Jornal Folha Valle Edição 233

Edição 233 Ano XII De 16 a 31 de março de 2021

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As duas igrejas de Mariana

E

m Mariana-MG existem duas igrejas católicas, ambas voltadas para um mesmo espaço, o Largo do Pelourinho, atual Praça Minas Gerais. Cada uma das igrejas ocupa uma das esquinas do mesmo cruzamento. Do lado esquerdo de quem sobe a ladeira está a Igreja São Francisco de Assis e, de frente, a Igreja Nossa Senhora do Carmo.

Fundada em julho de 1696, a cidade de Mariana foi a primeira capital do Estado de Minas Gerais. Ouro foi achado ali pelos bandeirantes paulistas e, na sequência, a Vila se tornou a sede do primeiro bispado do Estado de Minas; em 1745 se tornou cidade.

Quando estive por lá perguntei ao guia o que significava aquela disposição das igrejas, mas professora de história recémformada e no auge da minha infame pretensão, imaginava saber a resposta, via como óbvio que uma era para pobres e outra para os ricos.

Então veio a resposta: - ambas eram frequentadas por ricos, disse-me o guia. Permanecia pensativa, então ele completou: essa era para os ricos de berço (os nobres) e a outra para os ricos emergentes (os comerciantes). Era a Idade Moderna com resquícios da Idade Média. Tecnicamente falando, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, construída 1784 estava na Idade Moderna. Enquanto a Igreja de São Francisco de Assis construída em 1794 já pertencia à Idade Contemporânea, considerando que o marco desses períodos fora a Revolução Francesa ocorrida em 1789.

Podem mudar o que quiser, a natureza humana segue firme, de vento em popa, como num mar de almirante, levando seus vícios e virtudes de sempre, apresentando a genialidade criativa tão bem estampada naquelas arquiteturas, e, revelando seus impulsos de mesquinhez e destruição, como vemos em tantos incêndios criminosos espalhados pelo mundo... É compreensível os resquícios das diferenças entre a nobreza (rico de berço) e a burguesia (comerciantes), mas a História não parou em Mariana.

Nos anos noventa eu assisti de perto os, digamos, desentendimentos, entre as socialites Carmen Therezinha Solbiati Mayrink Veiga e Vera Loyola, ambas ricas, mas qual era a diferença?

A Carmen era nobre, neta de Barão e a Vera uma burguesa, era comerciante, proprietária de padarias, que cá pra nós, era das melhores padarias do Rio de Janeiro. Pessoas saiam de qualquer bairro pra ir a São Conrado comprar o pão nosso de cada dia, na Pão Biruta. Vera vendeu a rede de padarias em 2010, para viver de renda. Carmen faleceu em 2017.

A vida seguiu e no ano de 2020, um certo bairro, de supostos moradore ricos, teve um furdunço daqueles de envergonhar pro resto da vida! (Na verdade houve muitos furdunços infames em 2020, aliás sempre tem.) Então, diziam uns: - tá pensando que barraco é só em bairro pobre?

E s s a s questões envolvendo rico versus pobre é corriqueira, em toda e qualquer situação em que pessoa, grupo ou instituição queira jogar um grupo contra o outro seja, pra se sentir melhor ou seja pelo que for, se apela logo pras diferenças, como se nós fôssemos clones uns dos outros... Pois bem, mas em Mariana era diferente, há de convir que ricos versus ricos é algo que ocorre mais por, digamos, debaixo dos panos, ocorre que essa situação é antiga e mais comum do que água no mar e nem sempre conta com a discrição.

Atualmente, na internet, alguns canais de humoristas se destacam na temática rico x pobre, como o do Stevan Gaipo em seus episódios “Quando o pobre fica rico.” É curioso como algo mais velho que andar pra frente, faz a gente rir como se fosse uma novidade. Ele consegue explorar diferenças sutis como falar alto, a bebida que é servida nas festas, o estilo de música que se ouve etc.

Agora, cá pra nós, você sabe diferenciar o rico de berço, do rico emergente ou o nobre do burguês? Na Época de Leonardo Da Vinci (1452-1519), era meio complicado a olho nu observar as diferenças, então, para atender a necessidade da nobreza em se manter diferenciada, já que antes a diferença era a sua riqueza, mas com a ascensão da burguesia passam a ser duas classes de ricos, foi aí que Leonardo criou para a nobreza, a primeira lista de regras de etiqueta, a pequena ética, (interessantíssima por sinal), portanto a diferença está na etiqueta, na educação.

Com a educação, a pessoa pobre financeiramente tem condições, ao menos tinha, de se destacar socialmente e foi o que aconteceu com Cruz e Souza, Lima Barreto, Machado de Assis entre outros. O que eles tinham de diferente, tendo nascido no grupo menos favorecidos econômica e socialmente falando? Não era a cor da pele, não era o nascimento, não era a condição financeira. Eles tiveram oportunidades de serem educados e de estudar, mas o melhor, não jogaram a oportunidade no lixo. E aqui não se fala de diplomas, Lima Barreto, por exemplo, teve que abandonar a faculdade para cuidar do pai quando adoeceu. As condições desses gigantes brasileiros e o que eles fizeram da vida, nos desafiam a sermos seres humanos melhores.

Não basta ter dinheiro, tem que ter educação, não basta ter conhecimento é preciso ter discernimento, não basta ter noção, tem que ter etiqueta, mas não basta nada disso, se não houver o respeito pelo próximo, pela dignidade humana e humildade para reconhecer nossas misérias existenciais diante dos nossos gigantes.

Tudo isso para dizer que há de ter uma atualização nesse retrógrado discurso de 'abaixo a burguesia' até porque, por outro lado, a nobreza, se é que essencialmente ainda exista, também precisa se situar na realidade, pois até o Clero que, em tese, deveria permanecer em suas bases, está dando sinais de oscilação em seus conceitos ou preceitos.

Algo nessa formação teoricamente ultrapassada, vai de mal a pior e a culpa não é de nós, pobres servos, isso é briga de cachorro grande. Precisamos ficar alertos.

Carmen pejorativamente chamava Vera de padeira, mas Vera usou do termo como inspiração para o seu programa de TV. Vera é aquela que vive do próprio pão. Uma virada de mestre!

Curiosamente Vera nasceu no Rio de Janeiro, tecnicamente uma cidade com mentalidade de corte (somente os nobres ascendiam à corte) e Carmen nasceu em São Paulo, cidade com mentalidade de trabalho. Coisas da vida para nos fazer pensar...

Sem conversão dessa rota ultrapassada, mesmo que todos sejamos milionários, as igrejas serão sempre insuficientes em número, ainda que tenhamos duas igrejas em cada esquina de Minas ou desse Brasil.

APABAC- ASSOCIAÇÃO PROMOCIONAL AMIGOS DO BAIRRO DA CRUZ EDITAL DE CONVOCAÇÃO A ASSOCIAÇÃO PROMOCIONAL AMIGOS DO BAIRRO DA CRUZ, APABAC, pessoa jurídica de direito privado, constituída em 06 de dezembro de 1973, registrada sob numero 206, folhas 10 do livro A-1, de registro de pessoas jurídicas da comarca de Lorena-Estado de São Paulo, convoca todos os associados para a assembleia geral ordinária prevista seu art 31, para o dia 10 de maio de 2021 com a finalidade de eleger sua próxima diretoria executiva e conselho fiscal Lorena, 05 de abril.

EDITAL Procedimento de Retificação Administrativa Imóveis das Matrícula N. 2.118 e 35.399

JEFFERSON PADILHA SCHOFFEN, Oficial do Registro de Imóveis e Anexos da Comarca de Lorena, Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais, especialmente as conferidas pelo parágrafo 4.º do artigo 26 da Lei 9514/97.

FAZ SABER a todos quanto o presente edital virem, ou dele conhecimentos tiverem, que por este Cartório de Registro de Imóveis se está processando o Procedimento de Retificação Administrativa, em cumprimento do disposto no art. 213, § 3º, da Lei n. 6.015/73, vem NOTIFICAR WANDERLEI ANTÔNIO BUENO, inscrito no CPF/MF n.083.728.778-23 e sua esposa ANDREA CRISTIANE GOMES DA SILVA BUENO, inscrita no CPF/MF n. 275.742.978-78, proprietários do imóvel confrontante da matrícula nº 28.626, não encontrados no imóvel de sua propriedade, para se manifestar em 15 (quinze) dias, sobre o requerimento feito por JEAN CARLOS VALENTE VALASSI, inscrito no CPF/MF n. 184.774.598-94 e seu cônjuge LARISSA PATRIOTA CEZAR VALASSI, inscrita no CPF/MF n. 077.956.787-00, proprietários do imóvel da matrícula n. 2.118 e 35.399, situado no Bairro das Posses - Lorena/SP – Sítio do Muniz, solicitando a retificação por serem confinantes com o imóvel que lhes pertence podendo Vossa inteirar-se da documentação processada nesta serventia. A falta de impugnação no prazo acima significará sua anuência, podendo V. Sª inteirar-se da documentação processada no horário regulamentar, na sede registral. Assim, fica Vossa Senhoria intimado a comparecer na Sede deste Registro de Imóveis, localizado na Av. Bernardino de Campos, n.º 68, nesta cidade de Lorena/SP, das 09h00min às 16h00min horas, de segunda a sexta feira. O presente instrumento é fundamentado na Lei de Registros Públicos 6015/73, artigo 213, §3º. Protocolo: 125.289 e 125.290.

PAOLA DANIELA SILVA GUATURA Escrevente Autorizada

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# MULHERES NOSSA LUTA É DIÁRIA!

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Luta. Substantivo feminino.

Feminino? Feminismo não é antifeminino? É o contrário de machismo? Não, feminismo é o contrário da solidão. Feminismo, corpos, pelos, cabelos. Aborto.

Estupro. Salário menor, assédio, trabalho maior. Filho: melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabêlos? Maternidade compulsória, creches, trabalho doméstico, trabalho não remunerado. Solidão, cuidado. Cuidado é diferente de amor. Classe social. Identidade?

Desigualdade. Racismo, lesbofobia, transfobia: existe espaço para mulheres trans no nosso feminismo? Antifeminista, feminista porém feminina, igualdade e não superioridade das mulheres, mansplaining, micromachismo, cultura do estupro, manterrupting, gaslighting, objetificação, patriarcado, feminicídio, misoginia, interseccionalidade, bropriating, revenge porn, empoderamento, sororidade. Lugar de homem, lugar de mulher, brincadeira de menino, brincadeira de menina, segura esse choro, cruza as pernas direito, que roupa masculina! Gorda demais, magra demais, bunda demais, bunda de menos. Violência. Em casa: pai, marido, irmão, vizinho.

Poder, espaço público, participação, visibilidade, voz. Cotas, rivalidade, sororidade, dororidade. Você está aí?” (Trecho do Livro: Por que lutamos? De Manuela D'Ávila)

Pudera o 08 de MARÇO ter o seu eco reverberado em todos os dias dos anos, para reflexões sobre as desigualdades e as violências que as mulheres sofrem no Brasil e no mundo. Mais do que flores, chocolates e Parabéns, aguardamos ansiosas pelo rompimento do silêncio conivente, mantenedor e perpetuador das violências de gênero contra o ser feminino.

É urgente repensarmos n o s s a s c o n vi c ç õ e s e comportamentos machistas, sexistas, misóginos, racistas, homotransfóbicos e capacitistas no espaço privado, dos convívios afetivos, da vida doméstica e familiar, mas também, no espaço público, dos convívios sociais, do contexto educacional, das relações de trabalho e da representatividade política de todas as mulheres.

Apesar de já estarmos no século 21, muitas mulheres enfrentam dificuldades em ter direitos básicos garantidos. Por isso a data é tão importante. O mundo 'para' por um dia para dar atenção ao que as mulheres têm a dizer e, a

Mônica de Luna ...................

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cada pequena intervenção, as mudanças necessárias vão sendo implementadas na sociedade.

Percebemos avanços e mudanças, mas ainda falta muito a ser conquistado e efetivado para a melhoria de vida de meninas, mulheres adultas e idosas em nosso país.

Então, que o 08 de MARÇO seja todos os dias na vida de cada pessoa. Que a busca dos direitos e das oportunidades para as Mulheres seja contínua, cada vez mais respeitada, reconhecida e valorizada. Que sejamos todos e todas FEMINISTAS! Nossa luta é diária. E o feminismo é o contrário da solidão!

@monicadelunabastos

Feminista, Professora, Advogada e Palestrante, Especialista em Direitos das Mulheres e Direitos da Diversidade Sexual e de Gênero, Doutoranda em Ciências Jurídicas com ênfase em Estudos de Gênero na Universidad del Museo Social Argentino - UMSA - Buenos Aires/Argentina. Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Lorena.

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