Jornal Barão

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo do Centro Universitário Barão de Mauá.

Ribeirão Preto, setembro de 2014.

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CONAR: Censura ou Regulamentação Entrevista - As Vadias: movimento feminista de igualdade social Ribeirão tem 15 mil animais abandonados

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Antigo espaço para roqueiros deixa saudades

“Ribeirão Preto parecia o Texas. Em qualquer lugar só tocava música sertaneja. Foi o Noel que começou a criar a cena do rock independente na cidade”.

Leonardo Santos / Vinicius Alves

Marcela Garrido

Sherlock Holmes de pelos.

Os cachorros são usados pelos policiais para achar entorpecentes, explosivos e até mesmo pessoas.

Setembro 2014

A Propaganda sob olhar do Conar, censura ou regulamentação ?

GIOVANI VIDAL

O

Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) foi criado para frear a ameaça do governo federal, na década de 70, em censurar a propaganda no Brasil. Desde então, as diretrizes traçadas pelo seu Código vêm sido acatadas pelo mercado publicitário.

Por ser uma organização nãogovernamental, o Conar é composto por voluntários da sociedade civil e também do setor empresarial. Mesmo não sendo uma organização conservadora (pois uma propaganda de qualidade geralmente é desenvolvida sob quesitos como criatividade, irreverência e inovação para aguçar os desejos do público consumidor), pontos baseados na ética publicitária servem como alicerce para o Código do Conar. Então, para que a publicidade esteja pautada nessas normas, ela deve seguir os seguintes parâmetros: todo anúncio deve ser honesto, verdadeiro e respeitar as leis do país; ser preparado com o devido senso de responsabilidade social, evitando acentuar diferenciações

sociais; ter presente a responsabilidade da cadeia de produção junto ao consumidor; respeitar o princípio da leal concorrência; respeitar a atividade publicitária e não desmerecer a confiança do público nos serviços que a publicidade presta.

Tendo em vista essas diretrizes, qualquer pessoa que se sinta ofendida por uma propaganda pode reclamar no Conar.

Isso inclui consumidores, concorrência, autoridade pública, etc. Esse amplo leque atendido pelo Conselho pode formalizar suas reclamações diretamente pelo site: www.conar.org.br. A partir dai, o Conselho examina a propaganda e, se realmente houver algum conteúdo avaliado como inapropriado, o resultado é um pedido de alteração da mesma ou a sua retirada de circulação. É importante salientar que mesmo o Conselho sendo um órgão soberano de fiscalização, ele garante amplamente o direito de defesa ao acusado.

Para a publicitária Aline Gelfuso, o Conar, em sua ideia inicial, é muito interessante: um Conselho para a autorregulamentação da propaganda com seu foco na ética, a fim de evitar excessos sem se utilizar

da censura. Sua intenção é evitar que conteúdos mentirosos, abusivos e ofensivos sejam veiculados. Mas o problema deste Conselho é que a regulamentação do conteúdo publicitário veiculado está concentrada, em sua maioria, nas mãos da própria publicidade e, dessa maneira, em alguns momentos, quem detém o poder dessas decisões, acaba se aproveitando desse conjunto de normas para censurar algumas propagandas que são ofensivas apenas aos seus interesses e não aos de todos aqueles a quem a propaganda pode atingir. Mas de modo geral, o Conar é de grande importância na publicidade atual para colocar “freios” naquilo que é veiculado. Um caso marcante de intervenção do Conar, para a publicitária, foi sua ação contra um comercial lançado apenas para web da Axe no ano passado, que abusava do apelo sexual. O vídeo se chama “Duas gostosas e um sortudo” e recebeu uma advertência e votos dos membros do Conselho para suspensão do mesmo.

O Código luta contra a censura governamental para garantir a liberdade de expressão e defender consumidores e mercado consumidor.

O

orçamento da prefeitura de Ribeirão Preto, para 2014, é quase o

dobro do que a administração municipal tinha para gastar em 2009, início do atual governo.

Este ano, são R$ 2,25 bilhões.

Em 2009, a administração municipal gastou R$ 1,142 bilhão.

JORNAL DO BARÃO CHANCELER Prof. Dr. Nicolau Dinamarco Spinelli (in memorian) REITORA Profª. Drª. Dulce Maria Pamplona Guimarães VICE-REITOR Prof. João Alberto de Andrade Velloso PRÓ-REITORA DE ENSINO Profª. Ms. Valéria Tomás de Aquino PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E INICIAÇÃO CIENTÍFICA Profª. Drª. Joyce Maria Worschech Gabrielli PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Antonio Augusto Abbari Dinamarco COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Profª. Ms. Renata Canales

REPORTAGEM E FOTOJORNALISMO Alunos do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo

ORIENTAÇÃO DE TEXTOS Prof. Marcos de Assis REVISÃO DE TEXTOS Prof. Dr. Silvio Reinod Costa Prof. Ms. Marilda Franco TRATAMENTO DE IMAGENS Prof. Erick Dallalana DIAGRAMAÇÃO Prof. Erick Dallalana TIRAGEM: 1500 exemplares

Os textos desta página, exceto o Editorial, são de responsabilidade de seus autores. Não refletem a opinião do veículo.

Os maiores investimentos são nas áreas da Educação e Saúde.

O Orçamento é um texto elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo para discussão, aprovação ou modificação. O documento contém a estimativa de arrecadação (impostos, taxas e tarifas) das receitas para o ano seguinte e a autorização para a realização de despesas do governo. Esse valor também é repassado para administração direta e indireta, e Câmara Municipal.

Esta edição do Jornal da Barão foi produzida por estudantes do 5º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Barão de Mauá. O conteúdo foi dividido em duas partes: uma de livre escolha dos estudantes, que optaram por material sobre comportamento, cultura e uma entrevista pingue-pongue, e outra, sugerida pelo professor, sobre política e economia, com base em assuntos que estão em nosso cotidiano.

As reportagens sobre a preferência dos brasileiros por viagens dentro do país em detrimento ao turismo internacional, o alto consumo de drogas ilícitas no mundo, o estudo no Congresso sobre a descriminalização do uso da maconha, o protesto das mulheres em “as vadias”, o abandono de animais em Ribeirão Preto, o “Sherlock Holmes de quatro patas” que ajuda a PM no combate as drogas, o espaço criado em loja para as bandas de rock, e os atores que levam diversão à periferia foram temas escolhidos pelos alunos.

As pautas desenvolvidas sobre o trabalho do Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária), a formação do orçamento de uma prefeitura, os passos para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o que é inflação, o prejuízo que a Previdência Social apresenta ano a ano e o funcionamento do Sistema Único da Saúde (SUS) e sua divisão em atendimento primário, secundário e terciário foram temas oferecidos pelo professor com o objetivo de levar aos estudantes assuntos que ocupam espaço na grande mídia e afetam o nosso dia a dia.

Todos os alunos produziram os temas sugeridos e três deles foram escolhidos para realizar a primeira edição do material apresentado. Feito este trabalho, o professor fez sua própria edição. As reportagens retornaram aos alunos que acrescentaram informações ou refizeram parte de suas matérias. Em seguida, foram devolvidas para última edição. O objetivo foi propiciar aos estudantes as fases de construção de um jornal desde a pauta, produção, edição e diagramação, produto que você está lendo agora.

Boa leitura!

Prof. Marcos de Assis

Este ano, são R$ 2,25 bilhões. Em 2009, a administração municipal gastou R$ 1,142 bilhão.

A administração direta está ligada ao poder executivo municipal. As secretarias, como por exemplo, Administração,

Assistência Social, Infraestrutura, Meio Ambiente, Obras Públicas, Planejamento e Gestão Pública têm suas ações, em orçamento dependente do Executivo e são subordinadas diretamente ao prefeito, que nomeia o secretário da pasta.

A administração indireta são entidades criadas com personalidade jurídica, própria para realizar atividades de governo que necessitam ser desenvolvidas de forma descentralizada, além de somar participações de empresas privadas, como por exemplo, Coderp, Cohab, Daerp, Guarda Municipal, Procon, Transerp.

Até o dia 30 de outubro, o Executivo tem que mandar para o Legislativo o orçamento do ano seguinte, estabelecen-

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Brasileiros querem viajar pelo Brasil

EDITORIAL

Os destinos turísticos nacionais superam os internacionais na preferência dos brasileiros, segundo a Sondagem do Consumidor JÉSSICA CANTARELI

P

esquisa feita pela empresa Sondagem do Consumidor mostra que os brasileiros estão preferindo viajar pelo país. Dos entrevistados, 68,7% pretendem viajar para dentro do país, e 23,3% para fora. Os estados da região Nordeste são a preferência nacional, com 49% das indicações, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.

Bruna Venâncio, 21, realizou sua primeira grande viagem para Maceió. “Como não conheço nada, nunca viajei de avião, preferi fazer uma viagem aqui e depois ir pra fora.

E, no Brasil, também tem muitos lugares bonitos”, afirmou. O turista Gustavo Colombo, 22, escolheu os Estados Unidos em sua primeira viagem ao exterior.

“Eu quis ir pra Nova York principalmente para compras, ainda que seja mais caro que em outros lugares, Miami, por exemplo, mesmo assim fica mais barato do que comprar aqui no Brasil.”

Dados da OMT (Organização Mundial de Turismo) mostram que o turismo internacional

cresceu 5% em 2013 e a estimativa para 2014 é de um aumento de 4,5%. Percentual maior, inclusive, que a média prevista até 2020, de 3,5%.

Cuidados Alguns cuidados devem ser tomados nesta temporada. Um

deles se deve ao aumento recente do IOF, de 0,38% para 6,38%.

O aumento, que antes afetava apenas as transações com cartão de crédito no exterior, agora se estende também para os cartões de débito e os cartões pré-pagos, já bastante utilizados pelos

brasileiros nas viagens.

Esta medida do governo reflete uma tentativa de contornar o déficit que estes gastos no exterior geram na balança comercial do país. Medida esta que, segundo especialistas, não surte o efeito desejado, visto que há

Brasileiros lotam as praias nacionais

ainda alternativas para os turistas, como abrir contas no exterior ou mesmo levar o dinheiro em espécie nas viagens – o que além de não suprir o objetivo da medida, ainda expõe a perigos os brasileiros consumidores.

Deficit da previdência cai quase R$ 2,5 bi

Orçamento da prefeitura municipal de Ribeirão Preto duplica em cinco anos PAMELA MENDES

OPINIÃO

Setembro 2014

imagem de uso público

OPINIÃO

do um valor estimado para as despesas e receitas do município. Definido o orçamento, o prefeito tem que cumpri-lo.

No entanto, o administrador tem uma margem de manobra, caso falte dinheiro em uma secretaria e sobre em outra. Nesse caso, ele pode determinar a transferência de parte desses recursos entre as secretarias.

Dá-se o nome de suplementação.

A porcentagem de suplementação também é decidida pela Câmara, que fixa o teto dessa transferência de recursos. As regras do orçamento são semelhantes para os poderes federal e estadual. O Executivo elabora o orçamento e o Legislativo analisa e aprova com ou sem modificações.

Em 2014, o déficit da previdência social do 1º bimestre foi de R$ 7,2 bilhões; apesar de muito alto, foi menor que em 2013 FERNANDA LAURENTI

O

déficit da previdência social do Brasil caiu para R$ 7,2 bilhões no primeiro bimestre de 2014, de acordo com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). No mesmo período de 2013, o déficit (diferença entre o que arrecada e o que gasta) foi de R$ 9,6 bilhões.

Hoje, no Brasil, existem cerca de 24 milhões de aposentados e pensionistas. Em 2014, o valor mínimo da aposentadoria é R$ 724,00, mesmo valor que o salário mínimo, e o máximo a ser pago de aposentadoria para o setor privado é de R$ 4.329,24, porém benefícios especiais podem sofrer variações.

Existem cinco tipos de aposentadoria: tempo de contribuição; aposentadoria por idade; aposentadoria proporcional; aposentadoria especial; aposentadoria por invalidez.

“Nossa legislação permite que

todos os trabalhadores brasileiros, urbanos ou rurais, podem se aposentar, desde que preencham determinados requisitos.

A concessão do benefício da aposentadoria está diretamente relacionada a dois fatores: a qualidade do segurado e a carência”, explica o advogado David Siscate.

“O primeiro significa a manutenção do direito à cobertura previdenciária prevista por lei, o segundo diz respeito a prazos, que devem ser atendidos para concessão de determinados benefícios, como o auxílio doença, que exige carência de no mínimo 12 contribuições mensais. Ou seja, as pessoas que nunca contribuíram não têm direito a receber uma aposentadoria”, mas lembra de que existem exceções como trabalhadores rurais e pescadores artesanais.

Siscate fala que a única opção para quem não faz os pagamentos junto ao INSS é o benefício assistencial, concedido

imagem de uso público

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Fila de atendimento em umas das agências da Previdência Social no Brasil

para os idosos, aos 65 anos, ou para portadores de necessidades especiais, desde que provem que passam por necessidades econômicas. “Se a pessoa não contribuiu não se aposenta”.

Existem diferenças entre homens e mulheres. Na apo-

sentadoria por idade é necessário completar 65 anos de idade para os homens e 60 anos de idade para as mulheres, que será reduzida em cinco anos, no caso dos trabalhadores rurais. Já a aposentadoria por contribuição é garantida

ao segurado que completar 35 anos de serviço para homens e 30 anos no caso das mulheres.

Siscate pensa que isso se deve ao costume do país. “Acredito que o tratamento distinto seja resultado da cultura no Brasil que se mantem até hoje”.

Setembro 2014

ENTREVISTA

Setembro 2014

230 milhões já usaram algum tipo de droga ilícita, diz ONU

As Vadias de Ribeirão Preto

A importância do N.A. na recuperação de dependentes químicos

Movimento feminista tem grupo em Ribeirão Preto

O

aumento do consumo de drogas de vários tipos é uma realidade em todo mundo. Segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em 2012, calcula-se que cerca de 230 milhões da população mundial, cerca de 5%, tenham usado uma droga ilícita pelo menos uma vez, e a estimativa é que uma em cada 200 pessoas seja considerada dependente química. O documento ainda revela que a cocaína e outras drogas, como heroína, matam 200 mil dependentes químicos por ano.

Na cidade de Ribeirão Preto, o Narcóticos Anônimos (N.A.), continuação do atendimento feito pelos Alcoólatras Anônimos (A.A.), distribui panfletos sobre o tema, faz movimentos de conscientização em locais públicos, como avenidas, escolas e universidades. Eles se colocam à disposição para informações a quem tiver interesse e destacam a necessidade da disseminação da sua existência para alcançar o maior número de pessoas que precisem da ajuda.

A instituição não recebe nenhuma verba pública e se mantém somente com a contribuição dos associados que a frequentam, porém não é obrigatório. O N.A também faz um trabalho de conscientização às famílias dos dependentes e realiza na primeira quarta-feira de cada mês reuniões abertas para recebê-los. Toda pessoa que tiver interesse em conhecer os trabalhos desenvolvidos pode assistir.

Um voluntário do N.A., de Ribeirão Preto, que prefere não se identificar, mostra uma visão particular de quem já foi adicto e hoje está limpo. Ele explica que o que faz a diferença é a vontade própria da pessoa de parar. “O primeiro momento de identificação com pessoas que têm e tiveram o mesmo problema é um alento para quem chega. Cada um ali pode estar limpo por hoje e depois vem o amanhã para ser vencido”.

O tratamento se baseia nos 12 passos propostos pela irmandade (box). Os participantes passam por um processo de reconhecimento, onde identificam suas fraquezas e, a partir daí, começam a buscar novos caminhos para conhecer as próprias fragilidades nas reuniões que são feitas.

Os 12 passos: O Sistema de atendimento único, conhecido como 12 passos, é a maneira que se segue a progressão contínua do adicto (termo usado para definir o dependente químico).

1º. Admitimos que éramos impotentes perante a nossa dicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis; 2º. Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade; 3º. Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira como nós o compreendíamos; 4º. Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos; 5º. Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata das nossas falhas; 6º. Prontificamo-nos, inteiramente, a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter; 7º. Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos; 8º. Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado, e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas; 9º. Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-las pudesse prejudicá-las ou a outras; 10º. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente; 11º. Procuramos, por meio de prece e meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, da maneira como nós o compreendíamos, rogando apenas o conhecimento da sua vontade em relação a nós, e o poder de realizar essa vontade; 12º. Tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado destes passos, procuramos levar esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

JANAINA PASTORI

Janaina Pastori

imagem de uso público

FERNANDA LAURENTI JÉSSICA OLIVEIRA

A

marcha das vadias é um movimento feminista que luta pela igualdade de gênero e contra o machismo. Elas protestam contra a crença de que as mulheres, vítimas de estupro, teriam provocado a violência por seu comportamento.

O primeiro protesto foi realizado no dia 3 de abril de 2011, no Canadá, quando em janeiro do mesmo ano, ocorreram diversos casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto.

O policial Michael Sanguinetti fez uma observação para que “as mulheres evitassem se vestir como vadias, para não serem vítimas”. O primeiro protesto levou 3 mil manifestantes às ruas de Toronto.

A partir de então, a marcha ocorreu em diversos lugares, como em Los Angeles, Chicago, Buenos Aries, Amsterdã e em várias cidades Brasileiras.

No Brasil, a marcha ressalta o número de estupros ocorridos no país. Por ano, cerca de 15 mil mulheres são violentadas sexualmente.

A primeira marcha das vadias ocorreu no dia 4 de junho de 2011, em São Paulo e foi organizada pela publicitária curitibana Madô Lopez e a escritora paraguaia Solange De-Ré.

Em Ribeirão Preto, o evento foi realizado no dia 28 de setembro de 2013, com cerca de 150 manifestantes. A data foi escolhida por ser o “Dia latino americano de luta pela legalização do aborto”, uma das causas que as vadias reivindicam.

Para entender melhor o grupo de Ribeirão Preto, fomos conversar com Yasmim Teixeira, membro da frente feminista.

1-Como começou o grupo aqui em Ribeirão?

Uma guria, a Eduarda, criou o grupo no facebook, descrevendo-o como um lugar de discussão pra que pudéssemos encontrar pessoas dispostas a organizar a Marcha das Vadias.

Essa menina tinha uma amiga da UFSCar (Federal de São Carlos) que já era engajada no movimento feminista em outros coletivos. Desta forma, as duas se juntaram para tentar investir na ideia. Pela internet, foram

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Integrantes do movimento feminista que luta pela igualdade de gênero e contra o machismo

chegando outras pessoas. Depois que já tinha certo número de adeptos, foi feito um encontro presencial que pretendia reunir coletivos e indivíduos que se interessassem pelo tema. Apareceram 12 pessoas de vários grupos e, nessa reunião, decidimos formar uma Frente permanente, com reuniões regulares, mas ainda não fariamos a Marcha, porque o debate feminista ainda estava muito incipiente em Ribeirão Preto. É provável que o grupo tenha dado certo porque o debate de gênero era uma lacuna aqui, quase não existem iniciativas políticas sobre o tema e haviam surgido o “Se Vira Ribeirão e o Movimento do Panelaço. “ As mulheres desses grupos aderiram à Frente, porque sentiam um nível alto de machismo nesses movimentos populares recém-criados. O Coletivo Feminista Capitu, da USP, também tinha acabado de se formar e foi chamado para integrar a Frente. Eu estava como integrante do Philomena, um grupo LGBT da minha Faculdade, também na USP. Os protestos contra o Feliciano estavam acontecendo e tinha a questão de gênero nisso também. Foi uma confluência de fatores. Só Integrantes da marcha na primeira passeata de Ribeirão Preto

faltava alguém dizer “vamos fazer” mesmo, tudo estava convergindo para que existisse uma Frente Feminista.

02-Fale um pouco sobre o grupo. Quantas pessoas? De que forma elas ficaram sabendo?

Como entraram?

As pessoas que integram o grupo são meio intermitentes.

A maioria do pessoal que foi na

primeira reunião não participa mais e as que são mais assíduas agora não estavam no começo.

Costumam ir de 5 a 10 pessoas em cada reunião, mas eu calculo que já tenham passado mais de 20 no total. A maioria fica sabendo por membros de outros movimentos populares que têm conhecimento das atividades da Frente ou por pessoas que já frequentam as reuniões. Eu fiquei

sabendo por um colega de classe que participa do Se Vira.

3-Muitas pessoas questionam o nome do grupo, achando que inferioriza a mulher, em vez de exaltá-la. Explique o motivo do nome? De onde ele surgiu?

Você concorda com esse argumento?

Eu acho o nome do grupo o máximo! (Risos) Não inferiori-

Facebook/marcha das vadias Ribeirão Preto

4 COMPORTAMENTO

4-Pelo que vocês lutam?

Basicamente, igualdade de gênero. É isso que define o fe-

Católica, que é, historicamente, uma grande inimiga de grupos minoritários e estruturalmente autoritários. Se estivéssemos na Idade Média, eu já teria ido para fogueira faz tempo! (risos). Se você pegar a bíblia tem passagens horrorosas que pregam a submissão da mulher ao homem e até mesmo o direito deste de fazer uso de violência, até assassinato e apedrejamento em praça pública. A bíblia é extremamente misógina, incita o ódio contra as mulheres. Aquela passagem clássica dizendo que Eva veio da costela de Adão é só um exemplo leve. Aliás, tem uma frase que dá resposta a isso: “Não fui eu que vim da sua costela, você que veio do meu útero”.

5-Sabemos que uma das lutas das vadias é pelo estado laico, mas como é essa luta? Já vimos atitudes hostis tanto da parte da Igreja quanto de vocês.

Vou falar por mim porque eu acho que eu sou um pouco mais radical nesse ponto! (risos). Além de feminista, eu sou anarquista, negra, lésbica e ateia, então não tenho nenhum pouco de simpatia com a Igreja

6-Existem mulheres católicas que participam do grupo?

Como, por exemplo, o grupo “Católicas pelo Direito de Decidir”. Como é isso?

Em Ribeirão desconheço um grupo organizado de católicas feministas, mas tem pessoas de todas as religiosidades e crenças no grupo. Eu sou ateísta, mas tem um colega que é evangélico, por exemplo. O

“Católicas Pelo Direito de Decidir” é um coletivo do Rio de Janeiro, se não me engano. Realmente, não sei como elas conseguem ser feministas e católicas ao mesmo tempo, mas não acho ruim que tenham pessoas com senso crítico dentro das religiões institucionalizadas, elas contribuem pra desconstrução de dogmas.

7-Ainda as pessoas são muito preconceituosas, principalmente na questão sexual, as próprias mulheres não enxergam o machismo que se sujeitam. Como vocês acham que isso pode ser mudado?

A primeira e mais básica forma de repressão é o tabu de algo que não poder ser falado. Colocar a sexualidade em pauta, como algo natural, é o primeiro passo. Às vezes, analisando e discutindo com outras pessoas as ideias que temos, podemos enxergar nossos equívocos, perceber o que nos levou a pensar de certa maneira e ver que existem outras interpretações, outras visões de mundo.

O feminismo oferece isso: uma perspectiva crítica sobre sexualidade e gênero, buscando a não normatividade. Tendo isso

como ferramenta, as pessoas podem buscar sua própria autonomia e seu próprio jeito de ser livre. Quando você só enxerga um jeito de viver você não tem realmente uma escolha, tendo mais de uma perspectiva essa possibilidade se abre.

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Senado estuda liberação do uso de maconha no Brasil População se divide entre legalizar ou não o consumo. Decisão virá do Senado, em Brasília ALISSON SANTOS

imagem de uso público

minismo. Mas para que isso seja alcançado no futuro, precisamos compensar e lutar contra as injustiças que os gêneros oprimidos sofrem hoje. Queremos igualdade salarial entre homens e mulheres, o fim da cultura do estupro e da violência sexual, que pessoas de todos os gêneros possam transitar e ocupar o espaço público sem medo de ser hostilizadas ou violadas, liberdade sexual e afetiva, que pessoas de todos os gêneros possam ser agentes das lutas sociais e das políticas públicas, visibilidade e respeito às pessoas de todas as orientações sexuais, o fim da violência obstetrícia, e da violência doméstica, a legalização do aborto. São muitas pautas.

ESPECIAL

Setembro 2014

A

8-Você sofre ou já sofreu algum preconceito de amigos ou parentes por dizer que participa da marcha e os seus ideais?

Eu já tive uma ou outra divergência com a minha mãe, mas a gente tem uma ou outra divergência sobre muita coisa, então acho normal. A gente tem muito diálogo. De maneira geral, ela me apoia muito. Com meus amigos não é muito diferente, eu sinto que, no mínimo, eles me respeitam, mesmo que não concordem com tudo que eu penso.

9-Gostaria de acrescentar alguma coisa?

Acho que já falei bastante!

Mas queria deixar o recado de que o grupo está sempre aberto a qualquer pessoa que queira somar com a gente. Fica o convite.

Facebook/marcha das vadias Ribeirão Preto

za de forma nenhuma, ao contrário. O movimento feminista, aqui e em todos os lugares onde ocorre a Marcha, se apropriou do termo “vadia”. Geralmente, as pessoas usam esse termo como xingamento, com a intenção de diminuir a mulher que possui uma sexualidade livre ou até mesmo como insulto genérico pra qualquer iniciativa que uma mulher tome. No caso da Marcha das Vadias, tem todo um contexto histórico - o termo foi usado por um policial canadense e continuou sendo usado de forma sarcástica. Consideramos que a culpa nunca é da vítima e que roupas curtas não dão o direito de ninguém nos violentar, usamos a roupa que quisermos, fazemos o que quisermos com nossos corpos. O fato de uma mulher vestir minissaia e fazer sexo com muitas pessoas não é justificativa para violência nenhuma. Então, o movimento feminista faz uma leitura diferente do termo “vadia”. Tem uma frase clássica que eu gosto: “Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias”. A ideia é essa.

Setembro 2014

legalização da maconha tem sido defendida fortemente por uma boa parte da população brasileira. As reivindicações estão sendo feitas através de palestras e protestos. Sugestões são enviadas ao Senado, desde 2010. As primeiras manifestações surgiram em São Paulo e depois se espalhou por todo o país. Eles desejam que seja legalizado o cultivo caseiro, o comércio da erva em estabelecimentos licenciados e o consumo.

O consumo da maconha começou a ser discutido no primeiro semestre de 2014, pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é o relator da sugestão, assinada por mais de 20 mil simpatizantes e que querem a descriminalização do uso da cannabis sativa.

O senador promete um amplo debate e afirmou que quer esclarecer algumas dúvidas antes de sentenciar o caso. “Vou tomar a minha posição no momento certo. Depois de um longo debate com cientistas, com usuários, na medida que seja possível isso, com líderes religiosos, filósofos, antropólogos, políticos”, afirmou em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”. Ele ressaltou que deseja saber, por exemplo, se a legalização poderá reduzir o problema da violência, se a droga tem benefícios medicinais e se a descriminalização pode aumentar o consumo.

Usuários da erva garantem conseguir controlar a quantidade que usam. Eles acreditam que a maconha pode ser considerada como um produto lícito, da mesma forma que a cerveja e o cigarro. “O cigarro me faz mal ‘cara’, já com ela (maconha) me sinto bem e uso pouco. É só para descontrair. Tenho que me esconder, porque eles (policiais) acham que sou bandido”, afirma Roberto (nome fictício), usuário de maconha. Eles acreditam que com a liberação o próprio tráfico pode diminuir ou até mesmo ter um fim, já que ela será comercializada e assim não teria mais motivos para se traficar.

O ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso apoia o movimento, que conta com uma grande ajuda do Manifestação em São Paulo Capital pela liberação da maconha.

Cabe agora ao governo em Brasília votar a liberação ou não

População está dividida entre liberação ou não da maconha

ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Há cerca de 20 mil participantes ativos dos fóruns de discussão. O ex-presidente afirma que não há uma receita específica para cada país, cada região tem sua forma de uso, comércio e aceitação em relação ao produto.

Mesmo sabendo dos danos à saúde que a cannabis pode trazer, ele acredita que a legalização trará mais benefícios de que prejuízo à população.

Ele também alerta que seria

preciso criar programas pelo Ministério da Saúde, para informar como se deve usá-la, como qualquer medicamento, já que o excesso do mesmo pode ser prejudicial a qualquer pessoa.

O sargento da PM Ademir Silva garante que os assaltos, o tráfico e até homicídios cometidos pela droga não diminuirão.

O principal motivo da violência no país não é o uso da maconha, nem do cigarro ou bebidas alcoólicas e sim de drogas mais fortes, como crack e ecstasy.

Não necessariamente quem usa maconha irá usar estes entorpecentes mais poderosos, mas a maconha, segundo ele, aumenta e muito o uso destas drogas.

O assunto se refere à política, criminalidade, leis, saúde, educação e é algo que atinge diretamente a população em um todo.

Algo para se pensar no presente, e para resolver vários problemas a curto e longo prazo.

As drogas influenciam em todas as classes sociais. Enganase quem acha que há usuários

só nas classes menos favorecidas. Pesquisas já apontaram que há muitos jovens da alta sociedade que também usam.

Cada país adota uma postura perante este assunto. No Canadá e República Checa, a cannabis é liberada para uso medicinal. Os Estados Unidos proíbem o uso, venda ou posse (alguns estados já liberaram para fins medicinais). Hoje no Brasil, é proibido. Na América, apenas o Uruguai liberou o plantio, a comercialização e o consumo. imagem de uso público

6 ENTREVISTA

RIBEIRÃO PRETO

Setembro 2014

Antigo espaço para roqueiros deixa saudade e esperança aos músicos de Ribeirão Preto

Artistas se unem em ações independentes para alcançar público que não tem acesso à cultura institucionalizada

era pequena, mas articulada. De fato, era uma cena”, diz.

O guitarrista do grupo Malditos Insetos, Rodrigo Martins, não viveu na época, mas reconhece a importância do espaço criado por Carvalho. “Infelizmente não fiz parte daquele movimento. Ele foi um fomentador da cultura e da arte de rua em Ribeirão Preto.”

O músico concorda que ainda não existe união entre as bandas, mas, em compensação, hoje existem mais facilidades.

“O nosso cenário regional ainda caminha a passos lentos, mas muito bem estruturado, com produtores musicais empenhados em divulgar e abrir espaço para novos artistas.”.

Opinião parecida é a do baixista da mesma banda, João Pitombeira. “Sempre que alguém se aproveitar dos espaços que pretende conseguir terá, em algum momento, o olhar da mídia, porque muita gente fica em volta daquele artista”.

Martins acredita que o mercado e a situação estão mudando, ficando parecidos com o que já se foi. “Apenas precisamos de mais trabalho. As bandas estão começando a se unir, os produtores musicais acreditando e os donos das casas noturnas percebendo que precisam evoluir. O

SUSANA SANTOS Leonardo Santos / Vinicius Alves

E

ra 1992. O comerciante e roqueiro Noel de Carvalho, que veio de São Paulo para Ribeirão Preto, abriu espaço para bandas de rock saltarem de suas garagens para a calçada, em frente à loja dele. Carvalho não via um cenário favorável para esse estilo de música na região, mas apostou na intuição e marcou época com os “Street Rock”. Um lugar onde o som da guitarra “falava” mais alto.

O baterista e fotógrafo Jefferson Barcelos participava dessas apresentações. Ele tocava na recém-fundada Motorcycle Mama, que tinha composições próprias. “Ribeirão Preto parecia o Texas. Em qualquer lugar só tocava música sertaneja.

Foi o Noel que começou a criar a cena do rock independente na cidade”. Hoje, lembra com saudade dos tempos em que a turma se reunia. “A gente puxava as extensões de dentro da loja e tocava na calçada. Era uma época boa”.

Noel de Carvalho é paulistano. Na capital, já existia um movimento underground forte, no início dos anos 90. “Eu frequentava vários bares, mas não tinha

contato direto com as bandas. Ia só curtir o som”, diz Noel.

Quando chegou a Ribeirão Preto, percebeu que existia carência nessa área. O cunhado dele já tinha três lojas de rock em São Paulo, junto a um sócio.

Os dois queriam abrir uma filial no interior e dar para Carvalho.

Mas ele não tinha conhecimento profundo da arte para dar dicas aos frequentadores da loja, nem tinha dinheiro para fazer divulgação.

“O cenário do rock e skate era muito fraco, as bandas estavam abandonadas, mas a galera comprava camisetas, discos, tudo relacionado ao estilo, mas não tinham onde curtir”, conta.

Por ter essa vivência sobre bandas independentes na capital do Estado, e também por estar começando um novo empreendimento, ele resolveu criar “o Street Rock”. “Ofereci a eles a oportunidade de tocarem, de mostrarem suas músicas, seus talentos, dei a chance de gritarem que estavam vivos”.

Noel deixa claro que não eram shows, mas apenas ensaios. Foi o começo da cena de música underground da cidade.

Para Jefferson, as coisas eram bem diferentes de hoje em dia, quando cada um corre por si só.

“Não existe mais a cena. Antes

que toca no rádio já não satisfaz o público de hoje em dia, com pessoas socialmente desenvolvidas, democráticas que lutam por um Brasil melhor.”

Hoje não existe mais o “Street Rock”, mas Noel ainda tem um estúdio onde algumas bandas podem tocar, inclusive, a partir daí surgiu até uma homenagem a ele. Os Filhos de Noel são meus amigos que faziam um som na raça na calçada da loja,

Apresentação de banda em Ribeirão Preto no ano de 1992.

Jefferson Barcellos dizia que naquela época Ribeirão Preto parecia o Texas só tocava música sertaneja. Com o passar do tempo Noel começou a criar a cena do rock na cidade

O encaminhamento não é feito pelo médico, mas pela Central de Regulação que determina o envio do paciente

O paciente deve passar, inicialmente, por uma consulta na Unidade Básica de Saúde de seu bairro. Lá, o médico avaliará o estado de saúde. Se necessário, ele pede à Secretaria Estadual da Saúde encaminhar o paciente para o HC. Portanto, o encaminhamento não é feito pelo médico, mas

O HCRP espera com estas medidas melhorar o atendimento prestado hoje à população de Ribeirão Preto e de todas as cidades da região.

São mais de 590 mil atendimentos de 1237 cidades de todo o país, com todos os tipos de complexidades

pra rua fazer um espetáculo.

“Muita gente acha que o palhaço é para criança, mas é um equívoco porque, além de ser um ser cômico, ele é um ser questionador da sociedade e quem precisa ser questionado não é a criança e sim o adulto”, explica.

A produtora cultural Anna Casanova diz que o grupo procura ser dinâmico e está aberto a diferentes formas de arte e experimentação. “Muitos artistas já passaram por aqui, fizeram participações ou já são parte do núcleo principal que é responsável por marcar as ações e desenvolver novas propostas”. Apesar das diversas companhias e formas de expressão artística, há um denominador comum que liga todos. Neto Donegá conta que seu trabalho é em lidar com o próprio interior e permitir todas as particularidades.

Palhaços Sem Fronteiras

É

uma associação sem fins lucrativos de ajuda humanitária internacional. Foi fundada depois do convite recebido pelo palhaço espanhol Tortell Poltrona para se apresentar no campo de refugiados de Veli Joze (Savusavu), na Croácia, em 1993. Depois dessa experiência, Tortell passou a se reconhecer como porta-voz de situações de injustiça e decidiu convidar outros amigos de palco para fazer o mesmo.

O palhaço não recebe recompensa financeira para as atividades relacionadas a projetos, a menos que o seu período de permanência no campo assim o exigir.

JANAINA PASTORI

D Foto: Setor de comunicação HC

O

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) deve receber apenas os casos complexos, aqueles que não puderam ser tratados nas Unidades Básicas de Saúde em razão da complexidade do atendimento.

Nesses casos, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) encaminham-nos para as UBDS (Unidades Básicas Distritais de Saúde) e, se ainda o caso não for resolvido, o paciente é encaminhado para o Hospital das Clínicas.

O HCRP é um dos mais importantes hospitais do país.

Em 2013, a Instituição foi responsável pelo atendimento de 590 mil pacientes de 1.237 ci-

pela Central de Regulação que determina o envio do paciente.

O tempo para atendimento no HC varia de acordo com a disponibilidade de vagas e prioridade do caso. Sendo que, em necessidade extrema, o médico da rede municipal pode entrar em contato com a Secretaria da Saúde e conseguir atendimento prioritário na Unidade de Emergência, se for o caso.

neira como eles estão abertos a receber a experiência, relata o integrante Neto Donegá.

A curiosidade em relação a se apresentar em lugares diferentes e o projeto Palhaços Sem Fronteiras (ver box) inspiraram os membros do grupo de teatro e circo Zibaldoni.

Assim, há mais de três anos, a Palhaçaria S.A. leva arte e riso para as cidades. Para promover estes espetáculos, os artistas vão pessoalmente conhecer a comunidade e convidar o público.

Ao ocupar espaços públicos e visitar comunidades carentes, levando entretenimento fora do padrão da sociedade moderna, estes artistas são sérios, mesmo que seu ofício pareça ser essencialmente o riso.

Segundo Lucas Santa Rossa, palhaço Napolino, existe um universo muito maior que sair com um nariz de palhaço e ir

A quarta maior feira literária da América Latina ofereceu para crianças de Ribeirão Preto apresentações de teatro e contação de histórias

atualmente são empresários, fazem um som para se divertirem. Quando deram o nome, queriam dizer: filhos daquela época. Fiquei feliz pela homenagem” finaliza Noel.

O paciente deve passar inicialmente por uma consulta na Unidade Básica de Saúde de seu bairro dades, de 24 estados brasileiros. São quase 2.600 pacientes por dia. São atendimentos de alta complexidade e que exigem conhecimento, equipamentos e estrutura que não tem no atendimento básico.

O

grupo Palhaçaria S.A. faz apresentações circenses gratuitas em parques, praças e favelas de Ribeirão Preto. Formado pela união de companhias e artistas independentes em 2011, o grupo procura ir além do riso e deixar para trás o estereótipo de palhaço bizarro com peruca colorida e maquiagem carregada. A arte é levada para fora de instituições à procura de uma plateia diferente com a qual possa trocar experiências e impressões.

O público é convidado e provocado para uma ação bilateral durante intervenções com números de malabaristas e palhaços que compõem o repertório. Quem aceita o convite tem a chance de presenciar

um momento de desconstrução da realidade cotidiana no meio de uma praça, por exemplo.

A estudante Simone Estevam relata que é comum perder a hora do ônibus quando encontra a Palhaçaria na Praça XV. “É uma parada na correria.

Você trabalha o dia todo e depois ainda tem que ir para aula e, ao passar pela praça, vê um grupo vestindo roupas engraçadas, com maquiagem e uma Kombi, estilo a Pequena Miss Sunshine. Não tem jeito, tem que parar, não importa se atrasar um pouquinho”, conta.

Mas as intervenções também vão a lugares distantes da praça central. Em bairros carentes, o palco pode ser embaixo de uma árvore e o convite é feito de porta em porta. Cada comunidade é diferente, mas existe sempre algo em comum , além da carência, que é a ma-

14ª Feira do Livro recebe mais de 150 mil crianças, no Parque Maurílio Biagi, em Ribeirão Preto

HC deve atender apenas casos complexos MARCELA GARRIDO

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Grupo de atores e palhaços leva arte às ruas de Ribeirão

Há 22 anos, bandas de rock ganharam espaço em Ribeirão Preto. O “culpado” disso é Noel de Carvalho, roqueiro e comerciante paulistano que mudou a cena musical da cidade LEONARDO SANTOS VINICIUS ALVES

RIBEIRÃO PRETO

Setembro 2014

Janaia Pastori

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e 16 a 25 de maio, Ribeirão Preto foi sede do segundo maior evento literário do Brasil e do quarto maior da América Latina: A Feira do Livro. A Fundação Feira do Livro tem como objetivo incentivar a leitura. Segundo levantamento feito em diversos setores, a Feira atendeu mais de 150 mil crianças apenas no Parque Maurílio Biagi.

Georgia Ferreti, coordenadora de Transportes e Hospedagens da Fundação, diz que , só de Ribeirão Preto, visitaram a Feira mais de 21 mil crianças e adolescentes por dia. “Ficamos responsáveis pelos agendamentos dos ônibus para os alunos do Estado e conseguimos atender um número muito maior esse ano”, afirma.

Por dez dias consecutivos, crianças de todas as idades puderam assistir a apresentações de teatro, contação de história e participaram de atividades e oficinas de artesanato, escrita criativa, desenho, escultura, que contemplavam universos diferentes e diversos tipos de arte.

O Estúdio Kaiser de Cinema, sede da Fundação Feira do Livro, recebeu os adolescentes do Ensino Médio. As atividades oferecidas eram oficinas de Grafite, dança de rua, DJ, e destaque para duas que foram um sucesso à parte: Robótica e Novos Escritores, como relata a aluna Maria Cristina Vilela, da escola estadual Amélia dos Santos Musa. “Adorei a Oficina de Robótica da Lego Bra-

sil, nunca pensei que podíamos fazer tantas experiências com resultados práticos como vivenciei aqui”.

“Só de RP, visitaram a Feira mais de 21 mil crianças e adolescentes por dia” Ivone Franco, estudante da escola municipal Luiz do Amaral Mousinho, destacou a Oficina de Novos Escrito-

res inspirada no homenageado da Feira de 2014, o poeta Mario Quintana. “Os professores nos levaram para um tour pelo espaço Kaiser e o tempo todo nos alertava para a importância de identificar os detalhes dos ambientes e tudo o que achamos que não é importante em um espaço para que pudéssemos compor nossa poesia com mais verdade e sentimento”, explica.

Crianças aproveitando a feira do livro em Ribeirão Preto

A Feira do Livro de 2014 inovou quanto a temática e abriu espaço durante os dias para a discussão dos novos direitos civis e dos novos sujeitos sociais, abordando a questão da mulher, do idoso, do índio, da criança, do deficiente físico, da juventude, dos homo afetivos, do negro, do meio ambiente e dos direitos humanos no Brasil.

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Setembro 2014

RIBEIRÃO PRETO

Ribeirão Preto tem cerca de 15 mil animais abandonados, afirma pesquisadora

Os cachorros ajudam os policiais a encontrar entorpecentes, explosivos e até mesmo pessoas Marcela Garrido

MARCELA GARRIDO

O

Leleka e sua protetora

Abandono

Pessoas que trabalham dentro da Unidade Básica de Saúde do bairro João Rossi relatam que uma funcionária foi beneficiada com uma casa do programa de incentivo à moradia e que possuía uma cachorra idosa, parcialmente cega e com problemas de saúde. Como não poderia mais morar com ela, já que não eram permitidos animais na nova casa, a mulher buscou pessoas para adotarem a cachorra.

Com o prazo da mudança vencendo, a dona do animal disse que se ninguém ficasse com a cachorra, ela a abandonaria na rua, mesmo sabendo que não poderia sobreviver em tais condições, mas se justificou que não abriria mão da nova moradia. O fato é que o abandono é sempre a saída mais fácil e que as leis existem, mas não são fiscalizadas como deveriam. Na Ava, encontra-se o primeiro animal apreendido por maus tratos pela delegacia dos animais de Ribeirão Preto. A associação está até hoje com o cachorro 13 anos, da raça pastor alemão, que atende pelo nome de Pastor.

Ele sofreu uma grave infecção de ouvido, uma otite não tratada corretamente, que hoje é um problema crônico e que o deixou com a cabeça torta. Ele é exemplo de um animal que dificilmente será adotado. Ele é só um dos muitos animais que também sofrem de maus-tratos e abandono. “A melhor

maneira de evitar isso é educar a população, manter sob controle o crescimento populacional dos animais através da castração e incentivar a adoção. Muitos animais ainda precisam de um lar”, conclui Maria Cristina Dias, assessora da AVA Associação Vida Animal de Ribeirão Preto.

Marcela Garrido

festas de fim de ano, o número de animais nas ruas aumenta, uma vez que muitos itinerantes e estudantes retornam para suas casas deixando tudo para trás, inclusive o bicho. Sem contar as pessoas que fazem viagens longas e abandonam esses animais nas casas fechadas sem comida e água. Outro ponto citado pela Conselheira e Assessora da AVA, Maria Cristina Dias, sobre o abandono, é o fato da lei tratar o animal como propriedade, o que dificulta o entendimento dos direitos dos animais perante os próprios donos, que não aprendem a enxergar o animal como membro da família, mas sim como uma propriedade. Prova disso são os apartamentos e as casas que as pessoas conseguem pelo Minha Casa Minha Vida e outros programas de moradia que não permitem que o morador se mude com seu animal. E como a pessoa não tem instrução, nem educação, acaba por abandonar o animal junto à antiga residência.

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Sherlock Holmes de Pelos

Sem fiscalização e novas políticas públicas, o número irá aumentar

abandono animal é uma questão de saúde pública, por conta de diversas doenças como a leishmaniose que pode ser transmitida para os humanos se esses animais não são devidamente vacinados e tratados. Segundo o cálculo feito pela WSPA – World Society for Protection of Animals - Ribeirão Preto tem cerca de 15 mil animais abandonados. Para a vice-presidente da AVA – Associação Vida Animal de Ribeirão Preto Rosângela Mazetto “o abandono caracteriza a falta de educação e a falta de fiscalização das leis, principalmente do artigo 32.905 do Código Ambiental que afirma que é crime abandonar e maltratar animais.” Ela acredita que as leis não precisam ser mais severas mas sim fiscalizadas, e que falta esforço por parte do poder executivo em se responsabilizar por fazer campanhas educativas como a de guarda responsável que orienta e prevê punição aos populares que não cumprirem as leis. Para ela, tanto a cidade quanto o próprio Estado se negam a acreditar que o abandono animal é uma questão de saúde pública, principalmente por conta da leishmaniose, doença infectocontagiosa que é transmitida pela picada do mosquito palha ou birigui e que pode atingir os humanos da mesma forma. Hoje em dia existe vacina para a prevenção da doença, no entanto, nos animais que estão abandonados, é difícil fazer a vacinação, uma vez que não possuem donos para levá-los e tratá-los. “Deu problema, eles abandonam”, afirma a veterinária Ana Carolina Labate.

Para ela, a maioria das pessoas pega animais e não pensa que eles ficam doentes, que precisam de cuidados e que também envelhecem.

Ana Carolina também conta que, durante o pe ríodo de

GOVERNO

Setembro 2014

Pastor sofreu uma grave infecção de ouvido, que se tornou um problema crônico

GIOVANI VIDAL PAMELA MENDES

G

raças a um treinamento feito com cuidado e atenção, a cachorrinha Mel tem sido capaz de ajudar na apreensão de uma grande quantidade de entorpecentes nas mais de 20 operações em que participou. O caso mais recente ocorreu no último dia 17 de março de 2014, especificamente na favela Mário Covas, em Ribeirão Preto. Mel encontrou, em um barraco, 66 bananas de dinamite que poderiam ser divididas em 3 unidades potentes capazes de explodir em média 180 caixas eletrônicos. Além disso, no local havia uma grande quantidade de cordel detonador, 2 kg de cocaína e 1 kg de maconha.

A Polícia Militar de Ribeirão Preto tem usado cães farejadores na solução de algumas operações. Este agente especial tem o olfato aguçado o que faz que tenha bons resultados nas situações mais adversas.

Não é de hoje que os cães são utilizados com essa finalidade, pois, no período da Guerra do Vietnã, eles já tinham a função de localizar substâncias ilegais, uma vez que, nessa época, o Exército dos EUA lutava contra o consumo de heroína entre os próprios soldados americanos.

Hoje o canil Ribeirão Pretano conta com a presença de várias raças caninas. Geralmente as fêmeas desempenham melhor a função de farejadoras por não se preocuparem em demarcar o território o tempo todo como os machos.

Para entender o potencial farejador dos cães, basta comparar sua capacidade olfativa com a do ser humano, enquanto eles possuem mais de 200 milhões de células olfativas, o homem possui apenas 5 milhões.

Os animais começam a ser treinados a partir do primeiro ano de idade. É o caso da cadela Mel adestrada pela Polícia Militar. Desde o seu primeiro ano de vida, ela foi ensinada a localizar vários tipos de entorpecentes. No treinamento, os produtos eram colocados em

lugares de difícil localização (buracos em muros, dentro de canos de PVC, fissuras na casca de árvores e até no lado inferior da roda de carros). Além disso, para dificultar ainda mais as buscas, em algumas ocasiões as drogas eram camufladas com algo de odor marcante como alho ou cebola, enroladas em uma camada bem espessa de plástico e fita isolante. Outro truque administrado com a finalidade de enganar o animal é esconder o material ilícito dentro de objetos que possam confundi-lo, como brinquedos, por exemplo.

O adestrador tem a missão de fazer com que o animal entenda que acertou o alvo corretamente. Isso acontece quando ele proporciona ao cão algum tipo de recompensa, que pode ser um carinho, um petisco ou uma brincadeira com seu objeto preferido (bolas, cordas próprias para a mordedura do animal ou ossinhos de plástico).

Conforme seu desempenho, o grau de dificuldade vai aumentando gradativamente.

O mais interessante é que em nenhum momento o cão entra em contato direto com a droga.

Isso ocorre para que não haja a menor possibilidade de risco de adquirir qualquer tipo de vício. Depois que o olfato do cão está devidamente treinado para a localização dos entorpecentes, o próximo passo é fazer o animal se ambientar com o público. Dessa forma, ele estará apto para rastrear drogas em locais como aeroportos, rodoviárias, estádios, penitenciárias, fronteiras estaduais e etc, sem que ataque as pessoas.

Neste contexto, geralmente o cão começa aprendendo a localizar maconha, cocaína, crack e dinamites.

Outra função interessante que pode ser realizada pelos cães farejadores é a de localizar pessoas desaparecidas, seja em sequestros, escombros ou buscas policiais. Exercendo essa função, os cães são apresentados a algum cheiro de uma pessoa (geralmente por meio de uma peça pessoal de roupa). Foi o que ocorreu no caso do desaparecimento do menino Joaquim

Cadela MEL em mais uma de suas operações

Ponte Marques de três anos de idade, em novembro de 2013.

Para descobrir o paradeiro de Joaquim, policiais do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar utilizaram um cão farejador da raça Bloodhound para rastrear a trajetória do menino. Essa raça possui a maior intensidade olfativa do mundo, com cerca de 320 milhões de células olfativas.

A primeira reação que o animal teve ao cheirar as roupas da criança foi correr em direção ao córrego Tanquinho. Em seguida, o cachorro foi apresentado às roupas do padrasto do garoto, um dos principais suspeitos do sumi-

ço da criança. Para surpresa da polícia e também daqueles que acompanhavam o caso, o cão fez exatamente o mesmo percurso. Um trecho equivalente a 200 metros entre a casa em que a família vivia até o córrego. Nas duas situações, o cão saiu de casa, desceu a rua, entrou na mata e parou à beira do córrego. Vale ressaltar que quando o animal entrou em contato com as roupas da mãe, ele fez um caminho completamente distinto.

O que não se esperava é que o menino apareceria morto alguns dias depois no rio Pardo (onde o córrego Tanquinho deságua) a 150

quilômetros de Ribeirão Preto.

Esse fato traz à tona um questionamento intrigante: em meio a tantas evoluções tecnológicas por que a Polícia Militar continua confiando em algo tão subjetivo quanto o faro de um animal?

De acordo com os adestradores da Polícia Militar, os cães têm cérebro e focinhos desenvolvidos de forma inigualável. Para que algum tipo de dispositivo se aproxime da precisão de um cão farejador, seria necessário o desenvolvimento de sensores extremamente sensíveis, altamente seletivos e capazes de distinguir um explosivo ou drogas.