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Hershey

um mundo de peças e relíquias

a feira na terra do chocolate é uma das maiores do mundo

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Há quem diga que duas grandes feiras de veículos antigos em seguida chega a ser exagero. Sai de uma, entra na outra. Pode ser, mas dificilmente quem se dispõe a ir até a Pensilvânia, principalmente se for de outro país, fica satisfeito ao visitar apenas uma delas, aí aproveita e fica nas duas durante todo o tempo. E foi o que fizemos: duas grandes feiras de antigos em dois fins de semana seguidos.

Nas páginas anteriores vocês conheceram a feira de Carlisle, cuja especialidade são os veículos do pós guerra, desde sua primeira edição, em 1974. É claro que atualmente os veículos lá expostos acabam abrangendo todas as épocas, mas os carros dos anos 50 ainda são as preferências dos participantes.

Já a feira de Hershey, no fim de semana seguinte, tem como foco principal veículos e objetos mais antigos, de antes da segunda guerra, mas, da mesma forma, acaba reunindo memorabilia referente a praticamente todas as épocas. ç

Não apenas itens relacionados a automóveis são oferecidos, mas todos eles com muita história para contar

Os espaços em Hershey são divididos por categorias

A feira de Hershey, na cidade de mesmo nome (onde está sediada a fanmosa marca de chocolate) é monstruosamente grande, ocupando uma área de 3,5 milhões de metros quadrados, o equivalente a 3,5 vezes a superfície do nosso Autódromo de Interlagos, ou o dobro da área do Parque do Ibirapuera. Imagine essa tamanho todo ocupado por barracas, carros, caminhões, motocicletas, barcos e, às vezes, até trens e aviões, tudo isso representando curiosidades impedíveis, de comprar ou, no mínimo observar. Os quatro dias da exposição parecem não serem suficientes para conhecer tudo no nivel de detalhes que gostaríamos.

Diferentemente de Carlisle, onde os gramados ditam as posições dos expositores, na feira de Hershey tudo é distribuído em um imenso estacionamento asfaltado, com várias áreas delimitadas. No mapa acima, só para ter uma ideia dos tamanhos, as três grandes edificações – o Giant Center, estádio que abriga o time Hershey Bears, de hóquei no gelo, o Chocolate World, que é uma espécie de disneilândia dos chocolates, e o HersheyPark Stadium, onde se realizam jogos de futebol americano e ainda tem o Star Pavillion, um imenso palco para shows musicais grandiosos –, parecem pequenos em relação à área total da feira. E são locais que podemos visitar e nos abrigar durante a estada entre os carros antigos. Algo bastante útil, já que há pouca sombra em toda a área e essas facilidades contam com sanitários e oferecem descanso para as cansadas pernas dos visitantes. ç

Cerca de três mil expositores ocupam os 3,5 mil metros quadrados da exposição

Um triciclo elétrico Carter, inglês, do início dos século passado, circulava pelo local

Um raro Chrysler Airflow 1935. Raro porque, apesar de ser aerodinâmico, o público o considerou feio e não comprou

dentro d’água Nas milhares de barracas de peças – cerca de três mil delas – é sempre O Amphicar foi um automóvel anfíbio possível encontrar aquele par de lançado em 1962 que podia navegar. A faróis para um Whippet 1929 ou ideia era interessante e ousada, mas o algo semelhantemente difícil de se que se dizia, na época, é que o Amphicar ver em feiras comuns, ou outras tinha um desempenho de barco na coisas referentes ao início do século estrada. e pior ainda na água. De uma passado. Basta ter paciência para forma ou de outra, era um verdadeiro procurar – e perguntar bastante. anfíbio. Foram fabricados cerca de 800 Já os veículos são de todas as unidades, muitas delas ainda na ativa, épocas, mas uma característica dessa funcionando e navegando. feira é a circulação constante dos mais antigos, geralmente aqueles cuja restauração foi bem difícil e o feliz proprietário faz questão de desfilar com ele. Carros a vapor circulando entre as barracas são relativamente comuns. Pelas laterais da exposição há um espaço corrido por onde os carros também circulam e estacionam para venda. É a parte mais interessante da mostra, já que não há barracas ao seu redor e eles ficam mais à mostra. Dali, no último dos quatro dias do evento (eram cinco, terminando no sábado, mas este ano terminou na sexta-feira), os carros fazem um desfile até o outro lado da área, onde há um gramado caprichosamente cuidado para uma exposição especial. Eles devem chegar lá funcionando, às 9h00, e sair às 15h00, com exceção dos carros de competição, que podem ser transportados até um local especialmente reservado. A empreitada de conhecer todos os cantos de Hershey não é fácil, estimamos que caminhamos cerca de 15 km por dia, indo e voltando a todo momento. Mas que é que está preocupado com isso? l

Meus dois Chevrolet preferidos, um Bel Air 1955 e um Impala 1963

O Plymouth Superbird foi uma versão especial do Road Runner, feito para vencer o Ford Torino na Nascar em 1970

Alguém já havia visto, ao vivo,, a versão comercial do Chevrolet Corvair, com motor boxer traseiro de seis cilindros?

Os caminhões de serviço estavam bem representados, como este Divco S de 1936 e este Ford Modelo AA de 1929

Um caminhão Ford Modelo A de 1930 e, ao lado, o mais enferrujado é um International Modelo H de 1918

Bem estranho, esse Brewster de 1934

E esse Brush, alguém conhece?

digno de nota

Este Crosley Flying Saucer de 1947 me chamou a atenção no gramado de Hershey. Muito estranho, feio, até, mas bastante representativo. A Crosley, fabricante norte-americana de 1939 a 1952, introduziu muitas inovações no mercado da época, por meio de seus produtos bem populares. Merece uma reportagem especial sobre isso. O Flying Saucer, ou “disco voador”, foi uma criação especial baseada no Crosley Roadster, que recebeu até componentes de outras marcas.

Dois Stanley a vapor Modelo 70 de 1910. O da direita estava à venda por US$ 138 mil. Quanto será que vale o outro?

Milburn elétrico 1921 e Morgan Threeweeler 1933. O Cartercar Model R Roadster 1912 estava à venda por US$ 175 mil