerteza do mercado. Para se blindar deste risco do agronegócio, resta ao agricultor buscar alcançar altas produtividades de algodão com qualidade.
A Figura 2 ilustra a flutuação dos números da área colhida de algodão no mundo desde 1960. A previsão da área para a safra 2020/2021, de 33.106.000 de hectares, faz parte da oscilação da área do algodão nestes últimos anos e mesmo com o impacto da pandemia de Covid-19, não figurará entre os anos de menor área.
A Figura 3 mostra a fragilidade do algodão. Os cinco maiores produtores mundiais são responsáveis por 73,1% de toda a área cultivada de algodão no mundo. Reforçando esta vulnerabilidade, a Figura 4 mostra que considerado
Atributo Área colhida Estoques iniciais Produção Importações Oferta total Exportações Utilizado Perdido Total de Consumo Documentado Estoques finais Distribuição total % de Estoque para Utilização Produção Algodão Mundial até Agosto de 2020
20/21 Ago 20 33,106 100,557 117,530 41,575 259,662 41,585 113,054 113 113,167 104,910 259,662 67,84 773
Mudança +131(+.4%) -359(-.36%) +1282(+1.1%) -267(-.64%) +656(+.25%) -220(-.53%) -1240(-1.08%) -22(-16.3%) -1262(-1.1%) +2138(+2.08%) +656(+.25%) +2(+3.04%) +5(+.65%) 20/21 Jul 20 32,975 100,916 116,248 41,842 259,006 41,805 114,294 135 114,429 102,772 259,006 65,84 768 19/20 34,980 80,227 122,993 40,108 243,328 40,279 102,396 96 102,492 100,557 243,328 70,48 766 18/19 33,356 80,923 118,654 42,273 241,850 41,401 120,179 43 120,222 80,227 241,850 49,65 774 17/18 33,755 80,228 123,959 41,150 245,337 41,551 122,748 115 122,863 80,923 245,337 49,25 800
Acesso em 27/08/2020: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/compositeViz 16/17 29,761 90,159 106,677 37,687 234,523 37,932 116,157 206 116,363 80,228 234,523 52,07 780
o volume produzido pelos cinco maiores produtores de algodão, do qual o Brasil é o quarto país, com 10,2%, o percentual do volume de algodão sobe para 78,7%.
Entre os países com as dez maiores produtividades de algodão no mundo (787kg/ha) apresentados na Figura 5 estão Israel (1.872kg/ha), China (1.751kg/ha), Brasil (1.686kg/ha), Turquia (1.653kg/ha), Austrália (1.591kg/ ha), México (1.575kg/ha), Quirguistão (1.591kg/ha), Venezuela (1.234kg/ha), Grécia (1.219kg/ha) e Síria (1.219kg/ha).
Aos olhos de um leigo, a cor branca da pluma do algodão esconde muitas características que fazem parte do vocabulário dos classificadores de algodão. Pode-se destacar entre os muitos quesitos o comprimento, a resistência, a uniformidade, o índice de fibras curtas, o micronaire, entre outros. Cada uma destas características compõe as dimensões de qualidade da fibra do algodão.
Nos últimos cinco anos, as características que conferem indicadores de qualidade, como o índice de fibras curtas do algodão brasileiro, vêm melhorando. Nesta safra, no laboratório de fibras da Unicotton, em Primavera do Leste (Mato Grosso), em um universo de 446.452 amostras analisadas até o momento, acima de 88% estão com índice abaixo de 10%. Em grande parcela graças às novas variedades implantadas pelos agricultores, além dos cuidados do manejo da cultura e o descaroçamento do algodão.
Outros indicadores, como a uniformidade, têm mais de 90% das amostras com uniformidade acima de 80%, micronaire na faixa “premium” acima de 86% das amostras, resistência acima de 28gf/tex com 86,5% das amostras e comprimento acima de 1,08 polegada (27,3mm) superior a 96%.
Ao analisar características como condições de oferecer a área, o volume, a produtividade e a qualidade da pluma do algodão, percebe-se que poucos países se qualificam como o Brasil para atender às fiações mais exigentes no mundo.
BOAS PRÁTICAS E
MANEJO DE DANINHAS
O manejo de plantas daninhas é um fator fundamental no sucesso do algodoeiro, e o advento da transgenia contribuiu expressivamente para o êxito nesse processo. Porém, as múltiplas alternativas de manejo criaram a complexa missão de decidir qual é a estratégia que cumpre as premissas das boas práticas agronômicas.
As boas práticas agronômicas no manejo de plantas daninhas do algodoeiro exigem alguns conhecimentos preliminares essenciais para organizar a sequência de eventos deste importante processo que envolve o controle.
Em primeiro lugar é preciso entender o sistema de produção agrícola, estabelecendo as culturas e as sequências destas lavouras ao longo dos anos dentro da propriedade, e antes de elaborar qualquer atitude que envolva o controle de plantas daninhas devem ser considerados também o histórico e o levantamento florístico em cada plantação.
O momento ideal de controle e a agilidade na execução das providências de manejo desempenham uma relevante atitude para o êxito do manejo de plantas daninhas no algodoeiro. O fundamento básico é evitar o período de interferência dessas plantas e uma forma muito prática consiste em atuar na redução do banco de sementes, geralmente antes da implantação da lavoura.
A elaboração da estratégia de manejo envolve a diversificação das formas de controle, sempre tendo em vista o manejo de resistência de plantas daninhas
Figura 2 - Dados FAS – USDA, histórico da flutuação da área Figura 3 - Dados FAS – USDA, Expectativa da participação das colhida de algodão no mundo e expectativa para 2020/2021 áreas colhidas de algodão para 2020/2021
Acesso em 27/08/2020: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/compositeViz


Acesso em 27/08/2020: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/compositeViz
Figura 4 - Dados FAS – USDA, Expectativa da participação do Figura 5 - Dados FAS – USDA, Expectativa da produtividade de algodão para 2020/2021 algodão para 2020/2021
Acesso em 27/08/2020 https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/ topCountriesByCommodity


Acesso em 27/08/2020 https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/ compositeViz
e a ação dos herbicidas. Essas premissas guiarão todas as práticas a serem estabelecidas.
Tomando um exemplo prático do algodão cultivado no Cerrado brasileiro e tendo em mente os passos preliminares atendidos é possível desenvolver uma estratégia a partir das espécies mais problemáticas.
Estabelecidas as principais espécies de plantas daninhas, seus estádios e grau de infestações, a etapa seguinte é conhecer onde o manejo ocorrerá (Figura 7). Esta informação fundamentará as escolhas de herbicidas e doses dentro da estratégia de controle químico. É preciso considerar que o clima representa um componente importante na eficiência do manejo de plantas daninhas.
A Figura 8 ilustra as principais culturas no Cerrado brasileiro onde o algodoeiro está inserido, mostrando uma diversidade de sistemas de produção agrícola com uso intensivo do solo em sucessões ou alternância de culturas. As setas indicam as intervenções com herbicidas e nem sempre há uma interação harmosiosa entre as culturas no tocante ao manejo de plantas daninhas.
A tarefa de equacionar o manejo de plantas daninhas pode ser complexa quando se atende às boas práticas agronômicas e para isso é vital a presença de profissionais qualificados, para visualizar o mapa de todo o processo abrangido no manejo, considerando que resíduos de herbicidas da cultura antecessora podem prejudicar o algodoeiro, assim como os herbicidas usados no algodão podem injuriar culturas sucessoras.
Em um cenário onde as plantas daninhas são expostas a um único herbicida como o glifosato, em vários sistemas de cultivo o domínio da flora ocorrerá pelas plantas tolerantes ou resistentes ao herbicida. Como exemplo, é possível citar a soja Roundup Ready e outras espécies com indivíduos resistentes como o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e a buva (Conyza bonariensis). Neste ambiente, o algodão tolerante ao herbicida glufosinato de amônio ocupa uma posição de vantagem. Seu uso deve obedecer critérios básicos para evitar a seleção de novas plantas daninhas resistentes a esse importante herbicida.
SAFRA ATUAL E O FUTURO
O início de qualquer premissa precisa ancorar-se em algumas referências. Para o
Evaldo Kazushi Takizawa

algodão brasileiro, os cultivos no Cerrado Mato-grossense (Figura 9) representarão o roteiro desta análise.
A avaliação da safra atual do algodão é uma tarefa mais simples que o prognóstico para o futuro. Tratando-se do algodão, o desafio é ainda maior, pois os números finais serão obtidos apenas com a conclusão do descaroçamento e o destino da próxima safra depende da semeadura da soja nesta safra.
Procedendo este parecer do desfecho da safra de algodão para a semeadura, é possível afirmar que os trabalhos da algodoeira devem encerrar mais cedo nesta safra, mesmo com estimativas de maiores produções (2.004.286 toneladas em 2019/2020, 1,9% superior à safra passada, segundo o Imea-MT). Isso se deve às melhorias e às algodoeiras mais
Figura 6 - Levantamento florístico identificando as espécies na fase de plântula e mais suscetível aos herbicidas pós-emergentes

Figura 7 - Os ambientes e as condições climáticas das regiões de Cerrado brasileiro e as principais espécies que compõem a flora de plantas daninhas

Figura 8 - A multiplicidade dos sistemas de produção agrícola, as sucessões, plantas voluntárias e a repetição do uso de herbicidas do mesmo grupo
Figura 9 - O ambiente agrícola que o algodão está inserido no Mato Grosso
modernas em atividade, setor claramente deficitário para atender ao volume da safra de algodão.
A colheita seguiu em ritmos acelerados favorecidos pelo tempo seco e quente, permitindo os trabalhos durante 24 horas e o aumento da capacidade operacional de muitos agricultores, reconhecendo a importância

da agilidade na colheita. Embora o atraso da colheita ainda represente um dos grandes vilões do algodoeiro, ocorrendo novos investimentos e modernização da frota das colhedoras, a performance no futuro tem espaço para grande melhoria.
O clima durante os tratos culturais, principal fator de produtividade do algodoeiro, se comportou de forma atípica, como é frequente. Neste mesmo ano houve problemas de estiagens ou chuvas em abundância comprometendo algumas lavouras. Ocasionalmente, um mesmo agricultor foi acometido com dois eventos climáticos prejudiciais. Mesmo assim, o balanço final indica que esta safra tende a estar entre as melhores do algodão.
No manejo fitossanitário (pragas, doenças e plantas daninhas) e nutricional, mesmo com um início de safra com altos índices do bicudo-do-algodoeiro houve uma mobilização coletiva dos agricultores e os danos estão restritos a um pequeno grupo de agricultores ainda reticentes na aplicação de boas práticas agronômicas. As escolhas dos solos mais férteis da propriedade resultaram em lavouras bem nutridas e com excelente qualidade da fibra.
Diante dos resultados do passado e do presente, os horizontes para o futuro indicam que os agricultores tradicionais, com toda a infraestrutura instalada para a condução do algodoeiro, devem manter suas atividades no algodão, adequando as áreas para um melhor dimensionamento em que as operações elementares como a época de semeadura e colheita sejam executadas dentro do período ideal, evitando atrasos.
A cada safra do algodão brasileiro, o profissionalismo ocupa maior espaço e as exigências para sustentabilidade nesta atividade impõem redução nas perdas e maior habilidade do gereciamento da escassez de recursos. Isso representa maior eficiência produtiva. C C
Valmir Lana,
Unicotton
Evaldo Kazushi Takizawa,
Ceres Consultoria Agronômica
Lana e Takizawa apontam para as boas práticas no manejo do algodoeiro

Programa fitossanitário
O Brasil reúne capacidade para um O Brasil reúne capacidade para um aumento exponencial da área de cultivo aumento exponencial da área de cultivo de algodão. Mas para que isso ocorra de algodão. Mas para que isso ocorra é preciso união de esforços em torno é preciso união de esforços em torno de um plano estratégico com manejos de um plano estratégico com manejos regionalizados regionalizados
Acultura do algodoeiro é hospedeira de um complexo de pragas, que podem ocasionar danos às raízes, ao caule, às folhas, aos botões florais, às flores, às maçãs e aos capulhos. Os níveis populacionais dessas pragas flutuam grandemente e infestações elevadas provocam sérios prejuízos à cultura. No caso da cotonicultura baiana, que encontra-se em expansão, isto significa do ponto de vista fitossanitário a possibilidade de maior ocorrência de pragas.
Uma das pragas diretas, que possui grande potencial causador de injúria, é o bicudo-do-algodoeiro. Em regiões altamente infestadas e onde o controle adequado não é realizado, o inseto pode inviabilizar o cultivo a longo prazo.
Em decorrência dos danos causados e da considerável importância econômica, o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), as lagartas Helicoverpa ssp, Spodoptera ssp, ácaros e a mosca-branca (bemisia tabaci) se configuram nas pragas mais importantes da cotonicultura baiana.
BOAS PRÁTICAS E
MANEJO INTEGRADO
A adoção de boas práticas no manejo do algodoeiro é fundamental para o sucesso da cotonicultura. Um dos bons exemplos reside no Programa Fitossanitário da Bahia, criado em 2003 e denominado inicialmente de projeto de controle do bicudo naquele Estado.
Os trabalhos na região Oeste da Bahia estão mais avançados, tendo em vista que o Programa Fitossanitário vem atuando há mais tempo no local e atualmente a cotonicultura possui uma tecnologia mais avançada. Para isso, foi fundamental o trabalho dos líderes regionais dos núcleos. Hoje a região se encontra no topo de melhor produtividade média por hectare da pluma em algodão de sequeiro, em uma ótima condição de qualidade de fibra, fatores indispensáveis quando se pensa em aumento de área a longo prazo.
Atualmente o Manejo Integrado de Pragas ou MIP do algodão focado no bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) também abrange trabalhos para o controle da Helicoverpa ssp, e Spodopteras ssp, manejo da resistência das proteínas, manejo da ferrugem-asiática da soja, manejo da cigarrinha-do-milho, trabalhos de eficiência de produtos para bicudo e ácaros, manejos de nematoides, de plantas daninhas e de ramulária.
O MIP deve ser realizado de forma regionalizada em toda a paisagem agrícola. O Programa Fitossanitário de manejo de pragas é efetuado de forma coletiva, entre as associações, toda a cadeia do agro, juntamente com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fundeagro), a Fundação Bahia, a Embrapa e o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
O MIP de forma regionalizada é realizado através dos núcleos formados com a integração de todos os produtores de algodão, situados em uma determinada sub-região, que se comprometem a seguir, de maneira organizada, eficiente e responsável, um plano técnico contendo medidas eficazes de monitoramento e controle das principais pragas do algodoeiro, durante a safra e a entressafra do algodão. Com esses núcleos se busca reduzir continuamente as populações de pragas nas microrregiões ao longo das safras.
POTENCIAL DO ALGODÃO
EM 20 ANOS Nos próximos 20 anos o Brasil tem condições de aumentar o cultivo para três ou quatro milhões de hectares de algodão, mas para que isso ocorra é preciso montar um plano estratégico dentro e fora da porteira. Focar nas novas tecnologias de sementes, materiais mais produtivos e resistentes às doenças, bem como nas questões de logística e de mercado. Preservar a lei Kandir, que exonera os impostos de ICMS para exportação.
Dentro da porteira é preciso reduzir o número de aplicações para controle do bicudo (realizar de 15 a 20 aplicações por
Figura 1 - Mapa dos núcleos produtores de algodão região Brasil, toda cadeia Oeste da Bahia têxtil também precisa estar envolvida. Um Programa Fitossanitário de sucesso precisa ser constituído por equipe institucional, com os presidentes das instituições e sindicatos envolvidos constantemente. Equipe operacional dos programas e das propriedades capacitada para diagnosticar os problemas que ocorrem nas lavouras. Recursos financeiros precisam ser aportados, para projetos, pesquisas e fiscalizações. O apoio das empresas fornecedoras do agro, dando resposta às demandas de toda cadeia, é fundamental para o sucesso do programa fitossanitário. safra é insustentável), além de diminuir as populações do inseto e os custos de LAGARTAS NO ALGODOEIRO produção. São enormes as consequências causa-
Reduzir o número de problemas de das pelo bicudo, sendo a principal praga soqueiras e tigueras de algodão, aumen- desta cultura. Mas outras pragas também tar o vazio sanitário da cultura no Brasil causam danos econômicos, tais como as central. Obter mais oferta de produtos lagartas, ácaros, mosca-branca, perceveeficientes disponíveis para controle do bi- jos, pulgões e nematoides. cudo. O principal inseticida, Malathion, Nesse contexto, destacam-se as deve ser aplicado em Ultrabaixo volume lepdopteras, que na Bahia causaram (UBV) e Baixo volume oleoso (BVO), muitos problemas, atacando a parte lembrando que essas aplicações são mais aérea das culturas, provocando danos eficientes quando realizadas, aéreas ou constantes. Nas safras 2012/13 houve terrestres, com no máximo dez litros de ataques severos da Helicoverpa armigera calda por hectare. em soja e em algodão, somando mais de
Melhorar o MIP coletivo (Programa R$ 2 bilhões de prejuízo no Oeste da Fitossanitário) é fundamental para obter Bahia. No complexo de lagartas ainda reduções de custos, de riscos e de perdas. existem pressões fortes das Spodopteras Um Programa Fitossanitário eficiente ssp que atacam as principais culturas do será essencial para diminuir os custos sistema e são de difícil controle. para os patamares de 0,50 a 0,55 cents de dólar por libra peso (lpb). TECNOLOGIAS BT
O aumento de área a longo prazo só Outro fator importante se refere à será obtido com alta qualidade da fibra e preservação das proteínas Bts, que se com baixos custos por lbp, com mercado perdem rapidamente no Brasil Central, acima dos 0,65 – 0,70/lbp, com menores onde a pressão das lagartas é muito forte. riscos principalmente fitossanitários de O aumento do algodão geneticamente bicudos e lagartas, com alta competitivi- modificado com toxinas Bt amenizou dade e a imprescindível sustentabilidade. o problema com algumas lagartas, com
Para que esse espaço para expansão a introdução da proteína VIP3A, com do cultivo do algodão seja ocupado pelo maiores proporções de áreas nos últimos

dois anos, somados à piramidação de outras proteínas, conseguindo um bom manejo de todas as lagartas da parte aérea, inclusive Spodoptera frugiperda. Nos materiais em que estas proteínas não estão presentes, ocorre muito escape, principalmente de S. frugiperda. Situação preocupante porque não se tem conseguido realizar um adequado manejo de resistência na região. Outra preocupação é que há poucas moléculas químicas e/ou biológicas para combater e controlar lagartas, o que acaba por sobrecarregar os inseticidas que ainda estão funcionando. Medidas proativas de boas práticas de manejo de resistência abrangentes, que envolvam o sistema soja, milho e algodão, podem salvar tanto a tecnologia Bt como os inseticidas.
O algodão é altamente dependente de toxinas Bts e de inseticidas químicos e biológicos. A cultura exige mais aplicações por conta do ataque de muitas pragas e doenças, o que resulta em necessidade de manejos de resistência, muito mais que em soja ou milho. Mas esse manejo tem que se dar em todo o sistema agrícola. Na Bahia, especialmente, se torna ainda mais urgente e indispensável o manejo de resistência de algumas toxinas e inseticidas, porque há milho safra e milho safrinha, algodão safra e algodão safrinha. Com isso, ocorre uma sequência de uso das mesmas moléculas ao longo do ano, com uma exposição muito grande a pragas e doenças. A cultura do algodão acaba também recebendo muita pressão de lagartas de outras culturas. Por isso só será possível alcançar um adequado manejo agrícola se todos os produtores se unirem, trabalhando juntos e estabelecendo uma organização chamada Programa Fitossanitário. C C
Celito Breda e Antonio Carlos Santos Araújo,
Abapa
Breda e Araújo detalham programa fitossanitário

Papel das sementes
Como a associação de tecnologias presentes no material genético pode auxiliar o produtor de algodão, tanto através da tolerância a herbicidas, que facilita o manejo de daninhas, como pela resistência a lagartas de difícil controle, com impactos positivos na produtividade e qualidade de fibra
Atecnologia GLTP é a primei- daninhas e do algodoeiro, protegendo manejo de plantas daninhas, deve-se ra em sementes de algodão, a variedade contra a mato competição. iniciar o plantio do algodoeiro em área com dupla tolerância a her- limpa, realizando uma boa dessecação bicidas e tripla resistência a lagartas RECOMENDAÇÃO DE USO pré-plantio. Para isso, recomenda-se no mercado brasileiro. Trata-se do O acompanhamento do histórico identificar e quantificar as espécies de resultado da associação das tecnologias da área e o levantamento da flora de plantas daninhas que ocorrem no taGlyTol LibertyLink (GL) e TwinLink plantas daninhas do talhão a ser cul- lhão e aplicar os herbicidas no estádio Plus (TP). tivada é de suma importância para a correto. Nos casos em que a primeira
Além dos herbicidas residuais que determinação do manejo das plantas dessecação apresentou escapes, realipodem ser aplicados na pré emer- daninhas e dos herbicidas a serem zar uma segunda dessecação. gência da cultura, as variedades com utilizados para o cultivo do algodoeiro Em situações de alta pressão de a tecnologia GLTP oferecem maior GLTP. plantas daninhas, recomenda-se a flexibilidade para o manejo das plantas utilização de herbicidas residuais em daninhas com a tolerância aos herbi- INICIE NO LIMPO pré-emergência. Após a emergência cidas Liberty (glufosinato de amônio) O potencial produtivo da cultura do da cultura, deve-se realizar aplicações e ao glifosato, o que reduz o risco do algodoeiro pode ser reduzido signifi- dos herbicidas Liberty ou glifosato sesurgimento plantas daninhas resisten- cativamente em função da competição paradamente, com o intuito de melhor tes. Estes herbicidas podem ser apli- inicial causada por plantas daninhas. controle das plantas daninhas e evitar cados na pós emergência das plantas Entretanto, para a realização do bom o surgimento da resistência.
MANTENHA NO LIMPO
Para manter a lavoura no limpo devem-se realizar aplicações sequenciais dos herbicidas Liberty ou glifosato na dosagem recomendada, sempre que necessário, quando as plantas daninhas estiverem na fase inicial de desenvolvimento. A aplicação do herbicida Liberty deverá ser realizada em aplicações sequenciais, sendo que o intervalo entre as aplicações recomendado é de 14 dias do herbicida Liberty na dosagem de 2,0L/ha a 2,5L/ha. A aplicação deve ser realizada quando as plantas daninhas estiverem com duas folhas a quatro folhas, ou seja, no estágio inicial de desenvolvimento.
Em situações onde as plantas daninhas de folhas largas apresentem 4 a 6 folhas e as gramíneas com até dois perfilhos, recomenda-se aplicar Liberty na dose de 3,0L/ha a 3,5 L/ha.
A tecnologia também oferece o que há de mais avançado no controle de lagartas, facilitando o manejo na lavoura e protegendo o potencial produtivo da variedade. Esse manejo mais eficiente poderá proporcionar uma produção de algodão mais rentável, contribuindo para a longevidade da cotonicultura.
TWINLINKPLUS
TERCEIRA GERAÇÃO DE BT
Esta tecnologia foi a primeira da 3ª geração Bt lançada no Brasil. A tecnologia GLTP combina os dois genes de TwinLink, Cry1Ab e Cry2Ae, com o gene Vip3A para aumentar a proteção contra as lagartas mais difíceis de serem controladas. As proteínas Bt são expressas durante o ciclo da cultura, auxiliando na proteção da planta contra o ataque de lagartas. Assim que as lagartas se alimentam de tecidos vegetais contendo proteínas Bt, essas proteínas se ligam à parede do intestino causando danos ao sistema digestivo, afetando o desenvolvimento da praga e impossibilitando a conclusão do ciclo biológico. Aliada ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), a tecnologia GLTP oferece proteção contra lagartas (Tabela 1)
MIP PARA A TECNOLOGIA
GLTP A CAMPO
É recomendado realizar monitoramento de pragas a cada 3 dias a 4 dias. Para o monitoramento deve-se avaliar criteriosamente toda a planta, iniciando no terço superior até o terço inferior. Recomenda-se inspecionar folhas, botão floral, brácteas, flores, pétalas e maçãs. Para a definição do número de pontos amostrais, considerar um ponto amostral/ha, sendo que a forma do caminhamento deve ser em zigue-zague.
Quantificar a presença de postura, identificando qual a espécie de lagarta, se o ovo está próximo à eclosão da lagarta, se está parasitado por inimigo natural, ou se é postura recente.
Identificar e quantificar as lagartas. Além da identificação correta das espécies, também é necessário verificar o local onde esses insetos se encontram (ponteiro, brácteas, botão floral, folha, etc), bem como definir o tamanho (ínstar) das lagartas entre recém eclodidas, pequenas, médias ou grandes.
Implementar o Programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP), uma vez que a integração dos métodos de controle de pragas, baseado no monitoramento e nos níveis de controle para cada praga, tem o intuito de proteger o potencial produtivo da cultura. Identificar e quantificar as mariposas, pois o monitoramento por meio de armadilhas de feromônio, antes do plantio do algodoeiro e durante a condução da lavoura, auxilia na contextualização do ambiente de pressão da praga.
Preservação de inimigos naturais através do uso de inseticidas seletivos.
PRÁTICA DE REFÚGIO
A estratégia mais eficiente para dificultar o surgimento de insetos re-
Tabela 1 - Proteção da tecnologia GLTP contra lagartas
Controle Moderado Helicoverpa (Helicoverpa spp.) Spodoptera frugiperda
Controle Lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens) Curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argillacea) Falsa-Medideira (Chrysodeixis includens) Spodoptera cosmioides Spodoptera eridania Lagarta Rosada (Pectinophora gossypiella) sistentes à tecnologia consiste no uso da prática de refúgio.
O tamanho da área de refúgio deve ser de no mínimo 20% da área total a ser plantada com algodão GL e estar a uma distância de no máximo 800m. O refúgio precisa ser plantado com uma variedade de ciclo vegetativo similar para que os estágios de desenvolvimento também sejam semelhantes.
Nessas áreas de refúgio, o manejo deve ser realizado respeitando os níveis de controle (NC) recomendados para algodão não Bt. Uma vez atingido o NC, o produtor deverá realizar controle químico e/ou biológico para evitar a destruição precoce da cultura. É importante ressaltar que nas áreas de refúgio não se recomenda a aplicação de produtos a base de Bts, pois podem interferir de forma negativa no Manejo de Resistência de Insetos (MRI);
GERMOPLASMA FIBERMAX 100% ALGODÃO
Uma das variedades que tem se destacado com essa tecnologia, é a FM 985 GLTP, que, além de facilitar o manejo de pragas e plantas daninhas, também oferece alta produtividade com qualidade de fibra.
LIDERANÇA NO MERCADO
FiberMax é a marca líder no mercado de sementes de algodão do Brasil e reconhecida globalmente por sua qualidade de fibra e produtividade. A BASF tem um portfólio robusto para a cultura, com produtos diferenciados que atendem às necessidades do agricultor e garantem a longevidade do seu negócio.
O portfólio conta com sementes, produtos químicos e biológicos para proteção de cultivo, além de serviços e ferramentas digitais que vão ao encontro das necessidades dos cotonicultores. C C
Encarte Técnico Circula encartado na revista Cultivar Grandes Culturas nº 257 • Outubro 2020 Capa - Basf Reimpressões podem ser solicitadas através do telefone: (53) 3028.2075
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