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Figura 15 – Sistema Octanorm
from Trabalho Final de Gradução - Arquitetura de Eventos: Uma proposta modular para estande de exposição
expositores para produtos menores também o torna instigante. No tipo peça central, não há várias possiblidades de exposição, já que atrai tudo para um único foco, tornando o estande menos cativante. Percebe-se realmente que a questão do congestionamento dentro do estande deve ser considerada, já que o foco todo está em um único ponto. Além disso, esse formato se parece com o mais comum visto em feiras. No layout tipo clube, a surpresa do descobrimento de um grande espaço aberto apresenta diversas possibilidades de expor, e foge da monotonia. O tipo teatro, parece resultar em uma espacialização confusa, pela disposição em ângulos, entretanto, se forem posicionadas peças laterais paralelas ao volume principal, é possível obter um layout organizado e ortogonal, o que atrai melhor o visitante. Porém, a grande peça triangular atrai espectadores que olham de longe, mesmo estando em diversas direções. Entretanto, há uma clareza na hierarquia das peças. Considerando o tipo praça, nota-se que é mais convidativo que alguns, induzindo o visitante a percorrer o estande, o que permite observar todos os produtos e elementos de uma só vez. Já no layout casual, a desordem inicialmente incomoda, fazendo o espectador considerar o real desejo de entrar.
3.2.2 Materiais e sistemas construtivos
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Segundo Albuquerque (2013) pela necessidade de adaptação e de ser passível de transporte, este tipo de arquitetura não permite que a vida útil dos materiais compositivos e construtivos de uma edificação seja pequena. Além disso, deve ser possível a sua reutilização, tanto dos materiais, quanto do sistema construtivo. E tudo isso deve ser considerado no ato de projetar.
Convivendo com tantas possibilidades de inovação, atualmente a maior tendência no campo da arquitetura remontável é o uso de estruturas metálicas (ou mistas) em sistemas construtivos ágeis quanto ao transporte e remontagem, o que garante rapidez na execução). A portabilidade é a principal característica desse tipo de sistema, para o que contribuem a leveza da estrutura, assim como a capacidade de vencer grandes vãos, o arrojo visual e grande fluidez e permeabilidade visual. (ALBUQUERQUE, 2013)
Quando mencionamos sistemas construtivos ágeis e duradouros, para ser remontado diversas vezes, Morais (2020) cita o Padrão Octanorm (Figura 15). Um material modular, criado por um carpinteiro, Hans Staege em 1969. Este padrão é caracterizado por um bastão de alumínio extrusado de 8 lados, com rasgos no sentido vertical para que travessas e painéis sejam encaixados na posição mais favorável. Esses painéis podem ser de diversos materiais, como vidro, MDF, compensado e TS estrutural – um laminado de alta resistência e durabilidade o que possibilita o reaproveitamento em diversos estandes. É um sistema geralmente encontrado nos estandes do tipo básico.
Figura 15 – Sistema Octanorm
Fonte: Morais, 2020
Nos estandes básicos, encontram-se outros materiais possíveis de reaproveitamento, como a forração de carpete aplicada no piso. Quando se deseja alguma personalização, pode-se trocar os painéis de TS, o básico por padrão, por vidro, madeira ou acrílico, além de algum tipo de piso diferenciado. O sistema Wood Frame também é muito utilizado neste setor de eventos, com montantes e travessas em madeira revestidos por painéis. É mais visto nos estandes do tipo construídos e cenográficos, utilizando compensados de madeira de diversas espessuras, que recebem acabamento de outros materiais como tintas, tecidos, papel de parede e impressões, por exemplo. Também são encontrados com facilidades o uso de madeira, fórmica, lona vinílica, compensado flexível, PVC e elementos extras como bancadas, vitrines e balcões como um mobiliário diferenciado e personalizado. Como vimos, a arquitetura efêmera, apesar do seu breve período de atuação, deve apresentar excelência em seu desenvolvimento, já que os componentes efêmeros também funcionam como transmissores da mensagem vinculada à arquitetura. Assim, Venturi (1977 apud MONASTÉRIO, 2006) compara os sinais da arquitetura presente em Las Vegas. A luz presente na Avenida Strip, funciona como elemento qualificador, simbólico e psicológico, transformando-se em um dos principais componentes ou materiais efêmeros da construção do espaço da cidade. Mies Van der Rohe, renomado arquiteto, teve grande reconhecimento no seu trabalho do Pavilhão da Alemanha na Exposição Internacional da Espanha em Barcelona em 1929 pelo uso
diferenciado da iluminação e da transparência; além da utilização de novos materiais, tais como diferentes tipos de mármore, espelhos e suportes em aço cromado. (MONASTÉRIO, 2006). Para Albuquerque (2013) já a lona tensionada, que demonstra o mesmo princípio das tendas nômades, encontra na arquitetura têxtil a facilidade na criação de formas e espaços múltiplos e versáteis quanto ao layout. Embora conhecida de longa data, este tipo de material ainda é pouco utilizado pelos arquitetos, tendo seu profissional chave os engenheiros.
Apesar da remontagem (e, portanto, da possível reciclagem da estrutura) ser a maior vantagem desse tipo de proposta, verifica-se, mundialmente, uma forte tendência para a fusão das estruturas móveis à arquitetura convencional, o que se repete também no Brasil. (ALBUQUERQUE,2013).
3.2.3 Projetos modulares e flexíveis
Monastério (p. 57, 2006) vincula tudo que temos visto dos projetos de estandes a arquitetura efêmera, e comenta que empresas que participam de diversas feiras, nacionais ou internacionais, geralmente procuram por projetos onde possa se considerar a facilidade de montagem e desmontagem, da portabilidade e da leveza na construção, assim como o reuso de materiais. Considera-se também relevante o uso de modulação, em contrapartida ao pensamento comum que vincula a inibição da criatividade em consequência da padronização ou modulação em projetos. É importante considerar o módulo, como parte de um sistema, onde suas conexões são cuidadosamente analisadas e consideradas que permitem a construção de um sistema. A divisão de um sistema em módulos, acelera a montagem final e reduz o tempo de execução final. Salerno (2000, apud MONASTÉRIO, p. 60, 2006) menciona: “O módulo pode ser definido a partir de
parâmetros funcionais (montagem), espaciais (volume para transporte), de gestão (consolidação) e serviços.”
Os sistemas abertos, com capacidade de adaptação se multiplicaram ao longo do tempo, e hoje são extremamente relevantes. Os sistemas construtivos para exposições, os sistemas usados de divisórias, de instalações hidrossanitários, de iluminação, de pisos e de fechamentos, por exemplo, são todos sistemas possíveis de adaptação as diferentes estruturas portantes e aos outros vários sistemas. (MONASTÉRIO, p.57, 2006)
1 Transporte a distâncias muito longas, utilizando-se vários modais. Um estande modular e flexível pode mudar sua forma, mesmo que este seja do tipo personalizado. Um estande configurado em ilha pode assumir facilmente a configuração depenínsula ou linear. O fato de uma empresa ter adotado nas ultimas exposições espaços de 20m x 20m (ilha), não significa que não possa ter um outro de 20m x 30m (península), ou um de 10 x 30(linear) (ADAMS, 2003b apud MONASTÉRIO, p.57, 2006).
Monastério (2006) conclui:” as especificações de projeto podem contribuir com a otimização do processo de montagem e operações, assim como a padronização de componentes e a coordenação modular permitem a redução de desperdícios e o aumento da produtividade.”. Assim,
mesmo em uma arquitetura promocional, em projetos sob medida, a modulação pode ser um partido a ser adotado. Ele agrega valor à medida que proporciona flexibilidade e adaptabilidade aos espaços. Os projetos modulares, tem uma vantagem quanto ao menor tempo de execução, montagem e desmontagem. Segundo Adams (2004a, apud Monastério, p. 100, 2006) este tempo pode ser medido a partir de um ensaio da montagem feito pelo próprio executor, ou então utilizando a média de uma hora para cada 3 metros de estande do tipo básico, no formato linear, península ou ilha. Fala-se sobre o reuso, ou reaproveitamento de matéria-prima, porém segundo Armstrong (2003a), a queima de estandes após um único uso é conhecida de longa data. Assim, descartam-se diversas paredes, tapetes etc., mas isso é justificado pois, muitas vezes isso significa uma economia de até 50%. O argumento utilizado para esses desperdícios é: “Materiais de peso leve são mais baratos e menos duráveis, e assim cortam custos em armazenamento, transporte e drayage1 .”. Além disso, os expositores consideram que por estarem presentes nas mesmas feiras por vários anos seguidos, os clientes podem ver as mesmas edificações, passando a imagem que a companhia também não vem se renovando. (MONASTÉRIO, p. 101, 2006).

4. ESTUDOS DE CASO
Buscando se aproximar do tema deste trabalho, foram analisados estandes do tipo cenográfico, realizados principalmente para ExpoRevestir. A maior feira do segmento de acabamento da América Latina, promovida pela ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres). (ANFACER, s.d) De tamanha importância na área da arquitetura, ela é considerada um marco inicial dos maiores eventos de arquitetura do ano, pois são lançadas as principais tendências que guiarão o mercado, além de promover o encontro de profissionais de diversas áreas do setor. Segundo a empresa Poli Design (s.d), referência no mercado de cenografia, escolher uma boa localização é um diferencial para atrair os visitantes. Assim, alguns itens são relevantes. a) Um lote, nome dado ao espaço destinado a locação da empresa dentro da feira, onde o pé direito seja mais alto; b) Paralelos a corredores, também chamado de ruas, largos – É nesses lugares mais amplos onde as pessoas tendem a passar mais tempo, já que lugares baixos e estreitos passam a sensação de aperto. c) Estar do lado direito no corredor. É o lado onde as pessoas tendem a olhar primeiro, e onde a visão permanece maior tempo. d) Perto das entradas principais, onde está todo o fluxo de pessoas, e de onde é possível direcionar o visitante. Além disso, outros conceitos foram analisados, como o diferente uso de materiais e cores, o layout, os detalhes técnicos e a criatividade ao projetar.