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Edição 114 Ano IX de 16 a 23 de maio de 2018
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A vida não usa relógio
Quando ele chegou ao ponto, o bonde havia saído fazia 5 minutos. Em torno dessa informação é que José de Alencar conta a história do romance: Cinco Minutos (1856). Quem anda ou andou de ônibus conhece bem a sensação de se perder o ônibus. Raramente uma pessoa dirá: - Ah, paciência! Em geral é um misto de sentimentos, potencializado pelo objetivo que se tem em percorrer aquele trajeto.
Muitas vezes perder é sinônimo de ganhar. Parece contraditório, porque nós não fomos educados para lidarmos com a perda de modo a tirar proveito dela ou nem mesmo somos capazes de cogitar a possibilidade de uma perda ser um desvio, que evita uma tragédia. Vá saber o desenho das teias do destino! Em vez de ampliarmos a visão do que fica, permitimos que o caos se instale, então vem a ansiedade, a impaciência, o descontrole emocional, assim, de uma perda, perde-se a saúde, perde-se a paz de espírito, perde-se amigos, tudo isso porque só se foca no prejuízo, ou no ônibus que se perdeu, no engarrafamento que faz perder tempo e assim vai...
Li Cinco Minutos em 1988, só me recordo do ano porque foi uma daquelas leituras obrigatórias da escola, e ele foi um dos livros que ajudou a moldar a minha visão de mundo. Naquela época eu ficara muito impressionada, me perguntava: Como míseros 5 minutos mudariam, para melhor, toda uma história de vida? O incrível é que, fatos que nem levamos em consideração e nem vemos com o potencial de alguma grande mudança e até mesmo os de aspectos negativos se tornam uma guinada positiva na estrada da vida. E foi o que aconteceu no romance.
O autor do livro não diz o nome do personagem narrador, mas ele conheceu a sua futura esposa, Carlota, no bonde em que subiu algum tempo depois de perder o bonde anterior, por conta dos 5 minutos de atraso. Foi amor à primeira vista, apesar de ele não ter visto o rosto dela, pois estava coberto por um véu. Naquela época o recato e a restrição de comunicação eram entraves para se iniciar qualquer relação. As relações aconteciam por meio de cartas, recados ou bilhetes, e como ninguém sai dando o endereço da casa assim para um desconhecido, o jeito foi ele ir por 1 5 d i a s s e g u i d o s p e g a r , pontualmente, aquele mesmo b o n d e , n a e s p e r a n ç a d e reencontrá-la, mas sem sucesso. O destino quer confirmar que ele age na hora que bem entende.
O s j o v e n s a p a i x o n a d o s s e reencontraram em outras ocasiões. A questão do tempo, ou melhor, da relatividade do tempo e de sua força é algo que marca o texto. Se por um lado 5 minutos fazem diferença no destino, por outro lado, a ansiedade modifica a percepção do tempo, mas para o que já está traçado não causa nenhuma alteração, porque o que tinha de acontecer aconteceu independente dessa percepção atormentada do passar do tempo, como nesse trecho: “Vivi um mês, contando os dias, as horas e os minutos; o tempo corria vagarosamente para mim, que desejava poder devorá-lo. Quando tinha durante uma manhã inteira olhado o seu retrato, conversado com ele, e lhe contado a minha impaciência e o meu sofrimento, começava a calcular as horas que faltavam para acabar o dia, os dias que faltavam para acabar a semana e as semanas que ainda faltavam para acabar o mês.”
Essa conduta do personagem em nada alterou o curso dos acontecimentos, a não ser um serviço doméstico que ele poderia ter feito em vez de ficar fazendo essas contas inúteis. A vida não usa relógio, ela segue o curso que tem de seguir, no tempo dela. Por vezes nós também perdemos um tempo enorme calculando o tempo para isso ou aquilo, e as coisas mais importantes acontecem fora do nosso tempo programado. Carlota era alguém que, no começo da narrativa, se mostrou ser uma jovem sedutora, mas que vai se revelando uma moça sem vigor, doente de morte, mas que teve a vida salva pelo beijo e abraço do personagem apaixonado. “– Oh! Quero viver! exclamou ela.” Essa cena remete ao beijo que desperta a Bela Adormecida...
Radicada no Rio de Janeiro, escritora Lúcia Helena Issa, nascida no Vale do Paraíba foi uma das escolhidas a receber o prêmio “Estrella del Sur” no Uruguai.


Se por um lado o personagem tem um pulso que ousa querer controlar o tempo e o rumo das coisas, por outro lado, Carlota até então, não tem força vital. Eu a chamaria de 'mosca morta', mas que despertou com a força da paixão do amado, que viajou para a Europa atrás dela, onde ela teria ido para tentar curar a sua enfermidade. “Desta pequena causa, desse grão de areia, nasceu a minha felicidade; dele podia resultar a minha desgraça. Se tivesse sido pontual como um inglês, não teria tido uma paixão nem feito uma viagem; mas ainda hoje estaria perdendo o meu tempo a passear pela rua do Ouvidor e a ouvir falar de política e teatro.” Acho curioso ele achar que ele não teria conhecido a Carlota se não tivesse perdido o bonde anterior, mas quer saber o que eu acho? Acho que se ele tivesse sido pontual, ela poderia ter se adiantado por alguma razão e ter pego o bonde anterior. Afinal de contas, quem nunca chegou um pouco mais cedo em algum lugar?
Como disse Manuel Bandeira em um poema: - “o cálculo das probabilidades é uma pilhéria”. Contato: autora@globomail.com



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