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Depressão eu te conheço

2ª EDIÇÃO - 2023

SANTO ANDRÉ, SP

© MEU VALOR - Depressão eu te conheço

© Geográfica Editora

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Diretora editorial

Maria Fernanda Vido

Editor assistente

Adriel Barbosa

Diagramação

Abra Propaganda

Revisão

Patrícia de Oliveira Almeida

Capa

Rodrigo Massagardi

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L864m Lopes, Marta Meu valor, depressão eu te conheço. Marta Lopes.Santo André: Geográfica, 2023.

16x23 cm; 192p.

ISBN 978‐65‐5655‐376‐4

CDU 248.151

Catalogação na publicação:

Leandro Augustodos Santos Lima – CRB 10/1273

Dedico este trabalho à minha filha, o grande milagre recebido, que tem sido minha maior alegria para realmente viver e não só sobreviver inerte. Meu tesouro inexplicável, quem primeiramente me encorajou: “Mamãe, você deveria escrever um livro”. E ao meu querido e valente esposo, meu melhor amigo e inquestionável companheiro. Obrigada por seu amor, seu amparo e paciência em períodos de crises, procurando compreender e ajudar de alguma maneira mesmo sem saber como. Eu o amo profundamente e lhe devo muitos momentos de superação. “Quando vamos lançar um livro seu?”. Penso que neste corpo viveremos e morreremos, e onde investirmos o nosso amor, investiremos nossa vida. Obrigada por investir em nós.

Diariamente agradeço a Deus pelo temperamento que ele me deu. Por ter formado meu ser exatamente como é, por eu estar aqui hoje, viva e lutando pelas respostas e direções. Por ele me oferecer uma esperança de vida eterna, razão pela qual levanto nos dias mais difíceis. Também agradeço pela oportunidade, força e inspiração no momento da escrita e franqueza para expor um assunto encarado como tabu grande parte da minha vida.

Agradeço aos meus avós, exemplos de vida espiritual, meus amores e minha inspiração.

À minha mãe, mulher corajosa e guerreira, um porto seguro em momentos de desespero: “Você precisa escrever, compartilhar com o mundo suas experiências e descobertas”.

Agradeço ao meu pai por enxergar em mim o que eu não conseguia: “Como uma pessoa tão inteligente pode ter uma doença tão incapacitante?”

Aos meus três irmãos, meu tio Neno, minha amiga Nara e às duas irmãs que a vida me deu, companheiras desde a infância, mesmo agora distantes: Gi, por me apoiar sem julgamentos; Ci, por me abraçar e proteger muitas vezes.

À minha equipe: obrigada pelo apoio e dedicação.

Prezado leitor, cada um de nós vê a realidade de um jeito. Mesmo entre filhos dos mesmos pais, com mesmo código genético, existem variações na percepção de cada indivíduo.

Dentro da mesma família, cada filho precisa conquistar seu espaço e encontrar a própria identidade. Do ponto de vista espiritual, também somos únicos e insubstituíveis. Somos seres sensíveis que enfrentam seus dilemas, suas enfermidades e seus demônios diariamente. Cada um de nós com seu valor perante o Criador e seus mistérios.

Fui uma criança “boazinha” que não dava trabalho, não reclamava e sofria calada em nome do que acreditava ser amor e paz. Quando entrei na adolescência, consegui unir forças para enfrentar o artificial, a imposição de “normalidade”, do “sempre foi assim” ou “tem que ser assim”, e comecei a incomodar muitos com questionamentos, posturas diferentes e pensamentos “fora da caixinha”.

Eu não era como alguns que aceitavam o que era imposto como algo melhor para nós. Meu espaço estava muito apertado, minha identidade era mais expansiva e a realidade era vista e sentida de forma diferente por mim. Sempre olhava para as pessoas e conseguia, desde pequena, ver a raridade que existe em cada ser humano.

As imposições relacionadas ao meu falar, agir, vestir e pensar geravam tanto sofrimento e senso de desvalor que me faziam experimentar uma infelicidade constante.

Traziam-me um sentimento de não fazer parte do grupo, por pensar diferente, sentir diferente, estar “errada” na visão da maioria dominante, e medo da rejeição ou abandono.

O amor que me impulsiona é tão grande e verdadeiro que eu não poderia mais guardar minha história, minhas experiências e aprendizados sem compartilhá-los.

Vejo que há muitas pessoas sofrendo como eu e a maior parte delas está sem saber onde encontrar apoio e amor, perdidas em seu mundo interno, obscuro e secreto, buscando por uma luz no fundo do poço. Um poço no qual muitas vezes nos jogam uma corda, mas não encontramos força interior para subir por ela. Com toda a dificuldade emocional e psíquica, consegui chegar até aqui. Essa sou eu, com meus defeitos e qualidades; com muita humildade escrevo estas páginas.

Culpo minhas piores experiências pelo desencadeamento das crises depressivas, por tamanho sofrimento, mas também reconheço que somente por causa delas posso ajudar e entender as pessoas que encontro por onde vou, em qualquer país que trabalho, de qualquer religião e cultura.

Neste livro você vai conhecer um pouco da vida de alguém que vence diariamente a depressão, com sua luta contra os próprios demônios, as consequências e os mitos. Saberá como aprendi a aceitar a enfermidade, tratar e conscientizar as pessoas com quem convivo, conquistando um estado de espírito libertador!

Também conhecerá as experiências espirituais que vivi e ainda vivo. Seja qual for a sua crença, saiba que a respeito. Todos nós temos a necessidade de encontrar a luz que desfarará as trevas em nosso coração e nos dará a verdadeira paz. Quando eu citar a Deus, é porque acredito nele como meu Criador e meu Guia, e desejo compartilhar a minha experiência com você. Assim, o propósito deste livro é transmitir minha experiência, meus conhecimentos e humildes conselhos, embora não dê para escrever tudo o que aprendi durante a minha vida, convivendo diariamente com a depressão, e tudo que estudei, que pode contribuir para que cada um valorize mais a si mesmo e as pessoas que fazem parte da sua vida. Espero que este livro realmente contribua para o despertamento e a diminuição dos julgamentos sobre o tema e para que haja mais respeito por pessoas que, como eu, lutam diariamente contra o tão chamado “mal do século”: a depressão.

Acredito no valor que Deus me deu e, a cada dia, descubro como isso é importante e quanto mereço ser amada, apesar de meus defeitos e debilidades.

Bem-vindo a essa jornada de descobrimento, que seu valor seja despertado cada dia mais.

Saiba que eu já te amo e que estamos juntos nessa luta.

Aproveite!

Você já deve ter ouvido falar em depressão; talvez você conviva com alguém que esteja enfrentando essa doença, ou ame um depressivo(a); talvez você tenha tido depressão em algum período da sua vida ou algum dia ainda sentirá essa dor.

O fato é que convivo com a depressão desde criança; ela tem feito parte da minha vida, da minha história, e não me penalizo mais por isso (já tive muita autopiedade e isso nunca ajudou).

Hoje, a depressão é conhecida como a doença mais incapacitante no mundo, que leva o indivíduo a sentir que é inútil e a menosprezar suas qualidades. Você consegue imaginar quão difícil é para um ser humano que desenvolve essa doença sentir-se valorizado? Encontrar meu próprio valor, aceitar que posso amar do meu jeito e devo ser amada como sou, foi a maior e melhor descoberta em minha jornada.

Houve um tempo em que as pessoas diagnosticadas com depressão tinham de ser afastadas da sociedade. Em um tempo mais recente, em meados de 1970, ainda permanecia o tabu em torno dos problemas psiquiátricos, e as pessoas nunca admitiam que iam a psiquiatras ou que precisavam tomar alguma medicação antidepressiva. Entre as décadas de 1980 e 1990, quando uma criança na minha escola era direcionada a algum psicólogo ou psiquiatra, ganhava o estigma de “louca” ou “problemática”. Naquela época, minha família nem aceitava ter de levar um de nós a um desses profissionais, porque éramos crianças “normais”: “Meu filho vive bem, não precisa de tratamento. Essas professoras não sabem o que falam”.

Hoje, com tantas pesquisas disponíveis, com a evolução contínua da ciência, especialmente no campo da Neurociência, e com o acesso rápido a informações através da internet, é possível entender, aceitar e desmistificar os tabus sobre a depressão.

Figuras públicas, artistas e atores já tornam público e compartilham com as pessoas o processo de depressão que enfrentaram ou ainda enfrentam e como vencem a doença dia após dia. Um exemplo é o ator americano Jim Carrey que, em uma entrevista à rede de TV norte americana CBS News definiu a depressão como uma doença de fases difíceis, mas também amenas, “com picos e vales, que são sempre cavados e suavizados para que você sinta um permanente desespero e fique sem respostas, mesmo que viva bem” . Como Jim, existem várias outras personalidades que, felizmente, tornam pública essa luta, ajudando a sociedade na conscientização da doença e suas vítimas a serem melhor compreendidas.