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'PAREM DE MENTIR!'

ponsabilizou o governo Bolsonaro pelo genocídio de pelo menos 570 crianças indígenas. E mandou um recado a ex-autoridades bolsonaristas que minimizam a crise humanitária na tentativa de se eximirem da responsabilidade: "parem de mentir!".

A liderança também reagiu a fake news e teses difundidas por militares de que os Yanomami seriam separatistas ou manipulados por ONGs: "Vocês têm que acreditar em nós, povo Yanomami, porque nós estamos sofrendo. A gente tem representantes nas aldeias". O ex-presidente Jair

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Bolsonaro chegou a chamar emergência sanitária de "farsa da esquerda". Dário defende que militares garantam a segurança na fronteira com a Venezuela. E disse ouvir de lideranças Yanomami locais que o Exército brasileiro recebe propina para fazer vista grossa à proliferação do garimpo ilegal. "O Exército tem que fazer a soberania nacional onde as drogas estão entrando, onde os garimpeiros estão entrando, onde os estrangeiros estão entrando. Isso é responsabilidade de general. Isso é papel do Ministério da Defesa", afirmou em entrevista disponível na íntegra a seguir. Kopenawa afirmou que os militares presentes na Terra Indígena Yanomami ficam próximos a pontos de garimpo ilegal. "Eles [militares] estão vendo os garimpeiros voando, pousando... Os pelotões não coíbem e não fazem vistoria", denuncia. Em relação às primeiras ações emergenciais tomadas pelo governo federal, Dário as considera satisfatórias, mas insuficientes. Será preciso, segundo ele, manter a presença forte do Estado por mais tempo, para evitar que os garim- peiros voltem após serem expulsos.

"O governo está se preocupando e viu a realidade quando foi em Roraima. Ele [Lula] viu as crianças na vida dele, pessoalmente. As crianças estão doentes, estão desnutridas, com malária. E isso é desumano", afirmou.

Dário fez questão de dizer que o genocídio no Brasil não atingiu apenas os indígenas. "Estou falando de 600 mil que o governo matou na pandemia. Não é só o povo da Floresta, o povo Yanomami, que tem que se defender. A sociedade brasileira também".

Hoje em meio a uma maratona de reuniões, entrevistas e viagens como porta-voz dos Yanomami, ele relembra a infância marcada pelo horror do garimpo ilegal. "Meus parentes, meus tios foram assassinados. Minhas tias morreram de epidemia. Eu cresci nesse movimento de violações do meu povo. E reconheci a luta do meu pai. Ele viajava muito na luta, gritando para autoridades brasileiras. Então eu cresci e eu aprendi. Depois, nesse meu crescimento, pensei no meu avô, na minha mãe".

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