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AMIN MAALOUF AS CRUZADAS VISTAS PELOS ÁRABES

tradução

Julia da Rosa Simões

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Copyright desta edição © Editora Vestígio 2023

Copyright © Editions Jean-Claude Lattes, 1983

Título original: Les Croisades vues par les Arabes direção editorial Arnaud Vin editor responsável Eduardo Soares assistente editorial

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Alex Gruba preparação de texto Eduardo Soares revisão

Alex Gruba diagramação Guilherme Fagundes capa

Diogo Droschi (sobre Ilustração do Manual de Artes da Cavalaria, 1366, Cairo)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Maalouf, Amin

As cruzadas vistas pelos árabes / Amin Maalouf ; tradução de Julia da Rosa Simões. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Vestígio, 2023.

Título original: Les croisades vues par les arabes

ISBN 978-85-54126-93-3

1. Cruzadas - História

22-139103

2. Romance histórico francês I. Título.

Índices para catálogo sistemático:

1. Romances : Literatura francesa 843

Henrique Ribeiro Soares - Bibliotecário - CRB-8/9314

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Tel.: (55 31) 3465 4500 prefácio a esta edição • 11 prefácio • 15 prólogo • 17 primeira parte a invasão (1096-1100) capítulo 1 A chegada dos franj • 25 capítulo 2 Um maldito fabricante de couraças • 41 capítulo 3 Os canibais de Maarate • 58 segunda parte a ocupação (1100-1128) capítulo 4 Os dois mil dias de Trípoli • 79 capítulo 5 Um resistente de turbante • 102 terceira parte a resposta (1128-1146) capítulo 6 Os complôs de Damasco • 127 capítulo 7 Um emir entre os bárbaros • 141 quarta parte a vitória (1146-1187) capítulo 8 O santo rei Noradine • 161 capítulo 9 A corrida para o Nilo • 177 capítulo 10 As lágrimas de Saladino • 194 quinta parte a trégua (1187-1244) capítulo 11 O encontro impossível • 221 capítulo 12 O justo e o perfeito • 236 sexta parte a expulsão (1244-1291) capítulo 13 O chicote mongol • 253 capítulo 14 Queira Deus que nunca voltem a pisar aqui • 265 epílogo • 279 notas e fontes • 285 cronologia • 295

Merzifon Niksar

Malatya

Manziquerta Diarbaquir

Edessa Mardin

Turbessel Harã

Antioquia Manjib

Alepo Jaabar Sarmada

Lataquia Maarate

Xaizar

Hama

Balikh Cabur

Tartus

Hosn al-Akrad

Homs

Arga Tadmor Trípoli

Jubail Baalbek

Beirute

Sayda

Nahr al-Kalb

Damasco

Tiro Banias

Acre Tibnun

Haifa Tiberíades

Hatim Nazaré

PALESTINA

Nablus

Jafa

Ain Jalut Salkhad

Eufrates

Mossul

Ascalão

Gaza Jerusalém

El-Arish Kerak

Mossul

Hosn al-Akrad

Ain Jalut

Cidade Importante

Cidade pequena

Local de batalha

Limite da expansão dos Estados francos por volta de 1128

Pref Cio A Esta Edi O

Quandocomecei a escrever As cruzadas vistas pelos árabes, bem no início do ano 1981, eu estava morando na França havia menos de cinco anos e ficava constantemente espantado com o fato de cada acontecimento do presente ser vivido, percebido e relatado de maneira radicalmente diferente em minha região de origem, o Mundo Árabe, e em minha região de adoção, a Europa.

De minha parte, sempre pertenci simultaneamente a esses dois universos rivais, e literalmente dei ouvidos tanto a um quanto a outro. O árabe é minha língua materna, na juventude eu o falava em casa e na rua, e foi nessa língua que comecei a trabalhar como jornalista. Mas fiz toda minha escolaridade com padres jesuítas franceses, que me transmitiram, em sua língua, sua própria visão do mundo e de sua história.

Eu tinha me acostumado, portanto, a ver os acontecimentos do presente e do passado através de versões dessemelhantes, e muitas vezes inconciliáveis; isso mais me divertia do que perturbava. Quando me mudei para Paris, em 1976, entendi a que ponto essas diferenças de perspectiva podiam se revelar devastadoras.

Essa tomada de consciência não se deveu apenas à mudança de meu local de residência. Ela se deveu sobretudo às mudanças que se operavam no mundo à época.

Embora até então conhecêssemos uma oposição entre dois campos ideológicos, um se afirmando proveniente do socialismo científico e o outro da democracia liberal, um novo discurso começava a se fazer ouvir, em que o Ocidente era percebido como “cruzado”, mais do que como capitalista, e em que seus detratores se reivindicavam como oriundos do Islã, mais do que do marxismo-leninismo.

Foi então que me pareceu necessário contar as cruzadas vistas “pelo outro lado”. Meu objetivo nunca foi dizer que essa visão diferente era mais certa que a outra. Eu apenas quis destacar que, para compreender a marcha do mundo, era preciso ter em mente as duas versões opostas, não apenas uma delas.

É muito comum nos contentarmos com uma só. Em todos os âmbitos, e a respeito de todos os acontecimentos, tanto de ontem quanto de hoje. Cada um conhece a visão dos seus e ignora a dos outros. Essa ignorância é a coisa mais disseminada no mundo. Ela parece natural, e até legítima. De minha parte, acredito que ela seja responsável por um bom número de problemas que a humanidade enfrenta nos dias de hoje. Quando nos fechamos em nossa própria visão de mundo e negligenciamos a dos outros, os conflitos se tornam inevitáveis e podem se revelar intermináveis.

Em certo sentido, contar as cruzadas vistas pelos árabes é uma ilustração dessa necessidade de equidade e de lucidez. Mas não apenas uma ilustração, nem apenas um exemplo. As cruzadas não são um episódio histórico entre outros. Elas representam um acontecimento fundador no conflito entre o Ocidente e o Mundo Árabe.

Essa guerra que começou há quase mil anos nunca terminou de fato. Na Europa, continuou-se por séculos a falar de “cruzadas”, no sentido literal de uma mobilização da cristandade contra os muçulmanos, especialmente contra o Império Otomano. A grande batalha naval de Lepanto, em outubro de 1571, em que a frota turca foi vencida pela frota das nações católicas, foi vista por seus contemporâneos como um episódio tardio das cruzadas. E quando o general Edmund Allenby conquistou a Palestina dos otomanos, em dezembro de 1917, ele teria dito:

“Somente hoje as cruzadas chegam ao fim!”. Palavras de autenticidade inverificável, como tantas frases famosas da História, mas está claro que, naquele momento, a noção de cruzada não estava ausente do espírito do comandante britânico, nem do espírito de seus correligionários.

No mundo muçulmano, o enfrentamento entre islã e cristandade também continuou presente nas mentalidades, suscitando rancores que a passagem do tempo não abrandou. É verdade que a hostilidade foi constantemente reavivada, ao longo de toda a História, por vários conflitos que opuseram os adeptos dessas duas grandes religiões monoteístas.

Entre os séculos XV e XX, a expansão das nações cristãs europeias rumo à África e à Ásia permitiu que algumas delas – Inglaterra, França, Rússia, Países Baixos e, em menor medida, Itália, Portugal e Espanha – ocupassem quase todos os países em que viviam populações muçulmanas, do Senegal a Java, passando pelo Magrebe, pelo Egito, pelo Cáucaso e pelas Índias. Seguiram-se guerras coloniais traumatizantes, como as da Argélia, da Líbia, do Afeganistão e da Tchetchênia, que deixaram sequelas amargas. Mais tarde, a criação do Estado de Israel, na mesma terra em que fora fundado o reino cruzado de Jerusalém, pareceu aos árabes um novo episódio das cruzadas.

Todos esses acontecimentos alimentaram, século após século, a chama do ressentimento e o desejo de vingança.

Eu seria o primeiro a me alegrar se as cruzadas e as contra-cruzadas pudessem ser relegadas de uma vez por todas à lata de lixo da História, para que a harmonia enfim reine em todo o perímetro mediterrâneo e no restante do planeta. Infelizmente, isso não parece em vias de acontecer. Muito pelo contrário. Tudo leva a crer que o conhecimento dessas guerras dos tempos passados ainda será necessário por muito tempo, para compreendermos os dramas e os tormentos do mundo de hoje.

Amin Maalouf

Estelivro parte de uma ideia simples: contar a história das cruzadas tal como elas foram vistas, vividas e relatadas no “outro campo”, isto é, do lado árabe. Seu conteúdo se baseia, quase que exclusivamente, em testemunhos de historiadores e cronistas árabes da época. Eles não falam em cruzadas, mas em guerras e invasões francas. A palavra que designa os francos é transcrita de maneira diferente dependendo da região, dos autores e dos períodos: faranj, faranjat, ifranj, ifranjat... Para unificá-las, escolhemos a forma mais concisa, sobretudo a que até hoje é utilizada na fala popular para nomear os ocidentais e, mais especificamente, os franceses: franj. Para não sobrecarregar a leitura com as inúmeras notas que se fazem necessárias – bibliográficas, históricas e outras –, preferimos guardá-las para o final, onde são agrupadas por capítulo. Aqueles que quiserem saber mais poderão consultá-las, mas elas de modo algum são indispensáveis para a compreensão do relato, que se pretende acessível a todos. Mais que um novo livro de história, quisemos escrever, a partir de um ponto de vista até então negligenciado, o “romance real” das cruzadas, daqueles dois movimentados séculos que moldaram o Ocidente e o mundo árabe e que ainda hoje determinam a relação entre eles.

Bagdá, agosto de 1099.

Semturbante, com a cabeça raspada em sinal de luto, o venerável cádi Abu-Saad al-Harawi entra gritando na ampla sala do conselho do califa al-Mustazhir-billah. Ele é seguido por um grande número de companheiros, jovens e velhos, que aprovam ruidosamente cada uma de suas palavras e exibem, como ele, o provocante espetáculo de uma barba abundante sob uma cabeça nua. Alguns dignitários da corte tentam acalmá-lo, mas, afastando-os com um gesto desdenhoso, ele avança decidido até o meio da sala e, com a eloquência veemente de um pregador do alto de seu púlpito, repreende todos os presentes, sem consideração por suas posições.

– Vocês ousam dormitar à sombra de uma feliz segurança, numa vida frívola como a da flor do jardim, enquanto seus irmãos sírios têm por única morada o dorso dos camelos e as entranhas dos abutres? Quanto sangue derramado! Quantas belas jovens que precisam, de vergonha, esconder seu doce rosto entre as mãos! Os valorosos árabes se resignam à ofensa e os corajosos persas aceitam a desonra?

“Foi um discurso de fazer os olhos chorarem e os corações se comoverem”, dirão os cronistas árabes. Todos os presentes são sacudidos por gemidos e lamentações. Mas al-Harawi não quer os seus soluços.

– A pior arma do homem – ele brada – é derramar lágrimas quando as espadas atiçam o fogo da guerra.

Ele não faz a viagem de Damasco a Bagdá, três longas semanas de verão sob o insuportável sol do deserto sírio, para mendigar piedade, mas para advertir as mais altas autoridades islâmicas da calamidade que acaba de se abater sobre os crentes e para pedir-lhes uma intervenção imediata que cesse a carnificina. “Os muçulmanos nunca foram humilhados desse jeito”, repete al-Harawi, “suas terras nunca foram tão selvagemente devastadas.” Os homens que o acompanham são todos fugitivos das cidades saqueadas pelo invasor; alguns contam entre os raros sobreviventes de Jerusalém. Ele os trouxe consigo para que pudessem contar, pessoalmente, a tragédia vivida no mês anterior.

Foi de fato na sexta-feira, dia 22 do mês de xabã do ano de 492 da hégira, 15 de julho de 1099, que os franj tomaram a Cidade Santa depois de um cerco de quarenta dias. Os exilados ainda tremem sempre que falam a respeito, e seus olhos ficam parados como se ainda enxergassem os guerreiros loiros cobertos de armaduras se espalhando pelas ruas, com sabres desembainhados, degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as casas, saqueando as mesquitas.

Quando a matança cessou, dois dias depois, não havia mais nenhum muçulmano dentro dos muros da cidade. Alguns tinham conseguido aproveitar a confusão para se esgueirar para fora, pelas portas que os invasores tinham derrubado. Os outros jaziam aos milhares em poças de sangue na soleira de suas casas ou nos arredores das mesquitas. Entre eles, um grande número de imãs, ulemás e ascetas sufis que tinham deixado seu país para viver um recolhimento piedoso naqueles lugares santos. Os últimos sobreviventes foram obrigados a realizar a pior das tarefas: carregar os cadáveres dos seus, empilhá-los sem sepultura em terrenos baldios e queimá-los, para logo depois serem por sua vez massacrados ou vendidos como escravos.

O destino dos judeus de Jerusalém foi igualmente atroz. Durante as primeiras horas de batalha, vários deles participaram da defesa de seu bairro, a Judiaria, situada ao norte da cidade. Mas quando o pedaço de muralha que cercava suas casas desabou e os cavaleiros loiros começaram a invadir as ruas, os judeus se desesperaram. A comunidade inteira, reproduzindo um gesto ancestral, se reuniu na sinagoga principal para rezar. Os franj bloquearam todas as saídas e, empilhando toras de madeira, atearam fogo ao local. Os que tentavam sair eram mortos nas ruelas vizinhas. Os demais, queimados vivos.

Alguns dias depois da tragédia, os primeiros refugiados da Palestina chegaram a Damasco, levando consigo, com infinitas precauções, o Alcorão de Otomão, um dos mais velhos exemplares do livro sagrado. Os fugitivos de Jerusalém também se aproximaram da metrópole síria. Avistando de longe a silhueta dos três minaretes da mesquita omíada que se destacam acima da muralha quadrada, eles estenderam seus tapetes de orações e se prostraram para agradecer ao Todo-Poderoso por ter assim prolongado suas vidas, que eles acreditavam ter chegado ao fim. Na qualidade de grande cádi de Damasco, Abu-Saad al-Harawi acolheu os refugiados com benevolência. Esse magistrado de origem afegã era a personalidade mais respeitada da cidade; aos palestinos, não poupava conselhos e reconforto. Para ele, um muçulmano não devia se envergonhar de precisar fugir de sua casa. O primeiro refugiado do Islã não fora o próprio profeta Maomé, que precisara deixar sua cidade natal, Meca, cuja população lhe era hostil, para buscar refúgio em Medina, onde a nova religião era mais bem acolhida? E não fora a partir de seu exílio que ele lançara a guerra santa, o jihad, para livrar sua pátria da idolatria? Os refugiados deviam se considerar, portanto, combatentes da guerra santa, os mujahidin por excelência, tão honrados no Islã que a emigração do Profeta, a hégira, fora escolhida como ponto de partida da era muçulmana. Para muitos crentes, o exílio era inclusive um dever imperativo em caso de ocupação. O grande viajante Ibn Jubayr, um árabe espanhol que visitaria a Palestina cerca de um século depois do início da invasão franca, ficaria escandalizado de ver que certos muçulmanos, “subjugados pelo amor à terra natal”, aceitavam viver em território ocupado. “Não há”, ele diria, “para um muçulmano, nenhuma desculpa perante Deus para sua estada numa cidade ímpia, a menos que esteja apenas de passagem. Em terras islâmicas, ele se encontra ao abrigo das penas e dos males aos quais está submetido nos países cristãos, como ouvir palavras repugnantes sobre o Profeta, particularmente na boca dos mais tolos, estar impossibilitado de se purificar e viver entre os porcos e tantas coisas ilícitas. Abstenham-se, abstenham-se de penetrar nessas regiões! É preciso pedir perdão e misericórdia a Deus por tal erro. Um dos horrores que atingem os olhos de quem mora na terra dos cristãos é o espetáculo dos prisioneiros muçulmanos tropeçando em correntes, utilizados em trabalhos forçados e tratados como escravos, bem como a visão das cativas muçulmanas que têm argolas de ferro nos pés. Os corações se partem ao vê-los, mas a piedade não lhes serve de nada.”

Excessivas do ponto de vista da doutrina, as palavras de Ibn Jubayr não deixam de refletir bastante bem a atitude dos milhares de refugiados da Palestina e da Síria do Norte reunidos em Damasco naquele mês de julho de 1099. Pois embora tenham abandonado suas casas com o coração pesado, eles estão determinados a não voltar para seus lares antes da partida definitiva do ocupante e decididos a despertar a consciência de seus irmãos em todas as regiões do Islã.

Caso contrário, por que teriam vindo a Bagdá conduzidos por al-Harawi? Não era para o califa, sucessor do Profeta, que deviam se voltar os muçulmanos nas horas difíceis? Não era para o príncipe dos crentes que deviam se elevar suas queixas e lamentações?

Em Bagdá, a decepção dos refugiados será diretamente proporcional a suas expectativas. O califa al-Mustazhir-billah começa expressando sua profunda simpatia e sua extrema compaixão por eles, depois encarrega seis altos dignitários da corte de efetuar uma investigação sobre aqueles deploráveis acontecimentos. Será preciso dizer que nunca mais se ouvirá falar desse comitê de sábios?

O saque de Jerusalém, ponto de partida de uma hostilidade milenar entre o Islã e o Ocidente, não provoca, na hora, nenhuma reação. É preciso esperar quase meio século para que o Oriente árabe se mobilize diante do invasor e para que o chamado ao jihad lançado pelo cádi de Damasco na sala do conselho do califa seja celebrado como o primeiro ato solene de resistência.

No início da invasão, poucos árabes conseguem avaliar, de imediato como al-Harawi, a amplidão da ameaça vinda do Oeste. Alguns se adaptam inclusive rápido demais à nova situação. A maioria só pensa em sobreviver, amargurada mas resignada. Outros se apresentam como observadores mais ou menos lúcidos, tentando compreender aqueles acontecimentos tão imprevistos quanto novos.

O mais cativante é o cronista de Damasco, Ibn al-Qalanissi, um jovem letrado de uma família de notáveis. Espectador de primeira hora, ele tem 23 anos em 1096, quando os franj chegam ao Oriente, e se dedica a regularmente registrar por escrito os acontecimentos de que toma conhecimento. Sua crônica narra com fidelidade, sem paixão excessiva, a marcha dos invasores, tal como ela é percebida na cidade.

Para ele, tudo começa naqueles dias de angústia em que chegam a Damasco os primeiros rumores...

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