Atentado a creche desperta medo e abre debate sobre segurança nas escolas

Em Treze de Maio, pais e professores foram à Câmara de Vereadores para pedir providências. Prefeituras da região adotam medidas emergenciais com a implantação de guardas nas unidades de ensino co ficaram feridas por um homem de 25 anos.

“Os pais estão indo levar e buscar seus filhos. Eles me ligam para saber se está tudo bem na escola, preocupados. Os alunos não estão mais saindo do colégio, mesmo que venham com autorização.”

Estas são situações vivenciadas nos últimos dias na E. E. B. Monsenhor Bernardo Peters, única escola estadual no município de Treze de Maio, visto como um local tranquilo e seguro para morar na região.

O relato é do diretor Fabio Carara, que esteve na segunda-feira, dia 10, na Câmara de Vereadores, com um grupo de pais e professores para pedir ajuda aos poderes Legislativo e Executivo por mais segurança nas escolas.

A mobilização tem sido reflexo de uma onda de angústia, medo e preocupação que toma conta de centenas de famílias após o assassinato de quatro crianças em uma creche em Blumenau. Na tragédia, quatro crianças entre 4 e 7 anos foram mortas e outras cin-

O atentado, ocorrido na última quarta-feira, dia 5, tem motivado amplo debate sobre medidas de prevenção e questionamentos sobre a falta de segurança das escolas.

Em Treze de Maio, um grupo de pais pretende cobrar ações emergenciais do poder público para garantir a segurança dos estudantes no ambiente de ensino.

Michele Mendes Brasil, mãe de duas crianças estudantes da rede municipal e representante da Associação de Pais e Professores (APP) do CEM Nair Formentin, também em Treze de Maio, usou a tribuna da Câmara para apresentar um requerimento público em nome dos pais dos 475 alunos do CEM solicitando aplicação de medidas preventivas eficazes para a segurança pública no âmbito da educação municipal.

“Esse é um pedido da população. O maior patrimônio a ser protegido são os nossos filhos. Solicitamos a implantação de vigilantes treinados nas unidades escolares, bem como sistema de detecção de metal para acesso à unidade escolar”, requereu a representante da associação.

Ela reforça que os pais continuarão acompanhando as sessões e cobrando providências. “Hoje foi apenas o primeiro passo. Vamos continuar acompanhando e cobrando para que não seja esquecido. Não vamos esperar acontecer de novo para que seja reforçada a segurança das crianças. Consideramos a nossa cidade segura, mas Blumenau também era. Então a gente tem medo”, diz. Eleida Fragnani, que tem uma filha estudante em uma das creches da cidade, também solicitou que fosse elevado o muro das creches para maior segurança das crianças. “Peço encarecidamente para olhar pela creche agora, não esperem. Se todos os vereadores se unissem e buscassem apoio de emendas com os deputados para, pelo menos, subir o muro da nossa creche, porque aquela cerca que está lá não protege ninguém, já ajudaria. Vamos continuar cobrando providências”, comentou a mãe.

O ataque a creche em Blumenau impactou diversos municípios da região da Amurel, como Laguna, que chegou a suspender as aulas na quinta-feira, dia 6. As aulas foram retomadas a partir desta segunda-feira, dia 10.

A Secretaria de Educação está atuando de maneira articulada com as forças de segurança, Guarda Municipal, Polícia Militar e DIC para que medidas sejam adotadas para intensificar a segurança dos locais. Nesta semana, a Guarda Municipal de Laguna (GML) segue atuando em rondas escolares em unidades do município.

O objetivo é priorizar o período de entrada e saída das crianças, além de realizar o trabalho de orientação com gestores e educadores. “Estamos intensificando os trabalhos de acordo com nossa capacidade operacional e queremos dialogar com o corpo docente”, destaca o comandante da GML, Douglas Marcelino.

Nos próximos dias um curso deve ser apresentado aos funcionários das unidades, durante o encontro de professores na formação continuada. Câmeras também devem ser instaladas em breve. “A presença da Guarda traz mais segurança, além de inibir possíveis ações de criminosos”, salienta a diretora do CEI Padre Augustinho, Adriana Feltrin. Na última semana a GML já realizou visitas e orientações em algumas unidades escolares, além de iniciar a implantação do botão do pânico, ferramenta disponível aos gestores escolares através do aplicativo 153 Cidadão. Ao acionar o botão, um aviso de ocorrência de gravidade é enviado à central e uma viatura imediatamente se desloca para o local.

Após pais e o diretor de escola apresentarem seus requerimentos, os vereadores cederam espaço ao prefeito de Treze de Maio, Neném Bardini. O município foi um dos primeiros na região a anunciar medidas em caráter emergencial após o ataque em Blumenau. Na quarta-feira, dia 5, foram deslocados vigias do município para atender e oferecer mais segurança para os alunos das escolas locais. Bardini também esteve na sessão da Câmara ouvindo os pais e professores e destacou que a administração estuda novas medidas para a contratação de profissionais qualificados para atuarem nas escolas. “Já es- tamos fazendo orçamentos e buscando alternativas”, afirmou o prefeito.

O presidente da Câmara, Juninho Bardini, e demais vereadores também se manifestaram sobre a preocu- pação com as crianças. Eles pretendem elaborar um projeto de lei para buscarem recursos que garantam a contratação de segurança qualificada em todas as unidades escolares.

O governador Jorginho

Mello anunciou que vai reforçar e ampliar a segurança no ambiente escolar da rede pública. Uma das principais medidas será a presença de segurança armada em cada uma das 1053 escolas estaduais, por meio de um protocolo integrado das forças de segurança do Estado em até 60 dias. Ele também anunciou a criação do Comitê Permanente de Operações Integradas para monitorar a implantação das ações, avaliar resultados e sugerir novos esforços para a segurança nas unidades de ensi- no e a estruturação de um centro integrado de operações policiais, aumentando ainda mais a velocidade de resposta das instituições em cenários de emergência. O anúncio das ações foi feito nesta segunda-feira, dia 10, durante a solenidade de apresentação do balanço dos primeiros 100 dias de governo.

“Não importa quanto isso vai custar, o governo do Estado vai fazer, porque nossos filhos e netos merecem estar seguros nas escolas”, frisa Jorginho Mello. O investimento previsto para efetivar as medidas de se- gurança nas escolas é de R$ 70 milhões.

Na Assembleia Legislativa, os deputados estaduais também se mobilizam nesta semana para discutir políticas públicas para combater situações como a ocorrida em Blumenau.

De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Mauro De Nadal, a ideia é criar uma proposta em grupo – que escute os 40 deputados -, a qual seja aplicada nas escolas estaduais e ainda sirva de exemplo para escolas particulares e das redes municipais.