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DUDA DALPONTE
Maria Eduarda Dalponte
Repórter esportiva
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CORAGEM E DETERMINAÇÃO
DRIBLANDO O PRECONCEITO NO MUNDO ESPORTIVO
Ao ligar em um jogo de futebol, nos acostumamos a ver homens jogando e vozes graves reportando. Em conversas na mesa de um bar em dia de jogo, a opinião feminina vem sempre antes de uma pergunta como: “Você sabe o que é impedimento?”. Mas, como tudo na história, chega um dia que isso cansa e que as mulheres se encorajam a entrar de vez nesse contexto e a quebrar as barreiras impostas por décadas.
O esporte é um espaço de discriminações para as mulheres e podemos provar analisando números. Entre 1941 e 1983, o sexo feminino foi proibido, por lei, de praticar algumas modalida-
des, como futebol e artes marciais. Apesar de as jornalistas esportivas não serem proibidas de atuarem, sempre sofreram e, ainda sofrem, com xingamentos e preconceitos. De acordo com levantamento realizado pela Portal Gênero e Número em 2016, apenas 10% das colunas esportivas dos dez jornais com maior circulação nos estados brasileiros são assinadas por mulheres. Nos programas esportivos de TV por assinatura, apenas 13% das profissionais são mulheres.
Na narração esses números são ainda menores. Quantas vezes você ligou a TV ou o rádio e ouviu uma voz feminina narrando? Se já ouviu, qual foi sua reação? A maioria das pessoas dizem ser “estranha” ou “muito aguda”. Com certeza é estranho! Se você passa décadas ouvindo homens narrarem, não vai ser em um dia que você vai se acostumar com o diferente. Por todas essas questões, hesitei em narrar jogos. Não me achava capaz. Mas um dia resolvi tentar. Me encontrei na área do jornalismo esportivo e tento todos os dias ocupar esse espaço.
Este discurso vai muito além da área jornalística, ele fala sobre uma sociedade em que estamos acostumados a viver. O que me dá força todos os dias é saber que estamos em um processo de mudança e que nós, mulheres, já marcamos muitos golaços e ainda temos muito a conquistar - em todas as áreas e espaços - se nós queremos, vamos lá e fazemos, independente de quantas situações precisamos driblar para marcar o gol.

