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Ritorno alle origini
from Edição 1086
Procura por cidadania italiana cresceu nos últimos anos. Moradores da região com antepassados italianos que migraram para o Brasil têm mais chances de reconhecimento de uma nova cidadania
Aos 38 anos, o brasileiro Ricardo Fontana Almeida mora na Província de Belluno, na Itália. Ele ajuda descendentes de italianos e brasileiros em geral a conquistarem o sonho de morar na Europa através de sua empresa, a RFA Assessoria e Hospedagem para o Reconhecimento da Cidadania Italiana. Natural de Porto Alegre, Ricardo tem forte relação com a região sul catarinense, onde sua família morou por muitos anos, em Treze de Maio, e chegou a passar os verões ainda na infância com seus avós em Jaguaruna. Seu bisavô Luigi Bez Fontana era italiano e veio para o Brasil, onde constituiu família. Cozinheiro por forma- ção, Ricardo decidiu que queria expandir sua carreira e morar na Europa. Buscou a documentação de seus antepassados e conquistou a tão sonhada cidadania europeia. “A forma mais fácil seria fazer o reconhecimento da minha cidadania italiana. Na Itália conheci minha esposa, em Belluno, e fiquei. Com o documento em mãos, comecei a trabalhar como cozinheiro e fi xei residência e família”, relembra o empresário, que mora há cinco anos e meio na Itália. Ricardo decidiu, então, abrir uma empresa especializada, para auxiliar outros brasileiros na busca pela dupla nacionalidade.
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A dupla cidadania ocorre quando um cidadão é o titular de mais de uma nacionalidade, ao mesmo tempo, podendo usufruir de vantagens como trabalhar fora do país sem necessidade de solicitar permissão de trabalho ou estudar com facilidade no ingresso de cursos e faculdades, por exemplo.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 1 milhão e meio de imigrantes italianos chegaram ao Brasil entre os anos de 1850 e 1960. Ou seja, a chance de brasileiros poderem possuir a dupla ou a múltipla nacionalidade é grande.
Diferentemente de outros países, a Itália não exige um limite de descendência para a dupla cidadania. Isso significa que, de pais a trisavôs, se a pessoa tem um parente italiano, pode se tornar cidadã.
Ricardo presta toda a assessoria necessária para obter o documento. Ele destaca as vantagens de morar na Europa: qualidade de vida, segurança e comida de qualidade são apenas alguns dos itens que Ricardo cita quando questionado se vale mesmo a pena morar na Itália.
“É uma questão muito pessoal. Mas acredito que vale ser reconhecido como cidadão europeu, pois abre um leque de opções para trabalho. Sou apaixonado pela Itália. É um lugar muito justo para se viver, se come bem, a vida na Itália é muito boa. Aqui não existe desigualdade, não existem mendigos por aqui. Saio de casa e deixo a porta aberta, meus filhos brincam na rua. Esse é o tipo de coisa que não tem preço”, elogia.
Pacto de amizade entre Pedras Grandes e Belluno

O consultor Ricardo Fontana Almeida ressalta que os descendentes de italianos que moram em Pedras Grandes, por exemplo, agora contam com mais uma vantagem que os aproxima da Itália: o Pacto de Amizade entre o município e a comune (cidade) de Belluno.
O pacto já foi aprovado e tornou-se lei no município no mês passado.

Por este acordo internacional - o primeiro da história do município - Pedras Grandes fortalece as suas relações com a Itália, de onde vieram os seus primeiros imigrantes, para a Colônia Azambuja.
O pacto prevê um incremento no intercâmbio cul- tural entre os dois países, principalmente nos aspectos relacionados ao fluxo imigratório e o resgate da história. Também estabelece possibilidades de promoção conjunta do turismo e acordos comerciais. Outro caminho aberto é no esporte, com a perspectiva de troca de conhecimentos e intercâmbio. e encontrando a certidão de nascimento, casamento e óbito desse antepassado na Itália, é possível requerer o reconhecimento da cidadania italiana”, explica o consultor da RFA Cidadania Italiana.



“As vantagens para quem estiver em Pedras Grandes é que vai existir um intercâmbio cultural com acordos e troca de conhecimento. Futuramente ainda há possibilidade das indústrias de Belluno buscarem mão de obra entre os descendentes de italianos que moram no Brasil”, adianta Ricardo.
A busca por melhor qualidade de vida, estabilidade financeira e melhores oportunidades em outros países já vinha aumentando nos últimos anos, mas a pandemia da covid-19 intensificou esse ritmo. A procura por dupla cidadania entre março de 2020 e março de 2021 chegou a aumentar 200% em alguns escritórios e consultorias, só em São Paulo.

No Brasil, há mais de 30 milhões de brasileiros que são descendentes de italianos, com a grande maioria estando presente nas regiões Sudeste e, principalmente, Sul do país, segundo dados recentes do IBGE.
Pelo consulado ou por meio de pedido judicial de reconhecimento da cidadania italiana, todos os descendentes podem se tornar italianos, desde que toda a documentação exigida esteja completa.
PEDRAS fortalece as relações com a Itália, de onde vieram os seus primeiros imigrantes
“Para ter a cidadania italiana é necessário, primeiramente, ter a descendência, ou seja, um antepassado italiano, um pai, um avô, bisavô. Tendo essa descendência de sangue
Há ainda a possibilidade de pessoas casadas com descendentes italianos também conseguirem a cidadania por direito, diz o consultor. “Nós oferecemos toda a assessoria para o descendente que quer vir reconhecer, que é a forma administrativa, e também assessoramos para quem quer fazer de forma judicial, sem precisar sair do Brasil.”
